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As pesquisas de percepção pública da Ciência

CAPÍTULO 1: CIÊNCIA, EDUCAÇÃO, CULTURA E POLÍTICAS PÚBLICAS

1.5 As pesquisas de percepção pública da Ciência

As pesquisas de percepção pública da ciência são realizadas há várias décadas, com o intuito de verificar a compreensão e entendimento que o popular tem da ciência. Neste trabalho vamos nos ater às pesquisas mais recentes, já que este estudo avalia a SNCT considerando o contexto histórico da atualidade.

É importante destacar que os comparativos das pesquisas de percepção pública devem ser feitos com cautela, considerando que cada localidade apresenta estruturas e visões culturais distintas. Servem para avaliar as publicações da mídia e direcionar mudanças nas políticas públicas científicas, com o intuito de adequar os esforços para melhorar resultados. Não há o intuito de fazer avaliações sistemáticas sobre o conhecimento científico dos participantes e sim entender o interesse do público por C&T.

A última pesquisa de percepção pública da ciência realizada pelo MCTI ocorreu em 2010, com 2016 pessoas de diferentes faixas etárias (de 16 a 55 anos ou mais), de todo o Brasil, com graus de escolaridade diversos e apresentou os seguintes resultados (MCTI, 2011)7:

 46% dos entrevistados são muito interessados em meio ambiente (1º lugar);

 42% são muito interessados em Medicina e Saúde, empatado com religião (2º e 3º);

 Esportes em 4º, com 36%;

 Economia em 5º com 33% e;

 Ciência e Tecnologia em 6º com 30%

Com estes dados, é possível observar que a maioria dos temas que o brasileiro tem interesse está de alguma forma ligado à ciência (meio-ambiente, medicina e saúde; ciência e tecnologia).

Dentro dos assuntos de ciência e tecnologia, a maioria se interessa por ciências da saúde (30,3%) e informática e computação (22,6%). Este dado reforça dois argumentos já discutidos ao longo deste trabalho. O primeiro é que o brasileiro se interessa por áreas que

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Pesquisa disponível no site do MCTI - http://www.mct.gov.br/upd_blob/0214/214770.pdf, acessado em 10/12/2013, às 15h15

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melhorem a sua qualidade de vida. Aqui, no caso, a saúde. O segundo é que as empresas e órgãos públicos se preocupam com o conhecimento do brasileiro em ciência como consumidor. Aqui, no caso, a informática e a computação, indústria da comunicação digital em franco crescimento. Ou seja, o esforço em fazer o brasileiro conhecer as novas tecnologias tem se refletido nas pesquisas de percepção pública, ainda que não seja o único motivo desse interesse, considerando os estudos na área, é um dos motivos que explicam esses dados.

Para efeito de melhor compreensão do fenômeno, no comparativo com a pesquisa de percepção pública realizada pelo MCTI em 20068, realizada com 2004, pessoas de faixas etárias e graus de escolaridade diferentes, nos mesmos moldes que a pesquisa posterior, houve um aumento de interesse por Medicina e Saúde em quase 20%. O mesmo ocorreu com Economia (20%); Arte e Cultura (21%), Meio Ambiente (23%) e C&T (24%). O brasileiro tem se interessado cada vez mais por temáticas dessas naturezas, e ainda reforçam o argumento declarado de que se preocupam com qualidade de vida e consumo. Assim, percebe-se que o brasileiro é interessado em C&T, ainda que entenda pouco, é um povo que têm mudado de ideia nos últimos anos.

Na pesquisa de 2010, a maioria das pessoas que não têm interesse por C&T alegam que não entendem os conteúdos (36,7%) e quase 20% declaram que nunca pensaram sobre isso (19,5%) ou que não têm tempo (17,8%).

Quanto às visitações em espaços científicos-culturais, o brasileiro ainda não tem o hábito de participar. Nesta última pesquisa do MCTI (2010) foi incluída a contribuição da SNCT. Os resultados mostram que apenas 28,7% dos brasileiros entrevistados já visitaram uma biblioteca; quase empatados, 21,9% jardins zoológicos e 21,8% jardins botânicos; 16,4% feiras e olimpíadas de ciência; 14,1% museus de arte; 8,3% museus e centros de ciência e figurando em último, com 4,8%, atividades da SNCT.

