CAPÍTULO III: RESULTADOS E DISCUSSÃO
3. UMA SINFONIA NECESSÁRIA ENTRE OS ESPAÇOS EDUCATIVOS PARA PRÉ-
3.1 A PRÁTICA PEDAGÓGICA E OS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL
3.1.8 As metodologias usadas pelos professores em suas aulas
A particularidade que o processo de aprendizagem requer do Professor de educação Infantil, faz emergir a necessidade em estar constantemente reinventando suas abordagens pedagógicas, isso porque cada criança apresenta uma maneira de aprender e nessas múltiplas formas manifesta suas emoções e curiosidade criando e recriando sua própria forma de agir nas diversas situações que vivencia.
Nas aulas-passeio é certo que o planejamento pedagógico torna-se necessário e indispensável como componente para um aprendizado significativo, esse planejamento deve existir a partir do entendimento por parte do professor sobre quais necessidades precisam ser
trabalhadas em suas aulas. Ao levar as crianças para um ambiente externo o professor de educação infantil precisará saber o que irá acontecer, quais as abordagens, regras e postulados que fará parte do seu conjunto de métodos pedagógicos.
A importância dos métodos pedagógicos bem definidos nas aulas-passeio fará com que os objetivos propostos sejam bem mais fáceis de serem alcançados. Para essa investigação perguntamos aos professores quais foram as metodologias usadas quando realizou as aulas- passeio?
Nas respostas dadas pelos professores vimos que 37,5% (N=3) não usaram nenhuma abordagem metodológica específica, demonstrando o desconhecimento do potencial pedagógico dos Espaços Não Formais. Esse universo representativo pode demonstrar a falta de conhecimento em utilizar os atributos e características desses locais para promoção do ensino das ciências assim como a indiferença pela exploração pedagógica desses ambientes.
Gráfico 4 – Metodologias usadas pelos professores nos Espaços Não Formais (Fonte: ALENCAR, 2014)
Nas afirmações supracitadas podem refletir o fato que muitas vezes uma atividade externa como as aulas-passeio aos Espaços Não Formais pode fazer com que o professor sinta-se incomodado em sair da zona de conforto da sala de referência e ter que realizar um trabalho pedagógico muito mais minucioso com os estudantes. Realizar tarefas antecipadas como a comunicação aos pais, solicitar autorização dos responsáveis, preparar as crianças para sair da escola a um ambiente novo requer do professor de educação infantil certa análise que incluirá o
conhecimento do espaço educativo, checando a existência de condições que o lugar oferece para ensinar as crianças, isso também inclui prever as formas alternativas, como o plano “B” para superar as dificuldades que possam ocorrer no que foi planejado (HAIDT, 2003).
Além de considerar que as práticas da aula-passeio aos Espaços Não Formais podem acarretar mais trabalho ao professor de educação infantil é preciso que esse profissional esteja motivado para realizar seu oficio de maneira proveitosa. Haidt (2003, p. 79) considera que:
Um professor que manifesta apatia e indiferença pelo assunto que expõe a seus alunos, dificilmente conseguirá que eles se interessem por esse conteúdo. Por outro lado, um professor que gosta do que faz e demonstra seu entusiasmo e interesse pelo que ensina, tende a ter mais facilidade para incentivar seus alunos a aprender aquele conteúdo e a se interessar por ele.
Nossas indagações se reportam a entender a existência ou não desta apatia por atividades externas ou mesmo a prática constante desse tipo de atividades que necessitam ser incorporadas nas políticas públicas de maneira mais evidente. Outro pensamento a esse respeito é que os professores ainda não deram conta do potencial existente nos Espaços Não Formais como estratégias para o ensino das ciências, as visitas a esses espaços não têm se apresentado como uma estratégia relevante para ensinar as crianças da pré-escola (ROCHA; FACHÍN-TERÁN, 2010).
Nas aulas nos Espaços Não Formais vimos que além dos professores que não planejaram, registramos 12,5% (N=1) dos entrevistados que realizaram atividades a partir das exposições sem a interação específica das crianças com o ambiente, também 12,5% (N=1) com exposições dialogadas, mas houve também o professor que usou um roteiro programando as atividades em cada local que iria visitar, demonstrando as características básicas dos animais explorando o ambiente buscando levar práticas da educação infantil como as rodas de conversas, o desenho e até mesmo a brincadeira por meio das dramatizações.
Além das metodologias descritas os professores afirmaram usar outros tipos de abordagem para consolidar os conhecimentos adquiridos nas aulas-passeio (Quadro 4). Essas abordagens podem ser consideradas incentivos para estimular a aprendizagem das crianças fazendo com que os professores se apropriem de outros tipos de abordagens metodológicas que envolvam os diferentes sentidos das crianças pequenas.
Quadro 4 – Outras metodologias usadas pelos professores após uma aula-passeio
Professor Respostas
PZ-7 Eu não tenho uma resposta fechada pra essa pergunta.
PY-3 Uso Projeção de vídeos do Animal Planet, recorte e colagem de livros e revistas, confecção de cartazes.
PI-4 Tenho um pouco de dificuldade em entender metodologia mas na sala conversamos bastante.
PS-8 Uso bastante à roda de conversas, apresentação de material concreto e realização de pintura e dobraduras.
PM-6 Trabalhamos bastante com o material do PESC, com os desenhos livres e por meio do guia do programa.
PN-5
Utilizo a escrita por meio da pesquisa pras crianças começarem a conhecer as letras do alfabeto. Por exemplo, eu peço pra elas pesquisarem com os pais sobre o Boto, no outro dia elas começam a falar o que os pais contaram sobre o boto e daí eu
apresento a Letra "B".
PD-2 Utilizo muito a música e os jogos pedagógicos
PC-1 Atividades escritas, músicas temáticas, pesquisas sobre o assunto, montagem de mural.
(Fonte: ALENCAR, 2014)
Diversificar as metodologias trabalhadas com as crianças torna as práticas na Educação Infantil bem mais dinâmica e menos cansativa, oferecendo ricas possibilidades de aprendizagens, mas o desafio em associar às temáticas trabalhadas com as metodologias adequadas traz para esta discussão o desafio de dinamizar as práticas pedagógicas nos espaços educativos.