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4. Realização da Prática Profissional

4.1 Área 1 Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem

4.1.1 Conceção e Planeamento:

4.1.1.2 Planeamento anual: planear ou flexibilizar

“A elaboração do plano anual constitui o primeiro passo do planeamento e preparação do ensino e traduz, sobretudo, uma compreensão e domínio aprofundado dos objetivos de desenvolvimento da personalidade, bem como reflexões e noções acerca da organização correspondente do ensino no decurso do ano letivo”. (Bento, 1987, p. 58)

Neste sentido, foi-nos sugerido no início do ano que elaborássemos o plano anual indicando a distribuição das modalidades e a respetiva carga

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horária. Para a sua elaboração, recorri ao Programa Nacional de EF (ver nota de rodapé nº/2) para o 2º ciclo e as adaptações realizadas pela EC, bem como as condições materiais, temporais e humanas. Estes documentos serviram de apoio ao planeamento dos conteúdos das diferentes modalidades a abordar ao longo deste ano letivo e à sua calendarização. O calendário escolar, bem como o Plano Anual de Atividades da EC (ver nota de rodapé nº/5), foram também fatores importantes a ter em consideração. Nesta perspetiva, segundo Bento (2003) a execução do plano anual estabelece o primeiro passo do planeamento e preparação do ensino e traduz, essencialmente, uma compreensão e domínio aprofundado dos objetivos de desenvolvimento da personalidade, tal como reflexões e noções sobre a organização correspondente do ensino ao longo de um ano letivo.

Deste modo, as modalidades delineadas foram: Testes de condição física, Atletismo – Resistência Aeróbia, Salto em Comprimento e Velocidade, Ginástica Artística – Solo e aparelhos (mini trampolim), Jogos pré desportivos, Futebol, Andebol e Voleibol. No que se refere à categoria “Outras”, para esta eram destinadas seis aulas, sendo que no segundo período foram distribuídas ao longo das modalidades abordadas, de forma equitativa, uma vez que eram modalidades referentes à intervenção do meu estudo, de forma a conseguir obter um maior número de aulas para cada modalidade. Já no terceiro período, essas aulas foram utilizadas para uma nova modalidade, nomeadamente a Dança. Para a lecionação das diferentes modalidades foram utilizados diferentes modelos de ensino de acordo com a natureza da modalidade, dos conteúdos e do nível dos alunos.

No 1º Período, foram destinadas 4 aulas para os testes de condição física, 8 aulas para a modalidade de Atletismo – Resistência, 9 aulas para a Ginástica Artística de Solo, 6 para os Jogos pré desportivos e 10 para a modalidade de Futebol. A primeira aula escolhida a abordar foi o Atletismo em simultâneo com a aplicação dos testes fitnessgram, com o intuito de preparar os alunos para participar na atividade do corta-mato. Relativamente ao ensino da modalidade de Atletismo, este foi baseado no estilo de ensino de reprodução por comando, onde praticamente eu tomava todas as decisões, nomeadamente na determinação dos exercícios, bem como da sua intensidade

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e duração, e ainda organizava e controlava a atividade da turma. Optei por este estilo de ensino devido à minha falta de experiência e não queria que logo de inicio algo corresse “mal”, daí sentir a necessidade de ter o total controlo da aula e da turma. Posteriormente as restantes modalidades, Jogos pré desportivos, Futebol e Ginástica, foram lecionadas mais para o final do período, uma vez que são modalidades que se podem lecionar no pavilhão, e por isso não estava sujeita às condições meteorológicas habituais deste período, bem como por se pretender abordar sempre uma modalidade coletiva em cada período, e ainda para se iniciar a adaptação à implementação do MED nesta modalidade (Futebol). Nestas modalidades, a turma já estava organizada por equipas, no entanto utilizava um misto do MED com a ID, dada à pouca capacidade dos alunos de realizarem as atividades autonomamente. Ao longo do período não me deparei com imprevistos, nem impedimentos a nível de condições materiais e espaciais. É de realçar que os colegas do Grupo de EF da EC sempre foram muito acessíveis, dando-nos prioridade à escolha dos espaços.

