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1.1 EDUCAÇÃO E ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

1.1.4 Atendimento Educacional Especializado ao Estudante com Altas

Federal

O Atendimento Educacional Especializado ao Estudante com Altas Habilidades/Superdotação (AEE-AH/SD) realizado pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal é de natureza pedagógica e objetiva identificar, elaborar e organizar recursos, a fim de suplementar o currículo desenvolvido em classe comum, em todas as etapas e modalidades da Educação Básica (DISTRITO FEDERAL, 2010). O atendimento ao estudante superdotado foi implantado na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, em 1976, a partir da criação do Núcleo de Apoio à Aprendizagem do Superdotado (ALENCAR, 1986). As atividades desenvolvidas por esse núcleo deram início ao embrião do serviço voltado ao estudante superdotado na Rede Pública de Ensino. A equipe era composta por pedagogos, psicólogos e orientadores educacionais. O primeiro trabalho de identificação de superdotados foi realizado nas escolas tributárias das Escolas Parques. Os pesquisadores elaboraram instrumentos de identificação dos estudantes com alto potencial, realizando a aplicação nas Escolas Parques 303/304

Norte e 313/314 Sul em três mil estudantes da 1ª à 6ª série (DISTRITO FEDERAL, 1985a, 1985b, 1985c apud PEREIRA, 2008).

No ano seguinte, 1977, o Núcleo de Apoio à Aprendizagem do Superdotado recebeu o nome de Projeto de Atendimento Específico aos Estudantes Superdotados e Talentosos do Distrito Federal e ofertou atendimento especializado aos alunos identificados pelo projeto inicial. O atendimento foi ampliado em 1978, aos alunos de 7ª e 8ª série e aos alunos da Escola Parque da 210/211 Norte e respectivas escolas classes tributárias. Também nesse mesmo ano foi realizado treinamento específico aos professores dessas unidades. Na década de 1980, os alunos do Ensino Médio passaram a ser assistidos e foi ampliado o atendimento nas escolas classes do Plano Piloto, cuja ênfase era o atendimento na área acadêmica (PEREIRA, 2008).

A Lei Orgânica do Distrito Federal (DISTRITO FEDERAL, 1993) garantiu atendimento especializado a todos os alunos da rede pública de ensino; e ações como, por exemplo, a implantação dos serviços especializados de itinerância em 1995 e a experiência piloto de “observação dos Sinais de Precocidade” em 1997, contribuíram para disseminação do atendimento ao superdotado e a implantação de salas para atendimento nas demais regiões administrativas.

Com a criação do NAAH/S, Núcleo de Atendimento ao Aluno com Altas Habilidades/Superdotação, no Distrito Federal, no ano de 2006, o atendimento na SEEDF passou por nova reestruturação, a fim de adequar-se à proposta do MEC, integrando um dos vinte e sete núcleos implementados nas capitais dos estados brasileiros. Em 2008, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, entre outras ações, propõe o atendimento educacional especializado suplementar aos estudantes com Altas Habilidades/Superdotação matriculados no Ensino Regular. Na sequência, o Decreto nº 6.571/2008 instituiu o duplo cômputo do FUNDEB das matrículas dos estudantes público da Educação Especial, uma em Classe Especial e outra no AEE. Essa organização de atendimento e funcionamento proposto pelo MEC levou a SEEDF a usar a terminologia AEE-AH/SD para todo o atendimento ao superdotado no DF.

No ano de 2009, o NAAH/S foi incorporado a uma Gerência de Ensino e sua estrutura novamente sofreu modificações em sua composição, no que tange a estrutura administrativa do atendimento. No período de 2009 a 2011, as unidades de atendimento previstas no NAAH/S foram extintas, mas o serviço foi mantido nas

salas de recursos caracterizadas como salas específicas de AEE-AH/SD. No ano de 2011, a estrutura organizacional e administrativa da SEEDF instituiu um Núcleo com competência para orientar, acompanhar e desenvolver políticas públicas para o atendimento ao superdotado no âmbito da administração central.

