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4.5 QUESTÕES DE PESQUISA – RESULTADOS A PARTIR DA

4.5.1 Quais as percepções dos professores que atuam em Sala de

sobre o Atendimento oferecido aos Estudantes com Altas

Habilidades/Superdotação na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal?

Os resultados do presente estudo indicaram que os participantes entrevistados, professores atuantes nas Salas de Recursos do AEE-AH/SD, consideraram que a estrutura física dos ambientes das salas de atendimento ao superdotado necessita de adequações, a fim de oferecer um ambiente propício ao desenvolvimento do estudante. Os participantes apontaram que a estrutura física das Salas de Recursos oferecem recursos mínimos para um atendimento de qualidade, como o professor atualizado e capacitado e espaço físico adequado. Os docentes (52,7%) apontaram que não possuem material básico para o desenvolvimento das atividades do AEE, tais como papel, tinta, lápis, etc., o que prejudica a execução das atividades de enriquecimento. Desse grupo analisado 30,55% dos participantes afirmaram não ter apoio financeiro do Estado como órgão mantenedor do atendimento e também disseram (16,6%) que os cursos de capacitação são insuficientes para qualificar o professor para o AEE-AH/SD.

Durante a entrevista, os professores relataram ter realizado, eles mesmos, algumas reformas nos espaços das Salas de Recursos, sem contar com a ajuda financeira ou de ordem material da SEEDF. Também afirmaram que os recursos tecnológicos que estavam à disposição dos estudantes haviam sido ofertados pelos professores e não pela escola. Alguns professores informaram também, que a

maioria dos aportes de sustentação material do atendimento adivinha de recursos dos professores ou de campanhas realizadas por eles junto à comunidade e às famílias. Esse aspecto foi salientado pelos professores em alguns momentos observados pela pesquisadora, nos quais a falta de material adequado ou o uso restrito impediam a realização de projetos na área de Talento.

De modo geral, os participantes apontaram a necessidade das Salas de Recursos estarem equipadas para o desenvolvimento das ações pedagógicas e que para tanto, seria necessário investimentos na aquisição de materiais pedagógicos e na reforma física estrutural, objetivando a criação de laboratórios e ampliação do espaço físico das salas, além de maiores investimentos na formação dos professores que atuam nas Salas de Recursos.

Observa-se pelas respostas tanto das entrevistas, quanto dos questionários, uma percepção muito negativa focada principalmente nos elementos de estrutura física, material e de formação. Por outro lado, foi observado grande ânimo dos professores com o trabalho, com a defesa do atendimento e disposição para superar a falta de recursos materiais.

Quanto às percepções demonstradas em relação às características dos professores do AEE-AH/SD, os resultados indicaram que os participantes consideram que a atuação do professor no atendimento deve estar apoiada em um conjunto de características pessoais como: capacidade para exercer a escuta sensível e o olhar diferenciados voltados para o estudante com características de superdotação, bem como apresentar paixão pela educação, disponibilidade, pró-atividade e humildade frente ao trabalho de tutoria, desenvolvido no atendimento. De acordo com os entrevistados os professores devem ser capazes de orientar os estudantes do atendimento por meio de projetos e estar sempre em formação continuada.

Também foi relevante o destaque dado à formação inicial do professor do AEE- AH/SD. Os participantes demonstraram efetivamente, que para se orientar um aluno com características de Altas Habilidades/Superdotação, o professor necessita conhecer a área de interesse desse aluno, fundamentado em uma formação acadêmica superior de qualidade, bem como estar sempre empenhado na busca pela formação continuada, tanto em sua área de formação inicial, quanto na área de superdotação.

Os participantes consideram que fatores externos ao AEE-AH/SD são capazes de influenciar positiva ou negativamente o desenvolvimento das habilidades dos

superdotados. Os fatores mais citados foram: a família do estudante e o órgão mantenedor do atendimento, nos quesitos de valorização, de apoio ao professor por meio de orientações de práticas pedagógicas e na disponibilidade de divulgar o atendimento a todos os setores educacionais dos quais é gestor.

Também ficou evidenciado, na percepção dos professores, que o atendimento realizado nas Salas de Recursos é pouco conhecido pelos professores e pelos estudantes do ensino regular. Durante o período de observação foi possível constatar o distanciamento entre o AEE-AH/SD e o ensino regular, bem como o espaço de interação e culminância de trabalhos, na maioria dos casos restritos à comunidade escolar e família.

As percepções dos professores sobre o AEE-AH/SD são, de certo modo, homogêneas, com relação à estrutura física e material. Esses aspectos estiveram presentes em todas as estratégias de geração de dados, o que demonstra ser essa a percepção mais proeminente entre os professores sobre o atendimento.

