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ATIVAÇÃO DOS LINFOCITOS B – IMUNIDADE HUMORAL

No documento Hematologia e Imunologia Básica (páginas 137-148)

TÓPICO 3 – PROPRIEDADES GERAIS DA IMUNIDADE ADAPTATIVA

2.2 ATIVAÇÃO DOS LINFOCITOS B – IMUNIDADE HUMORAL

A imunidade humoral é mediada por anticorpos, produzidos por células B, abordaremos agora os eventos celulares e moleculares da resposta imune humoral, particularmente os estímulos que induzem a proliferação e a diferenciação de células B; e como esses estímulos influenciam o tipo de anticorpo produzido.

Segundo ABBAS (2015), a ativação de células B resulta em sua proliferação, o que leva à expansão clonal dessas células, seguida por sua diferenciação e culminando na geração de plasmócitos secretores de anticorpos e em células B de memória. O tipo e a quantidade de anticorpos produzidos pelos plasmócitos após a ativação dos linfócitos B variam de acordo com o tipo de antígeno que induz a resposta imune, o envolvimento ou não de células T, a exposição prévia ou não ao antígeno e o local anatômico no qual ocorre a ativação.

UNIDADE 2 | CONSIDERAÇÕES SOBRE IMUNOLOGIA BÁSICA

Existem dois tipos de antígenos que podem gerar respostas de anticorpos: (1) antígenos multivalentes microbianos, através de receptor de célula B; (2) antígenos proteicos microbianos, quando a resposta é dependente de linfócitos T (ABBAS, 2015).

As células B devem ser ativadas, o que acarreta um processo de proliferação e diferenciação, conhecido como expansão clonal, que culmina na geração de plasmócitos com produção de imunoglobulinas com alta afinidade para o epítopo antigênico que originou a resposta (Figura 38). Para ativação, é preciso que o BCR (receptor) ligue-se a um epítopo antigênico, o que desencadeia uma sequência de eventos intracelulares. Os LB funcionam também como células apresentadoras de antígeno, após interiorizarem e processarem o Ag ligado ao receptor de superfície (BCR). Os peptídeos gerados pelo processamento são expressos na membrana dos LB ligados às moléculas do complexo maior de histocompatibilidade (MHC) Classe II, para apresentação aos LTCD4+ (auxiliares) (MESQUITA et al., 2010).

FIGURA 38 – ATIVAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DA CÉLULA B

FONTE: Abbas (2015, p. 536)

TÓPICO 3 | PROPRIEDADES GERAIS DA IMUNIDADE ADAPTATIVA

LEITURA COMPLEMENTAR

MECANISMOS EFETORES DA RESPOSTA IMUNE NA INFECÇÃO POR BORDETELLA PERTUSSIS

Thiago Moraes Silva de Araújo Thayse Moraes Silva de Araújo Kledson Lopes Barbosa A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, transmissível, com predileção pelo trato respiratório, caracterizada por paroxismos de tosse seca e considerada uma importante causa de morbidade e mortalidade infantil (BRASIL, 2009). Trata-se de uma afecção altamente contagiosa (HEWLETT et al., 2014) e, por isso, torna os indivíduos suscetíveis alvos potenciais para aquisição da doença (GIOVANNI et al., 2015). Além disso, verifica-se que a coqueluche continua sendo uma doença de ocorrência global, mesmo diante dos programas de vacinação assegurados e eficazes. No entanto, as características de virulência do agente etiológico são responsáveis por sua invasão no trato respiratório, que pode em sua forma mais grave, evoluir para um quadro letal no hospedeiro (AUSIELLO; CASSONE, 2014).

No Século XX, foi estabelecido que essa enfermidade afetava o homem devido à ação de uma bactéria, sendo inicialmente denominada Haemophilus pertussis, porém, atualmente, reclassificada como Bordetella pertussis. A bactéria foi primeiramente isolada em 1906, por Jules Bordet e Octave Gengou, motivo pelo qual é também conhecida como bacilo de Bordet-Gengou (STANCIK, 2010).