Pela pesquisa, os dados já apontam a necessidade de ampliar as atividades, instituições e municípios da SNCT. Em 2006, o percentual de pessoas que participaram da SNCT era de 3%, ou seja, em quatro anos houve o crescimento tímido de apenas 1,8%,

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`Pesquisa disponível no site do MCTI - http://www.mct.gov.br/upd_blob/0227/227677.pdf, acessado em 10/12/2013, às 15h42

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valor ínfimo considerando a importância do conhecimento científico, o papel da Semana no processo de divulgação e a quantidade da população a ser atingida pelo evento.

Embora demonstrem interesse pela C&T, os brasileiros quase não procuram saber mais sobre a temática pela mídia. Apenas 19% vêem programas de TV que tratam de C&T com muita freqüência; 14% lêem sobre C&T nos jornais; 13% em revistas e mais 13% em internet; 11% conversam com amigos sobre C&T; 10% lêem livros; 5% ouvem programas de rádio e apenas 2% assina e/ou participa de manifestações sobre C&T. Esses dados são confirmados em outras pesquisas de percepção. A televisão é, portanto, o principal meio de informação sobre ciência e tecnologia, repetindo o padrão de acesso à informação em geral. Considerando esse resultado, é importante o investimento crescente na divulgação científica pela televisão, em diferentes gêneros e formatos.

Assim, é possível concluir que, devido ao pouco interesse em buscar informações de cunho científico, poucos são os brasileiros ativos nas discussões da área. Dois por cento não representam qualquer categoria, muito menos o povo brasileiro em sua unidade. No comparativo com 2006, os números da pesquisa de 2010 praticamente se mantiveram, com um pequeno crescimento para programas de TV e internet (aumento de 4% para cada), jornais (2%) e revistas (1%). No restante, não houve alteração. Os números demonstram que pouco foi alterado em quatro anos.

Para os respondentes de 2010, as fontes com mais credibilidade são médicos (27,6%) e jornalistas (19,9%). Cientistas de universidade e institutos de pesquisa aparecem somente em 4º com 12,3%, atrás dos religiosos (13, 6%). Nota-se o quanto que os profissionais da comunicação são responsáveis pela imagem da ciência transmitida ao público pelos meios de comunicação. O grau de credibilidade dos jornalistas atribuído pela pesquisa mostra a sua responsabilidade como formador de opinião pública. Já a falta de credibilidade é amplamente representada pelos políticos (48,8%) seguidos muito de longe pelos militares (18,1%).

Dentro das visões sobre C&T, os respondentes declararam que os atores que definem os rumos da ciência são as necessidades tecnológicas (40,8%); a demanda do mercado econômico (16,8%); os governos dos países ricos (9,7%) e as grandes empresas multinacionais (9,1%). Apenas em 5º lugar aparecem as escolhas dos cientistas (7,5%); em

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6º, o funcionamento interno da ciência (4%) e em 7º os organismos internacionais (2,2%). Para o brasileiro, de acordo com os resultados da pesquisa, há uma clara percepção de que os grupos de poder que regem o desenvolvimento da ciência são os que tratam sobre o desenvolvimento econômico também. Não há mais a ilusão de que os cientistas estudam o que consideram importante ou o que gostam. A ciência já é vista como algo congruente com a economia.

Sobre avaliação e conhecimento de C&T no Brasil, quase 50% responderam ser intermediária (49,7%) e 26,7% consideram-na atrasada. Apenas 19,7% consideram esse conhecimento avançado e 3,9% não responderam. As razões para não haver um desenvolvimento maior foram justificadas como recursos insuficientes (31%); laboratórios mal-equipados (16,3%); número restrito de cientistas e pesquisadores (12,3%), dentre outras opções. De certa forma, o brasileiro tem uma visão bastante clara da ciência. Conforme é possível verificar nos resultados desse trabalho, alguns dos problemas que impossibilitam o maior alcance da SNCT é a falta de recursos (tanto humanos como financeiros) e a falta de infraestrutura. O brasileiro concorda totalmente que duas soluções possíveis seriam o aumento de investimento em P&D pelas empresas privadas (72%) e a ampliação de recursos destinados à pesquisa pelos governos (68%).

