• Nenhum resultado encontrado

Um Modelo Global para Gerenciamento de Projetos na Empresa

CAPÍTULO 6 DISCUSSÕES, COMENTÁRIOS E SUGESTÕES

6.5 O Comprometimento Organizacional

6.5.1 Um Modelo Global para Gerenciamento de Projetos na Empresa

A partir dos elementos levantados pela pesquisa, procurou-se identificar uma metodologia que ajudasse na formalização de certos procedimentos do sistema de desenvolvimento de projeto/ processos, e que tomasse por base o método de trabalho existente na Empresa, e através dele fosse realizado uma reestruturação do modelo existente, utilizando as melhores práticas já conhecidas na literatura, como os pontos críticos (gates), PMBOK® (PMI, 2000), Equipes Multifuncionais, Engenharia Simultânea. Durante a pesquisa a análise das atividades realizadas durante o processo de desenvolvimento permitiu o desenvolvimento de um software que tem como um dos objetivos auxiliar no processo de formalização e integração da atividade projetual. A utilização dos pontos de revisão contribui para dar clareza ao fluxo do processo, estimulando o trabalho em equipe e revisões técnicas das etapas executadas por critérios de “continua” ou “aborta”. Assim, para montagem de um modelo que auxiliasse a empresa pesquisada recorreu-se ao uso dos gates para manter discussões entre as várias equipes de projeto e incentivar a integração entre elas. A figura 14 apresenta a metodologia sugerida para a empresa apresentando três fases macro de desenvolvimento: Conceito & Validação, Execução e Fim do Ciclo de Projeto e os dois gates: Plano de Viabilidade e Validação & Fim do Ciclo. Permeando todas estas etapas, existe a etapa de formalização dos procedimentos técnicos e operacionais.

Conceito & Exploração Execução Fim do Ciclo de Projeto Plano de Viabilidade Validação & Fim do Ciclo

Formalização dos Procedimentos Gerenciais e Operacionais Conceito & Exploração Execução Fim do Ciclo de Projeto Plano de Viabilidade Validação & Fim do Ciclo

Formalização dos Procedimentos Gerenciais e Operacionais

desenvolvido pelo cliente, tendo a empresa apenas que estudar o conceito definido e avaliar sua viabilidade na fase de exploração.

Figura 14 - Modelo sugerido para gestão dos projetos na empresa analisada.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

A fase de conceito e exploração (figura 15) é composta por três subfases: FMEA do projeto e/ ou produto, desenho e especificação do cliente, matriz de responsabilidade e a fase de exploração, representada pela investigação preliminar e definição das características técnicas. Nesta fase, de posse das informações obtidas pelo cliente, todo o desenvolvimento do projeto do produto deverá ser planejado e estruturado. Nesta mesma fase são definidas as responsabilidades de cada setor e da respectiva equipe selecionada de acordo com o perfil desejável ao alinhamento do projeto. Esta atividade será estabelecida nesta etapa. Através da figura 16 é apresentada uma sugestão adaptada de Kusar (2004) para montagem de uma equipe permanente, que envolverá os gerentes funcionais da empresa e os colaboradores chaves de cada setor.

Figura 15 - Desdobramento da fase de Conceito & Exploração.

Figura 16 - Modelo de Matriz Tarefa x Responsabilidade.

Fonte: Adaptado de Kusar et al (2004) p. 9.

Após a finalização desta etapa o projeto deve passar por um ponto de decisão (Check-point), no qual serão avaliados e revisados alguns procedimentos desenvolvidos na primeira fase. Como critérios de saída deste gate sugere-se a avaliação dos seguintes: análise do conceito está coerente com as exigências do cliente? Os custos levantados correspondem às expectativas da empresa? O processo exige demanda por novas tecnológicas? As revisões

técnicas foram realizadas? Existe necessidade de definição das atividades interdependentes? O processo atende às exigências de qualidade? Há necessidade de atualização do plano de projeto? O projeto pode ser validado?