Esse Núcleo para Altas Habilidades e Superdotação está subordinado à Coordenação de Educação Especial, que por sua vez é subordinada a Subsecretaria de Educação Básica. Com isso, permanece o atendimento em sala de recursos denominado de Atendimento Educacional Especializado ao Estudante com Altas Habilidades/Superdotação (AEE-AH/SD) e se mantém com essa denominação até os dias atuais (DISTRITO FEDERAL, 2014). Com relação ao NAAHS-DF, segundo expediente da Subsecretaria de Educação Básica, encaminhado a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, SECADI/MEC, pelo Ofício Circular nº 151/2014, o núcleo está ativo e em funcionamento na Coordenação Regional de Ensino de Taguatinga, na Sala de Recursos do Centro de Ensino Fundamental 18.

O Atendimento Educacional Especializado ao Estudante com Altas Habilidades/Superdotação é desenvolvido semanalmente, por um período de quatro horas, em horário contrário ao curso regular de ensino, efetivado em Sala de Recursos de caráter específico. Os alunos são acompanhados por uma equipe especializada, formada por professores, psicólogos e professor Itinerante. Atualmente fazem parte da equipe especializada 23 professores, 07 psicólogos e 15 professores Itinerantes. As Salas de Recursos estão distribuídas em 10 Coordenações Regionais de Ensino (CRE) em um número de 19 salas nas cidades de Taguatinga, Planaltina, São Sebastião, Ceilândia, Plano Piloto/Cruzeiro, Guará, Samambaia, Gama, Brazlândia, Núcleo Bandeirante e Sobradinho (COESP, 2014). Essa equipe especializada trabalha na promoção de práticas de avaliação pedagógica e psicológica dos potenciais dos alunos indicados ao atendimento, bem como desenvolve atividades de enriquecimento curricular aos alunos efetivos, com ações pedagógicas norteadas pelo Modelo de Enriquecimento Escolar (DISTRITO FEDERAL, 2010).

Atualmente, cerca de 1.300 estudantes superdotados participam do AEE- AH/SD, em Sala de Recursos, com caráter de mediação entre os conhecimentos adquiridos no ensino regular e o desenvolvimento do potencial nas áreas de interesse do estudante. Nesse atendimento, o professor passa a atuar como

mediador, dinamizando e articulando com outros espaços de enriquecimento, a fim de colaborar com o projeto de interesse de cada estudante.

As atividades de enriquecimento ofertadas no AEE-AH/SD têm características de atividades de suplementação curricular. São fundamentadas no Modelo Enriquecimento Escolar, proposto por Joseph Renzulli e os estudantes passam por duas fases durante o atendimento. A primeira fase é chamada de fase de observação, em que o estudante é avaliado por um período de quatro meses em relação à sua capacidade intelectual, criatividade, motivação e talento artístico. As avaliações ocorrem por meio da aplicação de inventário de interesses e de estilos de aprendizagem; observações das múltiplas características pessoais, afetivas e motivacionais; análise da produção criativa e das habilidades cognitivas. Confirmado o comportamento de superdotação, passa-se para a segunda fase, na qual o estudante é orientado a desenvolver, sob orientação de um professor/tutor, um projeto de pesquisa na área de seu interesse (TENTES, 2011). Concluído o projeto, esse estudante poderá continuar no atendimento se permanecer demonstrando alto nível de envolvimento e criatividade para prosseguir no desenvolvimento de pesquisas mais avançadas (VIRGOLIM, 2007).

A Sala de Recursos conta com auxílio de um professor Itinerante, responsável pela articulação e pelo suporte administrativo e pedagógico da sala. Este profissional atua também orientando e sensibilizando a comunidade escolar quanto ao atendimento ao estudante superdotado. Também faz parte da equipe um psicólogo, que avalia os estudantes e presta suporte às famílias no sentido de oferecer informações sobre as características dos estudantes atendidos, bem como orientar os pais, buscando diminuir a carga de ansiedade e aumentar a participação dos mesmos na educação de seus filhos (DISTRITO FEDERAL, 2010).

