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A primeira dirigente entrevistada foi Rosimar Dias Machado, a Rosi. Aos 52 anos de idade, mãe de 3 filhos, ela relatou que não conheceu seu pai e perdeu a mãe aos 12 anos de idade, quando passou a morar com a irmã mais velha. Rosi foi a única, dentre as entrevistadas, que esteve na diretoria executiva do SMABC, cargo que ocupou de 2002 a 2005. Já compôs a CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) e, no momento, é Secretária da Mulher da FEM/CUT-SP, além de integrar a diretoria plena do SMABC, assim como todas as demais entrevistadas. Rosi ingressou na categoria dos metalúrgicos em 1992, depois de trabalhar por alguns anos no comércio.

Andrea Ferreira de Sousa foi a segunda entrevistada e nossa conversa aconteceu na sede da regional de Diadema do SMABC. Contou que seu pai morreu quando ela tinha 11 anos e que teve de começar a trabalhar para ajudar a mãe com as despesas da casa. Já trabalhou fazendo limpeza para uma firma terceirizada e como empregada doméstica numa casa de família. Como trabalhadora metalúrgica, por volta de 2002 foi que Andrea passou a participar das atividades sindicais. Aos 34 anos, é casada há 12 anos, mãe de 2 filhos

70 Sobre a Comissão de Gênero é relevante destacar que, em sua coordenadoria, no mandato que teve início no

segundo semestre de 2008, foi implementado um sistema de rodízio, a fim de que várias diretoras passem pela experiência da coordenação. Esse regime perdurará até, pelo menos, junho de 2011, já que cada mandato possui

e está cursando o ensino superior. Andrea esteve à frente da coordenação da Comissão de Gênero do SMABC no último semestre de 2009 e, como a única casada dentre as entrevistadas, comentou que tem de se desdobrar a fim de conciliar a família, o seu casamento e a militância sindical.

A terceira entrevistada foi Ana Nice Martins de Carvalho, 36 anos, solteira. Graduada em História, especializou-se em Economia do Trabalho e Sindicalismo. Nascida em Espinosa, Minas Gerais, onde morou até os 13 anos, seu primeiro trabalho foi como lavradora, assim como seus pais. Aos 5 anos de idade sua mãe faleceu e, aos 12 anos, também perdeu o pai. Mudou-se com o irmão para a casa de conhecidos em São Bernardo do Campo, que hoje são sua família. Está há 17 anos trabalhando na mesma empresa (o Grupo SEB do Brasil), onde exerce a função de operadora de máquina. Em 2002 ela recebeu um convite para participar como diretora do Comitê Sindical de Empresa, mas já participava ativamente dos eventos sindicais.

Simone Vieira, coordenadora da Comissão de Gênero no primeiro semestre de 2010, foi a quarta entrevistada. Mãe de uma filha, aos 39 anos, Simone é separada. É engenheira de produto de uma montadora e afirmou que, embora goste de números, de cálculos, sua preocupação com as relações de trabalho fizeram com que ela se inclinasse para o sindicato. Atua desde 2002 como militante sindical, tendo tornado-se diretora em 2005. Gosta de estar presente no chão de fábrica, conversando com os trabalhadores que, em sua percepção, detêm um conhecimento bastante valioso e que, porém, muitas vezes é menosprezado no ambiente de trabalho.

A quinta entrevistada foi Maria Dilvetania Pereira da Silva, a Tania. Mãe de 2 filhos, Tania tem 45 anos, é separada e está cursando o ensino superior. Nascida na Paraíba, começou a trabalhar aos 13 anos numa empresa de autopeças em São Caetano do Sul, inicialmente na linha de produção, mas logo foi transferida para o departamento de custos. Está há 23 anos numa montadora, onde integrava a área mensalista. Orientada pelo sindicato, já ganhou um processo judicial movido contra a mesma empresa, tendo sido reintegrada depois de uma demissão quando estava grávida e afastada por tendinite. Foi convidada por companheiros para fazer parte do sindicato como diretora e comentou com muito entusiasmo as intervenções sindicais das quais participou.

Ana Maria Braga foi a sexta entrevistada. É divorciada, tem um filho e deve se aposentar no prazo de 3 anos. Trabalha há 17 anos na Papaiz, era operadora de máquina –

3 anos de duração, quando será feita uma avaliação, pelos membros do sindicato, para definir sobre sua

fazia fechaduras –, mas a empresa transferiu sua produção para a Bahia, deixando em Diadema apenas o escritório, a ferramentaria e a injetora. Em alguns momentos de sua fala demonstrou desânimo, pois não exerce mais a função que desempenhava em virtude do deslocamento das atividades fabris para a Bahia. No momento, não exerce mais uma atividade determinada mas auxilia o escritório entregando, por exemplo, holerites, vale-transportes ou crachás aos funcionários. Contudo, mais animada comentou que, na hora do almoço, joga partidas de dominó com os colegas, todos homens, e que ganhou, no dia anterior à entrevista, “de lambreta”, que é quando se ganha as 4 partidas de um total de 4. Também foi a partir de um convite que Ana Maria passou a atuar como diretora sindical.

Maria Gilza Macedo foi a sétima e última diretora sindical entrevistada. Nossa conversa ocorreu na TRW, em Diadema, empresa onde ela trabalhava como montadora, função que atualmente se denomina operadora qualificada. Aos 50 anos, contou que veio de Araripina, em Pernambuco, onde moram seus pais, há uns 25 anos. A princípio, veio à casa da tia a passeio, porém, ao retornar ao nordeste não se adaptou mais. De volta, começou a trabalhar e já não vai à cidade onde nasceu há 20 anos. Separada, Gilza mora com a filha, sobre quem falou com muito carinho, e comentou que o ex-marido tentou por três vezes tirar a guarda de sua filha na justiça, quando eles se separaram, argumentando que ela não tinha condições de cuidar da criança porque era sindicalista. Na última tentativa, a juíza afirmou claramente que o fato de uma mulher ser sindicalista não resulta em qualquer implicação que consista em impedimento a que ela seja mãe e tenha a guarda dos filhos. Militante sindical há 13 anos, está em seu terceiro mandato na diretoria do CSE e, ao longo de sua carreira, em diversos compromissos pelo sindicato, a filha, que agora já está com 17 anos, muitas vezes a acompanhou.