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PARTE II – Vamos “ver” magnetismo

DO PROGRAMA DE FORMAÇÃO

1. Caracterização do estudo

1.1.1 Caracterização das turmas envolvidas no estudo

Como foi dito anteriormente pretendia-se realizar um projecto de cariz teórico-prático, envolvendo directamente um grupo de professores e, indirectamente, os alunos das respectivas turmas, numa perspectiva construtivista de Ensino Por Pesquisa.

Por isso, o estudo empírico envolveu cinco professores (Quadro 4.1) e 105 alunos pertencentes às cinco turmas, cuja caracterização se apresenta no Quadro 4.2.

Quadro 4.2 – Caracterização das turmas Nº alunos/anos

escolaridade Idade46 Sexo

Prof. 6 7 8 9 10 11 e + M F MF A 21 21 9 12 21 2 1 1 1 1 B 16 8 7 1 6 10 18 6 5 1 4 2 C 18 17 1 6 12 24 D 21 18 3 7 14 21 6 6 1 5 E 15 15 4 11 21 Totais 6 44 18 37 6 37 23 26 7 6 38 67 105 46

A idade representada neste quadro é aquela que cada criança tem no acto da matrícula (contada até 15 de Setembro de 2004) e que se mantém, no diário de frequência dos alunos até final do ano lectivo, razão pela qual há algumas discrepâncias relativamente à idade que alguns alunos referem ter em Junho de 2005, mês em que foram realizadas as entrevistas.

Pela leitura do quadro verifica-se que no estudo participaram 105 alunos, englobando os quatro anos de escolaridade:

- seis (6) do 1º ano

- quarenta e quatro (44) do 2º ano - dezoito (18) do 3º ano;

- trinta e sete (37) do 4º ano;

as idades variam entre os 6 e os 11/12 anos: - seis (6) alunos com 6 anos;

- trinta e sete (37) com 7 anos; - vinte e três (23) com 8 anos; - vinte e seis (26) com 9 anos; - sete (7) com 10 anos; - seis (6) com 11/12 anos.

os alunos são de ambos os sexos, verificando-se predominância do sexo feminino, sendo:

- trinta e oito (38) do sexo masculino; - sessenta e sete (67) do sexo feminino.

os anos de escolaridade representados com o maior número de alunos são:

- o 2º ( 44 alunos) e o 4ºano (37 alunos), pelo facto de mais do que um professor leccionar turmas com esses anos de escolaridade, verificando-se o inverso relativamente aos alunos do 1º ano (6 alunos) em virtude de uma só uma turma integrar alunos desse ano de escolaridade.

Opção metodológica – técnicas e instrumentos utilizados

As técnicas de recolha de dados são os instrumentos de trabalho, definidos e utilizados pelo investigador, que viabilizam a realização de uma pesquisa, um modo de conseguir a efectivação do conjunto de operações metodológicas, com vista à verificação empírica, ou seja a confrontação do corpo de hipóteses levantadas com a informação colhida na amostra onde se desenvolveu o estudo empírico (Pardal e Correia, 1995).

De acordo com o referido no capítulo 1, este estudo tinha como objectivos: identificar e caracterizar concepções dos professores sobre as potencialidades do TP no Ensino das

Ciências para, a partir delas, se conceber um Programa de Formação; testar um modelo de formação de professores sobre o Ensino das Ciências centrado no TP, assente na compreensão e reformulação das suas práticas, tendo como referência o Ensino Por Pesquisa (Cachapuz, Praia e Jorge, 2002), envolvendo os professores em diferentes actividades teórico/práticas; identificar quais as orientações do programa de formação que são promotoras de mudança nas práticas dos professores.

Tendo em conta a particularidade de ser um estudo que envolvia directamente um grupo de professores, com diferentes níveis de formação, em exercício de funções docentes e indirectamente os alunos das respectivas turmas, abrangendo os quatro anos de escolaridade, optou-se por uma investigação qualitativa, numa abordagem multimetodológica, utilizando como técnicas de recolha de dados a entrevista clínica semi- estruturada, a reflexão escrita dos professores e a análise documental.

