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As observações na sala de referência e os conhecimentos didáticos

No documento Raimundo Nonato Brilhante de Alencar (páginas 95-99)

CAPÍTULO III: RESULTADOS E DISCUSSÃO

3. UMA SINFONIA NECESSÁRIA ENTRE OS ESPAÇOS EDUCATIVOS PARA PRÉ-

3.1 A PRÁTICA PEDAGÓGICA E OS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL

3.1.3 As observações na sala de referência e os conhecimentos didáticos

As observações diretas das práticas pedagógicas dos professores ocorreram no dia 13/05/2014 em duas turmas nos turnos matutino e vespertino, mas para consolidar as informações que descreveremos no decorrer da pesquisa as entrevistas foram realizadas com as demais professoras participantes do segundo período da Educação Infantil.

Em um contato antecipado com as duas professoras que iríamos observar diretamente, ambas solicitaram que essas observações ocorressem uma hora após a chegada das crianças, porém, solicitamos que pudéssemos participar desta organização com o intuito de uma inserção do pesquisador no ambiente das crianças. Isso objetiva conseguir um maior entendimento sobre a

rotina da turma pesquisa buscando esclarecer que nas relações com as crianças e adultos as interações sociais são representadas por uma via silenciosa onde o pesquisador encontrará possíveis respostas (GRAUE, WALSH, 2003).

Depois que entramos em acordo com as professoras iniciamos nossas primeiras observações no CMEI – Essas observações ocorreram durante uma semana e nelas vimos que a rotina administrativa pedagógica inicia-se com toda a equipe escolar no hall. Os pais deixam as crianças no portão de entrada, as crianças seguem para aguardar em uma fila onde são recepcionadas pela gestora para a oração da manhã ou da tarde. No clima organizacional, vimos que as músicas que tocam nesse espaço faz com que o ambiente se torne bem mais alegre e comunicativo, a mensagem das músicas falam sobre bons costumes, saudações como bom-dia, boa-tarde, respeito ao próximo entre outras.

Após o momento de acolhida pela gestora, as crianças são conduzidas pelas professoras até a sala de referência. Na sala as crianças deixam as mochilas e aguardam sentadas até o inicio das atividades de rotina. Essas atividades geralmente são iniciadas 30 minutos após o horário de entrada, as professoras observadas costumam realizar as saudações, seguidas de ações como a organização da sala, separar os copos e fazer uma nova fila para tomar água e ir ao banheiro. No retorno para a sala continuamos nossas observações seguindo o protocolo observacional:

Na Turma A, que funciona no período matutino, o ambiente escolar é um ambiente organizado, a professora da turma se mostra conhecedora das ações e práticas da educação infantil. A pesar do tempo de experiência desta professora na pré-escola variar pouco mais de dois anos, ela é a única que possui Pós-graduação em Educação Infantil.

O clima organizacional da turma ocorre de maneira bastante descontraída, a professora da turma compreende que a liberdade de expressão na educação infantil deve ser priorizada, mesmo que às vezes, essa liberdade de expressão que a professora proporciona aos estudantes pode ser interpretada como uma sala agitada ou fora do controle na percepção externa.

Na turma H, que funciona no período vespertino, não diferente da turma A, a sala é organizada. A professora possui cerca de 9 anos de experiência na pré-escola e sua prática de ensino é denominada por ela de tradicional, sem deixar de inserir elementos constitutivos da pedagogia sociointeracionista.

Antes do inicio diário das aulas, grande parte do trabalho pedagógico das professoras acontecem por meio da verificação das agendas dos estudantes, correções das atividades, colagens de avisos enquanto as crianças aguardam o término desse tipo de tarefas. De modo inevitável, esse tipo de trabalho docente necessita ser realizado dentro da sala e só depois ocorrem às rodas de conversas para direcionar os estudos do dia. Enquanto as rotinas diárias não se iniciam, as crianças aguardam sentadas e algumas vezes realizando tarefas de pinturas, as conversas são bastante frequentes, o som das vozes das crianças aos poucos invade toda a sala.

Observamos que na turma H, quando as crianças conversam com volume de voz bem mais forte, a professora interrompe as atividades para corrigi-las. Frequentemente, as crianças atendem de imediato as orientações desta professora.

Quanto ao tempo em que as professoras precisam realizar as tarefas antes do inicio das aulas, a professora da Turma a afirmou que “existe uma lacuna no trabalho pedagógico na escola pública, precisamos fazer várias coisas ao mesmo tempo e as crianças vão aprendendo a aguardar o inicio das atividades, mas isso não é bom, seria muito melhor se tivéssemos uma auxiliar para orientarmos enquanto fazemos esse tipo de trabalho” completou a professora.

A preocupação da professora sobre esse evento diário em precisar ficar dividida entre o olhar para as correções pedagógicas e o cuidado com as crianças se reflete no que Graue e Walsh (2003) apontam sobre a importância de o educador proporcionar a segurança aos estudantes, já que muitas situações de acidentes que ocorrem com as crianças pequenas ocorrem em momentos em que não estavam sobre a orientação de um adulto.

Na dinâmica do início das aulas geralmente ocorre por meio da roda de conversas, essa é uma prática muito utilizada na educação infantil. Nesse momento a professora faz a oração na sala, pergunta como foi o dia anterior, discute assuntos pertinentes à percepção temporal indagando as crianças sobre o dia da semana, se está chovendo ou fazendo sol, até iniciar a introdução do que será estudado naquele dia.

As rodas de conversas são consideradas atividades permanentes de grande importância na formação das crianças por ser uma forma de contribuição na construção da identidade e do desenvolvimento da autonomia, essas práticas na pré-escola são competências que perpassam todas as vivências das crianças. Os RCNEI consolidam essa discussão sobre as competências pois “algumas delas, como a roda de conversas e o faz-de-conta, porém, constituem-se em

situações privilegiadas para a explicitação das características pessoais, para a expressão dos sentimentos, emoções, conhecimentos, dúvidas e hipóteses quando as crianças conversam entre si e assumem diferentes personagens nas brincadeiras” (BRASIL, RCNEI, 1998, p. 62).

Nas aulas observadas destacamos que no período de 05 a 26 de maio de 2014 os principais assuntos que as professoras abordaram foram: a importância das profissões para a sociedade, comunicação oral utilizando os números, expressões das sensações com uso da música e dança, ritmos e gestos, identificação dos órgãos sexuais de meninas e meninos, identificação do número 10, valores para o convívio social, reconhecimento das cores e formas geométricas, meio ambiente e a importância da água.

Nas temáticas estudadas pelas crianças, vimos que o ensino de ciências foi abordado somente na temática sobre o meio ambiente e a importância da água. Nestas abordagens ambas as professoras tomaram o cuidado de perguntar aos estudantes sobre os conhecimentos prévios. No estudo dessa temática, vimos que o trabalho com a música e o uso dos sons ocorreu com significado, em um dos momentos a professora do turno vespertino levou os estudantes para o laboratório de Ciências e utilizou fantoches para contextualizar a temática sobre o meio ambiente falando sobre os tipos de animais domésticos e animais silvestres (Figura 15).

Figura 15 – Professora demonstrando características dos animais domésticos e silvestres

(Fonte: ALENCAR, 2014)

Nessa perspectiva de descobertas realizamos as entrevistas com os professores buscando encontrar informações sobre o trabalho pedagógico nos espaços educativos. A aplicação dos questionários mostraram alguns resultados que apresentaremos e discutiremos.

No documento Raimundo Nonato Brilhante de Alencar (páginas 95-99)