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CAPÍTULO 2 O NEGRO NA SOCIEDADE BRASILEIRA: HISTÓRIAS, LUTAS E

2.3 As relações étnico-raciais, racismo, preconceito e identidade

O mito da democracia racial apoiava-se, e ainda se apóia, no embranquecimento do negro e do mulato. Esta seria a saída de emergência para termos uma população paulatinamente branca e capaz de promover o desenvolvimento. Essa concepção era reforçada por uma evidente diminuição do negro na sociedade que reproduzia em alguns momentos uma população gradualmente mais branca. O mito da democracia racial, o mito do senhor benevolente e o processo de embranquecimento trouxeram consequências para as relações étnico-raciais, em outras palavras, para a concepção ideológica e política construída no Brasil. Por tudo isso, muitos pardos e negros no Brasil procuram não se identificar como negros/as e, sempre que possível, tentam se aproximar do tipo estético do branco como, por exemplo, o cabelo liso.

Não podemos desconsiderar, entretanto, que a luta do movimento negro no século XX tenha proporcionado à população a conscientização do valor da sua cultura e da necessidade de o negro/a se identificar com a sua raça/etnia, tanto que, a partir desse século, começa paulatinamente a valorização da identidade negra.

Como já mencionado anteriormente, as práticas estão inseridas num contexto histórico de convivência entre negros e brancos, práticas essas reguladas pela ideologia do branqueamento e que teve seu ápice, no século XIX e século XX, marcada pela marginalização da população afro-descendente e do “racismo que se configura e persiste”, conforme salienta Silva (2009, p. 3). Já para Oliveira (2008, p. 1),

A partir de enfoques teóricos que repensam os contextos educacionais com base numa leitura intercultural dos processos educativos veremos que as implicações para educação das relações étnico-raciais são muito mais complexas e tensas do que se possa imaginar. Ou seja, exigir dos docentes a aplicação das novas diretrizes que incluem nos currículos, histórias da África e das relações étnico-raciais em educação, significa mobilizar subjetividades, desconstruir noções e concepções apreendidas durante anos de formação inicial e enfrentar preconceitos raciais muito além dos muros escolares.

Conforme já anunciado neste estudo, utilizamos o termo étnico-racial ao invés de apenas raça porque entendemos que ele representa, de forma mais ampla, os significados das relações que envolvem características culturais e fenotípico- biológicas. Como afirma Corrêa da Silva (2009, p. 30), a expressão étnico-racial

torna-se mais apropriada como aponta o Parecer CNE/CP 003/2004, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relaç ões Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Nesse sentido, o Parecer afirma que

[...] essas relações tensas devido a diferenças na cor da pele e traços fisionômicos o são também devido à raiz cultural plantada na ancestralidade africana que difere em visão de mundo valores e princípios das de origem indígena, européia e asiática (BRASIL, 2004, p. 13).

Já para Cruz (2010, p. 3), o termo relações raciais advém das escolas sociológicas americanas que procuram interpretar a tensão das interrelações entre negros e brancos. Nesse sentido, a categoria etnia se refere ao universo de legados culturais dos grupos étnicos que configuram uma pluralidade de identidades. Em outras palavras, na etnicidade, a diferença se funda em aspectos religiosos e culturais que podem, inclusive, se contrapor ao conceito de raça. Assim, o referente biológico está presente de forma indireta. Por sua vez, o termo raça32

é um marcador de diferença social e física representado por elementos fenotípicos que conferem inteligibilidade no interior das relações. Por isso, as relações raciais implicam modificações, criações e jeito de ser e de viver dos grupos que travam convívios e conhecimentos em situações diversas. Esses convívios podem estar centrados em situações de opressão ou de solidariedade. Ainda no dizer de Cruz (2010, p. 40),

Ambos os termos etnia e raça se constituem um universo também simbólico forjado em ingredientes por vezes, estereotipadas ou positivistas. É no cerne deste universo que mescla os conceitos de raça e etnia nos termos das relações étnico-raciais, responde estas densas e específicas formas de convivência e possibilita colocar a raça e a tensão das relações étnico- raciais brasileiras, como problema de educação.