Durante a década 1980, no Brasil, foram notificados cerca de 40 mil casos de coqueluche anualmente, tendo um coeficiente de incidência maior do que 30/100.000 habitantes (BRASIL, 2006). Após a introdução da vacina contra a coqueluche no país, uma brusca redução na ocorrência da doença foi observada.

Dados da WHO (2014) registram que a infecção por B. pertussis ainda afeta países em desenvolvimento. No entanto, a partir de 1980, verificou-se que a população vacinada subiu de 30% para 90%, e como resultado desta imunização, detectou-se redução dos indicadores de infecção de quase 2 milhões para aproximadamente 161.500 casos ao ano. Com a utilização da vacina antipertussis, acreditava-se que a incidência da morbidade permaneceria em baixos níveis, ou até mesmo, poderia ser erradicada. Entretanto, a doença volta a dar sinais consistentes de infecção, mesmo com o uso da vacina DTP (Difteria, Tétano e Coqueluche) introduzida no Brasil por volta de 1983 (BRASIL, 2003; TREVIZAN; COUTINHO, 2008).

O ressurgimento da síndrome coqueluche tem gerado bastante preocupação em muitos países, principalmente entre os que apresentam altos níveis de vacinação. Hoje em dia, questiona-se sobre a eficácia da vacina acelular e seu espectro em controlar a doença em nível populacional, assim como discorrem Burns et al. (2014). Apesar da imunização contra a coqueluche acontecer desde os

UNIDADE 2 | CONSIDERAÇÕES SOBRE IMUNOLOGIA BÁSICA

A resposta imunológica do hospedeiro tem demonstrado ser capaz de promover a proteção contra a infecção por B. pertussis, desempenhando papel importante no controle e colonização do patógeno. Por outro lado, quando a resposta não é eficiente, a colonização da bactéria potencializa-se em seu hospedeiro, e este tipo de infecção está associada aos altos índices de mortalidade.

Os diferentes tipos de micro-organismos, por exemplo, bactérias, fungos, vírus entre outros, por sua vez, são combatidos por diferentes componentes da resposta imune. Nesse caso, associam-se linhas de defesa responsáveis por suprimir a infecção causada por esses patógenos: imunidade inata, adaptativa celular ou humoral (MACHADO et al., 2004).

Com base no aumento do número de casos da doença que desafia o cenário vacinal do país, comumente evidenciado pelos elevados índices epidemiológicos significativos, a presente revisão bibliográfica objetivou descrever os mecanismos efetores da resposta imunológica do hospedeiro, bem como os mecanismos de evasão da resposta imune pela B. pertussis. Para tanto, realizou-se buscas bibliográficas em plataformas digitais na internet, tais como: Science Direct, Bireme, Lilacs e plataforma CAPES, que permitiram a seleção e análise dos artigos referente à proposta de estudo. Não houve restrições de cronologia e idioma de publicação. As estratégias utilizadas para inclusão dos artigos neste estudo foram artigos originais e de revisão, publicados nas versões inglês e português, disponíveis por completo nas bases eletrônicas. O critério de exclusão utilizado foi para artigos incompletos.

[...]

FONTE: ARAÚJO T. M. S. de; ARAÚJO, T. M. S. de; BARBOSA, K. L. Mecanismos efetores da resposta imune na infecção por Bordetella Pertussis. Arq. Cienc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 23, n. 2, p.

145-153, maio/ago. 2019.

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

CHAMADA

RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• As células T ativadas diferenciam-se em células efetoras capazes de secretar diversos padrões de citocinas; do mesmo modo, as células B ativadas diferenciam-se em plasmócitos capazes de secretar diferentes classes de anticorpos.

• Nos órgãos linfoides secundários ocorre a ativação inicial de linfócitos T, nesses órgãos essas células normalmente circulam e podem encontrar os antígenos apresentados por células dendríticas maduras.