Ainda na pesquisa de 2010, mais de 80% (81,9%) não sabiam citar uma instituição de pesquisa do país. Dos 17,9% que sabiam, foram lembrados: Butantan (23,5%); Fiocruz (12,1%); Petrobrás (8,8%); USP (6,9%); Unicamp (3,9%); Fundação Carlos Chagas (3,5%), Embrapa (3,4%) e CNPq (2,3%). O mesmo aconteceu quando perguntado se o entrevistado conhecia algum cientista brasileiro: 87,6% não souberam responder. Dos 12,2% que sabiam, foram citados: Oswaldo Cruz (40,3%), Carlos Chagas (29%), Vital Brazil (3,8%); Cesar Lattes (1,4%), Marcos Pontes (1,4%), Zerbini (1,4%), Adolfo Lutz (0,7%) e Drauzio Varella (0,7%). Falta para o Brasil um pouco de nacionalismo na pesquisa, aumentar a autoestima do brasileiro quanto às suas pesquisas e aos seus profissionais. Os resultados da pesquisa apontam que os institutos deveriam investir mais em comunicação, em publicidade das suas pesquisas. A mídia deveria dar destaque para o pesquisador e para o instituto brasileiro. Há muitas pesquisas bem feitas no Brasil, só não são divulgadas como se deve. Um desafio para a comunicação.

43 Pesquisa internacional

Por conta do caráter jovem do público da SNCT, principalmente estudantes, também é interessante avaliar os resultados das pesquisas direcionadas a esta faixa de idade. No trabalho ―Los Estudiantes Y La Ciência: encuesta a jóvenes iberoamericanos‖, de Carmelo Polino (compilador) (2011), há um estudo com estudantes do ensino médio (15 a 17 anos) de diversas cidades ibero-americanas sobre as profissões científicas e hábitos informativos desses estudantes. A conclusão do estudo é que os hábitos informativos sobre assuntos de C&T dos estudantes dessas cidades (Bogotá; Buenos Aires, Lima, São Paulo, Assunção, Madri e Montevidéo) se mostraram muito semelhantes aos hábitos informativos gerais dos adultos ibero-americanos. Essa constatação demonstra que não há mudança de hábito ao longo dos anos, ou seja, se os estudantes apresentam defasagem na busca por informações científicas, muito provavelmente manterão esse hábito durante a vida .

O trabalho comprovou dados importantes, que são:

 alunos de ensino médio ―não estão habitados a participar de feiras e olimpíadas de C&T‖ (POLINO, 2011:156), nem visitam museus de centros de ciência com frequência;

 as atividades que mais foram citadas pela busca de informações científicas foram assistir a programas e documentários na televisão sobre natureza e vida animal; assistir a filmes ou ler livros e revistas (histórias em quadrinhos) de ficção científica e assistir a programas e documentários na televisão sobre ciência e tecnologia (POLINO, 2011:156);

Aqui vale abrir um parênteses. A SNCT, desde a sua criação em 2004, já estava sintonizada nessa tendência. Fez parceria desde o seu início com o projeto Ver Ciência, que produz documentários de CT&I e que já existia há dez anos. Hoje é um dos programas que mais ajudam a divulgar ciência pelo Brasil. Informações adicionais na pesquisa de campo deste trabalho, no capítulo 3.

Essa mesma pesquisa também explica porque projetos como o Ouvir Ciência da SNCT não obtiveram resultados mais significativos. Segundo a pesquisa, apenas 6% dos jovens (de um universo de 8832 pesquisados) costumam ouvir programas de rádio sobre C&T (POLINO, 2011:163).

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Já na mídia impressa, os jovens também não têm o costume de ler notícias sobre C&T – apenas 12% declararam fazer isso quase sempre e 9%, sempre (POLINO, 2011:163). Na internet, 15% disseram que se atualizam por este canal quase sempre e 14% sempre (POLINO, 2011:165).

Nota-se pelas porcentagens o quanto o jovem se atualiza pouco, independente do canal – os valores variam, mas ainda são todos menores de 20%. Assim sendo, precisamos criar uma cultura de busca pelo conhecimento. Aprendemos na escola que o professor traz a informação e é nossa obrigação aprender por meio dele. Portanto, o jovem não busca outras informações, porque entende que já obtém o que precisa na escola (ou universidade).

O conhecimento ainda não é visto pelo jovem como uma construção contínua, autônoma, do contrário os números desta pesquisa seriam diferentes. É preocupante ouvir que 66% dos jovens nunca ou quase nunca visitaram um museu ou um centro de ciências (POLINO, 2011:166). O mesmo acontece com participações de feiras e olimpíadas de ciência, em que 64% dos respondentes disseram jamais ter participado de um evento dessa natureza e 15% quase nunca (POLINO, 2011:167). Ou seja, 80% dos jovens não praticam a ciência no sentido produtivo, apenas estudam sua base teórica. Parece ser esse o motivo que faz com que os estudantes não optem por carreiras científicas ou técnicas, porque grande parte deles não foi incentivada quando mais novo. De quem é a culpa? Da escola, da sociedade? Como modificar esta realidade? A criação de Olimpíadas em diferentes áreas de conhecimento tem despertado maior interesse pela área. Entretanto, é na escola, desde o início da educação forma, que a aventura do conhecimento deve ser estimulada, mantendo a curiosidade natural das crianças. Para isso, no entanto, é fundamental que os professores sejam mais bem formados e as escolas melhor equipadas.

