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AS RELAÇÕES ENTRE A RESPOSTA À COVID-19 E A MISSÃO DO CONASS

No documento VOLUME 3 COMPETÊNCIAS E REGRAS (páginas 185-192)

FUNDANTE À EDIFICAÇÃO DA CONSCIÊNCIA SANITÁRIA

3. AS RELAÇÕES ENTRE A RESPOSTA À COVID-19 E A MISSÃO DO CONASS

Por outras palavras, parece ser imprescindível ampliar todas as formas de educação em saúde, de modo a favorecer a conquista de níveis de saúde cada vez mais elevados. A esse propó- sito, a pandemia da COVID-19 ensejou possibilidade extraordinária para a educação de pessoas leigas sobre aspectos inerentes ao mal que assolou o planeta no ano de 2020.

Nunca se assistiu a tantos sanitaristas, epidemiologistas, infectologistas e outros especialistas ocupando espaço privilegiado na mídia, para explicar desde o modo como se dá a transmissão da doença até aspectos inerentes à gestão dessa crise sanitária, passando pelos ensinamentos das medidas de proteção individual e coletiva. Nesse sentido, a sociedade brasileira conquistou importante ganho.

De outra parte, a ideologização da pandemia trouxe dificuldades extras ao seu enfren- tamento. Enquanto o Presidente da República apostou em uma estratégia de minimização dos riscos, contraditoriamente, seu Ministério da Saúde procurou estudar o novo fenômeno e se instrumentalizar para o enfrentamento do que poderia vir adiante.

No início da pandemia, havia o suporte de uma gabaritada equipe técnica que ia para a linha de frente, não só para dar os meios necessários à adequada gestão dos problemas, muitos deles renovados a cada dia ou semana, mas também para deixar a população informada.

Durante alguns meses, o país aguardava, ávido, as entrevistas coletivas diárias (exceto aos domingos), durante as quais, em linguagem direta e com um posicionamento muito realista, eram transmitidos tanto os dados relativos a novos casos e óbitos quanto a desdobramentos possíveis, bem como a evolução da capacidade instalada de leitos para o tratamento dos doentes.

Nessas entrevistas, sempre havia, ao fundo, o painel com a logomarca do SUS, e os que compunham a Mesa usavam um colete com o emblema do sistema brasileiro de saúde. Mesmo sem fazer qualquer proselitismo sobre o SUS, a simples menção evocada pelo painel e coletes, diariamente mostrados para todo o Brasil, constituiu-se num movimento importantíssimo de valorização e afirmação do sistema público de saúde que, nesse mo- mento, revelou-se fundamental ao enfrentamento da pandemia, sem o qual, certamente, a quantidade de óbitos poderia ser muito superior aos números registrados.

Substituído o Ministro, na breve gestão que se seguiu, as entrevistas foram man- tidas, agora sem o painel do SUS ao fundo e sem os coletes. De todo modo, a população se manteve informada, recebendo diretamente do Ministério da Saúde as notícias relativas à pandemia. Na sequência, ainda na interinidade de seu titular, o Ministério alterou a me- todologia para aferição dos dados, suprimiu as entrevistas ministeriais, fazendo despertar a desconfiança de amplos setores da sociedade brasileira.

Diante do vácuo, veículos da grande mídia impressa e televisiva constituíram o Consórcio da Imprensa, que avocou para si a contabilização dos casos da doença e dos óbitos, divulgando um boletim diário da pandemia. Para tanto, computa as informações prestadas pelas SES, tratando as informações segundo a metodologia originalmente adotada pelo Ministério da Saúde.

É justamente aqui que se coloca a Missão do Conass em tempos de pandemia: as- sumir um compromisso claro com a causa sanitária, defendendo, por exemplo, o isolamento social, ainda que muitos se rebelassem, considerando que essa medida comprometeria a economia de forma irreversível, segundo eles.

Mais que isso, o Conass implantou em sua página o Painel COVID-19 (6), e passou

a apoiar as SES, as quais tiveram de encampar todas as decisões e, obviamente, todos os ônus decorrentes da imposição de medidas restritivas a atividades econômicas e à circulação de pessoas. Diante disso, ao se estabelecer um vácuo de informações, o Conass preencheu aquele espaço.

