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2. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: BASES HISTÓRICAS E

2.5. Tradição americana

2.5.1. As origens e os temas desenvolvidos na tradição americana

A tradição americana teve seu berço nos movimentos sociais emergentes do clima de agitação popular na sociedade norte americana na década de 1970. Os movimentos da contra- cultura, em favor de tecnologias alternativas e com diversas correntes ecológicas e pacifistas, são alguns dos antecedentes do interesse da tradição americana pelos estudos das conseqüências sociais da inovação tecnológica e a defesa de um controle social efetivo sobre a mesma.

O alerta maior sobre os perigos da ciência foi divulgado no livro Silent Spring (Primavera Silenciosa) de Rachel Carson, publicado em 1962. Nesse livro, Carson especula, de forma alarmista, sobre o risco do uso indiscriminado de inseticidas, tal como o DDT (VILCHES et al, 2006). A ciência não poderia se desenvolver sem a supervisão da sociedade, pois os impactos ambientais conseqüentes poderiam ser desastrosos. A ciência usada para o bem também poderia ser usada para o mal. A contra-cultura norte americana criticou os valores do American

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way of life9 com suas maravilhas tecnológicas, facilitadoras de tarefas domésticas. Expandiam o universo crítico para além do aconchego da morada discursando incluso sobre a guerra do Vietnam que acontecia longe de sua casa (GARCIA et al, 2000; KROLL, 2001).

Os interesses fundamentalmente práticos que se situaram na origem do movimento CTS nos EUA dirigiram sua atenção principal às conseqüências do desenvolvimento tecnológico, ao centrar suas preocupações iniciais em questionamentos nascidos da insatisfação popular. A bomba atômica, responsável pela destruição de cidades japonesas, a proliferação da energia nuclear, a guerra do Vietnam, os riscos de pesticidas químicos como o DDT, fizeram a sociedade e posteriormente, a academia, questionar os reais motivos da utilização tecnológica em favor do serviço da industria armamentista.

Normalmente a tecnologia é tratada como produto, sem preocupação de entender os fatores que antecedem e condicionam seu processo de construção. Insatisfeitos com essa postura, os autores da tradição americana procuraram adotar perspectivas que pudessem relacionar a tecnologia com o seu contexto social.

Nessa tradição, García et al (2000) cita alguns dos temas que ganharam importância e que podem ser divididos em:

i. História da cultura tecnológica: explora as diferenças entre a tecnologia contemporânea e as técnicas antigas, tentando estabelecer diferentes períodos de desenvolvimento tecnológico e mostrando como as direções tomadas pelas alterações tecnológicas se relacionam com as mudanças sociais. Alguns autores merecem menção: Lewis Mumford (1934), Ortega & Gasset (1939), Melvin Kranzberg (1990), Paul Levinson (1985), Lynn White Jr. (1963).

ii. Filosofia geral da tecnologia: abrange os estudos conceituais e epistemológicos abordando questões como a definição da tecnologia e suas relações com a ciência e com os critérios de eficácia tecnológica; merece destaque Mitcham (1989, 1994).

9 Estilo de vida americano. É um exemplo de uma modalidade comportamental desenvolvida no século 17 e

praticada até hoje. Se refere a um nacionalismo que se propõe aderir aos princípios de vida, liberdade e a procura da

felicidade (direitos não-alienáveis de todos estadunidenses de acordo com a Declaração de Independência). Pode-se

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iii. Ética da ciência e da tecnologia: devido aos problemas sociais e as questões éticas que aparecerem devido ao desenvolvimento científico-tecnologico. Autores representantes desse tema defendiam que limites deveriam ser impostos ao desenvolvimento em função de valores humanos que precisavam ser preservados. Diversas áreas foram motivos para os trabalhos desenvolvidos dentro desse tema: ética ambiental, ética nuclear, ética biomédica, ética informática, etc.

iv. Autonomia da tecnologia e determinismo tecnológico: constituem-se como um dos pontos críticos da tradição americana. Autores desse tema discutem se a tecnologia possui leis de desenvolvimento, inerentes e inevitáveis que ficam fora do alcance e do controle humano. As discussões partem geralmente da obra de Jacques Ellul (1954), o mais forte defensor da tese do determinismo tecnológico, para explorar as possibilidades de liberdade humana no cenário tecnológico global (HACKMAN, 1985 e WINNER, 1977 apud GARCÍA et al, 2000; ROSE, 2003). v. Critica política da tecnologia: estudo das relações entre tecnologia e sociedade,

analisando problemas políticos da tecnologia (WINNER, 1983 e ROSZAK, 1986 apud GARCÍA et al, 2000).

