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2.1 ABORDAGEM SISTÊMICA DA INOVAÇÃO

2.1.2 O conceito e os tipos de inovação

Para compreender o conceito de inovação é importante analisar a distinção proposta por Schumpeter (1982) entre invenção e inovação. Para o autor, a invenção é a criação de algo novo, ou seja, o surgimento de uma ideia para melhoramento de um produto ou processo. A invenção é apenas um esboço ou modelo de um produto ou processo novo ou melhorado. Para que a invenção transforme-se em inovação é necessária a conversão desses novos pensamentos em algo tangível que gere resultado econômico (SCHUMPETER, 1982). A inovação é a produção e comercialização da invenção, por meio da incorporação de novos conhecimentos técnicos nos processos necessários (FREEMAN; SOETE, 1997). O processo de inovação termina com a fase de comercialização do produto desenvolvido. Nessa última etapa, a logística, o marketing e o suporte pós-venda desempenham um papel importante (WEBER; HEIDENREICH, 2017). Em resumo, a inovação se estabelece na etapa seguinte à invenção, somente quando há um retorno financeiro da operação comercial.

Para Schumpeter (1982), a inovação é o surgimento de novas mercadorias, novas funções que alteram os métodos de produção e organização do trabalho. A inovação deriva do surgimento de novas tecnologias, novas necessidades dos consumidores, surgimento de novo segmento de mercado, redução de custos, novos insumos melhores ou também por mudanças da legislação que geram oportunidades de mercado (FREEMAN; SOETE, 1997). Para os autores, compreender o processo de criação é essencial para promover melhorias e identificar fatores que podem ser aprimorados, gerando, portanto, inovações.

O Manual de Oslo (OCDE, 2005) conceitua inovação como o desenvolvimento e implementação de um produto de bem de consumo ou serviço, mas pode também se dar na forma de um novo método de marketing ou um novo método organizacional. Para Edquist (1997), a inovação está relacionada à comercialização de um produto que sofreu uma mudança, seja melhorando a qualidade, seja reduzindo custos, seja algo que gerou aumento do valor agregado ao produto. A inovação necessariamente deve agregar valor ou riqueza a algo, podendo estar relacionado a novas tecnologias, processos ou quaisquer mudanças que gerem ganho para o empreendedor. Inovação está necessariamente

relacionada com aprendizagem e mudança, buscando sempre transformar novos conhecimentos, sejam eles científico-tecnológicos ou empíricos, em algo comercializável com elevação de valor agregado (EDQUIST, 1997). Segundo Schumpeter (1982), a inovação pode se dar de cinco formas: introdução de um novo produto ou aperfeiçoamento de um bem já existente; implementação de um novo método de produção; abertura e exploração de um novo mercado ou nicho de mercado; descoberta e implementação de uma nova fonte de matérias-primas e insumos; reorganização de uma estrutura interna à organização ou de mercado.

Para Edquist (1997), as inovações podem ser classificadas entre inovações tecnológicas e não tecnológicas. As inovações tecnológicas dizem respeito a produtos, serviços ou processos. Já as inovações não tecnológicas referem-se à organização da empresa. O Quadro 1 define os tipos de inovação propostos pela OCDE (2005).

Quadro 1 – Tipos de inovação

Tipos de inovação Definição

Tecnológica

Inovação de produto

Envolve mudanças significativas na potencialidade dos produtos e serviços. Pode ocorrer na forma de

um aperfeiçoamento ou inserção de novos produtos e serviços ao mercado.

Inovação de processo

Envolve mudanças significativas nos métodos de produção, comercialização ou distribuição de um

produto ou serviço.

Não tecnológica

Inovação organizacional

Ocorre por meio da implementação de novos métodos organizacionais, envolvendo tanto mudanças no plano de negócios da empresa como suas relações com o ambiente externo.

Inovação de marketing

Envolve mudanças no design, embalagem, preço, além de canais de distribuição.

Fonte: Adaptado de OCDE (2005).

Dentro do campo das inovações tecnológicas, a inovação em produto refere- se à introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no mercado. São melhorias significativas em características técnicas, materiais e funcionais. Essas inovações podem utilizar novos conhecimentos ou usufruir de combinações de conhecimentos e tecnologias já existentes (OCDE, 2005). Ainda dentro das inovações tecnológicas o Manual Oslo define a inovação em processo como sendo aquela que modifica o método como os bens e serviços são produzidos

ou distribuídos. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos de produção, logística, bem como informatização de processos, visando reduzir custos, melhorar a qualidade, eficiência e até mesmo produzir novos produtos ou significativamente melhorados (OCDE, 2005).

A inovação de produtos foi reconhecida por ter o papel mais importante no desempenho da organização (PARIDA; ÖRTQVIST, 2015). Para os autores, a inovação em produtos únicos e originais ajudam as empresas a atender melhor os clientes e manter vantagens competitivas. A inovação em processos inclui mudanças em métodos, equipamentos e softwares (TANEJA, 2016). A inovação em processo envolve o uso de novos métodos ou abordagens para efetivamente explorar de forma eficiente os recursos e as capacidades das empresas (PARIDA; ÖRTQVIST, 2015). As inovações tecnológicas exigem abundantes combinações de recursos. Em particular, o conhecimento parece ser um recurso-chave para tais inovações (HALME; KORPELA, 2014).

Quando se aborda inovações não tecnológicas, duas categorias são definidas pela OCDE (2005). As inovações organizacionais, também denominadas administrativas, modificam as práticas de gestão de uma empresa. Essas inovações impactam nas estruturas organizacionais, organização do trabalho e estratégias de negócio. Já as inovações em marketing implementam mudanças nas estratégicas de mercado, seja na concepção ou posicionamento de um produto, no design do produto, nos seus preços e promoções, bem como na expansão de novas formas de atingir o consumidor (TANEJA, 2016). Essas inovações têm como objetivo melhor atender as necessidades dos consumidores OCDE (2005).

Outra classificação observada na literatura foi destacada por Dosi (1984), que propõe a divisão entre inovação radical e incremental. Para o autor, as inovações radicais são aquelas em que a introdução de um novo produto, novo processo ou uma nova forma de organização da produção rompem com a estrutura ou o padrão de consumo que vinha sendo adotado. A inovação radical proporciona grandes avanços tecnológicos, modificando o modo de consumo de determinado produto ou serviço, ou, até mesmo, criando um novo paradigma ao segmento de mercado que atua (DOSI, 1984). Inovação radicais envolvem a identificação de necessidades emergentes em clientes e mercados, buscando então ofertar de algo novo (PRAJOGO; MCDERMOTT, 2014).

Já as inovações incrementais são aquelas em que há algum tipo de melhoria em um produto, processo ou estrutura de produção sem ocorrer uma quebra de paradigma na forma de consumo (DOSI, 1984). Ela tem por finalidade gerar aumento da produtividade, melhorar a eficiência, aumentar a qualidade, reduzir custos e ampliar as aplicações de um produto ou processo (HANNAN; FREEMAN, 1984). Inovações incrementais estão associadas a melhorias contínuas de linhas de produto e serviço já existentes e dominantes pela empresa, buscando satisfazer clientes existentes em mercados conhecidos (PRAJOGO; MCDERMOTT, 2014). Para os autores, há evidências crescentes de que as empresas precisam buscar ambos os tipos de inovação para serem bem sucedidas.