Por sua natureza e atribuições, esse órgão colegiado reúne não só todas as condições técnicas e políticas como também representa todas as SES, as quais, justamente, são as forne- cedoras das informações processadas pelo Consórcio da Imprensa, responsável pelos boletins da pandemia. Foi uma excelente oportunidade para o CONASS tanto ampliar sua atuação quanto divulgar esse trabalho e, por consequência, consolidar a sua imagem institucional.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, o Conass deve buscar ampliar a sua presença na sociedade por meio de outras inserções na mídia, divulgando aspectos da gestão da crise sanitária não cobertos pelos boletins do Consórcio da Imprensa. Ainda, nada impede que se negocie, com o referido consórcio, o crédito para o Conass, com uma nova marca “Consórcio de Imprensa – Conass”, já que os dados são fornecidos pelas SES.

Precisam ter informações seguras a serem repassadas para a população. Precisam acreditar que as medidas duras são as que devem ser tomadas e precisam ter esperança de chegar ao fim da pandemia o menos destroçados possível.

Esta, portanto, é a parte mais importante da Missão do Conass em tempos de Pandemia: o verdadeiro apoio para as SES; a divulgação sistemática de informações qualificadas.

Entretanto, há também a resposta do sistema de saúde, aqui entendido como público e privado, aos pacientes que demandam internação tanto clínica como, e principalmente, as que necessitam de suporte de Vida.

Vários aspectos precisam ser resolvidos pela gestão: em primeiro lugar, a organização dos ser- viços em Rede, tendo a APS o papel de coordenar a linha de cuidado que vai transitar por essas Redes.

O Conass desenvolveu um projeto chamadoPlanificação da Atenção Primária, que obteve aprovação em massa nas SES. Nestes tempos de pandemia, esse projeto fortalece a APS, requisito primordial para a coordenação das Redes.

É preciso registrar que os casos de infecção por COVID-19 estão apresentando um as- pecto em comum que é o da piora das condições respiratórias de forma abrupta; então, é preciso suprir cada serviço hospitalar que não tenha leitos suficientes. Nesse sentido, o Conass pode colaborar para a troca de experiências entre as SES, a ser promovida pelas Câmaras Técnicas, das diferentes temáticas, e formadas por técnicos especializados das SES.

Também é possível utilizar a experiência do Conass com as relações internacionais e firmar parcerias que possam apoiar a capacitação de equipes de saúde.

Enfim, a seara é imensa! Estamos vivendo um pesadelo epidemiológico e, mais que nunca, a gestão precisa ser compartilhada. Também é imprescindível abrir canais para que as SES tenham acesso às experiências de outros países, de forma que uns aprendam com os erros e os acertos dos outros.

Ou seja, as iniciativas do Conass se encaixam perfeitamente nas necessidades da gestão estadual, e nem podia ser diferente, já que ele foi criado para apoiá-la. É tempo, pois, de aprimorar a pactuação; é tempo do financiamento tripartite; é tempo de Salvar Vidas!

REFERÊNCIAS

1. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Criação, Publicações e Informações Epidemio- lógicas [Internet]. 2020 [acesso 2020 jul 26]. Disponível em www.conass.org.br.

2. Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico; 1988.

3. Brasil. Ministério da Saúde. Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Diretrizes Operacionais. Brasília DF; 2006.

4. Brasil. Ministério da Saúde. Regionalização Solidária e Cooperativa. Orientações para sua implementação no SUS. Brasília; 2006.

5. Brasil. Ministério da Saúde. NOAS: Norma Operacional da Assistência. Brasília; 2001. 6. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Painel COVID-19 [Internet]. 2020 [acesso 2020

jul 27]. Disponível em: www.conass.org.br. Brasília; 2020.

7. Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2012 [acesso 2020 jul 27]. Disponível em www.saude.gov.br.

Nubia Viana1

RESumo: O presente artigo teve por objetivo descrever a evolução na transparência dos dados do

cenário COVID-19, avaliando diferentes perspectivas de análise, motivado por eventos direcio- nadores com foco na organização, consolidação e acesso em tempo oportuno das informações. Concomitantemente a esta análise, a maturidade das diversas gestões estaduais no enfrentamento da pandemia, considerando adequação de processos, recursos e tecnologia como tripé de susten- tação para tomada de decisão.

PalaVRaS-ChaVE: COVID-19. Dados. Painel. Transparência dos Dados. Boletim Coronavírus.

1 MBA em Gestão de Saúde pelo INPSER. Curso de Especialização em Administração de Serviços de Saúde – Administração Hospitalar pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Bacharel em Medicina pela Universidade de Brasília (UnB). E-mail: nvianame@gmail.com.

