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Aspectos da Integração no Setor de Projetos de Forjados

CAPÍTULO 5 ESTUDO DE CASO: A ATIVIDADE DE PROJETO EM UMA

5.4 A Integração entre os Setores da Empresa

5.4.2 Aspectos da Integração no Setor de Projetos de Forjados

Nesta etapa que envolve o setor de projetos da ferramentaria/forjaria observa-se a existência de um certo nível de informatização, pois todos têm acesso aos recursos computacionais. Além disso, os indivíduos em alguns momentos interagem dentro do ambiente trocando informações e esclarecendo dúvidas que surgem durante o desenvolvimento do projeto do produto. A partir desta comunicação verbal os projetistas acabam por melhorar a interação em suas atividades seja pelo compartilhamento do conhecimento, dúvidas ou discussões, o que em tese contribui para o aumento da integração entre os mesmos. Quando se avalia a integração via sistemas informatizados, observa-se que a rede local (intranet) e os sistemas CAD compatíveis são capazes de estabelecer um certo nível de integração entre os

participantes desta central. Entretanto, esta atividade de compartilhamento não é praticada com a freqüência necessária que justifique os altos investimentos realizados, até o presente momento, na estrutura informática da empresa. Ao analisar o processo de comunicação estabelecido entre este setor e aqueles (setor de projetos da usinagem, ou chão de fábrica) onde existem estações gráficas para visualização das informações em desenho, nota-se que alguns computadores possuem versões de sistemas 2D e 3D (setor de ferramentaria, usinagem), os quais não são capazes de estabelecer entre si um fluxo multilateral, ou de “mão- dupla” de informações, o que, por vezes, na ausência (férias, doença e outros) de algum dos projetistas pode dificultar o compartilhamento do projeto tornando inviável sua continuidade.

Após a finalização do desenho na central de projetos, o mesmo é repassado à próxima etapa, a programação CNC e CAPP (Planejamento do Processo Auxiliado por Computador). Nesta etapa em específico, o programador recebe cerca de 60% dos desenhos elaborados pelo setor de projetos, paralelamente aos líderes de produção da ferramentaria. Isso gera, constantemente, conflitos entre os ferramenteiros e o Programador CNC, pois este não tem um espaço de tempo suficiente que permita desenvolver seu trabalho para então repassar ao setor de ferramentaria. Isto indica que os profissionais do setor de ferramentaria recebem o pacote de desenhos do projeto ao mesmo tempo em que o indivíduo da programação, mas como os ferramenteiros só podem iniciar os trabalhos após a definição do processo e programação das máquinas, os trabalhos ficam limitados à etapa de programação. Foi demonstrado que a ausência de uma política formal de integração que apóie as atividades entre a programação em CNC e projetos dificulta uma melhor performance do fluxo de informações que envolvem aqueles setores e as próximas etapas.

Durante o acompanhamento do desenvolvimento de um produto específico, pôde-se perceber que o profissional de programação não participa da análise dos desenhos repassados pelo cliente, como também não está autorizado a executar certas operações como forma de adiantar procedimentos como setup de máquinas ou solicitação de compra de ferramental, mesmo que os desenhos estejam em um nível avançado de desenvolvimento. Apenas com a finalização de todos os desenhos do projeto em análise é que o programador de linguagem CAM ou CNC estava autorizado a iniciar suas atividades. O acesso aos desenhos concluídos via sistemas informatizados, somente pode ser feito depois que o programador recebe uma cópia em papel de cada desenho, pois neste papel vem descrito o caminho de acesso à rede onde encontra-se o

A atividade deste profissional envolve uma série de procedimentos que, se não forem bem gerenciados, podem representar gargalos e interferir no processo de desenvolvimento gerando retrabalhos e custos. Dependendo do grau de complexidade da peça, este profissional definirá o tipo de processo a ser adotado. Quanto maior a complexidade da forma geométrica da peça maior a exigência pela utilização de máquinas CNC. Entretanto dependendo da precisão exigida para o corte da peça, torna-se necessária a utilização de outros processos como o de eletro-erosão.

Ainda durante o acompanhamento do produto mencionado acima, observou-se que, em virtude das horas limitadas envolvendo tempo de desenvolvimento e tempo de entrega, há uma enorme dificuldade por parte do profissional da programação CNC em realizar o levantamento e estudo de todos os processos necessários à elaboração de todos os projetos que servem para as atividades de produção do setor de forjaria. Para que haja uma otimização de todos os processos para cada projeto desenvolvido é conveniente que o programador participe dos estágios iniciais do desenvolvimento, aumentando sua interação com os projetistas.

Durante a pesquisa de campo, foi possível identificar e acompanhar projetos nos quais a ausência de uma participação mais ativa do programador CNC nas etapas iniciais ocasionou problemas de retrabalho e até mesmo refugo completo de ferramental. Não se pode dizer que a participação deste profissional no início de cada projeto implicará na redução total dos problemas de retrabalho e tempo de desenvolvimento, mas percebe-se que esta integração faz- se necessária para compartilhamento de conhecimentos e melhoria do processo de comunicação eliminando as barreiras inter-pessoais que interferem na melhoria do desempenho organizacional.

Diante dos aspectos evidenciados, torna-se relevante mencionar que em alguns projetos, onde o tempo foi o fator determinante para atender uma necessidade específica do cliente, a empresa utilizou uma estrutura de desenvolvimento envolvendo as atividades de programação nas etapas iniciais de projetos. Neste caso específico, percebeu-se que a interação antecipada do profissional responsável pela programação CNC às atividades dos projetistas, favoreceu a agilidade na captação de informações pertinentes ao seu trabalho, e conseqüentemente ao adiantamento dos mesmos. A integração entre esses trabalhadores (projetistas e programador)

se deu de uma forma mais ágil e coesa, principalmente porque os profissionais notaram que somente seria possível cumprir os objetivos previstos pela alta administração se conseguissem entender o momento certo em que deveriam realizar o compartilhamento das informações. Através deste caso, observou-se que algumas etapas de desenvolvimento dos projetos em desenho só foram possíveis mediante a intervenção do programador CNC e CAPP, por meio do qual puderam resolver problemas que eram novos para os profissionais da área de projetos. Isto demonstra que as diferentes competências não são excludentes, mas complementares ao processo de integração e melhoria da aprendizagem organizacional.

Torna-se cada vez mais plausível que um número maior de atividades sejam compartilhadas, principalmente se os indivíduos puderem perceber que as integrações entre suas atividades podem contribuir para a redução do tempo de fabricação, e até mesmo o adiantamento de setup de máquinas, separação de ferramental, preparação de plano de trabalho (direcionamento de trabalhos para determinado tipo de máquina o que facilita o processo), redução de pedidos de mudança de dimensões do projeto, e outros. A falta de formalização de procedimentos em cada etapa do desenvolvimento é um dos problemas que dificulta a aproximação dos diferentes setores e profissionais. O tratamento formal de certos procedimentos pode representar um caminho para acumulação e gestão de novos conhecimentos. Por este motivo torna-se importante a participação de cada um na etapa que precede a sua atividade, pois isto facilita a transmissão de informações e gestão do conhecimento ao longo do processo de desenvolvimento.

Após a finalização dos trabalhos de programação em CNC, o pacote de ferramentas desenvolvidas pela programação e ferramentaria são encaminhados à forjaria. Quando não é necessário o processo de forjamento, os projetos de usinagem são elaborados pelo próprio setor de usinagem.