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As Políticas Urbana e Agrária de D Duarte

AS POLÍTICAS URBANA E AGRÁRIA DE DOM DUARTE

1 As Políticas Urbana e Agrária de D Duarte

Entend emo s co m o "p o líticas urbana e ag rária" as med id as leg ais que D. D uarte to mo u, e que se enco ntram reg istrad as esp ecialm ente nas suas O rdenaçõ es, co m o fito d e reso lv er o s p rincip ais pro blem as d e natureza so cial e eco nô mica p resentes em Po rtug al nas p rim eiras d écad as d o século XV, e que exig iam d o Estad o , co nso antes as transfo rmaçõ es d e to d o o tip o que estav am a aco ntecer, em p articular, nas v ilas e cid ad es, e ig ualmente no camp o , seja no territó rio p o rtug uês, seja nas terras recém co nquistad as, so luçõ es ráp id as e eficazes.

Se, co mo v imo s p ág inas atrás, no Leal Conselheiro, D. Duarte esbo ça um a co ncep ção p o lítico -so cial d e caráter ético , nas

O rdenaçõ es no s d ep aramo s co m a materialização o u efetiv ação

d essa co ncep ção , em p erfeita co nso nância co m a no v a realid ad e p o rtug uesa.

N ão é no sso p ro p ó sito e tamp o uco no s cabe julg ar o s resultad o s d essas p o líticas e o seu incrementad o r, p o is não é d o "metier" d o histo riad o r fazer juízo s d e v alo r. Co m pete-no s

mencio ná-las, analisá-las e v erificar, sim, a co nso nância o u d isso nância d as mesmas, no que resp eita à no v a situação p o lítica, so cial e eco nô mica p o rtug uesa, p ó s 1385, e a criação d e um no v o mo d elo d e Estad o , co m a ascensão d a d inastia d e A v is ao p o d er.

N ão iremo s, p o is, examinar e analisar o reinad o d e D. Duarte e o que ele fez d urante o s cinco ano s que exerceu o p o d er real, mas, sim, a p artir d e uma no v a v isão d e g o v erno , a saber, aquela alicerçad a na buro cracia, co ncebid a co mo instrumento ap erfeiço ad o r d a ativ id ad e g o v ernativ a.

Do m D uarte, p o r exemp lo , preo cup av a-se m uito co m a Justiça e a Fazend a d ev o tand o a elas um temp o maio r no s d esp acho s reais. Trab alhad o r incansáv el, o Rei só interro mp ia suas ativ id ad es ao s d o ming o s e em certo s d ias santo s, fielmente g uard ad o s e resp eitad o s. N o Livro da Cartux a97, enco ntramo s o ro teiro d iário d e seus afaz eres enquanto ad ministrad o r:

"O s q ue d o rm irem em no sa c am ara no s d em / / . Suas Info rm aç õ es p ela manha ante d e m isa, e o s fisic o s ç iru lurg iães e bu ticay ro s eso med es... C ad a sabad o tanto q ue o uv y rmo s misa ate o c o m er entend emo s d ar pub lica aud ienç ia e d ep o s nem asy nar.a q uanto s no s q uiserem d ar Info rmaçõ es e falar p ro v o c and o o s q ue to d o trag am p o r esc ry to em b o a letrap era

m ais sem trabalho e melho r ser d e seu feito s Info rm ad o e p o d erem auer ly uram ento ... D ep o is q ue no s rep o usarm o s o u d o rm y rmo s c ad a d ia no s trag ão to d alas c artas d em enta e p era asy nar d a justiça, d a C amara / d a c asa d a faz end a / e se alg uas d ep o is se fez erem e a aq uel temp o to d as no n asy narm o s v enhão so bre ç ea o u so b re a c o lação , esto se no n entend a em d o mjng o s d ias d e no sso senhor d eus e d e no sa senhora santa m aria e d o s ap o sto lo s sam Yo hão bap tista/ / d e sam Jo rg e e d e santa ana p o rq ue e estes sem neç esid ad e no n intend em o s esc rev er nem asy nar"98.

