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3.3 ESPAÇO ESTÉTICO DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFSC: UM ESPAÇO

3.3.1 Do Projeto à Realidade: a trajetória do “Espaço Estético CA/UFSC” em seus cinco

3.3.1.1 As Exposições no Espaço Estético do Colégio de Aplicação da UFSC

Trinta mostras foram viabilizadas no período de março de 1998 a agosto de 2003, período que demarcamos como limite para efetuar esta contextualização. No ano de 1998, cinco (05) mostras foram viabilizadas; no ano de 1999, oito (08) mostras; no ano de 2000, sete (07) mostras; no ano de 2001, três (03) mostras; no ano de 2002, cinco (05); e no ano de 2003, até agosto, duas (02) mostras.

Frente aos objetivos propostos para viabilização das mostras, classificamô-las da seguinte forma:

Quatro (04) mostras possibilitaram a promoção de exposições da Produção Artístico-Visual-Didático-Pedagógica realizada no Colégio de Aplicação, dentre elas: (a) Oficinas 98 - CA/UFSC: cerâmica, papel artesanal, multimídia, pintura e desenho: mostra de trabalhos realizados nas oficinas de Artes Visuais oferecidas aos alunos de 8ªs séries e 1ªs séries do Ensino Fundamental no CA/UFSC, na disciplina de Educação Artística, sob orientação das professoras Fabíola Cirimbelli Búrigo Costa, Marília de Borba, Neide Pelaez de Campos e Lucila Horn Cantú, durante o ano de 1998.

(b) Caminho Aberto: exposição de trabalhos desenvolvidos por alunos do CA/UFSC na disciplina de Educação Artística, sob orientação do professor Galheigo Jacques no ano letivo de 2000.

(c) A Linha, O Fluxo e o Sujeito: mostra de trabalhos desenvolvidos nas 6ªs e 8ªs séries do Ensino Fundamental do CA/UFSC na disciplina de Artes Visuais, sob orientação do professor Galheigo Jacques, durante o ano letivo de 2001/2.

(d) Diálogos 2002: exposição de trabalhos de alunos de 6ªs séries e 8ªs séries do Ensino Fundamental do CA/UFSC, na disciplina de Artes Visuais, sob orientação da professora Maria Cristina Fabi e do professor Galheigo Jacques, durante o ano de 2002.

Seis (06) mostras permitiram o estímulo para que alunos, ex-alunos, professores e comunidade escolar expusessem suas produções visuais, dentre elas:

(a) Pinturas: mostra inaugural de pinturas de Gisela Barcellos de Souza, ex-aluna da 3ª série do Ensino Médio e Hugo Eduardo de Amorim, aluno da 1ª série do Ensino

Fundamental do CA/UFSC, os quais apresentam à comunidade escolar sua produção autônoma, fruto de pesquisas que, por interesse próprio e/ou estimuladas, foram, por anos, desenvolvendo no transcorrer do período escolar.

(b) Humano: exposição de desenhos e poesias de Marcos Simões Costa, ex-aluno da 3ªsérie do Ensino Médio e pinturas de Lucila Horn, artista plástica e professora de Artes Visuais do CA/UFSC. A exposição propõe ainda a participação do espectador na obra-instalação Toca, de produção coletiva dos artistas, na qual o observador pôde vivenciar seu auto-retrato através de um espelho colocado entre os auto-retratos dos artistas, compondo um “Altar” que celebra o Humano.

(c) Cristais do Tempo: mostra fotográfica dos 40 anos do Colégio de Aplicação, organizada pela equipe de professoras responsáveis pela história do CA na construção do Projeto Político Pedagógico da escola, Ana Maria Faraco de Oliveira, Giselle de Souza Paula Pires e Luiza Andrade Uda.

(d) Metáforas do Colégio de Aplicação: mostra promovida pelo Espaço Estético, comemorativa dos 40 anos do Colégio de Aplicação, em que professores e servidores técnico-administrativos foram convidados a se apropriarem de objetos para comunicar sua visão particular do que sentem e pensam desta Instituição.

(e) Imagens em Ação - Arte seqüencial: mostra de desenhos Cartoon Comics em estilo de histórias em quadrinhos de Hugo Eduardo de Amorim e William Jun Takahashi, alunos da 3ª série do Ensino Médio do CA/UFSC e do colega desenhista por estes convidado, Felipe Zimmermann Homma.

