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PARTE I: BASES TEÓRICAS

CAPÍTULO 2. QUADRO DE REFERÊNCIA DAS POLÍTICAS DE GOVERNAÇÃO DOS OCEANOS

2.2. O Quadro Internacional da Governança do Oceano

2.2.1. As bases do direito internacional do mar

A política marinha não é uma temática recente, pois ao longo da história são conhecidos os diversos interesses pelo controlo e gestão dos mares. No entanto, a necessidade de fixar os regimes para a governação do mar é bem mais actual e resulta, sobretudo, dos diferentes interesses, como o comércio ou as razões geoestratégicas. Na Figura 2.2 são apresentadas, de maneira resumida, as principais fases do desenvolvimento histórico da governança do oceano, onde se destacam cinco fases distintas.

Fonte: Adaptado de (IGGP, 2009)

Figura 2.2 Linha temporal da evolução da governança do Oceano.

A primeira fase, denominada de “Comércio, Defesa e Expansão”, corresponde a tempos mais antigos onde o mar era um reservatório de alimento muito importante. A importância do uso do mar era marcada pela expansão territorial, sendo o mar visto como um espaço de expansão, defesa e comércio.

Exploração & Império Poder Marítimo Moderno Construção do Quadro Global Mudanças Globais Emergentes 1419-1880 1880-1945 1945-1982 1982- Presente Linha Temporal da Governança do Oceano

Expansão do conhecimento do ambiente oceânico

Comercio, Defesa e Expansão

1º e 2º Guerra Mundial, expansão tecnológica e desenvolvimento das 1as Politicas Marinhas Nacionais

Século I-XV

descobrimento de novos mundos. Esta fase inicia-se na Europa com as expedições portuguesas, sob o comando do Infante D. Henrique e a consolidação da hegemonia do Império Português. O mar passa a ser visto como a via que permitiria o conhecimento de novos mundos, a extensão do império e das riquezas e um controlo total do comércio marítimo.

A terceira fase, denominada “Poder Marítimo Moderno”, refere-se à supremacia dos mares, intensificada pela indústria e a luta pela extensão dos territórios e dos recursos. Nesta altura são estabelecidos os quadros económicos das actividades marítimas mais importantes, como a navegação industrial, de mercadorias e as actividades associadas, como a segurança, certificações, etc. Por outro lado, a procura de um maior conhecimento científico contribuiu para o aumento das expedições científicas marinhas.

 A quarta fase, denominada pelo estudo do Programa Internacional para a Governança Global como “Construção do Quadro Legal”, diz respeito às primeiras iniciativas internacionais para a definição do actual regime do Oceano, bem como para as bases da actual governança do oceano. Este período inclui a evolução e quadro apresentados no ponto anterior.

 A quinta fase, denominada “Mudanças Globais Emergentes”, reporta-se às mudanças e às necessidades e desafios que surgem no momento actual para a governança de um sistema em mudança do ponto de vista físico, ambiental, económico e social.

As duas últimas fases sustentam a lógica da nova governança do oceano defendida nesta dissertação: por um lado, as fases de preconização da UNCLOS e das políticas de desenvolvimento sustentável; por outro, a fase actual de mudanças e adaptações contínuas, que levam à procura de uma governança activa e atenta perante os novos e inesperados desafios.

Ao abordar, de uma maneira mais específica, os fundamentos do Direito Internacional do Mar, são apresentadas a seguir, na Tabela 2.3, as principais resenhas históricas referentes às bases e preconização do actual Direito Internacional do Mar, denominado período pré-CNUDM.

Tabela 2.3 Resenha histórica do Direito Internacional do Mar (período Pré-UNCLOS).

Séculos II-I a.C. Fenícios, Gregos Berço da Lei do mar Existência de legislação dos costumes dos fenícios, gregos no Mediterrâneo Séculos I-V a.C. Império Romano Início da Codificação do Direito do

Mar

A Politica Marítima Romana possibilitou desde um contexto estratégico e comercial um dos mais importantes crescimentos económicos e territoriais de todos os tempos

Século VII Bizantinos Lex Rodhia Primeiras leis referentes ao comercio e navegação relativas ao império bizantino no do mar de Rodes Fundação da jurisprudência marítima moderna Século XII Consulados do Mar Com origem no porto de Barcelona e

as suas rotas pelos diversos portos do Mediterrâneo

Criação de uma das primeiras instituições para o regulamento mercantil

1494 Tratado de Tordesilhas Divisões das soberanias alem dos mares

Portugal e Espanha defendiam o mar fechado a navegação e consequentemente mercantilismo e domínio territorial

1609 Hugo Grotius Doutrina do Mare Liberum Inícios da visão do Mar como património comum e equidade social. Base da actual Governança do Oceano

1702 Cornelius van Bynkershoek Dominio Maris Sustinha que os estados costeiros tem direito sob as aguas adjacentes. A largura do mar territorial, era de três milhas náuticas( o equivalente a distancia desde a costa do disparo dum canhão "regra do tiro do canhão".

1869 Canal de Suez Abertura do Canal de Suez Em termos de igualdade para todos 1925 Liga das Nações Definição de" Mar costeiro" como 6

milhas náuticas

Comité peritos em codificação de Lei Internacional estabelece o rascunho do futuro Mar Territorial

Discussão de temas e regras de navegação, sistemas de comunicação, transporte e cargo.

Estabelecimento de uma Comissão Marítima Internacional 1929 Conferencia da Haia Primeira Conferencia Internacional

formal sobre a Lei do Mar

Alargamento mar territorial sem consenso, apesar de reconhecer a existência de uma área contígua de um máximo de 12 milhas náuticas.

1939 Declaração de Panamá

1939-1945 II Guerra Mundial Alargamento área de jurisdição por alguns países

Noção de recursos esgotáveis 1942 Comité Jurídico Norte americano

1945 Declaração presidente Truman Controlo EUA da plataforma continental

Estados Unidos considerou no direito de jurisdição e controlo dos recursos naturais do subsolo e dos fundos marinhos da plataforma continental, no alto mar perto da costa E.U. e "reserva-se o direito de criar "zonas de conservação em determinadas zonas do alto mar, contíguas e regular as actividades de 1945 Estabelecimento de quadro das

Nações Unidas

1946 Celebrasse a Primeira Assembleia Geral das NU (AGNU)

Seguimento dos trabalhos da I Conferencia Marítima Internacional e em 1948 estabelecimento de um corpo Organização Consultiva Marítima Intergovernamental Intergovernamental (OCMI)

1945-1952 Declarações unilaterais latino- americanas

Comité Jurídico inter americano Mexico, Argentina, Panama, Chile, Peru, Costa Rica, Salvador, Honduras

Estabelece o limite das 200 milhas náuticas ( iniciativa de Chile) e realizam vários estudos e eventos para a justificação do mesmo

Alargamento mar territorial até 12 milhas náuticas

Expansão Comercio Marítima do Século XIX: «Quem comanda o mar comanda o comércio; Quem comanda o comércio do mundo comanda a riqueza do mundo e, consequentemente, o próprio mundo » Sir Walter Raleig

1889 Primeira Conferencia Marítima Internacional

27 estados presentes a convite das NU

Primeira aproximação as 200 m.n. alargamento mar territorial de 300 milhas marinhas de extensão;

Resenhas Histórica de Direito Internacional do Mar (Pre-UNCLOS)

1814 Congresso de Viena Aceitações pelo Direito Internacional da liberdade do mar alem das 3 milhas náuticas (aguas territoriais)