Isto po rque nestes dias, o rei jejuav a

N o s sábad o s, o rei reserv av a seu temp o p ara receber, o uv ir e d eliberar so bre o s assunto s d o p o v o o u aind a so bre "aluaras e mandados de pouca sustançia ou pera pouco tempo/do pequeno com sua guarda"99.

Para tratar d a Justiça, D o m Duarte rep artiu assim seu temp o "os dias reparty mos em esta g uisa pera os feitos da Justiça a segunda, terça, quarta, quy nta despois da misa ate comer e mais a sesta despois de dormy r ou repousar de dia ate pasante as oito oras..."100 Ele d iz que, a seu lad o , p ara receber as info rmaçõ es estará N uno M artinz e este terá co mo ajud ante um escriv ão p ara mand ar cump rir p o r escrito o q ue d ecid irem: "p era o s feito s d e que nuno

98 Li vr o dos C on s el h os d e E l - Rei Dom Dua r t e ( Li vr o da C ar t u xa ) . E di çã o

Di pl om át i ca . Li s boa : E di t or i a l E s t am p a, 1 98 2. p. 1 1 - 1 2.

99 I dem . I bi dem . P. 1 3. 100 I d em . p . 1 3.

martinz tem carreg uo e to d o s o utro s recad o s que a el p ertençerem a 2ª feira e quarta d esp o is d e d o rmy r o u rep o usar d es que asy nar em estes d ias o uuy remo s ag rauo s d e besteiro s e d o utras ap uraçõ es e co nstrang imento s semelhantes e o quy nta d esp o is d a çea."101

Em se tratand o d o s assunto s lig ad o s ao trabalho e à ro tina d o méstico s "p era o s feito s d a casa a sesta ante d e my sa e d esp o is d a my sa ate o co mer"102, e d iz que d ep o is d e tratar d estes assunto s, o s d a câmara, se o m o rd o mo mo r, o v ed o r e o s co ntad o res tiv erem necessid ad e d e lhe falar, ele o s atend erá, meno s na quinta- feira, p o is neste d ia ele já se enco ntrav a o cup ad o co m o s afaz eres d a Justiça.

N uno M artinz também era o resp o nsáv el p elo reg istro d as cartas no s liv ro s o ficiais. Para d esemp enhar seu mester, Do m Duarte, co ntav a aind a co m o auxílio d e v ário s leg istas, v ed o res, escriv ães, p o r exemp lo : Pero Go nçalv ez e N uno V asquez eram seus v ed o res d a Fazend a e tinham co m o função resp o nd er às cartas e d úv id as d o s co ntad o res e almo xarifes e rend eiro s e lhes p ag ar as tenças e o utras d esp esas; o utro s auxiliares d e d estaque eram, Fernão Gy l o teso ureiro real, resp o nsáv el p elo co ntro le d o s g asto s d a casa real, A mad is V asquez, o d esp enseiro rég io , em cujas mão s p assav am as cartas e as o rd ens relativ as às d esp esas d a casa, em

101 I d em . p . 13 . 102 I d em . p . 14 .

g eral, relacio nad as co m a mo rad ia, a alimentação e tenças p ag as mensalmente ao s serv içais e funcio nário s d a m esma.

O Rei mand av a que cad a um d eles, reg istrasse em seu p ró p rio liv ro d e co ntro le, to d a a rend a que entrasse, saísse o u p assasse p o r suas mão s, p ara ev itar que ho uv essem d úv id as entre eles.

Barto lo meu Go m ez era o encarreg ad o d a mo ed a, d a Cid ad e d e Lisbo a. Suas maio res resp o nsabilid ad es eram fazer aumentar as rend as d a Co ro a e arrecad ar o s imp o sto s. A lém d isso , tinha d e fiscalizar e d e info rmar o Rei acerca d e quaisquer aco ntecimento s que v iessem a atentar co ntra o p atrimô nio d a co ro a e d o Estad o , p o is àquela ép o ca, aind a não era co stum e estab elecer um marco d iv iso r entre o s bens p esso ais d o s mo narcas e aqueles o utro s p ertencentes ao Estad o .