(f) Mosaicos: mostra de mosaicos compostos e elaborados de formas variadas e materiais diversos encontrados, pesquisados e construídos pela aluna de 3ª série do Ensino Médio do CA/UFSC, Hiassana Scaravelli.

Cinco (05) mostras possibilitaram o Intercâmbio da Pesquisa desenvolvida em Artes Visuais com outras instituições de ensino:

(a) Gravura na Escola - processo & produto: mostra de xilogravuras de alunos da 8ª série do Ensino Fundamental da Escola Básica José do Valle Pereira na disciplina de Educação Artística, sob orientação da professora Maria Cristina da Rosa e da acadêmica estagiária Raquel de Souza.

(b) Bichinhos Ra’ngã i - esculturas zoomórficas Guaraní Mbyá: mostra de fotografias acerca do processo de elaboração das esculturas dos índios Guarani Mbyá do Morro dos Cavalos, em Palhoça, os bichinhos ra’ngã i, contando também com a exposição de algumas destas esculturas. A mostra é fruto de uma pesquisa em andamento realizada por Ana Maria Alves de Souza, acadêmica do Centro de Artes da UDESC, sob orientação da professora mestre Cleidi Albuquerque.

(c) Exposição Didática: A proposta circular para as artes visuais. Um estudo das artes

visuais no contexto contemporâneo através de uma proposta alternativa circular em três diferentes realidades: apresenta o processo e o produto resultante dos workshops

ministrados pelo professor, artista e pesquisador Ruy Kronbauer em três diferentes realidades: Grupo de estudos do projeto Arte na Escola do Colégio de Aplicação da UFSC, tendo como integrantes arte-educadores, pesquisadores e artistas plásticos; Licenciatura em Artes Plásticas do Centro de Artes da UDESC, alunos da 2ª fase e Escola Básica Silveira de Souza, alunos da 7ª série da turma 701. O objetivo dos workshops era colher dados in

loco pelo pesquisador ministrante para posteriores análises da pesquisa de mestrado

realizado no Centro de Educação da UFSC.

(d) Em Busca do Gesto Expressivo: exposição dos trabalhos dos alunos servidores da UFSC, desenvolvidos nas oficinas de Arte no Programa de Educação Permanente para Servidores da UFSC, sob orientação da professora Yara Regina Bianchini Mello.

(e) Encontro de Retalhos: exposição de trabalhos dos alunos servidores do Programa de Educação Permanente para Servidores da UFSC, desenvolvido nas oficinas de Arte deste programa, sob orientação da professora Yara Regina Bianchini Mello.

Sete (07) mostras propiciaram a exposição de Produtores Convidados que contribuíssem para a dinamização e ampliação dos objetivos traçados pela disciplina Arte: Artes Visuais:

(a) Gravuras de Carlos Asp: mostra de gravuras produzidas no Corel Presentations 3.0, impressas sobre papel numa HP Deskjet, pelo artista plástico e então professor de Artes Visuais do CA/UFSC Carlos Asp. Os elementos linha, forma, cor, volume e textura que compõem a gramática de construção plástica são aqui articulados em possíveis situações e/ou relações próximas, como bandeiras ou campos que se desdobram. Começaram como

resposta gráfica aos Jogos de Alfabetização Visual - Mind Games, também apresentados nesta exposição.

(b) Mostra de Arte Visual PACHAMAMA: mostra de arte visual do artista plástico e professor de Teatro do CA/UFSC, Manoalvim, com máscaras, objetos, pinturas, pôsteres e

folders, inspirados em Pachamama, a mãe-terra do povo Inca, que segundo o artista “é um

signo que também é símbolo, um gesto de amor cósmico”.

(c) A Imagem Muda: exposição de pinturas do artista plástico Sony Sonnemaker mostra enormes painéis de textura mista com material e tintas de parede sobre tela. Os painéis revelam formas circulares a partir da temática do caos organizado. A imagem muda é um conceito que pretende valorizar a plasticidade como forma de comunicação independente do discurso oral e também como veículo de transformação. Sua pesquisa artística desenvolve-se na interferência da Arte no movimento do universo, pretendendo sugerir todas as possíveis reflexões sobre nosso consciente e inconsciente, durante e após a visualização das imagens.

