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Parte I Enquadramento Teórico e Legislativo

2.4 As Universidades Séniores em Portugal – A Nível Micro

MICRO

No Distrito onde se localiza a US em estudo existe presentemente oito US: a US do nosso estudo empírico (que adaptou na sua sigla – USB); a Universidade Sénior de Alcobaça (cuja sigla é USALCÕA) e a Universidade Rainha D. Leonor de Caldas da Rainha (cuja sua sigla é URLCR), A Universidade Sénior da Nazaré (cuja sua sigla é USN), a Universidade Sénior de Peniche (cuja sua sigla é USP) e ainda a Universidade Sénior de Pombal (cuja sua sigla é USPo), a Universidade Sénior de Alvaiázere (cuja sua sigla é USA), a Universidade Sénior de Figueiró dos Vinhos (cuja sua sigla é USFDV). A primeira surgiu em 2005, a segunda em 2006, a terceira em 2007, a quarta, a quinta e a sexta em 2008, as restantes em 2010. Deste modo torna-se evidente o crescimento de US dado que, quando iniciámos o nosso estudo, existiam quatro duplicando em cinco anos.

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US Fundação Ano de Número de alunos Número de professors Entidade Alcobaça 2006 220 24 Ligada a IPSS Alvaiázere 2010 50 4 CM Benedita 2005 55 12 IPSS Caldas da Rainha 2007 240 20 CM Figueiró dos Vinhos 2010 80 16 CM Nazaré 2008 350 30 CM Peniche 2008 223 18 Associação Pombal 2008 60 5 Associação

QUADRO 3 - Universidades do distrito de Leiria: ano de fundação, número de alunos, de

professores e entidade a que pertencem.

Pretendem ser espaços integradores, onde muitos tentam ultrapassar desequilíbrios sociais através do convívio e da convergência de saberes. Têm como objectivo dignificar os séniores conferindo um novo sentido à sua vida. Dirigem-se ao público sénior porque com o aproximar da idade da reforma, depois de uma vida plena de trabalho, as pessoas sentem necessidade de ocupar o seu tempo de modo aprazível, activo e enriquecedor. Pretendem ajudar os séniores a fazer aquilo que realmente gostam, mantê-los actualizados, a reaprender o esquecido e alargar a sua compreensão da realidade, ajudá-los a descobrir o positivo, provocar a auto-estima, a auto-imagem, a realizar sonhos anteriormente vedados e a sentirem-se úteis à sociedade e à família. A primeira US desta região a ser implementada é a US em estudo. Esta encontra-se implementada numa freguesia-vila, rural e industrial, numa das dezassete freguesias do concelho. Define-se como Instituição de Solidariedade Social-IPSS com a designação de Instituição de Desenvolvimento Comunitário, uma instituição de carácter social,

educativo e cultural, proporcionando actualmente a aprendizagem de 18 disciplinas aos cerca de 40 alunos, maiores de 50 anos. É de realçar que duas alunas ainda não têm os 50 anos. Oficialmente constituída em Outubro de 2007, existe desde 2005 como resposta aos alunos, com dinamização da comissão instaladora e das suas fundadoras. Uma das fundadoras começou por frequentar um encontro de universidades em Monte Real e visitar com as restantes dinamizadoras do projecto a Universidade de Almeirim.

36 Seguiram-se encontros, reuniões, palestras, conferências e contactos com os séniores e foi, deste modo, que se despertou as necessidades dos séniores, que se sentiram apoiados e motivados com a dinâmica, a informação e o empenho da Comissão Instaladora.

“A solidariedade exige de quem se solidariza que assuma a situação de com quem se solidarizou; uma atitude radical” (Freire, 1967, p. 39). O conhecimento e o reconhecimento das necessidades poderão funcionar como determinantes, nas atitudes dos séniores, em projectos com os quais se sentem solidários.

Vivenciando as necessidades dos séniores, a comissão instaladora interessou-se pela problemática dos séniores e na procura de resposta aos séniores.

