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PARTE II – Vamos “ver” magnetismo

DO PROGRAMA DE FORMAÇÃO

2. As entrevistas aos alunos

Numa fase seguinte, que decorreu no final do mês de Junho, realizaram – se as entrevistas a cinco grupos de alunos: um grupo de cada uma das turmas onde foram trabalhados, pelo respectivo professor, os temas do Programa de Formação. Relativamente às turmas dos professores A, B, D e E foram entrevistados três alunos de cada. A pedida do professor C foram quatro os que participaram na entrevista.

Tal como foi feito para o estudo piloto, todos os alunos que participaram nas entrevistas fizeram-no segundo autorização expressa por escrito, dos pais e/ou encarregados de educação, com o conhecimento do respectivo professor, do Conselho Executivo do Agrupamento e do Director do colégio particular (caso dos alunos do professor E).

Todas as questões inerentes à concretização das entrevistas foram, antecipadamente, decididas entre os professores dos alunos e a investigadora. Para se evitar incómodo aos encarregados de educação, as mesmas decorreram em período lectivo, na escola a que os alunos pertenciam. Três foram gravadas num gabinete reservado para o efeito, uma na biblioteca da escola e a dos alunos do professor F na própria sala de aula.

Relativamente à organização do espaço houve a preocupação de colocar os alunos de frente para a máquina de filmar, confortavelmente sentados, formando um semi-círculo à volta de uma mesa e próximos da investigadora que se encontrava sentada. Durante o desenvolvimento da entrevista os alunos não tiveram acesso a qualquer material de consulta produzido por eles ou pela investigadora. Todo o discurso foi videogravado. Deste modo a disponibilidade da entrevistadora para seguir o pensamento dos alunos foi total, pois não se sentiu a necessidade de tomar notas.

As entrevistas iniciaram-se sempre com a identificação de cada um dos alunos, da investigadora, que todos conheciam como professora da escola, excepto os alunos do professor F, com uma conversa informal sobre os trabalhos que o respectivo professor realizou nas sessões de formação e que depois transpôs para a sala de aula e a explicitação dos objectivos da entrevista.

No início de cada uma foi preenchida uma ficha de dados onde, para além da data e local de realização da mesma, consta o primeiro nome de cada um dos participantes, a idade, o ano de escolaridade e a escola que frequentava. Em todas as sessões houve a preocupação de tratar sempre os alunos pelo nome, procurando deixá-los o mais à vontade possível, fazendo-os compreender que não havia respostas certas ou erradas, que tudo o que dissessem era importante e que se desejava que cada um fosse espontâneo e sincero nas suas respostas. A duração das cinco entrevistas variou entre os 25 minutos (1) e os 35 minutos (2), sendo o tempo médio de 30 minutos.

Com sua a realização pretendia-se obter dados para através da análise do seu conteúdo, se fazer uma avaliação indirecta do impacte imediato que o Programa de Formação teve nos respectivos professores. Por isso, posteriormente, cada entrevista foi transcrita na íntegra, para suporte de papel, segundo convenções adaptadas de Martins (1989) de uma forma tão fiel quanto possível, tendo resultado num total de 83 páginas. A organização do texto teve em conta a necessidade de facilitar o seu posterior tratamento. Na transcrição foram numeradas, sequencialmente, as intervenções da investigadora/entrevistadora (E1,

E2…) e as intervenções de cada aluno, ao qual foi atribuído um código que o identifica, relativamente à sequência da pergunta que lhe foi feita (R1 – resposta à pergunta 1), à ordem da sua apresentação (A1 – Aluno 1 do grupo a que pertence), ao ano de escolaridade (1º, 2º, 3º ou 4º) e à turma/ professor (PA, PB, PC, PD, PE). Exemplo: R1 – A1 – 2º – PA (Resposta 1 do Aluno 1, do 2º ano de escolaridade, do Professor A).