vi. Avaliação e controle social: a reflexão política da tecnologia deriva da análise de modelos de gestão mais apropriados para controlar de modo mais eficaz e legítimo o desenvolvimento científico-tecnológico. Assim, são comuns propostas para a democratização da política tecnológica. Nessa frente de estudo pode-se incluir também reflexões sobre as conseqüências sociais das tecnologias particulares, investigações sobre riscos e avaliações de tecnologia, etc.

vii. Crítica religiosa da tecnologia: analisa os problemas e as implicações religiosas da tecnologia. Os autores dessa linha de pesquisa exploram a relação entre tecnologia e a natureza humana considerada em sua dimensão religiosa (teológica ou moral). A recuperação da espiritualidade perdida na nossa sociedade tecnológica e a compatibilidade entre a cultura cristã e a cultura tecnológica são alguns dos temas abordados por autores dessa área. Enquanto alguns autores apresentam a religião como uma forma de transcender os problemas provenientes do desenvolvimento

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tecnológico (como Clarke, 1963), a crítica religiosa de Lynn White Jr. (1967), tem características totalmente distintas. Segundo García et al (2000) White defende que a cultura cristã, com seu Deus Onipotente, criador do ser humano a sua imagem e semelhança a quem destinou poder para dominar a natureza, é em grande parte culpada por muitas das conseqüências indesejáveis do desenvolvimento tecnológico, como, por exemplo, dos problemas ambientais.

Agora, a atenção será focada em alguns destes temas característicos da tradição americana, assinalando alguns pontos que convergem para a análise da tradição européia.

Um aspecto fundamental (e muitas vezes crítico) da análise da tecnologia na tradição americana nasceu com os autores influenciados pelas correntes fenomenológica, existencialista e pragmatista. Os trabalhos fundamentados por essas bases reconhecem a herança filosófica de Dewey, Ellul, Heidegger, Marcuse, Ortega, etc., para realizar uma crítica à interferência da tecnologia nas relações homem-natureza. Esse enfoque, próprio da tradição americana, transformam a filosofia da tecnologia e os estudos CTS em um campo de trabalho mais centrado em questões éticas e filosóficas do que em questões empíricas ou científicas.

Os autores norte americanos da tradição fenomenológica-existencialista fundamentaram-se em Ortega, Gasset e Heidegger. Ortega foi um renomado precursor da filosofia da tecnologia e sua obra Meditação da Técnica, de 1939 (apud GARCÍA et al, 2000), recebeu merecido destaque. Para Ortega, o ser humano é “um ser técnico” porque sua vida vai além das necessidades impostas pela natureza. O homem é capaz de interpretar a natureza, criar e inventar sua própria vida estabelecendo inter-relações com o meio através do uso de técnicas colocadas em prática após a elaboração de um plano de ação. Assim, a técnica tem a função de satisfazer as necessidades humanas, de adaptar o meio ao sujeito (mais do que adaptar o sujeito ao meio). Contudo, as ilimitadas possibilidades oferecidas pela técnica ocidental moderna (ou a tecnologia propriamente dita) e a ideologia do progresso associada a ela, acabam atrofiando a capacidade criativa do ser humano e sua habilidade para elaborar projetos e alcançar metas (CONILL, 1989 e MITCHAM, 1989 apud GARCÍA et al, 2000).

O enfoque fenomenológico-existencialista de Martin Heidegger, aplicado à reflexão sobre a tecnologia aparece em uma de suas conferências, intitulada A Pergunta pela Técnica

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(1954 apud GARCÍA et al, 2000), coincide com muitos pontos de Ortega, especialmente com as características que diferenciam as técnicas antigas das modernas. Aponta que a tecnologia pode ser melhor definida como técnica científica do que como ciência aplicada e tece críticas à mesma. Para Heidegger, a tecnologia moderna é uma forma de verdade que implica ações que forçam a natureza e cujos resultados são artefatos para o consumo sem nenhum valor intrínseco. Assim, a natureza deixa de ser objeto e converte-se em recurso (DREYFUS, 2003).

Segundo afirma García et al (2000), a tecnologia não é um mero produto da vontade humana, mas sim, tem a essência, em uma espécia de vontade impessoal que emana da própria realidade ao encontrar-se esta, aberta à manipulação tecnológica. Assim, Don Ihde (1979 apud GARCÍA et al, 2000) concorda com Heidegger ao priorizar a técnica sobre a ciência e analisar o modo como percebemos o mundo através de artefatos tecnológicos, como por exemplo, a televisão. A experiência humana, incluindo a auto-percepção e a auto-interpretação são sutilmente transformadas mediante nossa relação com a ciência incorporada nas máquinas (IHDE, 1983 e 1990 apud GARCÍA et al, 2000). Deste modo, o estudo filosófico da tecnologia é entendido primeiramente como o desenvolvimento de uma fenomenologia das relações homem- máquina-mundo. Todas as relações mediada pela tecnologia supõem uma ampliação da capacidade do homem, contudo, ao mesmo tempo, reduz as perspectivas (como exemplo, podemos tomar o microscópio que nos permite ver ampliadas muitas características do mundo pequeno ao mesmo tempo em que reduz drasticamente nosso campo de visão). Essa estrutura dialética supõe uma crítica tanto do tecno otimismo ingênuo como do tecno pessimismo catastrofista.