É notório dizer, portanto, que a educação das relações étnico-raciais é um desafio pedagógico e político de todos e de todas que estão preocupados em construir uma sociedade mais justa e humana. A educação das relações étnico- raciais se refere a processos de ensino e aprendizagem que tratam de identidades, de conhecimentos que situam o sujeito em contextos culturais, econômicos, políticos e sociais. Nesse sentido, a educação das relações étnico-raciais propõe que os/as

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Segundo o Parecer CNE/CP 003/2004, o termo raça é utilizado com frequência nas relações sociais entre brasileiros, para informar como determinadas características físicas, como a cor da pele, tipo de cabelo e outros elementos, influenciam o destino e o lugar social das pessoas.

professores/as promovam ações de reflexão que levem os estudantes a pensarem sobre as relações vividas no cotidiano. Assim, para entender as relações étnico- raciais é importante fazer uma análise de outras questões que envolvem a temática tais como: o racismo, o preconceito e a discriminação.

Deste modo, o racismo pode ser entendido enquanto ideologia que hierarquiza as pessoas tomando como conceito central a categoria raça. É preciso dizer que o racismo é algo complexo, pois envolve tensões e práticas sociais e, por isso, exige de nós um olhar cuidadoso (GOMES, 2005). A literatura revela que o racismo está presente na história da humanidade e trata-se de um comportamento social que se expressa de variadas formas em diferentes contextos e sociedades.

No contexto da modernidade, o racismo pode ser compreendido na conjunção de crises e nas dificuldades de integrar a diferença, já que, nesse período histórico, a sociedade revelou dificuldades para conviver com a ambivalência e, em consequência, tendeu a transformar diferenças em desigualdades ( SILVA, 2009).

O racismo pode se expressar de duas formas: individual e institucional. A primeira se manifesta por “atos discriminatórios cometidos por indivíduos”, como afirma Gomes (2005, p. 52). A segunda implica práticas discriminatórias realizadas pelo Estado. Estas se manifestam por tratamento desigual como o isolamento do negro em determinados bairros, pelos materiais pedagógicos como os livros didáticos em que o negro apareceria sempre em situações de desvantagem. Para Silva (2009, p. 31),

o racismo consiste tanto em ideologia quanto nas forças estruturantes que mantém a dominação, que priva grande parte dos membros de determinados grupos étnico-raciais no caso do Brasil principalmente os negros e indígenas, dos direitos fundamentais.

O uso da palavra racismo se deu a partir da década de 1960, antes se utilizava o termo preconceito de cor, como bem salienta Cunha Júnior (1996). Ainda é Cunha Júnior quem nos oferece uma definição do racismo de forma enfática.

Racismos são formas de dominação criminosas, violentas, tal como o escravismo, baseadas nas diferenças étnicas. São criadoras de estruturas simbólicas e de ações responsáveis pela exclusão dos direitos da cidadania de um grupo social. Grupo portador ou não de características étnicas formalmente estabelecidas como pertinentes ao grupo racisado (aquele que é vítima de racismo). Exemplo, no Brasil, pela origem de formação escravista, o trabalho ficou associado ao negro, tornando o trabalhador em geral vítima de mecanismos racistas. Os sistemas de dominação racistas combinam e alternam violências psicológicas com violências culturais e

físicas. Cristalizam formas de desprezo social pelas etnias racisadas, produzem exclusões da competição do mercado de trabalho e quebram sistematicamente os direitos universais. Os racismos são a negação sistemática, simbólica e física, dos racisados. Os racimos matam, aniquilam, destroem a memória possível dos aniquilados (CUNHA JUNIOR, 1996, p. 148-149).

Como bem salientou o autor supracitado, o racismo além de dominar fisicamente o/a outro/a, procura criar formas de violências simbólicas que tentam justificar a referida dominação e a ideia de superioridade de raça.

Já o preconceito é um conceito ou uma ideia, uma conclusão que alguém chega a ter antes de um conhecimento prévio. Seria um conjunto de crenças, valores aprendidos, que leva as pessoas a terem opiniões, tomadas de atitude a favor ou contra os membros de um determinado grupo, antes de se ter uma experiência com estes.