A educação informal aparece melhor representada na pesquisa, ainda que mantenha os baixos índices apresentados por ela:

Os jovens apresentaram um perfil mais homogêneo entre as possíveis respostas: 19% dos entrevistados disseram nunca ter assistido a filmes ou ter lido livros e revista (história em quadrinhos) de ficção científica; 14% quase nunca o fazem; 18% de vez em quando; 21% quase sempre e 24% sempre.

Tais resultados poderiam ser esperados, já que é sabida a grande oferta de produtos de ficção científica disponíveis no mercado, e que tais produtos

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têm grande apelo principalmente para o público jovem. (POLINO, 2011:172)

Dentro da área de percepção pública propriamente dita, ―a maioria dos adolescentes disse não conhecer (no sentido de saber mencionar o nome) nenhum cientista (78%) ou instituição de pesquisa (86%) de seu país de origem ou do exterior‖ (POLINO, 2011:174). Isso significa que, por mais que a SNCT trabalhe nesse sentido, juntamente com outras políticas públicas e outras atividades de divulgação científica, os esforços têm sido bastante insuficientes. A porcentagem é consideravelmente alta para ser negligenciada. Ainda mais em se tratando de que a pergunta não restringiu a citar algum pesquisador do próprio país. Havia portanto, um leque bastante amplo de opções de resposta, e ainda sim, o resultado da pesquisa foi bastante desanimador. Essa pesquisa, de acordo com o estudo, está em sintonia com a penúltima pesquisa de percepção pública realizada pelo MCTI (2006), quando 84% dos entrevistados não conheciam nenhuma instituição de pesquisa. Em 2010 este número caiu para 81,9%. Ainda:

24% dos estudantes que declaram um alto consumo de informação científica (...) conhecem algum cientista, percentagem que cai para 9% entre os jovens de consumo nulo (...). O consumo autodeclarado de informação científica parece estar, de fato, relacionado com o conhecimento declarado. (POLINO, 2011:175)

Não só isso: ―o índice de consumo de informações científicas também parece estar relacionado de certa forma com a intenção de jovens de continuar estudando após o término da escola‖ (POLINO, 2011:176). Não há como os jovens optarem pelas carreiras científicas sem incentivo. Quanto maior o conhecimento científico, mais os jovens consideram as carreiras científicas atrativas.

No estado de São Paulo

A última pesquisa de percepção pública sobre ciência no Estado de São Paulo foi realizada pela Fapesp em 2007 e publicada em 2010 junto de um documento geral da

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Fundação sobre os indicadores de ciência, tecnologia e inovação. A pesquisa abrangeu 1825 entrevistados em 35 municípios paulistas.

Quanto ao interesse em C&T, a pesquisa da Fapesp também confirma dados de outras pesquisas, seja no âmbito nacional ou internacional. O tema de C&T é do interesse de 63,4% dos entrevistados (muito interessados e interessados). Fica em quinto entre os temas propostos na questão (Alimentação e Consumo; Medicina e Saúde; Meio Ambiente e Ecologia; Esporte; Ciência e Tecnologia; Cinema, Arte e Cultura; Economia e Empresas; Curiosidades sobre a vida de pessoas famosas; Astrologia e Esoterismo; Política). (FAPESP, 2010:11). Um dado interessante para este trabalho, considerando que o objeto de pesquisa fixou-se na capital paulista é que,

No entanto, a declaração de interesse em C&T na cidade de São Paulo foi significativamente menor que na maioria das outras cidades onde a enquete foi aplicada (...). Trata-se de um dado intrigante, cuja análise aprofundada merecerá um estudo à parte, sobretudo ao se considerar que São Paulo, entre as cidades onde foi feita a pesquisa, concentra uma elevada densidade de centros de pesquisa de excelência e instituições dedicadas à difusão e democratização do conhecimento científico. (FAPESP, 2010:11)

No comparativo com outras cidades, no interesse referente à C&T, é possível verificar:

Gráfico 1: Interesse por C&T, por cidades

Fonte: LÓPEZ CEREZO e POLINO (2008) in (FAPESP, 2010:13). Indicadores de ciência, tecnologia e inovação do Estado de São Paulo / Labjor/Unicamp. Pesquisa sobre percepção pública da C&T realizada no Estado de São Paulo.