2.1 Selecção e caracterização dos alunos entrevistados

Na impossibilidade de se entrevistar todos os alunos que participaram no estudo, foi seleccionado um grupo representativo de cada turma, pelos respectivos professores, tendo em consideração os critérios definidos para o efeito, numa das sessões do Programa de Formação: três alunos por turma, incluindo ambos os sexos; com idades tão variadas quanto possível; pertencentes a diferentes grupos de trabalho; com facilidade de comunicação; alunos que se mostraram motivados pelo trabalho desenvolvido na sala de aula, no âmbito do estudo.

Contudo, estes critérios não foram rígidos, tendo-se verificado algumas excepções, nomeadamente: da turma do professor C, a seu pedido, foram entrevistados quatro alunos; do grupo do professor F os alunos pertenciam todos ao sexo feminino.

Quadro 4.10 – Caracterização dos alunos entrevistados Alunos

Ano de escolaridade Idade51 Sexo

Prof. 6 7 8 9 10 M F A 3 2 1 1 2 B 3 2 1 1 2 C 4 2 2 1 3 D 3 1 2 2 1 E 1 2 1 1 1 3 Totais 1 5 4 6 1 3 4 5 3 5 11 51

As idades de alguns dos alunos diferem das registadas no quadro 4.2 em virtude da primeira corresponder à idade dos mesmos na data da matrícula e durante o decorrer do ano lectivo os alunos terem completado mais um ano.

Pela leitura do quadro verifica-se que:

- o leque de alunos entrevistados, num total de dezasseis (16), abrange os quatro anos de escolaridade, sendo: um (1) aluno do 1º ano; cinco (5) do 2º ano; quatro (4) do 3º ano e seis (6) do 4º ano;

- as idades variam entre os 6 e os 10 anos: um (1) aluno com 6 anos do 1º ano; três (3) com 7 anos do 2º ano; dois (2) com 8 anos do 2º ano; dois (2) com 8 anos do 3º ano; dois (2) com 9 anos do 3º ano; três (3) com 9 anos do 4º ano e três (3) com 10 anos do 4º ano.

- dentro de cada ano de escolaridade há alunos com diferentes idades (com excepção do 1º ano);

- os alunos são de ambos os sexos, sendo 5 do sexo masculino e 11 do sexo feminino, com predominância do sexo feminino (facto que é representativo da realidade das turmas);

- os anos de escolaridade representados com o maior número de alunos foram o 2º (5) e o 4ºano (6), pelo facto de mais do que um professor leccionar turmas com esses anos de escolaridade, verificando-se o inverso relativamente ao 1º ano (1) em virtude de uma só turma integrar alguns alunos desse ano de escolaridade;

2.2 Análise de conteúdo

Como foi dito anteriormente, pretendia-se com a realização das entrevistas aos diferentes grupos de alunos obter dados para, através da sua análise, se fazer uma avaliação indirecta do impacte imediato que o Programa de Formação teve na prática de sala de aula de cada um dos professores, no âmbito do Ensino das Ciências. Por isso, e tendo em atenção os objectivos da investigação, todo o material resultante das entrevistas foi sujeito à análise de conteúdo, processo utilizado para tratar o discurso produzido pelos alunos o que, a par de outros, constituiu uma base de dados para a referida avaliação.

Como não podia deixar de se verificar, a análise de conteúdo envolveu um trabalho de classificação e comparação sistemática do material produzido, o que conduziu à definição de um quadro de referência teórico; definição de categorias de análise; definição de unidades de análise e interpretação dos resultados obtidos (Carmo e Ferreira, 1998). O

esquema de análise foi sugerido pelos próprios dados, numa perspectiva heurística e ideográfica.

2.3 Categorias de análise do conteúdo das entrevistas

Na análise qualitativa do discurso produzido pelos alunos, a metodologia seguida foi em tudo semelhante à descrita no ponto 2.2.2, deste mesmo capítulo.

Procurou-se identificar ideias – tipo partilhadas por mais do que um grupo de alunos, as quais fizeram emergir as Categorias de Resposta (CR).

Seguindo-se as diferentes fases de análise, consideraram-se as seguintes Categorias de Conteúdo:

1. Caracterização das actividades realizadas