Autores como Paul Durbin e Larry Hickman se enquadram mais na tradição pragmatista assim como John Dewey, com obras de 1929 (apud GARCÍA et al, 2000), e considerado por muitos como o autor mais influente dentro do pragmatismo norte americano (GARCÍA et al, 2000).

Agora, de forma breve, resta comentar do último pioneiro da moderna filosofia da tecnologia, Jacques Ellul, cuja análise sistemática da técnica tem uma orientação mais sociológica que filosófica. Ellul, francês cujas obras (O Século XX e Técnica, de 1954 apud GARCÍA et al, 2000) tiveram grande repercussão nos EUA, defende que o fenômeno técnico

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(tecnologia moderna) tem sete características fundamentais: a racionalidade, a artificialidade, o autoritarismo da eleição técnica, o auto-crescimento, a indivisibilidade, o universalismo e a autonomia. Foi precisamente a tese da autonomia da tecnologia, e seu corolário, o determinismo tecnológico, que despertou maior interesse em pensadores como Langdon Winner. Ellul adota uma postura profundamente pessimista e acredita que a tecnologia é antropomórfica e os seres humanos estão completamente condicionados pela civilização tecnológica (STIVEIRS, 2001). Dessa maneira, Ellul defende a existência de uma ética de não poder, segundo a qual os seres humanos devem aceitar não desenvolver tudo aquilo que são capazes de realizar, pois somente desse modo a humanidade poderá libertar-se da escravidão tecnológica e buscar novas atitudes vitais não determinadas pela tecnologia (GARCÍA et al, 2000; ROSE, 2003).

Winner, em 1977 (apud GARCÍA et al, 2000), desenvolve a idéia sugerida por Ellul de que o desenvolvimento da tecnologia moderna implica a criação de uma nova forma de vida política, a política tecnológica. Para Winner, as tecnologias são como formas de vida. Assim, apresenta uma proposta que para recuperar algumas das características das formas de vida política tradicionais, inclui a introdução de novas tecnologias cujo desenvolvimento esteja aberto à participação de todos, pois afirma que estas precisam ser compreensíveis para o público leigo, flexíveis e que não tenham tendência para criar dependência (WINNER, 1977 apud GARCÍA et al, 2000).

Outro autor que merece destaque é Ivan Illich. Sua obra, um tanto quanto difícil de ser classificada, esta fortemente relacionada com os movimentos de crítica social dos anos 1960 e 1970. Illich critica inúmeros aspectos estruturais que definem e determinam nossa cultura ocidental: a educação, o sistema de saúde, as relações de produção, o sistema de transportes, etc. Ao conceber todos esses elementos como “tecnologias sociais” que realizam, a partir de diferentes frentes, a tarefa comum de adaptar o indivíduo ao sistema, a obra de Illich converge com todas as outras críticas ao determinismo tecnológico. Na obra A Sociedade Desescolarizada, de 1970 (apud GARCÍA et al, 2000), defende a tese de que a escola é o principal ritual da sociedade de consumo. A institucionalização dos valores (não só da educação, mas também da saúde física e mental, o bem estar, etc) conduz o ser humano à degradação e à alienação (GARCÍA et al, 2000).

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Para abordar de forma adequada os problemas da nossa sociedade tecnológica, Illich afirma que é necessário uma compreensão apropriada das características e das ferramentas tecnológicas, bem como sua interação com a natureza e a sociedade. As tecnologias, denominadas por Illich de ferramentas, passam por estágios de mutação. Primeiro se tornam produtivas, depois disfuncionais, pois se convertem em fins de si mesmas. Como exemplo podemos tomar o carro, que no princípio melhorou as possibilidades de mobilidade e comunicação do ser humano, porém, conforme foi sendo aperfeiçoado, ganhando velocidade e aerodinâmicas inovadoras, a sociedade foi pouco a pouco convertendo-se em sua escrava. Para Illich, as tecnologias, para serem usadas de fato em detrimento do bem estar humano, deveria possuir características parecidas com as propostas por Winner: devem ser escolhidas livremente; devem representar uma expressão da vida pessoal e não podem ser monopolizadas por nenhum tipo de elite profissional. Assim, a tecnologia seria capaz de fomentar a criatividade, a autonomia e a liberdade individual (ILLICH, 1973 e CAYLEY, 1992 apud GARCÍA et al, 2000).