O ano de 2005 marca o início duma longa e persistente abordagem junto da comunidade: conferências, colóquios, seminários, informação interna e externa, reuniões, contactos com individualidades e divulgação, recolha de informação na US Almeirim, contactos com pessoas entendidas na matéria e ainda a vontade, a coragem e a determinação da fundadora em colaboração com quatro professores do 1º ciclo aposentados (três do sexo feminino), um do sexo masculino e ainda de dois jovens licenciados. Todos eles foram pilares que deram origem ao que é hoje a US. A abordagem junto da autarquia, de empresas e da população e outras instituições e a sensibilização dos séniores foram fundamentais para o emergir da USB

As necessidades aliadas à divulgação e à informação numa prática determinada em lutar por algo poderão ser a base de toda a acção fazendo emergir projectos e lutar por eles. Ultrapassando a resistência dos dirigentes autárquicos, conseguiu-se uma sala, num espaço privado cedido gratuitamente por um particular, aí funcionando no primeiro ano. Após demonstrar a sua importância para os séniores e para a comunidade surgiram outros espaços cedidos gratuitamente: uma sala no Espaço do Conhecimento, uma sala na Junta de Freguesia, uma Sala de Informática, uma sala na Policlínica (privado), uma piscina da comunidade.

As energias centraram-se, então, na criação dos estatutos e no equipamento e mobiliário da sala cedida pela Junta de Freguesia. Contactaram-se empresas e instituições que apoiaram com equipamento e mobiliário e a nível de material. A capacidade de organização aliada à participação na vida comunitária e às energias dos intervenientes fez emergir e descobrir os caminhos. Também, o cooperativismo, nos

37 seus princípios e na sua organização, foi um desafio permanente do colectivo e do individual, proporcionando o reconhecimento e a aceitação do outro enquanto parceiro de um destino conjunto dos problemas do grupo, tendo em vista o bem-comum (Couvaneiro, 2004).

Cinco anos, de 2005 a 2010, de grande dinamismo e dificuldades, ultrapassados pelo carácter de iniciativa e de força de vontade da comissão instaladora e apoio de particulares. É de referenciar o entusiasmo, a dedicação, a motivação, a determinação, os resultados dos séniores e o incentivo que era dado à comissão instaladora por parte dos séniores. Foram tempos difíceis, com muitas reuniões, debates, encontros, divulgação, num diálogo aberto e motivado por uma causa: dar resposta aos séniores, fazer ouvir a sua voz e proporcionar-lhes um envelhecimento activo.

O ano de 2007, nos dias 25 e 26 de Outubro, realizou-se em Portugal, mais propriamente em Fátima, o 1º Congresso Mundial de Envelhecimento Activo, onde os temas abordados estavam ligados à inclusão dos séniores. Entre os oradores destacou-se a presença de Stanley Miller, presidente da Associação Internacional das US, como divulgadora da importância das US junto dos séniores. Neste congresso esteve presente uma das fundadoras da USB. A participação e partilha de testemunhos reforçou a motivação e a força para dar continuidade ao projecto da USB. Novas energias ajudaram a prosseguir a caminhada e, em 2007, concretizou-se a assinatura dos estatutos (escritura pública), marcando o início duma fase de afirmação legislativa: é eleita oficialmente a Comissão Instaladora de entre a Assembleia Geral dos Sócios (alunos e professores-colaboradores voluntários). A Comissão Instaladora foi constituída pelos elementos fundadores, ou seja, pela Comissão Instaladora inicial e por alunos, o que é demonstrativo da envolvência e da participação de todos no projecto da USB.

Em 2008 é eleita a Direcção para o triénio e respectivos órgãos sociais. É de referenciar que professores e órgãos sociais são constituídos por voluntários. Toda a sua dinâmica, manutenção e preservação dos serviços subjacentes e as disciplinas leccionadas na US em estudo é totalmente assente na base do trabalho voluntário, dos professores-colaboradores, órgãos sociais e outros colaboradores.

O seu primeiro ano de funcionamento foi considerado o ano zero, ou seja, a adaptação, implementação, divulgação, e marcado pela procura dum modelo de US que respondesse às expectativas e que desse a conhecer à comunidade a US. Todo o trabalho

38 era novo e da vontade dos alunos emergiu assim o modelo inglês, informal, participativo e negociado.

Sempre na perspectiva do aperfeiçoamento em função das oportunidades a proporcionar aos alunos e das necessidades que estes manifestavam, todos se conheciam e as vontades e desejos eram partilhados; o trabalho em equipa emergia na realização do projecto em prol dos séniores.

2.5 MARCOS DO DESENVOLVIMENTO DE UNIVERSIDADES SÉNIORES