(d) Gravuras ... agora meu retrato é o seu retrato: a exposição do artista Gustavo Takase é resultado do percurso do estudante de Educação Artística, habilitação Artes Plásticas do CEART/UDESC, nas disciplinas de Gravura (serigrafia, xilogravura, gravura em metal e litografia). A exposição marca um retorno de um ex-aluno do CA/UFSC a uma de suas moradas, um reencontro com pessoas e lembranças, as quais que o tempo insiste, ineficazmente, em querer apagar. Ao se retratar, não usa de um discurso egocêntrico, nem espera ter seus olhos vendados pelos outros. Quer reivindicar uma nova interpretação do auto-retrato: o retrato de um ser constituído por outros seres, acreditando que somos todos nós, partes de um todo.

(e) Organismo do Sopro: exposição instalação da artista contemporânea Marília de Borba, inspirada nos princípios bíblicos de Gêneses: ‘O homem nasceu da terra e foi animado por um sopro de vida’. A instalação é composta por organismos de sopros: objetos sutis realizados em cores suaves e balões de látex, cuja estrutura é o sopro da artista. “Marília parece aludir à figura do artista que insufla vida às obras que realiza, ou mais remotamente a um Deus que soprando o barro, deu-lhe vida e forma humana”. (LINDOTE, 2000).

(f) Telas e Casas: a mostra de Aline Dias, estudante da terceira fase do Bacharelado em Pintura e Gravura do CEART/UDESC, é composta de telas, pequenas gravuras em delicados tecidos e objetos que se expressam pela leveza e fragilidade. Fala das casas como lugar onde se guarda, se abriga, através das gravuras e costuras/bordados. Fala das portas, janelas, fechaduras, chaves e cadeados, uma vez que a entrada não é dada a qualquer um. Daí os mecanismos de fechamento e abertura, os consentimentos e limites. Como lugar onde nos guardamos, a casa também guarda sonhos, linhas coloridas, sono, aconchego, carinho, por isso o caráter lúdico, os tecidos coloridos, as linhas douradas, travesseiros e berços. Nas telas, uma evidência maior do que não é palpável.

(g) Mostra Fotográfica: Acervo: exposição de uma coletânea de vinte e três (23) trabalhos fotográficos dos membros do Foto Clube Florianópolis. As fotos expostas possuem temas variados e fazem parte do acervo do Foto Clube, cuja agremiação é formada por trinta e cinco membros, sendo a maioria amadores.

Uma (01) mostra possibilitou o estímulo da Interdisciplinaridade entre as Artes: (a) Oficinas 99: são trabalhos de alunos desenvolvidos no percurso das oficinas de arte de 8ªs séries e 1ªs séries do Ensino Fundamental, dentre eles: apresentação musical de Flauta

doce, voz e violão; peça teatral O fim do mundo; exposição/gravação vídeo teatral Documento oficinas 99 e mostra visual de Desenho e pintura, modelagem e papel artesanal. Grande parte das exposições permitiram a interdisciplinaridade através dos

convites efetuados para que nas aberturas das mostras fossem realizadas apresentações musicais, declamação de poemas, dramatizações, lançamento de livros, etc. Entretanto, apenas esta proposta foi realmente construída interdisciplinarmente por todos os professores de Arte da escola.

Sete (07) mostras estimularam a Integração do Currículo com a Arte, oportunizando um espaço de exposição para disciplinas que contribuem com o olhar estético. São elas: (a) Construindo com o Olhar na Cidade: mostra da produção desenvolvida pelas 3ªs séries do Ensino Fundamental, a partir do desenvolvimento de um projeto de pesquisa de ação integrada entre as diversas áreas do conhecimento: Artes Visuais, Integração Social, Ciências, Língua Portuguesa e Matemática, visando à ampliação e à construção de conhecimentos acerca da história do município de Florianópolis.

(b) Andarilhos ...Uma Mostra deste e d’outros tempos: mostra da produção de alunos de 8ªs séries com o objetivo de socializar à comunidade escolar e interessados os trabalhos de Estudo do Meio desenvolvidos sob orientação dos professores de História, Marise da Silveira Veríssimo, e Geografia, José Carlos da Silveira. Os alunos realizaram trabalho de pesquisa no Assentamento Rural Vitória da Conquista, no município de Fraiburgo, em Santa Catarina, e nas cidades históricas de Minas Gerais e Belo Horizonte.

(c) Um Olhar Sobre os Saberes Escolares: exposição da produção de alunos das Séries Iniciais do Ensino Fundamental desenvolvida sob a orientação dos professores das séries, envolvendo Artes Visuais e Educação Física a partir da proposta de ensino e pesquisa, mediante projetos de trabalho: 1ª série B e C - Projeto: Infâncias; 2ª série C - Projeto Encontro com a Poesia; 3ª série C - Projeto: A História do Município de Florianópolis, com os sub-projetos: Uma Visita ao Supermercado e Resgate das Brincadeiras da Cultura Açoriana e 4ª C - Projeto: Reciclagem de Lixo.