Segundo Anderson (2000) a entrevista é a principal fonte de dados no estudo do caso. Face às características do estudo, não sendo a única, ela foi uma das técnicas de recolha de dados a que a investigadora recorreu.

Sendo de larga utilização na investigação, a entrevista apresenta vantagens sobre outras técnicas de recolha de dados, mas também algumas limitações. Como principais vantagens apontamos: i) o facto de possibilitar a obtenção de uma informação mais rica, mais profunda; ii) não exigir um informante alfabetizado na temática em questão; iii) poder ser gravada, deixando o entrevistar disponível para seguir o raciocínio do sujeito de estudo. Como limitações não podemos deixar de referir: i) a baixa possibilidade de ser aplicada a grandes universos; ii) a interacção humana que pode conduzir à subjectividade e a possíveis enviesamentos; iii) a influencia do entrevistador no entrevistado (Pardal e Correia 1995; Martins 1989).

A sua construção implica conhecimento sobre as teorias a respeito do objecto de estudo, a clarificação deste, a elaboração de um sistema conceptual e a definição das variáveis a operacionalizar. A nível da aplicação exige por parte do investigador uma preparação cuidadosa tanto ao nível de conhecimentos, como ao nível de comportamento durante o seu desenvolvimento, nomeadamente na forma de realizar as perguntas, nos gestos, sorrisos e detalhes de linguagem que podem interferir na resposta do entrevistado (Pardal e Correia 1995).

Relativamente ao grau de estruturação, Pardal e Correia (1995) definem dois tipos de formatos de entrevista: entrevista estruturada em que as questões são previamente elaboradas e colocadas, obedecendo a um grande rigor na ordem seguida e a entrevista não – estruturada que permite uma maior liberdade de actuação, podendo tratar-se de uma conversa livre entre entrevistador e entrevistado. Entre estes dois extremos aparece uma variante conhecida por entrevista semi-estruturada, que nem é inteiramente livre e aberta, nem orientada por um leque inflexível de perguntas estabelecidas à priori, permitindo, por isso, correcções, esclarecimentos e adaptações (Pardal e Correia, 1995; McMillan e Schumacher, 2001 in Vieira, 2003).

Foi a este tipo de entrevista a que a investigadora recorreu, tendo organizado um guião, com perguntas tipo, suficientemente abertas, que lhe serviram de apoio no desenrolar das mesmas e que foram sendo colocadas à medida que as oportunidades iam surgindo, tendo sempre presentes os objectivos a alcançar, mas permitindo que o discurso do entrevistador fluísse duma forma livre e aberta, dando informações sobre as suas percepções e interpretações, experiências e memórias e sobre o sentido que dá às suas práticas, revelando as suas representações e referências, fornecendo indícios sobre os seus processos de acção e posterior mudança.

A opção teve em conta o facto de directa (através dos professores) e indirectamente (através dos alunos) se pretender conhecer, de forma o mais detalhada possível, o modo como os diferentes professores pensam, percebem e descrevem as suas próprias práticas de ensino das ciências e o modo como a vivência do Programa de Formação alterou ou não as suas concepções.

Houve, por isso, necessidade de realizar entrevistas em diferentes momentos do estudo empírico:

- aos cinco professores antes da implementação do Programa de Formação;

- aos cinco professores depois da implementação do Programa de Formação e da transposição didáctica para a sala de aula dos temas trabalhados em formação dirigida;

- a grupos de alunos de cada uma das turmas dos professores envolvidos no estudo, no final do ano lectivo, para através da análise do seu conteúdo, se poder avaliar o impacte imediato que esse mesmo programa teve na transposição didáctica das temáticas trabalhadas pelos professores.

Como se referiu no início deste capítulo, optou-se por uma investigação qualitativa, numa abordagem multimetodológica. Nesse sentido recorreu-se ainda à análise dos trabalhos realizados pelos alunos das diferentes turmas, em situação de ensino/ aprendizagem, durante a exploração em sala de aula dos temas contemplados no Programa de Formação (a análise dos mesmos servirá para tirar conclusões sobre o impacte da formação em cada professor – avaliação indirecta da formação conduzida) e à análise da reflexão escrita dos professores, por cada um dos professores no final do ano lectivo.

2. Processo de recolha de dados – contexto e descrição dos vários momentos do