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2.1 ABORDAGEM SISTÊMICA DA INOVAÇÃO

2.1.4 Sistemas de Inovação

2.1.4.5 As atividades nos Sistemas de Inovação

Em realidade, não se deveria observar apenas o número de instituições que um SNI tem, mas sim os diversos papéis e tipos de instituições existentes. Elas devem buscar atender as necessidades específicas das atividades mais importantes do país (SAAD; DATTA; RAZAK, 2017). Liu et al. (2017) propõem um quadro genérico para análise de sistemas de inovação ancorado em torno de atividades fundamentais em vez de simplesmente descrever o papel e o desempenho de atores, instituições e políticas particulares. Essa abordagem concentra-se em características do sistema, incluindo a distribuição dessas atividades dentro do sistema, a organização de limites em torno dele, mecanismos de coordenação, processos evolutivos e a eficácia do sistema na introdução, exploração e difusão de inovações tecnológicas (LIU et al., 2017). Os autores afirmam que a análise deve começar com a compreensão de como as atividades fundamentais do processo de inovação são organizadas, distribuídas e coordenadas.

Segundo Liu et al. (2017), as atividades são: pesquisa, desenvolvimento, comercialização, educação. A pesquisa envolve a criação de novos conhecimentos, que podem ser classificados entre básicos e aplicados. O desenvolvimento refere-se aos procedimentos técnicos e gerenciais necessário à fabricação de um determinado produto ou oferta de um serviço. A comercialização refere-se ao uso final do produto por meio da venda aos clientes e atividades dedicadas a ajudar as empresas a encontrar clientes para novos produtos por meio de atividades de marketing (TREMBLAY; DOSSOU-YOVO, 2015). O processo de inovação termina com a fase de comercialização do produto desenvolvido. Nessa última etapa, a logística, o marketing e os serviços de pós venda e treinamento desempenham um papel importante (WEBER; HEIDENREICH, 2017). A atividade de educação envolve atividades de difusão de inovações e conhecimentos (LIU et al., 2017). Também há atividades interativas ou aprendizagem formal que ajudam as pequenas a adquirir novos conhecimentos (TREMBLAY; DOSSOU-YOVO, 2015). Como exemplo, os autores citam a disseminação de boletins semanais sobre o setor, implementação de grupos de interesse para a partilha de conhecimentos e informações, publicações científicas, clubes de negócios e formação de rede (LIU et al., 2017).

Liu et al. (2017) também distinguem atores principais, atores secundários e instituições a partir das quatro atividades fundamentais citadas anteriormente. Os atores principais são organizações que executam uma das cinco atividades fundamentais. São as organizações do sistema que realizam pesquisa, implementam novas tecnologias, desenvolvem produtos tecnológicos, realizam treinamento dos envolvidos em qualquer uma dessas atividades, ou ligam atores empreendedores complementares. Um único ator primário pode assumir mais de uma atividade fundamental. Os atores secundários, em contraste, são organizações que afetam o comportamento e a interação entre os atores primários. Eles podem agir diretamente, exigindo um comportamento particular dos atores primários, estabelecendo metas organizacionais, ou decidir sobre operações estratégicas. Elas podem afetar o comportamento dos atores primários por meio de uma política de incentivos ou mudanças no sistema tributário por exemplo. Já as instituições são aquelas que orientam ou restringem o comportamento de um ator por meio de regras (LIU et al., 2017).

No que diz respeito à cooperação em diferentes etapas do processo de inovação, Weber e Heidenreich (2017) apontam que apenas atividades colaborativas

no estágio de implementação têm um efeito direto sobre o sucesso da inovação (WEBER; HEIDENREICH, 2017). A cooperação em estágios iniciais é importante e benéfica para o sucesso da inovação. A cooperação na fase de comercialização afeta o sucesso da inovação sem afetar diretamente a capacidade de inovação. O objetivo principal da cooperação em fase de comercialização é a busca por fontes externas como um meio para aumentar a venda de novos produtos. O foco principal nessa última etapa não é o conhecimento em si, mas a comercialização do produto. Assim, o foco na cooperação para a comercialização parece traduzir diretamente em sucesso inovação (WEBER; HEIDENREICH, 2017).

Hage, Mote e Jordan (2013) analisam os SI de acordo com seis tipos de atividades: pesquisa básica, pesquisa aplicada, desenvolvimento de produtos, fabricação, qualidade e comercialização. O desempenho robusto de um setor exige que cada uma dessas atividades seja bem conectada de forma produtiva (HAGE; MOTE; JORDAN, 2013). Os autores sugerem um novo modelo de política baseado na evolução de conhecimento científico e tecnológico ao nível do setor baseado nessas atividades. A análise das políticas precisa se concentrar em setores específicos, já que setores diferem de forma significativa e as questões políticas e tecnológicas concretas geralmente surgem a um nível setorial (HAGE; MOTE; JORDAN, 2013).

É importante reconhecer que uma variedade de diferentes tipos de conhecimentos e recursos é necessária para estimular a inovação em um setor (HAGE; MOTE; JORDAN, 2013). É importante também notar, entretanto, que uma orientação setorial não impede o reconhecimento da possibilidade de cooperação ou convergência intersetorial (HAGE; MOTE; JORDAN, 2013). Os autores reconhecem que os limites setoriais não são impermeáveis e devem concentrar a atenção no progresso técnico.

É relevante ressaltar a importância relativa de cada etapa em cada setor econômico. A ênfase em uma determinada área diferirá entre os setores, bem como o estágio de desenvolvimento de cada setor (HAGE; MOTE; JORDAN, 2013). Na fabricação, muitas vezes, é crítico desenvolver novos métodos para a fabricação de vários tipos de produtos definidos pelas suas diferentes propriedades. Os produtos alimentares são um exemplo de que fabricar um mix de produtos diversificado em um mesmo processo de fabricação é um processo complexo (HAGE; MOTE; JORDAN, 2013).

A comercialização centra-se na variedade de canais de distribuição que podem ser necessários para um produto multifacetado com muitas características diferentes. Distribuição envolve uma série de perguntas sobre a logística da cadeia de suprimentos, uma preocupação vital para muitos varejistas da internet. As atividades de publicidade e marketing têm um outro conjunto de questões sobre onde, quando e quanto gastar para ter um impacto (HAGE; MOTE; JORDAN, 2013). Em resumo, deve-se também investir em cooperações para fabricação e comercialização da inovação, especialmente para as inovações mais radicais. Quando se reconhecem as atividades envolvidas no processo de inovação e quanto dinheiro é alocado para cada atividade, aprecia-se ainda mais as vantagens de se concentrar no setor em vez de no SNI. A importância relativa de cada atividade varia entre os diferentes setores (HAGE; MOTE; JORDAN, 2013).

O entendimento da inovação como um sequência de atividades mostra a necessidade da sua compreensão como um processo composto por entradas e saídas, que precisa ser gerenciado por meio de controles, parâmetros e objetivos. Melhorar a eficiência da estrutura inovativa inicia-se com a compreensão da capacidade dos atores que compõem um SNI e suas respectivas competências no âmbito das principais atividades necessárias à geração de inovações.