O resp o nsáv el p elo bo m and amento d a Cap ela real era M arty m Gy l, e aind a hav iam m uito s o utro s o ficias q ue trabalhav am em p alácio , auxiliad o s p o r um número co nsid eráv el d e subalterno s. Seg und o o p ró p rio Rei, o s seus auxiliares mais d ireto s eram aind a aqueles que hav iam co lab o rad o co m D . Jo ão I, seu pai, e p ela d ev o ção co m que serv iram ao mo narca falecid o , p ermaneceram no carg o . Para, além d esses o ficiais mais g rad o s, hav ia, aind a, um número exp ressiv o d e escriv ães, resp o nsáv eis p ela red ação d e to d a a d o cumentação exp ed id a p ala Co ro a.

Ig ualmente enco ntramo s ao lad o d o Rei, Jo ão d as Re - g ras, o chanceler sutil, que o auxiliav a nas questõ es d e Justiça, p o is era "mestre no s d ireito s no v o s v ind o s d e Itália"103, o qual também fo ra incum bid o d e co mp ilar as leis p o rtug uesas sancio nad a d esd e a p rimeira d inastia.

Um a d as med id as to mad as p o r el-rei p ara co ntro lar a Fazend a e ev itar so brecarg a d e trabalho , co nsistiu em d ar liberd ad e ao s v ed o res p ara co nced er e assinar, sem seu v isto p esso al, as cartas e alv arás inferio res a 1000 reais. A que les que sup erassem essa quantia, d ev eriam, o utro ssim, ter o co nsentimento p esso al d o mo narca p ara serem v álid o s.

To d o s estes o ficiais e muito s o utro s eram encarreg ad o s d e manter em o rd em um no v o tip o d e Estad o , mais v o ltad o p ara a centralização d o p o d er nas mão s d o Rei, e que d esd e o reinad o anterio r, o d e D. Jo ão I, buscav a cad a v ez mais um estilo d iferente d e o rg anização . A ssim é que o g o v erno d e D o m Duarte, caracterizo u-se bem mais p o r seu cunho leg islad o r, d o que p o r emp reend imento s b élico s, incluíd o ai, até m esmo o so nho d a co nquista d e Tâng er.

Este no v o tip o d e Estad o centraliz ad o r, era, p o is, almejad o pelo Rei, e tinha, co mo sup o rte o u base d e ap o io , o s seus

funcio nário s que co ntro lav am tud o e a to d o s, uma v ez que o p ró p rio D . D uarte lhes tinha ped id o que "v eja e say b a quâesquer co usas que as fazem co ntra no sso serv y ço o u d e p erd a d e no sa fazend a em a d ita çid ad e e no lo façam sab er, e eso m ed es me escrev a aquelas co usas p er que el entend er q ue p o d e ser av ançad a co m raz o m e d ireito ."104 Entretanto , v o lta e meia, alg uns d esses funcio nário s, q uase semp re ag ind o p o r interesses p esso ais e co m má intenção , co m intuito d e o bterem p ara si o s bens e o s carg o s d e o utrem , d elatav am ao Rei p esso as que, seg und o eles, tentav am usufruir d o s bens d a co ro a, abisco itar rend as e taxas, co ntraband ear m ercad o rias. O Rei mand av a ap urar as d enúncias p o r terceiro s, e se estas se co nfirmav am, o crim ino so , além d e se afastad o d o carg o que exercia, era p unid o co m rig o r, p o rque tinha faltad o co m a leald ad e105 p ara co m seu mo narca.

Esse tip o d e o rg anização buro cratiz ad a d o Estad o , também imp unha a to d o s o s funcio nário s que and assem co m o s seus p ap éis em d ia, p o is, na hip ó tese d e terem d e ser remanejad o s o u substituíd o s, p o r quaisquer mo tiv o s, o no v o o cup ante d o carg o , não só tinha d e enco ntrar as chav es d o escritó rio no lo cal ap ro p riad o , co mo também as ano taçõ es relativ as ao o fício que ia

104 L i vr o dos C on sel h os d e E l - Rei D. Dua r t e. o. c. p . 17 .

d esemp enhar co mp letamente em o rd em, inclusiv e, um a relação , d a qual co nstav a tud o d e que d isp unha p ara o exercer.