É possível dizer que o preconceito é uma ideia que se formula antecipadamente sem conhecer a pessoa. Julga-se pela aparência física, sem uma prova consistente. Enfim, o preconceito é uma forma arbitrária de agir e pensar que separa as pessoas distanciando-as devido às diferenças. Assim, o preconceito não deixa de ser uma atitude negativa em relação a uma pessoa ou grupo. Em razão do preconceito, acabamos por discriminar a pessoa, fazendo distinção, tratando-a de forma que ela se sinta inferior e sem valor. Nesse processo, fortalecemos a nossa cultura em função do outro que discriminamos.

Por isso, a noção de pertencimento étnico-racial está na base das relações étnico-raciais. O pertencimento se refere à identificação de fatores biológicos como também culturais. O pertencimento racial leva o sujeito ao engajament o no mundo africano. Nas práticas sociais, pertencer a um grupo significa compartilhar valores através de um processo constante de comunicação e de interação social promovendo assim o fortalecimento das identidades. As identidades por nunca estarem acabadas permitem um processo sempre de reconstrução do sujeito no mundo. É Corrêa da Silva (2009, p. 33-34) quem nos alerta ainda sobre essa questão: “o pertencimento não se refere apenas à identificação de fatores biológicos, mas também não é apenas cultural, pois tem elementos discursivos de ambos”.

Dizendo isso de outro modo, a identidade étnico-racial se dá num processo dialético entre o biológico e o cultural no tocante às relações. Nesse sentido, é

possível dizer que quanto mais estão presentes padrões valorativos nos aspectos físicos e étnicos, mais forte é o vínculo de pertença (CORRÊA DA SILVA, 2009).

Sabemos que, na Modernidade, as ideias de universalização juntamente com a concepção de eficácia da ciência e da razão trouxeram avanços enormes para a humanidade. Por outro lado, ficou clara a dificuldade do mundo ocidental em lidar com as diferenciações. Passou-se a valorizar a superioridade da cultura europeia a partir de uma pretensão científica, conforme vimos anteriormente.

Corrêa da Silva (2009, p. 39) esclarece ainda que “essa estratégia de legitimação da superioridade cultural européia teve reflexos na cultura escolar, que por sua vez, atuou fortemente sobre as concepções de identidade e sobre o reconhecimento da diferenciação étnico-cultural de indivíduos e grupos”. Portanto, a função da escola tem sido garantir a identidade étnico-racial do dominante em detrimento das demais.

Entre as noções de identidade apresentadas no dicionário Houaiss (2001) , destacamos a que a define como um conjunto de características e circunstâncias que distinguem uma pessoa ou uma coisa da outra. Assim, a noção de identidade ainda pode ser associada a um conjunto de caracteres de uma pessoa desde seu nome, idade, sexo, estado, impressões digitais, etc. Podemos, então, daí inferir que a identidade ou as identidades são constituídas por vários traços.

A temática da identidade tem-se constituído numa ferramenta importante nos estudos tanto da teoria social mais ampla como no campo educacional. A discussão da identidade remete à reflexão sobre quem somos, porque nos tornamos o que somos. Porque nos afastamos ou nos aproximamos de certos grupos sociais. Como diz Moreira, concordando com Gilroy (2008, p. 38), “a discussão teórica da identidade justifica-se, então, por iluminar a interação entre experiência subjetiva do mundo e os cenários históricos e culturais em que as identidades são formadas”.

Assim, a identidade pode ser entendida como uma construção multirreferencial, portanto, construída por processos complexos que incluem ao mesmo tempo a objetividade e a subjetividade. A identidade de certa forma é uma construção permeada por representação social cultural e por meio da linguagem no intuito de organizar os dados da realidade para que a pessoa possa atuar sobre ela (LOBO, 2005).

Nesse sentido, a identidade é uma síntese entre a relação com o espaço, o tempo, a história e o contexto social. A identidade também é uma construção interna

que se dá no processo de internalização dos conteúdos sociais historicamente situados.

