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AS COMBINAÇÕES SONORAS PRESENTES NA NEUROCIÊNCIA

No documento Raimundo Nonato Brilhante de Alencar (páginas 42-46)

1. UM PRELÚDIO SOBRE AS CRIANÇAS DA PRÉ-ESCOLA

1.4 AS COMBINAÇÕES SONORAS PRESENTES NA NEUROCIÊNCIA

Na Teoria Sócio-Histórica ou Teoria Histórico-Social está muito presente que o aprendizado surge a partir de etapas contidas num processo em que as crianças terão, por aquisição, habilidades que poderão ser traduzidas em informações e diferentes ações e valores em seu pequeno mundo. Se a aprendizagem passa por um processo complexo, por que as crianças pequenas precisam aprender? Como elas poderão responder de maneira adequada aos desafios e contextos vivenciados em seu dia-a-dia?

A aprendizagem deve acontecer na vida das crianças pequenas para beneficiá-las com mudanças de atitudes, melhoria na qualidade de vida, desenvolvimento global em seu cotidiano.

Barbosa (2011, p.105) aponta que, dentre os mais variados conceitos existentes de aprendizagem, estão sempre presentes dois pontos básicos: “a capacidade do ser humano em se adaptar às novas informações e o processo de aprender através da mediação de outro ser ou de algum instrumento criado por ele com tal finalidade”.

Uma das vias de grande relevância para a aprendizagem das crianças está presente nas atividades que envolvem os sentidos das crianças e, nesse contexto, a neurociência apresenta um conjunto de níveis crescentes conhecidos como a Pirâmide da Aprendizagem (Figura 1).

1.4.1 Construindo os sons a partir da pirâmide da aprendizagem

As experiências na pré-escola emergirão de forma saudável quando organizadas nesses cinco níveis de crescentes graus de complexidade. São eles: Sensação - Percepção - Formação de Imagens - Simbolização – Conceituação (BARBOSA, 2011).

No processo cognitivo, todos os cinco níveis que compõem a pirâmide são significativos e vão se conectando à medida em que o indivíduo atinge o nível seguinte.

O trecho a seguir está presente no capítulo quatro do livro Temas para o observatório da Educação na Amazônia, onde a autora Ierecê Barbosa aponta que “a segmentação só existe em dado momento do desenvolvimento, em conformidade com a faixa etária e evolução cognitiva” (BARBOSA, 2011, p. 120).

A relação da pirâmide da aprendizagem (Figura 1) com o uso dos sons na pré-escola tem uma relação associativa e dinâmica, conforme descreve a autora:

Figura 1: Pirâmide da Aprendizagem (Fonte: BARBOSA, 2011)

Sensação – Entendida como uma impressão causada por um estímulo num órgão receptor e levada ao sistema nervoso central. Ela pode ser também uma surpresa, ou grande impressão, é

um ponto de partida do saber. Esta parte constituinte da pirâmide está muito ligada à percepção, isto é, afloram-se os sentidos a partir daquilo que percebemos ao nosso redor.

A sensação é a vivência simples, produzida pela ação de um estímulo (externo ou interno: luz, som, calor, etc.) sobre um órgão sensorial e transmitido ao cérebro através do sistema nervoso.

Nas crianças da pré-escola, a sensação precisa ser estimulada de maneira direcionada e lúdica, as práticas com atividades criativas vivenciadas na infância possibilitará um caminho que influencie a formação sensível e intelectual desta criança.

Nosso cérebro reconhece algumas sensações evidentes do nosso corpo como as visuais, auditivas, tactivas, gustativas e olfativas, nosso cérebro é responsável por fornecer princípios e bases para o conhecimento sensível ou conhecimento empírico. É por meio das sensações que definimos, através da percepção, a qualidade dos objetos (externos) e os efeitos (internos) destas sobre nosso corpo físico. Vemos as cores, as flores, a claridade, o anoitecer. Ouvimos os sons dos pássaros, do rio que corre, do balançar das árvores, da furadeira na casa ao lado, dos passos lentos de um réptil. Sentimos o frio, o quente, o liso, o rugoso, o suave, o áspero, o macio, o gosto doce, amargo, azedo, o cheiro da terra molhada, da goiaba madura, do jasmim.

Percepção – O estudo da percepção é de significativa relevância no processo educativo, uma vez que o comportamento do ser humano tem como instrumento norteador a interpretação que faz da realidade e não na realidade em si. Por este motivo, a percepção do mundo é diferente para cada um de nós, cada pessoa percebe um objeto ou uma situação de acordo com os aspectos que têm especial importância para si própria.

Sendo o ato ou efeito de perceber, ela é à base da aprendizagem das crianças. A percepção é descrita pela autora como uma função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção, um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio.

A autora acrescenta que esse campo da pirâmide da aprendizagem pode ser estudado do ponto de vista estritamente biológico ou fisiológico, envolvendo estímulos elétricos evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos.

A percepção poderá também estar ligada ao nível de conhecimento real que as crianças possuem, já que o conhecimento artístico perpassa por uma gama de dimensões da existência das crianças, abrangendo e viabilizando relações de integração envolvendo o observar e o realizar da realidade. As crianças se apropriam desse conhecimento, por meio das experiências sensíveis, que permitiriam a articulação de percepções diversas e o exercício da capacidade de definir.

Formação de Imagens – Necessárias para alcançar desta terceira etapa da Pirâmide da Aprendizagem, as Sensações e as Percepções farão parte da Formação de Imagens. Barbosa (2011) afirma que as sensações ou informações já recebidas e percebidas vão ter agora uma face, agregadas mentalmente a outros conhecimentos reais já armazenados na memória.

As imagens do cotidiano, os sons sociais verbais ou não englobam as Sensações e as Percepções vindas de quaisquer dos órgãos dos sentidos. Quando a autora apresenta os sons não verbais, ela inclui os ruídos de automóveis e máquinas, vozes de animais, o som do triângulo do cascalheiro, a buzina do pipoqueiro, o toque tão marcante da campainha na entrada ou saída das escolas, odores característicos de diversas coisas, os sabores típicos dos diferentes alimentos, texturas de objetos, assim como também a percepção social, ou seja, expressões faciais e corporais percebidas em várias situações.

Simbolização – Compreendida como uma habilidade exclusiva da espécie humana, está ligada à capacidade de representar uma experiência de forma verbal ou não verbal. É referente ao processo de representação por símbolos, ou seja, utilização de representantes (significantes) que estejam ligados arbitrariamente aos seus significados.

Os símbolos são entendidos como formas posteriores de mediação, como descritos na teoria de Vygotsky. Graças à forte relação entre o cunho social e a atribuição de significados, a adjetivação simbólica também pode designar movimentações intersubjetivas. Na orientação do tráfego de veículos, o sinal verde do semáforo pode representar o estímulo SIGA, embora a cor verde em nada se relacione com o verbo SEGUIR, sua associação é realizada em esferas sociais. Conceituação – Apresentada como um processo mental complexo, composto por algumas capacidades como a abstração, classificação e categorização, havendo dicotomia entre abstrair e conceituar, sendo notório que a primeira se contrapõe sobre a segunda pressupondo um maior grau de distanciamento em relação a uma circunstância observável. Tal processo envolve o conhecer, pois as experiências que levam a criança a se apropriar conceitualmente de algo,

podem assim compor uma teia de ligações mentais, a partir de representações da realidade concreta. Para conceituar é preciso classificar e categorizar, pois a mediação nesta fase é indispensável.

No documento Raimundo Nonato Brilhante de Alencar (páginas 42-46)