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As comunidades e a infraestrutura

No documento ... À Natureza, e à dádiva da vida... (páginas 151-155)

RECONHECIMENTO DA REALIDADE

CONTEXTUALIZAÇÃO DA ILHA DO MEL

2.3 A Ilha do Mel: que lugar é esse?

2.3.2 As comunidades e a infraestrutura

No último Censo Demográfico do IBGE de 2010, foram diagnosticados 1.094 habitantes na Ilha do Mel: 577 homens (52,7%) e 517 mulheres (47,3%); 244 habitantes (22%) na faixa etária de 0 a 14 anos (130 homens e 114 mulheres), 800 habitantes (73%) na faixa etária de 15 a 64 anos (424 homens e 376 mulheres) e 50 habitantes (4,5%) com 65 anos de idade ou mais.

Existem atualmente seis comunidades no seu entorno, ainda que duas delas não sejam reconhecidas oficialmente pelo Estado (Ponta Oeste e Praia Grande) (TELLES, 2013):

FIGURA 13 - Localização das comunidades da Ilha do Mel

Fonte: Elaboração própria

1. Comunidade de Brasília (ou Nova Brasília): Encontra-se localizada entre os povoados de Fortaleza e Farol. É o ponto de desembarque de passageiros que se dirigem ao norte da Ilha. Concentra um grande número de população local, existindo bares, restaurantes, campo de futebol, mercearias, igreja, pousadas e campings. Nesta área a Ilha vem sendo erodida pela ação do mar, fazendo com que muitos moradores percam suas casas. Apresenta uma extensão grande de praia para banho.

2. Comunidade da Praia Grande: A área faz parte do Parque Estadual, mas há alguns habitantes, com pousadas e campings, anteriores à criação do Parque, cujos lotes estão regularizados junto ao Serviço de Patrimônio da União.

3. Comunidade do Farol: No Farol (conhecido também como Farol das Conchas), que sinaliza o canal de acesso dos navios ao Porto de Paranaguá, localiza-se o núcleo administrativo da Ilha, composto pelo escritório do IAP, centro de recepção e informação ao turista, praça de animação, posto de saúde e um dos postos do Batalhão da Polícia Florestal, além do posto telefônico, do correio e da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL). Ao sul está localizada a praia mais frequentada da região (Praia do Farol), inclusive para a prática de surf.

É o local onde se encontra a maior concentração de bares, pousadas e restaurantes, que segundo Biazin e Almeida (2009), majoritariamente pertencem a empreendedores que não são nativos da Ilha.

4. Comunidade da Fortaleza: Apesar de concentrar a maior parte das casas pertence a veranistas, é considerada a menor comunidade da Ilha. Localiza-se no Morro da Baleia, única elevação em meio à grande planície que constitui a parte norte da Ilha. É o local onde teve início a construção da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, com o intuito de proteger a Baía de Paranaguá contra a entrada de navios estrangeiros. Sua infraestrutura turística se resume a algumas pousadas e um empreendimento hoteleiro.

5. Comunidade de Ponta Oeste: Anteriormente a criação da Estação Ecológica, na qual limita-se diretamente, a comunidade era a maior da Ilha. De acordo com Biazin e Almeida (2009), foi a região mais afetada pelas implicações da vigência do Plano de Uso da Ilha e suas limitações legais impostas desde a implantação da Unidade de Conservação. O local praticamente não possui nenhuma ligação social com os moradores do restante da Ilha e a visitação turística é quase inexistente. Gonzaga, Denkewicz e Prado (2014, p. 64) lembra que a partir da década de 90 a escola (ativada em 1985) e a zona eleitoral da comunidade foram desativadas e, ―para piorar as condições de vida, houve redução da quantidade e qualidade dos pescados no local por causa da transferência da entrada do Porto de Paranaguá para o Canal da Galheta.‖ Atualmente sua população encontra-se reduzida a 12 famílias (aproximadamente 50 pessoas) de antigos pescadores que ainda possuem residências na região, que utilizam o local como ponto de pesca e mantém a resistência pelo direito à ocupação e ao uso da terra.

6. Comunidade das Encantadas ou Prainhas: Localiza-se na parte sul da Ilha e possui um trapiche para aportagem de barcos. Predominam nesta área grandes elevações (morros) e é onde está localizada a famosa Gruta das Encantadas. É a comunidade que tem a maior concentração de nativos: há um grande número de moradores em um espaço pequeno, dividido com uma farta infraestrutura turística (bares, restaurantes, pousadas, campings, escola, batalhão de polícia, etc.).

