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Aspectos socioeconômicos, sustentabilidade e estratégias de implantação

ECOAGRICULTURAS E SISTEMAS AGROFLORESTAIS ECOEFICIENTES:

Passo 7. Aspectos socioeconômicos, sustentabilidade e estratégias de implantação

No Brasil, a utilização de cultivos biodiversificados e com vários extratos em quintais agroflorestais é um legado das comunidades tradicionais que contêm significativos saberes. Em muitos casos, o elevado nível de diversificação é voltado para o atendimento das demandas do consumo familiar. No caso de SAFs em cultivos comerciais destacam- se aqueles apoiados no cultivo de “espécies-âncora”, como o cacau, a seringueira e o café (SILVA, 2013). A perspectiva econômica de SAFs ecoeficientes deve ser baseada na produção diversificada, na produção escalonada no tempo e na capacidade de melhorar o aproveitamento dos recursos disponíveis, internos ou externos à unidade produtiva, alcançando objetivos econômicos com o mínimo de despesas.

É preciso levar em consideração a condição socioeconômica do produtor, sua percepção dos ambientes disponíveis para produção e comercialização, além de aspectos míticos e/ou históricos. É importante

considerar o grau de satisfação do produtor com relação à mão de obra, à dependência de insumos externos, à produtividade e rentabilidade, além do grau de importância dado para a segurança alimentar.

Como indicadores econômicos utilizados na análise financeira de projetos podemos destacar a relação benefício/custo - RBC, o valor presente líquido – VPL, e a taxa interna de retorno - TIR. Para ser viável, um projeto deve ter uma RBC maior do que a unidade. O VPL atualiza todos os fluxos de caixa líquidos futuros para o presente. Este indicador inclui a taxa de juros de mercado, para refletir o custo de oportunidade do capital. O VPL representa o valor atual dos benefícios gerados por um investimento. Quando o VPL é maior que zero o projeto tem viabilidade econômica. A TIR é calculada quando igualamos o VPL a zero. Para que o projeto seja viável a TIR deve ser maior que a taxa de desconto exigida pelo investimento. Como indicadores complementares temos: remuneração da mão de obra (para VPL igual a zero); custos de comercialização; efeitos de escala na comercialização; variação de preços em mercados locais e custos de oportunidade, por exemplo, o custo da mão de obra (BÖRNER, 2009).

Na utilização de indicadores de sustentabilidade, além da avaliação das aptidões em função da disponibilidade dos recursos naturais, é fundamental uma análise cuidadosa dos custos de produção previstos e das perspectivas de mercado, o que poderá prevenir decisões afoitas. Parâmetros sociais como acesso à educação e saúde devem ser incluídos.

Para evolução dos Sistemas Agroflorestais, entre as principais dificuldades temos a falta de um marco legal e de uma política pública eficiente para o tema, refletindo em escassez de conhecimentos gerais e específicos, além de dificuldades de acessar o mercado e de obter crédito para investimentos. Como estratégias para o futuro da atividade agroflorestal no Brasil cabe destacar a seleção de espécies de importância socioeconômica e ambiental e o intercâmbio de informações entre pesquisadores, extensionistas e agricultores. De forma combinada com essas ações é importante identificar as tendências de mercado, especialmente para o consumo de produtos agroecológicos e os desafios

Sistemas Agroflorestais: experiências e reflexões

para melhorar a conservação dos recursos naturais, como a restauração da biodiversidade de áreas destinadas à reserva legal, a proteção dos recursos hídricos e a mitigação das mudanças climáticas (SILVA, 2013).

A necessidade de adequação ambiental das unidades produtivas aumenta a demanda pela implantação de Sistemas Agroflorestais ecoeficientes. Para isso é importante valorizar as experiências locais e levar em consideração de forma integrada aspectos relacionados à produção e ao consumo.

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AGROFLORESTAS EM MÉDIA ESCALA