O interesse prático da tradição americana se pode constatar no trabalho de diversos autores contemporâneos que se dedicam a analisar as conseqüências sociais das tecnologias sem compromissos com enfoques disciplinares concretos. Nesse sentido podemos citar trabalhos como de Dorothy Nelkin e Sheila Jasanoff. Nelkin (1992 apud GARCÍA, 2000) desenvolveu trabalhos sobre as conseqüências sociais da engenharia genética centrando suas investigações no estudo das controvérsias científicas e tecnológicas. Nelkin não compartilha das visões relativistas ou construtivistas dos sociólogos do conhecimento científico; a autora busca fazer a distinção entre conhecimento científico e sua difusão no contexto social amplo, entre a ciência e o uso que se faz da mesma em processos de tomada de decisões ou no apoio a determinadas opções políticas. Seu interesse é prático e diretamente relacionado com a ênfase da tradição americana nas conseqüências sócias do desenvolvimento tecnológico, assumindo unicamente compromissos epistemológicos necessários para dar conta desse fim.

Outro tema que habitualmente tem ocupado espaço de destaque na tradição americana é a utilização do conhecimento científico, o papel dos experts no assessoramento político ou nos tribunais e a imagem da ciência nos meios de comunicação.

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ampla base social, o ativismo e as preocupações praticas, se torna também evidente na obra de autoras relacionadas com o movimento feminista. A crítica feminista das C&T, concebida como uma crítica às diferenças que o sexo impõe a certas tecnologias ou atividades científicas. O discurso varia desde críticas ao possível fato de que a ciência sempre foi feita por homens até posturas mais radicais que apontam possibilidades de uma “ciência feminina”, com características radicalmente distintas da “ciência masculina” (SILVA, E. B., 1998; GARCÍA el al, 2000; GONZÁLEZ GARCÍA & SEDEÑO, 2002; VARMA, 2002). Para alguns autores, a própria ciencia ocidental era sexista e construída embasados em pressupostos de dominação masculina (CLAIR, 1996 apud GONZÁLEZ et al, 2002; GONZÁLEZ et al, 2002). O pensamento feminista, denominado também como “estudos sobre o gênero” (gender studies), tem realizado importantes investigações nos estudos sociais das C&T e acabaram estabelecendo uma ponte com a tradição européia. Não se trata unicamente de uma crítica das implicações sociais de certas tecnologias como responsáveis pela perpetuação da desigualdade sexual, mas também busca apontar como os pressupostos fatores de desigualdade contribuem para a produção tanto dessas tecnologias como de determinadas teorias científicas. Segundo García et al (2000), autoras como Ruth Bleier, Donna Haraway, Sandra Harding, Ruth Hubbard, Evelyn Fox Keller, Helen Longino, Margaret Rossiter, Joan Rothschild e Londa Schiebinger são algumas das autoras que têm tentado mostrar a importância do fator sexo no desenvolvimento científico e tecnológico.

Existe ainda, dentro da tradição americana, um conjunto de autores que centram suas análises no plano filosófico, porém, não no campo da ética ou na filosofia política, mas sim na tradicional filosofia da ciência. Todos eles têm contribuído ao que tem sido chamado de “reação acadêmica” frente à concepção da ciência herdada do empirismo lógico. Como exemplo, podemos citar Steve Fuller, Ronald Giere, Philip Kitcher, Helen Longino, Joseph Pitt e Kristin Sharader-Frechette (GARCÍA et al, 2000).

A filosofia da ciência na tradição americana tem seguido, de certo modo, o caminho inverso ao da tradição européia (da ciência à tecnociência). Neste caso, algumas das características próprias do estudo da tecnologia na tradição americana passam ao estudo da ciência, como por exemplo, a influência pragmatista e interesse normativista. Contudo, isso somente ocorreu quando os estudos sociais da ciência estavam muito desenvolvidos na Europa e acabaram influenciando os trabalhos nos EUA. Uma tendência comum da filosofia da ciência nos

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EUA é a adesão à naturalização e às idéias de Kuhn da análise empírica da ciência. Essas características surgem com a intenção de se resolver questões filosóficas sobre o descobrimento, o desenvolvimento e as justificativas das idéias científicas. Por um lado, existe uma tendência que propõe explicações baseadas na psicologia e nas teorias de construção cognitiva do conhecimento nos indivíduos. Por outro lado, enfoque tradicionais em CTS originados na tradição européia tem defendido a relevância explicativa da sociologia e, entendendo as teorias como construções sociais, buscam manter teses relativistas (GARCÍA et al, 2000).

Os adeptos do naturalismo sociológico partem da compreensão da ciência como uma atividade fundamentalmente coletiva e conservam características típicas do estudo da tecnologia da tradição americana, dando ênfase nos aspectos práticos e valorativos, atenção às conseqüências do desenvolvimento científico-tecnológico e na tendência do compromisso social.