Posteriormente no 2º Período, destinaram-se 11 aulas para a modalidade de Atletismo, abordando o Salto em Comprimento e Velocidade, e 19 aulas para o Andebol. Como já foi referido anteriormente, as aulas destinadas aos jogos pré-desportivos uniram-se às do Andebol, bem como foram distribuídas 3 aulas das “outras” modalidades para estas duas modalidades. O ensino do Andebol foi baseado no Modelo de Competência nos Jogos de Invasão (MCJI), uma vez que neste modelo o professor desempenha um papel fundamental de diagnóstico das dificuldades dos alunos, de focagem dos alunos nos objetivos de aprendizagem e de apoio ativo aos esforços de aprendizagem dos alunos (Graça & Mesquita, 2013). Estas alterações ocorreram devido à implementação do MED, de uma forma mais aprofundada do que no primeiro período e também para conseguir proceder à recolha de dados e intervenção para o meu estudo. O MED é apresentado como uma forma de educação lúdica, em alternativa ao currículo das multi-atividades, fontes de equívocos e mal- entendidos na relação da escola com o desporto e a competição (Graça & Mesquita, 2013). No que concerne a minha prática em concreto, é de realçar que, numa fase inicial existiram inúmeros entraves à implementação deste

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modelo. Por um lado, o próprio programa curricular estipulado para o 2º ciclo não era favorável. Foi necessária realizar uma certa “ginástica” curricular, uma vez que tive que coordenar com o grupo de EF e com o PC uma reformulação da distribuição das unidades de ensino por forma a serem abordadas um menor número de modalidades e, consequentemente aumentar o número de aulas alocadas para cada uma delas. Deste modo, no 2º Período consegui lecionar mais aulas, nomeadamente, de Atletismo e de Andebol, para que os alunos conseguissem aprender mais, uma vez que, ao longo do 1º Período em certos momentos quando os alunos estavam a chegar a um ponto ideal de autonomia havia um corte com a introdução de outras modalidades.

Um dos condicionalismos por mim experienciado durante as aulas de Atletismo neste período, nomeadamente, nas aulas 7 e 8, na lecionação do salto em comprimento, que me obrigou a uma readaptação do delineado, foram as condições climatéricas adversas à concretização das aulas no exterior. Tal como Bento (2003, p. 122) afirma “nenhuma disciplina é tão dependente do clima e do tempo como a EF”. Esta citação representa perfeitamente a influência que os fatores de ordem natural exercem sobre o processo de E/A na nossa disciplina.

No 3ºPeríodo, foram destinadas 8 aulas para a Ginástica Artística – mini trampolim, 6 aulas para a Dança e 12 aulas de Voleibol. É de realçar que a implementação do MED esteve novamente presente em todas as modalidades neste período, bem como o MAPJ, no caso do voleibol, uma vez que segundo Graça e Mesquita (2013), este constitui um jogo desportivo de difícil aprendizagem, devido fundamentalmente às exigências técnicas peculiares que o caracterizam. Deste modo, segundo os mesmos autores, o MAPJ completa como eixos estruturantes de toda a sua conceção e desenvolvimento, o desenvolvimento de competências na prática do jogo e o garantir a todos os praticantes, sem exceção, experienciar prazer e sucesso, não se circunscrevendo este último aos resultados competitivos. Este foi o mais curto e com menos aulas. A escolha da Dança a meio do 3º Período teve como propósito realizar coreografias para cada equipa, já definidas no MED, apresentar no sarau a realizar no final do ano.

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Como é referido por Bento (2003) este documento deve ser aberto e nunca fechado, pois é sempre suscetível a alterações. Posto isto, considero que o Plano Anual foi adaptado ao que se aspirava para este ano letivo e que o confronto com o contexto real de ensino da EF e com todos os imprevistos que lhe estão intrínsecos, permitiram-me, progressivamente, responder com maior conformidade e facilidade às circunstâncias e às dificuldades que foram surgindo no decorrer das aulas.

4.1.1.3 A unidade didática: a chave para o desenvolvimento da prática