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Os Sujeitos da Pesquisa, as Técnicas e os Instrumentos de Coleta dos Dados

CAPÍTULO 3 CAMINHOS POR ONDE ANDAMOS: NOSSA TRAJETÓRIA DE

3.6 Os Sujeitos da Pesquisa, as Técnicas e os Instrumentos de Coleta dos Dados

No nosso trabalho, a técnica de observação foi combinada c om outras, inclusive para entender melhor a complexidade das práticas curriculares cotidianas. Assim, realizamos entrevistas com vários grupos com o intuito de analisar a relação entre a dimensão macro e micro.

A escolha dos sujeitos da investigação se deu entre estudantes, professores/as e assessores. Os assessores pesquisados atuam no GTERÊ ou como membros das antigas equipes técnicas que atuavam por disciplinas e que contribuíram para a elaboração das propostas pedagógicas analisadas.

A escuta desses professores foi essencial para entender os caminhos trilhados na produção dessas propostas. Esses docentes estavam tanto em sala de aula como produzindo os documentos orientadores dos trabalhos dos educadores

da Rede como um todo. Tinham a função de acompanhar e ajudar na implementação das propostas no âmbito escolar. A inserção desses profissionais nesses duplos espaços facilitou a comunicação e o diálogo entre a Secretaria de Educação e as escolas da rede, favorecendo, assim, um intenso debate.

No caso dessas entrevistas realizadas com os assessores, colaboradores na elaboração dos documentos, é possível afirmar que, embora houvesse um roteiro de questões para realização da entrevista semi-estruturada, à medida que o diálogo avançava outras questões emergiam na conversa. A realização das entrevistas ocorreu com base em algumas reflexões, tais como: processo de discussão da produção da proposta, o contexto da produção dos documentos, a preocupação com as questões da diversidade étnico-racial, a discussão do multiculturalismo, a questão da formação continuada em relação a essa temática.

Em relação à escuta dos professores e professoras que estão na escola, podemos afirmar que foi essencial para o nosso trabalho pela relevância que estes assumem na materialização das práticas curriculares. Nesse sentido, entendemos que o currículo compreende não apenas aquilo que é vivido em sala, mas diz respeito às vivências nos diversos espaços da escola e até fora dela. Assim, os relatos dessas práticas possibilitaram uma melhor compreensão das múltiplas possibilidades do currículo.

Nesse grupo de professores e professoras, a entrevista iniciou com questões mais gerais sobre o processo educativo na atualidade e foi se afunilando para as questões próprias ao nosso objeto de estudo. As questões gerais foram importantes porque sabemos da necessidade de pensar a problemática da educação das relações étnico-raciais dentro do dilema (contexto) que a escola atual enfrenta. Os docentes na atualidade precisam dar conta da resolução de muitos problemas ao mesmo tempo.

Não escolhemos os professores e professoras da escola para realização das entrevistas. Ao contrário, a participação dos mesmos se deu por adesão. Assim, tivemos a garantia de que aqueles/as que conseguiram disponibilizar horár io para sua escuta, o fizeram por entender a relevância de sua participação para esta pesquisa. Por outro lado, os docentes que participaram das entrevistas, de modo geral, têm participação nos projetos da rede da mesma forma que têm o próprio trabalho realizado na escola reconhecido, pois, no geral, os/as estudantes apontam estes educadores como bons professores e professoras. Assim, como os outros

grupos, estes também responderam questionário com o intuito de complementar as informações. Abaixo, no quadro 11, apresentamos o número de docentes da escola.

Quadro 12 -Professores e estagiários da escola estudada45

Corpo Docente Em atuação

na escola

Participante da pesquisa Professores/as de 3º e 4º ciclos de aprendizagem 16 05 Estagiários de 3º e 4º ciclos de aprendizagem 18 00

Totais 34 05

Pelo quadro anteriormente exposto, fica visível como há um número significativo de estagiários em regência na escola investigada. Da mesma forma, também fica claro que dentre os/as professores/as, nem todos fizeram parte da nossa pesquisa. Não escolhemos os estagiários como sujeitos da pesquisa em razão da rotatividade desse grupo na rede, considerando que ess e fato dificultaria a análise do processo de continuidade desses docentes/estagiários em relação às políticas e práticas curriculares.

Em relação ao Grupo de Trabalho que trata da Educação Étnico-Racial - GTERÊ, tínhamos a preocupação de saber sobre o surgimento do grupo, sua composição, a atuação do grupo em relação à implementação da Lei nº 10.639/2003. Aplicamos também com esse grupo questionários que nos ajudaram a complementar as questões. Entretanto, nesse grupo, o questionário serviu de base para selecionar aqueles que iriam participar da entrevistas.

Em relação aos estudantes que participaram da pesquisa por meio de entrevista, não houve um critério geral que norteasse a escolha. Tivemos um total de 20 participantes que se dispuseram a participar do trabalho espontaneamente, o que exemplifica a disponibilidade de participação desse grupo.

É importante dizer que optamos pela entrevista como instrumento para coleta dos dados dessa investigação por sua adequação aos objetivos do estudo tanto no que diz respeito à descrição dos processos vividos como à compreensão das crenças em relação à problemática da referida pesquisa. Essa conversa com os diferentes sujeitos nos permitiu chegar o mais próximo possível da realidade, além

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de propiciar a escuta dos sujeitos que estão vivendo e participando das políticas curriculares. Em relação às entrevistas, vejamos o texto a seguir:

A entrevista como fonte de informação pode nos fornecer dados secundários e primários de duas naturezas: a) os primeiros dizem respeito a fatos que o pesquisador poderia conseguir por meio de outras fontes, como censos, estatísticos, registro civis, documentos, atestados de óbitos e outros; b) os segundos – que são objetos principais de investigação qualitativa – referem-se a informações diretamente construídas no diálogo com o indivíduo entrevistado e tratam de reflexão do próprio sujeito sobre a realidade vivenciada (MINAYO, 2007, p. 65).

Dessa forma, a entrevista é uma técnica privilegiada de interação que proporciona a comunicação e o entendimento dos fenômenos da vida cotidiana, dos significados e sentidos a eles atribuídos, tornando-se um elemento revelador de modelos culturais internalizados. Enfim, a entrevista não se resume apenas a uma técnica de coleta de dados, constitui um momento de atuação e de troca entre sujeitos e pesquisadores.