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Justificativa e Relevância do Método Estudo de Caso

CAPÍTULO 4 METODOLOGIA DE PESQUISA

4.3 Justificativa e Relevância do Método Estudo de Caso

“O método estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidências são utilizadas” (YIN, 1989, p. 23).

Com base nesta orientação, este trabalho foi desenvolvido pela utilização de um estudo de caso em um primeiro momento exploratório que consistiu na contextualização do problema, identificação dos envolvidos com o fenômeno, identificação dos pontos que dificultam o processo de integração. A partir daí o estudo de caso assume uma característica explanatória, numa tentativa de estabelecer uma relação de causa e efeito entre o problema evidenciado e a hipótese apresentada. Através desta metodologia de pesquisa pretende-se construir uma base de dados que permita um aprofundamento sobre determinado fenômeno dentro do contexto organizacional. Observa-se que este método retrata de forma conveniente os interesses da pesquisa, principalmente por adotar questões de cunho explanatório do tipo “como”, “o que” e

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LIMA (2003) - Notas de aula da Disciplina Metodologia de Pesquisa – propõe que a Engenharia de Produção não pode se definir como multidisciplinar, pois isto implicaria dizer que “ela não sabe o que é”.

“por quê” (é interessante ressaltar que estas questões possuem “substância e forma4”, o que

contribuiu para a identificação da estratégia de pesquisa deste estudo); não exige que o estudioso tenha controle sobre eventos comportamentais e apresenta um foco estratégico sobre os acontecimentos contemporâneos.

O Método de Estudo de Caso possui uma abordagem qualitativa e apresenta um enfoque para o tratamento de problemas sociais, além de possuir uma série de fontes de evidências como: entrevistas, observação direta, observação participante, documentação, registros em arquivos e artefatos físicos. É conveniente salientar que entre tais fontes de evidências não existe uma que seja melhor que a outra, mas sim uma complementaridade. Diante disto, torna-se relevante mencionar que este estudo tomará como suporte à pesquisa quantas fontes forem necessárias para uma melhor compreensão dos aspectos relacionados ao objeto deste estudo.

A metodologia de Estudo de Caso, adotada neste trabalho, embora sirva para gerar dados qualitativos não deve ser confundida com a estratégia de “pesquisa qualitativa5”,

principalmente porque algumas pesquisas qualitativas seguem métodos etnográficos e estas por sua vez nem sempre produzem estudos de caso (JACOBS, 1970).

Ainda sobre os dados qualitativos, pode-se afirmar que “são atrativos por várias razões: são plenos, terráqueos, holísticos, ‘reais’, (...), mas têm sérias deficiências e problemas também. Coletar e analisar os dados é um trabalho árduo e intensivo, no entanto, utilizar dados qualitativos para acessar ambientes organizacionais tem se tornado recentemente importante para a pesquisa organizacional” (MILES, 1983). Ao mesmo tempo em que representam uma forma de enriquecimento dos estudos, podem em contrapartida, “desorientar” o observador dada a enorme quantidade de informações geradas. Assim, torna-se indiscutível a necessidade de avaliação daquelas informações inerentes ao objeto de análise.

A decisão pelo método de pesquisa apropriado tem um papel importante, na medida em que procura estabelecer um elo entre pesquisador e realidade, para que o primeiro possa se basear na teoria e a partir dela observar ou aplicar o conhecimento obtido para fundamentar os fenômenos práticos, pois a prática é o caminho para mediação e diálogo entre as idiossincrasias. Com isto, o método contribui para o aperfeiçoamento do conhecimento.

A escolha da estratégia de estudo não se baseou única e exclusivamente na abordagem conceitual apresentada pela teoria, mas também foram levados em consideração a habilidade, a preparação do pesquisador para atuar com esta metodologia e o protocolo de estudo, sendo este requisito essencial para ajudar na preparação e validação dos dados coletados durante a atividade de campo. As habilidades do pesquisador segundo Yin (2001, p. 81), são as seguintes:

¾ “Ser capaz de realizar boas perguntas e interpretar as respostas”;

¾ “Adaptável e flexível, de forma que as situações recentemente encontradas possam ser vistas como oportunidades e não ameaças”;

¾ “Ter uma noção clara das questões que estão sendo estudadas, mesmo que seja de um modo exploratório”;

¾ “Imparcialidade em relação a noções preconcebidas, incluindo aquelas que se originam de uma teoria. Assim, uma pessoa deve ser acessível e estar atenta a provas contraditórias”.

Diante de tais habilidades não seria exagero dizer que a qualidade dos dados que constituirão o estudo de caso dependerá da forma criteriosa com que será realizada a coleta de informações, e por isso o pesquisador deve estabelecer uma disciplina na forma de pensar e agir diante daqueles que participam direta ou indiretamente do estudo. É importante, ao mesmo tempo em que mantém um relacionamento cordial, tentar ao máximo estabelecer um limite de envolvimento com os participantes, para que os aspectos emocionais dos atores não conduzam o pesquisador/ observador na defesa de causas particulares. Isto implicaria, claramente, em riscos para o andamento e evolução da pesquisa ou até mesmo a inviabilização total do estudo, pois a alta administração da empresa pode interpretar que a estrutura de relacionamento da organização está sendo comprometida pela interferência do “agente” de pesquisa.

Há uma tendência natural dos funcionários de uma organização em mudar suas atitudes diante da simples presença do observador. Depois de uma apresentação formal da chefia o pesquisador é sensível o suficiente para perceber que, ao menos em um primeiro momento, suas ações podem ser interpretadas como de fiscalização e monitoramento. Mais uma vez, a capacidade e habilidades do “agente” de pesquisa serão imprescindíveis para a conquista da confiança dos envolvidos no estudo. Até que estejam estabelecidos e definidos, explícita e

implicitamente, os objetivos e a finalidade do trabalho para estes membros, o profissional observador deverá saber interpretar todos as informações, gestos, aspectos culturais ao seu redor para que as suas interpretações tenham uma aproximação estreita do contexto real.

Diante desses pontos e da complexa estrutura que envolve a coleta de dados qualitativos, observa-se que a escolha do método de Estudo de Caso não é irrelevante, pelo contrário a justificativa para sua utilização demonstra claramente que existe um alinhamento adequado do objeto de estudo com os interesses desta pesquisa.

4.4 Forma de Condução do Estudo Empírico e Aplicação da Metodologia Estudo de