(d) Vivenciando a Cultura Indígena: mostra da produção desenvolvida pela aluna Júlia Mello Piedade e demais alunos da 3ª Série C, do Ensino Fundamental, a partir da elaboração coletiva do Projeto Vivências, proposto em função da viagem da aluna Júlia para acompanhar seus pais na pesquisa de campo de Doutorado, pela UFSC, na tribo Wauja, no Alto Xingu, no período correspondente ao segundo semestre letivo de 2001. O projeto elaborado coletivamente pelos professores orientadores da série, com base nas questões problematizadoras, objetivava que todos os alunos pudessem ampliar seus conhecimentos sobre a cultura indígena através da participação e da sistematização da pesquisa realizada pela aluna Júlia. A exposição, além de ressaltar o objetivo principal da pesquisa da aluna, as crianças Wauja, possibilita uma ampliação do olhar sobre esta cultura. (e) Um Caminho Diferente... : mostra da produção desenvolvida por professores e alunos das turmas “A” das Séries Iniciais do Ensino Fundamental que, juntos, procuraram “ ‘com vida’ olhar, observar, sentir, ouvir, pensar, sonhar... ...Construir idéias, refazer conceitos, imaginar saídas e contribuir para encontrar outras soluções. Experimente... Um caminho diferente...” (ESPAÇO ESTÉTICO..., 2002).

(f) Livros: mostra de trabalhos realizados por alunos das 5ªs. séries do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação, orientados pela professora Querubina Ribas Pereira na disciplina

de Língua Portuguesa, durante o ano letivo de 2002. Valorizando as práticas que abrem espaço às várias formas de expressão e olhares nos processos de ensino-aprendizagem, foi proposta em sala de aula a reconstrução da narrativa oral sobre Rei Lear, de William Shakespeare, a partir de três palavras chave: anel, manto e noiva. “Os alunos foram levados à análise de alguns aspectos formais utilizados na montagem de um livro; a empregarem a arte gráfica (ilustrações) integrada ao texto; a descreverem personagens inventadas por eles e a empregarem o recurso da descrição na narração”. (PEREIRA, 2002).

(g) Você tem fome de quê?: tema gerador de processos de ensino-aprendizagem, a exposição, proposta pelo Espaço Estético, mostra reproduções de imagens de artistas e instalação do artista plástico ex-professor do CA/UFSC Galheigo Jacques, tendo como objetivo promover o diálogo estético-crítico entre escola-sociedade, abrangendo as diversas áreas de conhecimento e buscando desencadear outras demandas no campo do ensino, da pesquisa e da extensão, extrapolando o âmbito intra e inter-institucional. Diferentes intervenções sonoras, teatrais, performáticas e visuais foram organizadas pela equipe de Arte, visando mobilizar e sensibilizar a comunidade escolar, servindo de “provocação” para desencadear estratégias de ensino. O projeto Você tem fome de quê? Um relato de

experiência nas séries iniciais, desenvolvido a partir desta mostra pelas professoras de

Artes Visuais Débora da Rocha Gaspar e Marília de Borba, foi contemplado com o Prêmio

Arte na Escola Cidadã, atribuído pelo Instituto Arte na Escola em 2003.

As condições de segurança das obras expostas passaram a ser objeto de reflexão da coordenação do Espaço, tendo em vista avaliarmos que tal questão vinha prejudicando o desenvolvimento das atividades artísticas e, conseqüentemente, pedagógicas, limitando a conquista dos objetivos do projeto. Considerando as condições de segurança, a disponibilidade de tempo dos coordenadores responsáveis e o momento histórico atual da escola, que vive e pensa a reestruturação curricular e com ela a interdisciplinaridade dos conteúdos trabalhados, o Espaço Estético, em seus planos de ação para 2003, buscou fortalecer a inter-relação dos conhecimentos de Artes Visuais com conhecimentos de outras áreas, ampliar as relações do aprender e ensinar através do sensível e do lógico, utilizando textos verbais e não-verbais. Visando atingir tais objetivos, buscou construir novas parcerias, conversando, refletindo e propondo ações conjuntas com outras disciplinas da

grade curricular do Ensino Básico, sem perder de vista as finalidades para as quais o Espaço Estético foi pensado e criado: a educação estético-artístico-visual dos educandos, da comunidade escolar e de todos os visitantes.