Bianzin e Almeida (2009) destacam que essa comunidade vem apresentando vários problemas, pois áreas de preservação vêm sendo indevidamente ocupadas. De acordo com Santos Júnior (2006), em função de sua localização geográfica, o Parque Estadual é a Unidade de Conservação que mais sofre pressão junto à população, pois as comunidades localizadas nas áreas de entorno são as mais procuradas pelos turistas e visitantes.

De acordo com Fuzetti (2007, p. 8), todas as comunidades se apresentam bastante heterogêneas, principalmente no que diz respeito à ―infraestrutura, localização, importância do turismo, condição de vida dos moradores e dependência da atividade de pesca‖.

Sobre a hospedagem e alimentação, a Ilha é composta por quarenta e cinco pousadas (disponibilizando aproximadamente dois mil a dois mil e quinhentos leitos), sete campings, seis restaurantes, um ponto de informação turística em cada trapiche da Ilha totalizando dois pontos de informações (Brasília e Encantadas) (DENKEWICZ, 2012; ATHAYDE; TOMAZ, 1995). Conta também com três pontos para locação de bicicletas, quinze carrinhos manuais para transporte de bagagens, cinco lojas de artesanato, seis bares e um ponto de barco para passeios.

A energia elétrica utilizada na Ilha vem do município de Pontal do Paraná por cabos subterrâneos, fornecida pela usina de geração de energia elétrica da COPEL, localizada ao norte. A COPEL possui um centro de atendimento na Ilha que se localiza na Comunidade do Farol.

A infraestrutura existente para comunicação é realizada pela Telecomunicação Paranaense, que disponibiliza orelhões distribuídos pela Ilha, especificamente dois na comunidade do Farol. A Ilha disponibiliza também de telefones fixos, sinal para celular e internet (DENKEWICZ, 2012).

Fuzetti e Corrêa (2009) destacam que a internet a cabo que, por pressão do turismo, foi implantada na Ilha em centros informatizados que atendem basicamente aos turistas, também são utilizados pelos moradores. Tem fácil acesso e apesar de

bem difundida, Biazin e Almeida (2009) observaram em seus estudos que a maioria das residências não possui acesso à rede, porém utilizam a Internet no trabalho ou nestes centros.

Em relação ao abastecimento de água, este é responsabilidade da Companhia de Água e Esgoto de Paranaguá empresa particular que possui duas estações de tratamento de água na Ilha. Por encanamentos subterrâneos a água é coletada por bombas em dois mananciais localizados no Morro Bento Alves e também por dez poços artesianos (seis em Encantadas e quatro em Brasília), tratada e distribuída para a população. A empresa disponibiliza quatro caixas d‘água de 20.000 litros cada, mas em períodos de alta concentração de turistas, a Ilha sofre com falta de água, uma vez que os motores que fazem a distribuição não conseguem atender a demanda e os reservatórios são pequenos (SANTOS JÚNIOR, 2006).

A coleta dos resíduos sólidos é de responsabilidade da Prefeitura de Paranaguá. É realizada com carros manuais, com rodas adaptadas que impedem o carrinho de atolar na areia mais grossa, por funcionários da prefeitura que em geral são moradores e armazenado em depósitos de lixo denominados de Central de Triagem e Transferência de Lixo, os ―lixões‖, localizados em Encantadas e Brasília.

Martinez (2006) relata que por ter grande parte de sua área destinada à preservação ambiental, não é permitido a existência de lixões ou aterros sanitários em todas as comunidades da região.

Todo o resíduo sólido produzido na Ilha é então recolhido por uma chata126 disponibilizada pela Prefeitura de Paranaguá, e levado ao município de Paranaguá onde são tomadas as devidas providências para sua destinação final. Durante a época em que o fluxo turístico é baixo (meses de abril a novembro), o lixo permanece armazenado nos lixões em média sete dias até ser transportado para o continente (MARTINEZ, 2006). Já o lixo jogado nas praias em temporada tem funcionários responsáveis por seu recolhimento, no entanto em baixa temporada os funcionários são dispensados, não ocorrendo à coleta do lixo.

De maneira geral, a infraestrutura existente na Ilha do Mel convive diante de limitações para seu desenvolvimento, as quais vêm em prol da conservação ambiental e cultural (PIERRI; KIM, 2008).

126 Embarcação destinada ao transporte de carga pesada.

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