D. D uarte co m o intuito d e fo rtalecer e co ntro lar p o sto s chav es d a buro cracia estatal, aliás, quase à semelhança d o que seu p ai hav ia feito co nsig o , em 1411, asso ciand o -o ao g o v erno , atrib uiu a seus irm ão s, o s Infantes D. Ped ro e D. H enrique m issõ es relev antes, bem co mo , muitas v ezes, lhes p ed iu co nselho s e o s aco lheu, mas também lhes reco mend av a que o nd e fo ssem a d esemp enhar tarefas que lhes co nfiav a, esp ecialm ente no estrang eiro , d ev iam enco ntrar um a casa p ara o s ab rig ar, o uv ir a missa e tratarem d o que fo sse p reciso p ara o bo m d esenv o lv imento d o Reino p o rtug uês.

Pelo mesmo mo tiv o , d esd e o g o v erno d e Do m D uarte, o s p ro curad o res d o número106, p assaram a ser no m ead o s p elo rei, d eixand o d e serem eleito s p elo s co ncelho s, d e mo d o que a co ncentração d o s p o d eres ad ministrativ o s co ncelhio s o u municip ais, p asso u a ficar nas mão s d e um a p equena o lig arquia d e ho mens-bo ns, integ rad a d esd e então , po r juiz es, v ed o res, p ro curad o r, escriv ão d a câmara e o rep resentante d o p o d er central, co ntrib uind o , o utro ssim, p ara sua buro cratiz ação e fo rtalecimento .

A ssim, as reuniõ es p o líticas d as co munid ad es d eixaram d e ser p úblicas, p assand o a ser feitas nas Casas d a Câmara. Esta med id a tev e, o utro ssim, co mo o bjetiv o centralizar o p o d er nas mão s d aqueles que eram d e abso luta co nfiança d e El-Rei; afastar quaisquer p o ssibilid ad es d e o p o sição a seu g o v erno e d ar o cup ação a no bres e a burg ueses que o ap o iav am e tinham ap o iad o seu p ai, p o is co nsid eramo s o g o v erno d e D . Duarte, p elo fato d e ter mo rrid o p rem aturam ente, um p ro lo ng amento d o reinad o d e D o m Jo ão I. A d emais, é o p o rtuno lembrar, aind a que d e p assag em, que aquele M o narca g o v erno u to d o o País, ap o iad o , d e um lad o na no breza secund o g ênita que lhe tinha sid o fiel d esd e a Rev o lução d e A v is (1385), e d e o utro , numa o lig arquia d e ho mens bo ns, p ertencentes à burg uesia citad ina emerg ente, e D . D uarte estav a, p o is, habituad o co m essa no v a o rg anização p o lítica d o Estad o lusitano . A lém d isso , D. Jo ão I, à v o lta d e 1412, env o lv id o co m o s p rep arativ o s d a exp ed ição a Ceuta, d eixo u ao filho mais v elho to d a a resp o nsabilid ad e ad ministrativ a d o Reino , e "d esd e então , D. Duarte, aind a infante, co rria co m o d esp acho d o s neg ó cio s d a Fazend a e d a Justiça send o o rei d e facto nas árd uas esp écies d a ad ministração interna"107.