• Clones de linfócitos T, cada um com uma especificidade diferente, são gerados no timo antes da exposição ao antígeno.

• A proliferação de linfócitos T e sua diferenciação em células efetoras e de memória requerem reconhecimento do antígeno, coestimulação e citocinas.

• As células TCD4+ ativam os macrófagos que irão matar micro-organismos fagocitados; recrutam leucócitos para os locais de infecção para estimular a inflamação; e podem atuar na ativação de células B, para que se diferenciem em plasmócitos.

• As células efetoras CD8+ são citotóxicas e destroem as células infectadas por vírus ou células tumorais.

• Existem três grandes subgrupos de células T CD4+ efetoras, chamadas de TH1, TH2 e TH17.

• A célula TH1 tem como principal função ativar os macrófagos para que fagocite e destruam os micro-organismos; também estimulam a produção de anticorpos que irão opsonizar micro-organismos para que ocorra a ativação do complemento.

• As células TH2 estimulam as reações que servem para erradicar infecções por helmintos mediadas por IgE, mastócitos e eosinófilos, e também tem atuação em casos de alergias.

• As células TH17 é induzir a inflamação neutrofílica, que serve para destruir bactérias e fungos extracelulares.

• A imunidade humoral é mediada por anticorpos secretados, produzidos por

1 Marque a alternativa INCORRETA:

a) ( ) As células B de memória vivem por longos períodos, recirculam nos gânglios linfáticos e baço e respondem rapidamente a exposições subsequentes a antígenos e com secreção de Acs de alta afinidade.

b) ( ) Na resposta primária dos anticorpos o pico de resposta é menor, mas com uma afinidade maior os Acs.

c) ( ) A resposta secundária dos anticorpos é provocada quando o mesmo antígeno estimula células B de memória.

d) ( ) As repostas das células B a antígenos polissacarídicos não necessitam da ativação inicial de linfócitos T.

2 Marque a alternativa INCORRETA:

a) ( ) Os macrófagos apresentam antígenos para linfóticos T efetores na fase da imunidade celular.

b) ( ) As células dendríticas são fundamentais para o processamento de antígenos e coestimulação para resposta completa a linfócitos T efetores.

c) ( ) As células dendríticas tem a capacidade de ingerir células infectadas por vírus ou células tumorais e apresentar antígenos ou células tumorais e apresentar antígenos dessas células em moléculas de MHC classe I para linfócitos TCD8+.

d) ( ) A função das moléculas coestimulatórias é regular e assegurar que a resposta do Linfócito B seja iniciada no tempo certo, além de assegurar a expansão clonal e diferenciação.

3 A Interleucina-2 tem uma função muito importante na resposta imunológica?

a) ( ) Ativação dos Linfócitos B e diferenciação em plasmócitos.

b) ( ) Proliferação e diferenciação de células T efetoras e de memória.

c) ( ) Induz a diferenciação da célula TCD4+ em célula Th1.

d) ( ) Induz a diferenciação da célula T em efetora TCD8.

4 Em relação à resposta imunológica a agentes infecciosos, assinale a afirmativa INCORRETA:

a) ( ) Nas infecções bacterianas, a fagocitose e o sistema complemento têm importante papel na eliminação dos micro-organismos.

b) ( ) A opsonização é um eficiente mecanismo de defesa das bactérias.

c) ( ) A resposta imunológica celular às infecções virais depende de células que possuem antígenos de classe I do MHC.

d) ( ) Nas infecções parasitárias causadas por helmintos, há um aumento na secreção de anticorpos da classe IgE que estariam relacionados com a imunidade protetora.

AUTOATIVIDADE

5 Assinale a alternativa que apresenta as características que distinguem uma célula Th1 de uma Th2:

a) ( ) A célula Th1 expressa a molécula CD8, enquanto Th2 expressa CD4.

b) ( ) O conjunto de citocinas produzidas por células Th1 e Th2 é diferente, ocorrendo (entre outras citocinas) produção de IL-4 pela Th2 e Interferon gama pela Th1.

c) ( ) A célula Th2 é importante para ativação de macrófagos, já que secreta grande quantidade de IL-5.

d) ( ) A célula Th1 é necessária para a produção de IgE, já que secreta grandes quantidades de interferon gama.