Na segunda fase (Figura 17) ocorre a Execução do projeto propriamente dito, com os seguintes quesitos: i) desenvolver o projeto; ii) testar; iii) fabricar as primeiras amostras; iv) validar o produto na arquitetura pretendida pelo cliente; v) avaliar a conformidade do produto com os registros e padrões; vi) testar o scale-up; vii) integrar a manufatura com a demanda incluída no plano do produto; viii) atualizar e validar o plano do produto; ix) implementar as mudanças no controle do plano de processo; x) atualizar o plano financeiro e xi) monitorar continuamente o mercado e as tendências tecnológicas incorporando as mudanças e requisitos para o plano original para melhor atendimento às necessidades do cliente.

Nesta fase estão presentes várias subfases como FMEA do processo, definição de processos

alternativos, desenvolvimento dos desenhos do produto forjado e ferramental em CAD, planejamento do processo e programação CAPP/ CAM, além da produção. Nestas 4 últimas

subfases, as informações geradas em cada uma deverá ser compartilhada num banco de dados central (software desenvolvido) a fim de explicitar parte do conhecimento gerado em cada etapa do processo de desenvolvimento do projeto. Para auxiliar este compartilhamento e captação parcial do conhecimento tácito, foi desenvolvido um software (criado a partir da avaliação do método de trabalho da empresa e princípios de Engenharia Simultânea), que possui vários procedimentos a serem preenchidos pelos responsáveis por cada atividade.

Este compartilhamento antecipado das informações, conforme citado, favorece um acúmulo de conhecimento, levando a um enriquecimento do trabalho e integração dos setores para a busca por melhorias e/ou soluções de problemas enfrentados durante o desenvolvimento. Este processo torna-se mais evidente nas fases de planejamento do processo e programação CAPP/ CAM, onde a arquitetura do software desenvolvido permite uma formalização e compartilhamento dos desenhos gráficos com o chão-de-fábrica, durante as fases de elaboração do projeto e desenvolvimento do processo. O trabalho do software é representado através do fluxo das setas da figura 17. Pela figura 18 é representada, de forma simplificada, a lógica de funcionamento do programa.

Figura 18 - Lógica de funcionamento simplificada do programa desenvolvido

Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Após a segunda fase tem-se outro ponto de decisão denominado Gate de Validação e Fim do

Ciclo. Este ponto de decisão tem a finalidade de verificar os padrões técnicos definidos pelo

cliente e se existe compatibilidade entre os mesmos e o produto produzido. Depois de aprovado, todo o planejamento é documentado no final e encaminhado ao departamento de qualidade.

A terceira etapa (figura 19) caracteriza o fim do ciclo de projeto, que culmina com a finalização da atividade projetual e início dos trabalhos de manufatura, com a execução das atividades de acordo com o que foi firmado em contrato. Esta etapa tem como objetivo realizar o levantamento das configurações do projeto que precisará de atualizações, através dos relatórios obtidos do compartilhamento e captação de informações tácitas armazenada no

banco de dados central do software desenvolvido.

Figura 19 - Etapa final do modelo sugerido com apresentação do fim do ciclo de projeto na empresa.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

A estrutura proposta na figura 14 contempla aspectos envolvendo o sistema de stage gate ou

gate review (CLARK & WHEELWRIGHT, 1993), além de pontos macro que serão

posteriormente detalhados envolvendo cada fase do ciclo de desenvolvimento de projetos na empresa analisada. O esquema poderá contar, ainda, com alguns conceitos de engenharia simultânea presentes no software desenvolvido pelo profissional contratado pela empresa para cumprir os requisitos metodológicos delineados durante a pesquisa, convertendo-os para uma linguagem de programação que culminou no software S. M. Link. Algumas funcionalidades do programa permitem a formalização de dados de projetos nas fases de desenvolvimento, além da execução paralela e integrada das atividades que envolvem informações técnicas e formais inicialmente estabelecidos no programa.