À quela altura e ig ualmente d ep o is d a co nquista d e no v o s territó rio s, fo ram p ro mulg ad o s v árias leis e d ecreto s v isand o a ap erfeiço ar a o rg anização p o lítica d o Reino e a d istribuição d e

terras, face à no v a realid ad e que se d esco rtinav a. Tal é o caso d a lei d e 25 d e setemb ro d e 1431, sancio nad a p elo p ró p rio D . Duarte "N o s o jfante ffaz emo s ssaber a v o s, d o uto r Gil M artijnz, charceller mo o r d elrrey meu ssenho r, e ao s d esenbarg ad o res d o d icto ssenho r e a o utrro s quausquer a que esto p erteecer que no s, entend end o p o r sseerv jço d o d icto ssenho r e p o r bem d e sser g uard ad a a çid ad e d e Çep ta e majs ssem encarreg o d o p o uo o , assy d o s beesteiro s co mo d o s sserujçaaes que em cad a hûm anno alla mand am o s, que sse tenha esta maneira que sse sseg ue, a saber.

To d o s aquelles q ue fo rem e sso m p reso s p o llo s malle - fiçio s d e que sso m o u fo rem acusad o s que, p er d irreito , o uv erem d e sseer d eg rrad ad o s p era alg uu lug ar d o s rreg no s p o r huu anno , que sejam d eg rrad ad o s p o r b j m eses p era Çep ta; e o que o uuer d e sseer d eg rrad ad o p o r anno s p era rreg no p era sseja d eg rrad ad o p o r hûu anno p era Çep ta, e assy d o majs e d o meno s."108

N o ta-se, em p rimeiro lug ar, no texto acima, a p reo - cup ação d e D. Duarte, na co nd ição d e reg ed o r d a Justiça, quanto a tentar estabelecer uma med id a p rática, d e mo d o a p ermitir que crimino so s, cuja pena fo sse o d eg red o , v iessem a cum p ri-la em Ceuta, face ao red uzid o efetiv o humano -militar d e que a nação p o rtug uesa d isp unha, e aliás, nunca tev e, p ara co nserv ar em suas mão s aquela co nquista. Em seg und o lug ar, essa med id a, aind a se rev este d e o utro s asp ecto s p o sitiv o s, tanto p ara o Reino , quanto

p ara o réu, que p ara lá, ia na co nd ição d e besteiro , quais sejam, a transferência d e personae non gratae para fo ra d o reino , a fim d e ev itar, não só d istúrbio s o u sublev açõ es nas p risõ es, mas também o esv asiam ento d as cad eias e o ô nus co m a m anutenção d e p resid iá- rio s, e no to cante a estes, a co mutação d a p ena, a p ercep ção d e um so ld o , mesmo que insig nificante, e a chance d e o s mesmo s, co m um p o uco d e so rte, cump rid o o castig o , se rad icarem no lo cal, d ed icand o -se ao co mércio o u ao artesanato , e ajud arem o Estad o a co nserv á-lo .

A ssim, co mo a d efesa d e Ceuta fo i co nsid erad a d e eno rme imp o rtância p ara a manutenção d a p raça marro quina, d e ig ual mo d o também o fo ram as áreas fro nteiriças d aquele territó rio , p ara o nd e ig ualmente eram env iad o s o utro s p risio neiro s d eg red ad o s, co m o p ro p ó sito d e as o cup ar e as d efend er, e p ara tanto , nad a melho r d o que se d ed icarem ao am anho d a terra.

Lo g o ap ó s assumir o tro no , Do m Duarte mantend o o co stum e d e co nv o car as Co rtes, d e p assag em p o r Leiria, red ig iu uma carta rég ia, d atad a d e no v embro d e 1433, em q ue "co nv o co u co rtes p ara Santarém, não o bstante terem surg id o alg um as d iv erg ências quanto à sua o p o rtunid ad e em p raz o tão curto d e g o v erno ."109

108 M on um en t a Hen r i ci n a . v. I I I. C oi m br a: At l â n t i da , 19 61 , p . 80 . 109 M ORE NO. 1 97 6, P . 11 .

N estas co rtes, ho uv e o juram ento e o p reito d e menag em ao no v o Rei. A lém d isso , o s p resentes, ap ro v eitand o -se d aquela o p o rtunid ad e, ap resentaram -lhe uma série d e reiv ind icaçõ es:

"Estes so m o s d esem barg uo s g eraes, d e que fui requerid o p ara lo g uo faz er nas p rim eiras C o rtes, que fis em Santarem . C o nfirm açõ es g eraes d e p relad o s, m o steiro s, e p o v o s.