A percepção da falta é mais evidente que a percepção sobre os aspectos do desenvolvimento do estudante. A percepção quanto à falta de recursos e de formação sobressaem à percepção dos potenciais existentes dos alunos e dos próprios professores.

4.5.2 Quais as percepções dos professores que atuam em Sala de Recursos sobre o Modelo de Enriquecimento Escolar adotado como referencial teórico e metodológico de suporte no AEE-AH/SD?

Quanto às percepções de professores da Sala de Recursos sobre o Modelo de Enriquecimento Escolar adotado como referencial teórico e metodológico de suporte ao atendimento oferecido aos estudantes com Altas Habilidades/Superdotação na Rede Pública de Ensino do Distrito Federal, os resultados obtidos por meio das respostas dos professores apontam que 100% conhecem o SEM. Um grupo de professores (33,3%) entrevistados afirmou que não estudou o Modelo. Por outro lado, 100% dos participantes que responderam ao questionário afirmaram que realizaram estudos sobre o SEM. No grupo de respondentes ao questionário, 44,8% dos entrevistados, declararam não saber defini-lo. Entre os respondentes que se declararam capazes de conceituar o SEM, o fizeram com referências à fragmentos da

Teoria dos Três Anéis (37,9%) ou se reportando às atividades de Enriquecimento Tipo I, II e III (17,2%), do Modelo Triádico de Enriquecimento.

É preciso salientar que as respostas dos participantes ao questionário diferiram das afirmativas apresentadas pelos participantes que foram entrevistados. Em 100% das respostas ao questionário os resultados apontaram para a capacidade dos participantes em conceituar o SEM, enquanto as respostas das entrevistas indicaram que apenas 53,1% se declararam capazes de conceituar o Modelo adotado pela SEEDF como referencial teórico e metodológico para o AEE-AH/SD.

Se por um lado os resultados apresentados pelos participantes respondentes ao questionário divergem dos coletados nas entrevistas, por outro lado convergem.

Quando perguntados sobre a importância atribuída ao Modelo no desenvolvimento de atividades para potencializar as habilidades dos estudantes superdotados, as percepções foram similares. Para os respondentes ao questionário, 41,6%, não reconhecem a importância do SEM. Esse dado foi confirmado pelos dados da entrevista que mostram que 33,3% dos entrevistados consideram que essas atividades propostas pelo Modelo não são importantes para o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes.

De todo modo, há uma percepção positiva quanto às atividades do SEM para o desenvolvimento dos estudantes na percepção dos professores. Os respondentes ao questionário (58,3%) concordaram com a importância, corroboradas por 66,6% dos entrevistados.

Houve também muitas demonstrações e solicitações para uma formação continuada dos professores do AEE-AH/SD, em que os participantes da entrevista (100%) fizeram referência a esta pesquisa como meio para a notoriedade dessa carência.

Segue a Tabela 8, na qual são apresentadas a interação dos aspectos comuns nas percepções dos profissionais que participaram do estudo respondendo os questionários e participantes das entrevistas, bem como a frequência em que apareceram as respostas e verbalizações, com o propósito de dar maior visibilidade à interpretação realizada no conjunto de ambos os resultados.

Vale ressaltar que, embora a geração de dados tenha sido diferenciada, com respostas diretas ao questionário e por meio de frequência das verbalizações nas entrevistas e reconhecendo que os quantitativos são diferentes, os aspectos comuns ilustram as percepções de professores.

Tabela 8- Interação dos dados obtidos no questionário e na entrevista (N=30).

Aspectos comuns das Percepções dos

Profissionais Questionário (N=24) Entrevista (N=06)

Conhecem o SEM 100% 100%

Estudaram o SEM 100% 70,5% São capazes de descrever as etapas das atividades de

enriquecimento

87,5% 34,3% Têm condições de desenvolver o SEM em sua prática

docente 87,5% 16,6%

Aplicam elementos do SEM em sua prática docente 95,8% 66,6% Consideram importantes as atividades de

enriquecimento para o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes superdotados

58,3% 66,6%

Utilizam em seu Plano de Ensino o objetivo: Desenvolver as potencialidades dos estudantes superdotados

100% 100%

Consideram que o Modelo de Enriquecimento Escolar cumpre bem o objetivo de desenvolver as potencialidades dos estudantes superdotados

58,3% 66,6%

São capazes de descrever a Teoria dos Três Anéis 62,5% 0% Participaram de cursos de qualificação sobre o SEM 83,3% 83,3% Consideram os cursos da EAPE insuficientes para a

qualificação sobre o SEM

91,6% 100%

4.5.3 Quais as semelhanças e diferenças entre as percepções de professores