6 O diagrama a seguir mostra as citocinas envolvidas na diferenciação de células TCD4 helper (A, B, C) e a citocina principal produzida pela Th (D, E, F). Correlacione as citocinas com os rótulos da tabela a seguir:

Descreva as Citocinas correspondentes as letras:

A:

B:

C:

D:

E:

F:

7 (UNICAMP/SP) Notícias recentes veiculadas pela imprensa informam que o surto de sarampo foi devido à diminuição do número de pessoas vacinadas nos últimos anos. As autoridades sanitárias também atribuíram o alto número de crianças com sarampo com menos de um ano, ao fato de muitas mães nunca terem sido vacinadas contra o sarampo.

FONTE: <https://www.professor.bio.br/search.asp?search=vacina>. Acesso em: 13 de mar. 2020.

a) Se a mãe já foi vacinada ou já teve sarampo, o bebê fica temporariamente protegido contra a doença? Por quê?

b) Por que uma pessoa que já teve sarampo ou foi vacinada fica permanente imune a doença? De que forma a vacina atua no organismo?

UNIDADE 3

IMUNOLOGIA APLICADA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender como ocorre a resposta imunológica frente aos micro-organismos;

• obter conhecimento dos tipos de hipersensibilidades;

• conhecer as principais doenças autoimunes e a sua resposta imunológica no organismo;

• compreender os mecanismos da imunologia nos transplantes.

Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRO-ORGANISMOS

TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES

CHAMADA

TÓPICO 1

RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRO-ORGANISMOS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Olá, acadêmico! Seja bem-vindo à terceira unidade do nosso Livro Didático em Hematologia e Imunologia Básica! Nesta terceira unidade, nós focaremos em conteúdos mais aplicados dentro da resposta imunológica.

Aprenemos que o sistema imunológico é responsável pela defesa do nosso corpo e que há diferentes tipos de respostas que o sistema imune é capaz de gerar para proteger o nosso organismo da maioria dos patógenos que encontramos na natureza. Aprenderemos, neste tópico, que para cada tipo de microrganismo (bactérias, vírus, parasitas ou fungos), o sistema imunológico gera um tipo de resposta efetora específica para a sua eliminação. Para isso, vale ressaltar que esta matéria além de fascinante e instigante, é bem complexa. Por isso, a sua participação e comprometimento com a disciplina serão essenciais para o seu aprendizado. Além do livro didático, procure ler a leitura complementar, fazer as autoatividades, além de assistir às trilhas de aprendizagem! Vamos lá?

2 IMUNIDADE AOS MICRORGANISMOS

As respostas de defesa antimicrobianas do hospedeiro, apesar de numerosas e variadas, existem algumas características comuns que devemos ressaltar: (1) A defesa contra os micro-organismos é mediada pelos mecanismos efetores da imunidade inata e adaptativa; (2) o sistema imunológico responde de maneira especializada, distinta e eficaz aos diferentes tipos de agentes infecciosos;

(3) a sobrevivência e a patogenicidade dos micro-organismos em um hospedeiro são criticamente influenciadas pela capacidade dos micro-organismos para evadir-se ou resistir aos mecanismos efetores da imunidade; (4) os micro-organismos podem estabelecer infecções latentes ou persistentes, nas quais a resposta imune controla, mas não elimina o microrganismo e, o microrganismo sobrevive sem propagar a infecção; (5) em respostas aos micro-organismos, podem ocorrer lesões teciduais (ABBAS, 2015).

Aprendemos na Unidade 2, que os agentes infecciosos capazes de causar doenças são chamados de patógenos e o indivíduo infectado por um patógeno é chamado de hospedeiro. Dentre as diversas classes de micro-organismos, você

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