Os professores que atuam nas Salas de Recursos são especializados para atender estudantes com características de superdotação e recebem orientações da SEEDF para realizarem o atendimento, de modo a valorizar e respeitar, tanto as necessidades educacionais diferenciadas do estudante, quanto seus talentos, aptidões e interesses, por meio de uma prática pedagógica que favoreça a estimulação do potencial dos estudantes, possibilitar-lhes o alcance, em ritmo próprio, de um nível de excelência e adequação dos projetos idealizados às situações reais. Esses profissionais também visam oferecer alternativas de atendimento que alcancem as reais necessidades e expectativas do estudante em

consonância com o referencial teórico adotado pela SEEDF (DISTRITO FEDERAL, 2010).

São atribuições do professor da Sala de Recursos: a) suprir as necessidades dos estudantes, possibilitando seu amplo desenvolvimento pessoal e criando oportunidades para que os mesmos encontrem desafios compatíveis com as habilidades superiores que demonstram possuir; b) romper com a rotina convencional do ensino regular para não gerar desperdício de talento, de potencial ou desmotivação do estudante por não estar devidamente assistido; c) orientar o estudante, oferecendo-lhe condições de, a partir de uma situação-problema, elaborar seu projeto de pesquisa e concluir todas as etapas, desde a idealização à execução; d) motivar e orientar a realização de novas propostas de trabalho; e) direcionar a organização de sua prática pedagógica cotidiana ao desenvolvimento das áreas de interesse dos estudantes, atuando como professor-tutor; f) intermediar/articular, sempre que possível, a inserção do estudante atendido em espaço adequado ao seu potencial ao concluir os anos escolares da Educação Básica (DISTRITO FEDERAL, 2010).

As Salas de Recursos para estudantes com Altas Habilidades/ Superdotação do DF disponibilizam docentes das áreas acadêmicas com formação diversificada em códigos e linguagens, ciências exatas e humanas e na área de talento artístico. O professor especialista graduado em arte que atua nas Salas de Recursos de talento artístico está disponível para atender estudantes com características de superdotação em qualquer das linguagens artísticas: plástica, cênica, musical e dança (DISTRITO FEDERAL, 2010).

A área do talento artístico, conforme constatado nas informações prestadas pelo Núcleo para Altas Habilidades/Superdotação da Coordenação de Educação Especial, da Secretaria de Educação do Distrito Federal (COESP, 2014), abarca um percentual significativo dos estudantes encaminhados ao atendimento nas Salas de Recursos e estão distribuídos nas Coordenações Regionais de Ensino do Distrito Federal da seguinte forma: em Brazlândia, 38 estudantes atendidos, sendo que 24 estudantes especificamente em Arte. Em Ceilândia, são atendidos 184 estudantes, sendo da área de Arte 94 estudantes. No Gama, constam 86 estudantes, destes 31 são da Arte. No Guará, 94 estudantes são atendidos, sendo que em Arte são 35 estudantes. No Plano Piloto, 354 estudantes, e em Arte são 89 estudantes. Em Samambaia, são 114 estudantes, e em Arte são 74 estudantes. Em São Sebastião,

62 atendimentos, sendo que em Arte são 32 estudantes. Em Taguatinga, 102 estudantes, sendo que 45 são em Arte.

Esses dados possibilitam compreender que ainda persiste o mito de que a área artística é uma área favorável à expressão da criatividade e do talento conforme afirmam Alencar e Galvão, (2007). Essa representação fantasiosa ainda insiste em se manter presente, por que a opinião dominante, por muito tempo, considerou a expressão criativa sinônimo de expressão artística.

Assim, pela considerável ocorrência da expressão artística na esfera das Altas Habilidades/ Superdotação é fundamental compreender o universo da Arte e de seu ensino, especialmente no tocante às contribuições dos professores para o desenvolvimento do talento artístico dos estudantes com características de superdotação, bem como compreender a acomodação da concepção de criatividade e talento artístico no universo da superdotação.