A identidade como metamorfose é o conjunto de possibilidade de assimilação, identificação diferenciação não metamorfose, até como a negação dos diversos modos de produção da identidade, personagens, ou seja, a tendência à fixidez que o indivíduo toma como espaço que lhe dá segurança em meio a transformações históricas (LOBO, 2005, p. 99).

Tomada a partir da concepção acima mencionada, a identidade estabelece um caráter contínuo de sempre vir a ser, de um processo dinâmico de intercâmbios entre elementos endógenos e da relação com o outro. Por isso, a tendência atual não é tomar a identidade como algo definitivo e fixo totalmente reconhecível e previsível. Assim sendo, mesmo reconhecendo o peso do social na construção da identidade é cabível reconhecê-la como constituição interna, que envolve as diversas formas de os sujeitos estarem no mundo, imersos em condições materiais, culturais e políticas, conforme salienta Lobo (2005).

Por outro lado, somos forçados a entender que a construção de uma identidade resulta de uma história. De uma história em que o sujeito vai se construindo como indivíduo a partir de suas experiências. No dizer de Munanga (2003, p. 38), “a identidade é, para os indivíduos, a fonte de um sentido e de experiência”. Portanto, o reconhecimento de si se dá numa relação e se trata de uma construção e não de uma descoberta. Dizendo de outro modo, a nossa identidade é formada também pelo reconhecimento ou não do outro. Daí que, uma pessoa pode sofrer restrições na construção do seu autoconceito devido a processos de depreciação que o sujeito vive ao longo da vida e aos quais não conseguiu reagir.

Em termos práticos, a construção da identidade se inicia com o nascimento e se dá durante toda a vida de um sujeito. Constitui uma referência em torno da relação com a família, com grupos de amigos, com comunidades da escola, da religião, da mídia, entre outros. Ela é uma referência em torno da qual a pessoa se constitui a partir de modelos na vivência de processos interativos com o outro (SANTOS, 2008).

A identidade inevitavelmente envolve a diferença. Somos o que somos a partir da relação com o outro. A identidade pode ser entendida como um processo de

construção de sentidos através de interação entre os indivíduos ou grupos. Desse modo, ao longo da vida, vamos nos identificando ou não com determinados grupos ou pessoas. É preciso entender também que a identidade relaciona-se com a capacidade de fazer escolhas, como também, reconsiderar certas escolhas já feitas ou conciliar demandas contraditórias e incompatíveis. Há sempre questões para explicar, negociar, oferecer, ressaltar, desculpar, esconder, esclarecer ou descobrir (BAUMAN, 2005).

Em termos políticos, podemos dizer que determinados grupos identitários têm sido alvo de discriminações ao longo da história. Entre eles, incluem-se obviamente os negros. Ainda em termos políticos, a questão da identidade nacional sempre foi alvo de preocupação, principalmente da nossa elite social.

Nesse sentido, é mister afirmar que não podemos deixar de reconhecer a mistura do nosso povo na qual estamos inseridos concretamente. Como diz Munanga (2003, p. 46), “salvo a realidade das sociedades indígenas com as quais não convivemos, penso que no Brasil contemporâneo existe um processo de transculturação inegável”. Visto desse jeito, em nossas veias, os sangues se misturam. Em outras palavras, a mestiçagem é um dado da realidade histórica. Se foi usada para legitimar o mito da democracia racial é um fato de ordem ideológica, isto é, da luta ideológica. Contudo, concordamos com esse estudioso quando afirma que nem por isso podemos sustentar a ideia de uma identidade mestiça, pois est a é uma espécie de identidade que legitima o mito da democracia racial. A identidade nacional é uma construção política que passa por outros fatores e não necessariamente pela mistura das raças, “o que torna artificial a busca de uma essência ou de uma alma nacional, ou ainda a redução de uma cultura a um código de condutas”, como afirma ainda Munanga (2003, p. 47).