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A pesquisa de López Cerezo e Polino (2008) faz o comparativo da cidade de São Paulo com outras capitais ibero-americanas. De todas as capitais estudadas, São Paulo é aquela que apresenta o menor índice de muito interessado em C&T, inclusive capitais latino-americanas. Apenas a título de comparação e em se tratando da proximidade territorial, Buenos Aires apresenta porcentagens maiores nas duas opções (muito interesse e interesse) em C&T, em comparação com São Paulo. A cidade de Santiago é que está mais próxima da percepção paulistana.

Também há ligação do interesse para a C&T com o grau de escolaridade:

75,8% dos que se declaram Muito interessados possuem nível de escolaridade médio ou superior. Por sua vez, apenas 1,2% dos entrevistados que se declaram Nada interessados em C&T possuem nível de estudo superior, enquanto 72,6% dos Nada interessados possuem nível fundamental, apenas educação infantil ou nenhuma escolaridade. (FAPESP, 2010:14)

Gráfico 2: Distribuição dos entrevistados por nível de interesse em C&T, segundo escolaridade

Fonte: (FAPESP, 2010:17). Indicadores de ciência, tecnologia e inovação do Estado de São Paulo (FAPESP, 2010:17) / Labjor/Unicamp. Pesquisa sobre percepção pública da C&T realizada no Estado de São Paulo.

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De acordo com os resultados apresentados, “por meio de regressão logística, observou-se ainda que pessoas com educação superior têm 18,1 vezes mais chances de ser mais interessadas em ciência e tecnologia do que pessoas que não tenham nenhum tipo de escolaridade‖. (FAPESP, 2010:17). Por outro lado, para que esse número se amplie, como já discutido anteriormente, não dá para dissociar o interesse de C&T do incentivo desde a educação básica.

No comparativo do estado de São Paulo com Brasil e Europa, há dados que merecem maior reflexão. Sobre a frequência de consumo de veículos informativos (lê notícias científicas nos jornais, revistas ou internet?), na Europa, a maioria lê de vez em

quando (60%), 19% sempre e 20% nunca. Já no Brasil, a maioria nunca lê (64%), 25% de

vez em quando e 11% com freqüência. No estado de São Paulo, os números são ainda maiores: 76% nunca lê, 19% lê de vez em quando e 5% com frequência. Logo, a infraestrutura paulistana e a facilidade quanto ao acesso à informação não são acompanhadas pelo maior interesse pela área de CT&I, como se poderia esperar.

Gráfico 3: Comparação sobre frequência de consumo de veículos informativos

Fonte: (FAPESP, 2010:43) Indicadores de ciência, tecnologia e inovação do Estado de São Paulo/ Labjor/Unicamp. Pesquisa sobre percepção pública da C&T realizada no Estado de São Paulo.

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No quadro de visitações a espaços públicos com conteúdos culturais e de divulgação na área de C&T, há também uma discrepância do Brasil e do estado paulista no comparativo com a Europa. Europeus visitam mais bibliotecas públicas (34%); brasileiros e paulistas visitam mais jardim zoológico, jardim botânico ou parque ambientalista (28% e 32% respectivamente). Esse dado fortalece a opinião do diretor do Parque Cientec Fábio Ramos Dias de Andrade, quando disse que o Jardim Zoológico de São Paulo, que fica em frente ao Parque Cientec que ele dirige, recebeu, num único feriado prolongado de semana 65 mil visitantes. ―Nós temos 20 mil por ano. Eles têm 20 mil por dia.9‖

Sobre o engajamento popular nas manifestações de C&T, os dados são mais parecidos. Conforme verificado na pesquisa de 2010 realizado pelo MCTI, apenas 2% da população brasileira participa com frequência, mesmo índice dos europeus. Paulistas ficam atrás, com 1,2%. Contudo, europeus (26%) participam mais de vez em quando, em comparação com brasileiros (7%) e paulistas (4,4%). A grande maioria nunca participou: europeus (72%), brasileiros (91%), paulistas (93,6%). Trata-se, portanto, de um fenômeno mundial, cuja participação deve ser instigada em todas as localidades.

Seguindo essa linha, os paulistanos também não sabem informar sobre instituições de pesquisa. ―Mais de oito pessoas em cada dez declararam não saber‖, enquanto que, em Buenos Aires, mais da metade da população sabe citar ao menos uma instituição de pesquisa. (FAPESP, 2010:44)