1. INTRODUÇÃO

A globalização trouxe seu exemplo mais real por meio do cenário da COVID-19. Desde as primeiras notificações dos casos na China até a confirmação do primeiro caso no Brasil em 26 de fevereiro de 2020, nota-se que as distâncias geográficas não funcionam mais como barreiras naturais para disseminação de doenças.

A necessidade de estruturar o processo de comunicar foi outro elemento que se mos- trou crítico. Dados chegavam rapidamente. Porém, sem uma padronização clara do que, como e em qual melhor forma de apresentar, os diversos órgãos de competência foram desafiados na divulgação dos dados. Em paralelo, acomodar-se às recomendações de organismos de referência, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), referente a critérios de diagnósticos, protocolos, bem como disponibilizar dados para as diferentes iniciativas mundiais (1-4) adicionaram maior

complexidade no processo de comunicação da situação COVID-19.

Assim, houve necessidade premente de se organizarem os dados rapidamente, para que, de fato, houvesse gestão adequada da evolução da doença. A rapidez na divulgação do panorama da pandemia graças aos avanços tecnológicos, somada com inúmeros esforços colaborativos (1-4), também

foi notada no sentido de dar maior transparência desses dados com o intuito de avaliar, entres outros aspectos, progressão dos casos e óbitos e comportamento ante as medidas tomadas.

Outras iniciativas de tal relevância foram tomadas, como facilidade de acesso às norma- tivas criadas por municípios e estados (5), relatórios dos setores afetados pelas questões envolvendo

mobilidade, agrupados pela sua característica (6), e dados dos Cartórios de Registro Civil (7).

A importância da transparência dos dados, considerando o contexto do Brasil, mostrou o quanto a gestão em Saúde estava, infelizmente, atrasada nesse aspecto. O salto que se verificou

nesses últimos sete meses, por outro lado, foi espetacular. Para efeito de ilustração, vamos enfocar as informações das Secretarias de Estado de Saúde e do Distrito Federal, sendo essas as principais fontes de dados para que estes e o Governo Federal pudessem entender o comportamento e evo- lução da doença e, por outro lado, fonte de dados para órgãos internacionais consumirem essas mesmas fontes para efeito de comparação entre os diversos países.

Para tal, considerando uma metodologia simples e não exaustiva, evidenciaremos quatro aspectos para análise da progressão na maturidade da transparência de dados: (i) facilidade de acesso; (ii) comportamento e progressão da doença; (iii) capacidade de operação; e (iv) previsão de demanda.

2. MÉTODO

O desenho do método adotado levou em consideração dimensões que pudessem não somente entender a progressão da doença em determinado espaço territorial, mas também análises comparativas entre diferentes territórios.

Para adequada estruturação do método a ser utilizado, mantiveram-se, como critérios direcionadores, três elementos: recursos, processos e tecnologia. Na esfera de recursos, conhecer a demanda, seu comportamento ao longo do tempo, perfil do cenário no qual ela está inserida, cruzando com a disponibilidade desses recursos, permite identificar os gargalos ou vazios e, con- sequentemente, melhor definir estratégias coerentes com cada cenário, orientando a tomada de decisões.

“Estruturar” e “organizar” são elementos que alavancam a implantação de um processo de governança e monitoramento de dados. Para entender se as ações tomadas foram efetivas e realizar ajustes ou modificações no planejamento para melhor enfrentamento da pandemia, o monitoramento traz esse formato de um ciclo contínuo de melhoria e revisão de normas e procedimentos.

A adoção de ferramental tecnológico propicia transparência e democratização das informações. Ser transparente obriga a busca da melhoria contínua do dado publicado. Além disso, facilita as análises exploratórias do cenário em questão, apoio fundamental na rotina de monitoramento. A análise dos parâmetros adotados denota também o processo evolutivo e de maturidade na apresentação desses dados.

A ideia das dimensões adotadas foi considerar dados que o gestor deveria ter em mente como seu conjunto mínimo para conhecer seu cenário atual, desenhar ações, monitorar e ajustar quando necessário.

Uma gestão baseada em dados leva, naturalmente, à geração de informações relevantes para responder com mais precisão e velocidade às demandas, além de aprimorar seus processos e orientar a alocação de recursos de forma mais assertiva.

No documento VOLUME 3 COMPETÊNCIAS E REGRAS (páginas 185-192)