C o nfirm açõ es esp eciais d e co usas d ad as d e juro , e d e herd ad e, e p riv ileg io s, e liberd ad es, e co ntrato s.

O utras co nfirm açõ es d as co usas, que so n d ad as p o r v id a. M erces no v as d e p restem o s, e rend as, que eram d ad as ate M erce d elRey .

C artas d e C astello s.

To d o lo s, o fficio s d e to d o o Rey no .

C artas d e besteiro s d e C av alo , e d e v asalo s, e d o utras sem elhantes p esso as, que se d ão em g eral.

Liberd ad es, e p riv ileg io s esp eciaes, que so m d ad o s p o r tem p o a alg uãs p esso as.

Pag ar as d iv id as d elRey , e d eterm inar a resp o sta que d arem ao s v estires, tenças, e cev ad as, que ElRy não queria p ag ar. A o s d anificad o s no tem p o d as rep resanias.

A p ratica, que e o s co rreg ed o res d as C o m arcas hão d e ter co m p relad o s, e fid alg o s.

Pro v er a em enta g rand e que traz o Ifante D . Ped ro d o s C o ncelho s, e ap artar esp ec ialm ente lo g o as co usas, que co m p re d eterm inarem .

O Juram ento que to d o s hão d e faz er seg und o seus o f ficio s farey lo g o em sua p resença a fig ura d o asentam ento d o Reg no , e d e m inha C asa.

D as citaçõ es d o s Prelad o s.

D as o brig açõ es, que p o em no s esto rm ento s. A d iante tem o seg uinte:

D estas o utras co usas em esp ecial só requerid o .

Filham ento d o m es p ara m inha C assa, e d e m o ças fid alg o s. Filham ento d e v assallo s.

Rep aray m ento d e Castelo s.

C o ntinuam ento d o bras d e m uro s, e to rres, q ue ElRey faz ia. Ped im ento d e Jurd içõ es d e terras, e rend as d a C o ro a d o Reg no .

Ped im ento no v o d e tenças d e d inheiro .

Priv ileg io s, q no v am ente req uere p ara lo g ares, e p esso as g eraes, e esp eciaes.

Req uy rim ento , que faz ê d e co usas, qu e d isen, que ElRey d ise, que d esem barg aria.

Req uy rim ento d e no v as co utad as, e m ud am ento d e term o s lug ares.

Q ue p ratica em m and ar faz er o s p alheiro s, e d ar ap alhar, e lem bre d e p arte alem .

Se so ca d e Pão , e d o nd e. Se d e g ad o s, e d o nd e

O s cav alo s d as co ud elarias, e bo m Reg im ento d elas.

O s alv araes, q ue d am o Ifantes, e o utro s Senho res p ara alg uns serem escusad o s.

Terra d e C aria p o r esteo d o m arichal, e d e Go nçalo Pereira. O s quo ham d e d o rm ir em m inha cam ara e na antecam ara d a Ray nha."110

D. D uarte atend eu a maio r p arte d esses p ed id o s d e imed iato , tal fo i, p o r exemp lo , o d a co nfirmação d e d ireito s o uto rg ad o s a no b res e p arentes d o Rei, o s o utro s, o fo ram a méd io e lo ng o p razo .

Um exemp lo exp ressiv o d essa p o lítica rég ia, é a co n- cessão que o Rei fez ao seu irmão , Do m Ped ro , no to cante a reserv ar p ara si o quinto d e tud o que ele ap reend esse no co rso que faria ao Estreito111, o qual lhe requerera tal mercê, na p red ita o casião que estamo s a tratar. D o m Duarte, auto riz o u a co ncessão d o p ed id o a 6 d e no v em bro d aq uele ano . Eis o d o cumento :

110 S OUSA. 1 94 7. p . 10 0- 1 01 .

"Do m Ed uarte, etc. A quausq uer o fiçiaaes d a no ssa faz end a