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3. Enquadramento da Prática Profissional

3.3 A Escola: o palco do desenrolar do sonho

3.3.5. As turmas: 506 e 810

No dia em que o meu PC teve o conhecimento das suas turmas, deu-nos a escolher as que queríamos lecionar. Por gostar de lidar com crianças mais jovens, a minha escolha incidiu sobre uma turma de 5º ano. Foi-me ainda atribuída a turma de 8º ano, 810, com uma carga horária de um bloco de 100 minutos, sendo esta a turma partilhada. Aqui, escolhi lecionar no 1º período a

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modalidade de voleibol. Desde o início, o PC teve a preocupação que lecionássemos dois anos de escolaridade distintos, de forma a termos uma experiência mais diversificada.

A turma residente: o meu espelho

A partir desse dia a minha turma residente passou a ser a 506, constituída por 20 alunos, sendo 11 do sexo masculino e 9 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 9 e os 12 anos, sendo a média de idades 10 anos. O número reduzido de alunos da turma devia-se ao facto dela integrar um aluno de NEE. Apenas existiam dois repetentes, tendo um 11 anos, com apenas uma retenção e outra 12 anos, com duas retenções, sendo esta a aluna com NEE. A esta turma esteve destinada uma carga horária de um bloco de 100 minutos e um de 50 minutos.

Relativamente às questões de saúde, nesta turma existiam três casos que exigiam algum cuidado, nomeadamente duas alunas com asma e uma de NEE que, segundo o relatório médico, nasceu com trissomia 21, e no que concerne à área da psicomotricidade persistem algumas limitações quanto à lateralidade, confundindo a direita e a esquerda em si própria, no outro e, sobretudo, no espaço gráfico. A existência da aluna com estas características na minha turma, fez com que durante a minha prática tivesse que me preparar melhor, estar mais atenta a outras necessidades, bem como planificar por nível de habilidade e ainda realizar uma grelha com algumas adaptações curriculares para a disciplina de EF.

As disciplinas onde a maioria apresentava mais dificuldades eram a Matemática e o Português. Quanto ao nível socioeconómico, metade da turma possui subsídios A e B.

No que respeita ao percurso desportivo, na primeira aula os alunos preencheram uma ficha de caracterização, como forma de os conhecer um pouco mais e conhecer os seus gostos desportivos. Como resultados obtive, que 65% praticavam pelo menos uma modalidade, sendo que 6 realizavam de forma federada, e 35% não realizava qualquer prática desportiva. Para além disto, no que diz respeito à disciplina de EF, apenas 1 aluno não considera

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como a sua disciplina preferida e as expectativas dos alunos para as aulas de EF são que querem tirar a melhor nota possível e que as aulas sejam divertidas.

No início das aulas foi-me possível observar desde cedo que a turma não ia ser um mar de rosas, como todos desejam. Percebi de imediato que era uma turma pouco concentrada e com alunos com mau comportamento, englobando alguns elementos bastantes perturbadores e indisciplinados, para além de integrar um aluno de NEE. Vi que tinha um grande desafio pela frente, com muito trabalho e dedicação se pretendia contribuir para uma melhoria desses alunos, tanto a nível motor, como a nível de atitudes, interações sociais e de comportamentos. Dadas as características da turma, tinha a necessidade de ter uma postura mais rígida no início para que eles não se excedessem muito e para conseguir manter um bom controlo da turma, o que no início não foi uma tarefa fácil. Optei também por lecionar as aulas através do MED, uma vez que, o aspeto do trabalho de equipa, cooperação e de todos os alunos estarem envolvidos nas tarefas, devia ser melhorado, e a meu ver, este tipo de abordagem, o MED, foi imprescindível para trabalhar todas estas lacunas que existia na turma, pois desenvolveram-se muitas capacidades que, por exemplo, na Instrução Direta (ID) não era possível. Como verificaremos à frente, foi este facto que me despertou interesse para realizar o meu projeto de investigação, acerca do desenvolvimento da interdependência social associada à AC, para que os alunos melhorassem as suas interações sociais, desenvolvessem o espírito de entreajuda e o trabalho de equipa.

No geral, esta turma caracterizava-se particularmente pelo fraco aproveitamento escolar e pelo descuido apresentado pelos alunos.

Turma partilhada: o oposto da turma residente

Comparativamente com a turma partilhada, como apenas lecionei esta turma, no 1º período, na modalidade de voleibol, não me permitiu estabelecer um relacionamento tão sólido como o conseguido com a minha turma residente. A turma tinha 28 alunos, 17 (60,7%) do sexo feminino e 11 (39,3%) do sexo masculino. A idade média dos alunos era aproximadamente de 15 anos, e integrava uma aluna com repetição em anos anteriores.

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Esta era uma turma sem problemas disciplinares, a maioria dos rapazes tinha boas aptidões para a modalidade que lecionei, ao contrário das raparigas, que necessitavam de mais atenção e de feedbacks da minha parte. Ao contrário da minha postura com a turma do 5º ano, esta já era uma postura menos autoritária e com mais proximidade aos alunos, uma vez que era uma turma mais fácil de controlar.

As aulas foram lecionadas também através do MED e a reação dos alunos foi ótima. Não sabiam da existência deste modelo de ensino e fiquei satisfeita por lhes ter mostrado um lado diferente das aulas de EF. Segundo um questionário que lhes entreguei sobre as aulas de voleibol através do MED, a maioria das respostas foi ao encontro umas das outras, tendo a maioria respondido à questão “O que achaste das aulas de EF lecionadas?”, que as aulas foram divertidas e que aprenderam muito sobre o voleibol, tendo sido as respostas mais marcantes: “Acho que foram aulas interessantes pois permitiu-

nos aprender de uma forma diferente e divertida” e “Para mim foi uma experiência única”. Quanto à questão “Para ti qual o modelo que mais te motiva

para as aulas de EF, o tradicional ou o MED? E porquê?”, as respostas mais obtidas foram, “O MED, porque aprendemos melhor, e podíamos jogar com

diferentes equipas”; “O MED, porque as aulas tradicionais são mais cansativas e as do MED são mais interessantes e passam mais depressa e a professora foi um grande auxílio para as aulas terem importância” e “O MED porque jogamos em grupo e isso ajuda a confiarmos mais uns nos outros e fizemos competições que nos incentivou a jogar melhor”. É muito gratificante para mim,

que eles tenham reconhecido o meu trabalho e o grande objetivo do MED de tornar os estudantes desportivamente competentes, desportivamente cultos e desportivamente entusiastas.

Hoje, com algum orgulho, reconheço que o meu trabalho valeu a pena, uma vez que estes alunos passaram a ter uma perspetiva diferente sobre a EF, promovendo assim um maior gosto pelas aulas.

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4. Realização da Prática Profissional