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As implicações decorrentes da melhoria dos indicadores de operações no Aeroporto

4. SERVIÇO AEROPORTUÁRIO DE FORTALEZA E IMPACTOS NO

4.4 As implicações decorrentes da melhoria dos indicadores de operações no Aeroporto

Visto os dados acima – aumento geral da quantidade de voos, passageiros e cargas, especialmente do tipo internacionais –, em que medida eles podem ser utilizados para evidenciar um potencial cenário de desenvolvimento, especialmente, econômico para a região? A resposta a essa pergunta pode ser de difícil precisão. Isso porque a direção do vetor importa. Uma região economicamente atrai os negócios aeroportuários? Ou a região aeroportuária desperta a prosperidade econômica? Florida et al (2015, p. 200), em estudo sobre metrópoles americanas, debatem esse dilema da seguinte forma:

It is difficult to precisely disentangle causality between airports and economic development160. On the one hand, airports can add to economic development by their movements of goods and people along with other factors identified above. However,

160 Compartilhando desse mesmo entendimento, Bilotkach (2015, p. 1577) compreende que “While intuitively we

can suspect that a well-developed and well-conected airport should facilitate attractiveness of a respective metropolitan area for business, quantifying this relationship is not a straightforward task”. Tradução livre:

“Embora intuitivamente possamos suspeitar que um aeroporto bem desenvolvido e bem conectado deve facilitar a atratividade de uma respectiva área metropolitana de negócios, quantificar esse relacionamento não é uma tarefa simples”.

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airports are also more likely to be located in larger regions with higher levels of economic development, more people, larger industries and so on which increases demand for their services161.

No entanto, devemos prosseguir. Assim, de que modo a atividade aeroportuária e o desenvolvimento econômico de uma localidade se conectam? R. K. Green (2007, p. 110) parece ter encontrado correlação entre os embarques de passageiros per capita e a origem de passageiros per capita como indicadores de crescimento populacional e da oferta de empregos. Green (2007, p. 112) afirma que o crescimento populacional de uma localidade decorre de uma preambular oferta de oportunidade econômica que também significa crescimento da quantidade de pessoas empregadas. Em sua análise, o autor supracitado percebe especificamente o impacto que aeroportos podem causar para o crescimento populacional, decorrente do crescimento econômico, este por sua vez ocasionado pelo aumento do emprego. Seu estudo (GREEN, 2007, pp. 109-110) aponta que as cidades que contavam com HUB’s aéreos crescerem sua população entre 9 a 16 por cento a mais do que as outras cidades estudadas. O que também pode se dizer do emprego, em que as cidades com importantes centros de conexão aéreo tiverem a taxa de pessoas empregadas elevada entre 8,4 e 13,2 por cento a mais do que as cidades desprovidas de tais equipamentos.

Ainda se utilizando dos dados agregados por Green, o aumento do número de passageiros é principal fator a estabelecer o crescimento econômico de uma região com base no crescimento do emprego – e crescimento populacional. Grandes aeroportos concentradores de operações de carga não crescem na mesma medida, uma vez que os centros de distribuição estão cada vez mais automatizados e, também, pagando menos a seus empregados. Para Green, o crescimento econômico da cidade aeroportuária advém essencialmente do acréscimo do número de passageiros transportados, posto que demandaria, em nossa intepretação, negócios com alto valor agregado (GREEN, 2007, p. 110).

Em outra pesquisa, desta vez mais recente, Bilotkach (2015, p. 1587) indica a tendência da geração de vagas de emprego aumentar em uma região assim que esta localidade passa a ser um novo destino de voos. O autor afirma que apenas a introdução de uma nova rota, por si, já é capaz de gerar empregos, mesmo que não haja uma adição no número total de passageiros.

161 Tradução livre: “É difícil separar com precisão a causalidade entre aeroportos e desenvolvimento econômico. Por um lado, os aeroportos podem contribuir para o desenvolvimento econômico por seus movimentos de mercadorias e pessoas, juntamente com outros fatores identificados acima. No entanto, é mais provável que os aeroportos estejam localizados em regiões maiores, com níveis mais altos de desenvolvimento econômico, mais pessoas, indústrias maiores e assim por diante, o que aumenta a demanda por seus serviços”.

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Sugere, ademais, que o aumento de 10% no número de destinos corresponde a aumento de 1,1% no número de estabelecimentos geradores de emprego, prevendo que apenas a abertura de uma nova rota pode facilitar a abertura de até 15 empreendimentos, que empregariam, em média quatro pessoas (BILOTKACH, 2015, p. 1588). Por outro lado, se os empregos aumentam e há mais negócios instalados, a média salarial da região aeroportuária que recebe novas rotas não necessariamente segue essa tendência, chegando até a decrescer (BILOTKACH, 2015, p. 1589).

As condições geográficas podem favorecer economicamente o Aeroporto de Fortaleza. Localizado em uma região plana, permanentemente quente e de localização central aos principais mercados latino americano, europeu e africano, esse equipamento pode servir como porta de entrada para novos negócios e de novos recursos de investidores estrangeiros. Aeroportos bem localizados, com boas condições para os voos, servem bem como entreposto a mercados estrangeiros (Florida et al, 2015, p. 204).

Um aeroporto pode afetar o desenvolvimento local por meio, de pelo menos, de quatro mecanismos, apontados por Tveter (2017, p. 2): tornar a região mais atrativa para novos moradores; aprimorar o acesso ao mercado; proporcionar mais encontros presenciais entre as pessoas; e diminui o custo para as empresas e facilita o processo de especialização.

Assim, a evolução das operações do Aeroporto de Fortaleza tem capacidade para aumentar o número de empregos na região. Se utilizarmos os dados apresentados, o aumento do número de passageiros ocasiona o acréscimo nas vagas de emprego. Não há como se pensar diferente. De 2017 para 2018, o aumento, em números absolutos, foi de quase 700 mil passageiros. Essa quantia a mais requer o aquecimento do mercado de hospedagens, restaurantes, aluguel de carro, reuniões de negócios, congressos, eventos esportivos, turismo e do próprio mercado auxiliar aeroportuário, como prestadores de serviços para o Aeroporto e companhias aéreas e para as lojas instaladas no equipamento.

O maior aumento, de 61%, foi no tipo de passageiro internacional, que, tende a gastar mais em atividades turísticas ou a pesquisar e fechar novos negócios. A tendência é que mais passageiros sejam transportados em 2019 do que em 2018, posto que apenas o primeiro semestre de 2019 demonstrou evolução de 94,7% em relação ao primeiro semestre de 2018. A previsão é de que o número total de passageiros estrangeiros em 2019 se aproxime ou passe de 500 mil, bem superior aos 395 mil de 2018 e aos 245 mil de 2017.

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Ainda, supõe-se que a inclusão de novas rotas sugere o aquecimento do mercado, com a oferta de empregos e instalação de novos negócios. Vejamos, a seguir, que novas companhias aéreas e rotas surgiram a partir da concessão e da política de incentivos.

4.5 Introdução de companhias aéreas e novas rotas internacionais e caminho para

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