Na atualidade, a discussão sobre identidade nacional passa pelos antagonismos dos diversos grupos que compõem a nação brasileira. E, nesse sentido, a formação da identidade nacional na escola envolve as experiências que os estudantes vivenciam a partir dos livros didáticos trabalhados, das tarefas realizadas, das temáticas abordadas, enfim, das relações experimentadas. Nesse processo de busca de identidade, o que é vivido nas práticas curriculares cotidianas é a base de sustentação para o/a educando/a viver no mundo em permanente construção e contradição como o nosso (ZAMBONI, 2003).

Assim, o conceito de identidade aplicado à educação envolve, queiramos ou não, uma concepção de vida humana que queremos construir. É nesse contexto que as identidades culturais (identidade negra, branca, amarela, de gênero, homossexual, indígena) precisam ser pensadas. Ao mesmo tempo que necessitamos enfatizar as identidades culturais a partir da especificidade de cada grupo, iremos nortear a discussão para a construção de uma identidade nacional baseada na equidade social na qual todos e todas tenham vozes.

Em relação à construção da identidade negra, não podemos deixar de compreendê-la dentro da dinâmica das relações de dominação que sempre existiram no país. Assim como as outras identidades, a identidade negra é construída a partir de diversas variáveis e sentidos. Para que ela tenha um sentido positivo é preciso que o negro no Brasil seja visto sobre outra lógica. Uma lógica que não esteja associada apenas à escravidão. Como afirma Gomes (2005, p. 43),

A identidade negra é entendida, aqui, como uma construção social, histórica, cultural e plural. Implica a construção do olhar de um grupo étnico/racial ou de sujeito que pertence a um mesmo grupo étnico/racial, sobre si mesmo, a partir da relação com o outro.

A esse respeito é oportuno lembrar que as práticas curriculares vivenciadas nas escolas por professores/as e estudantes podem ser compreendidas como um espaço de relações étnico-raciais no qual se dão as experiências. Afirmamos que, nas práticas curriculares, há probabilidades de o/a estudante discutir elementos da sua cultura e, portanto, confrontar as possibilidades de ser e de estar no mundo além de negociar possibilidades de construção de identidades que historicamente foram negadas e silenciadas. É de posse dessa assertiva que no próximo capítulo apontaremos o caminho que percorremos para a realização dessa pesquisa.

Nos tempos atuais, uma das demandas primordiais diz respeito ao sentido do ato de educar. Será que educar é somente transmissão cultural dos conhecimentos da geração antiga para a nova? Ou constitui o pleno desenvolvimento humano? A compreensão da aprendizagem das relações étnico-raciais passa pelo próprio entendimento de educação.

O ato de educar acontece no processo histórico de cada grupo social no qual são repassadas as tradições, mas também, os valores e normas no sentido de contribuir com a personalidade da criança e do jovem. Notadamente, educar vai

além de transmissão de conhecimentos. “É a forma de fornecer a alguém os cuidados necessários ao pleno desenvolvimento físico, intelectual e moral”, conforme registra o dicionário Hoauiss (2009, p. 269), é “promover o processo de formação do outro como ser humano integral”.

Destacamos que a escola não é o único espaço na sociedade que promove processos educativos e que orienta a vivência de relações étnico-raciais. Ao contrário, a criança quando chega à escola traz experiências e concepções construídas na família e na comunidade. Tais experiências e concepções construídas, muitas vezes, entram em choque com os valores e normas estabelecidas pela escola. Cabe aos profissionais que lá atuam combater todo tipo de preconceito e de exclusão que estão postos na sociedade.

De acordo com o Parecer/CP 003/2004 (BRASIL, 2004, p. 6), “[...] a educação das relações étnico-raciais impõe aprendizagens entre brancos e negros, trocas de conhecimentos, quebra de desconfiança, projeto conjunto de construção de uma sociedade justa, igual, equânime”. Sendo assim, a educação das relações étnico- raciais envolve um conjunto de processos educativos que orientam as relações dos sujeitos no mundo vivido, portanto, com as outras pessoas. Daí, a necessidade de professores/as e estudantes discutirem no mundo contemporâneo o problema da identidade.

CAPÍTULO 3 CAMINHOS POR ONDE ANDAMOS: NOSSA TRAJETÓRIA DE