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Doenças relacionadas com a hipersensibilidade do Tipo IV

No documento Hematologia e Imunologia Básica (páginas 192-199)

TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES

3.4 HIPERSENSIBILIDADE POR CÉLULAS T: TIPO IV

3.4.1 Doenças relacionadas com a hipersensibilidade do Tipo IV

Acredita-se que muitas doenças autoimunes são específicas de órgãos, causadas pela interação de células T autorreativas com autoantígenos, o que leva à liberação de citocinas e inflamação. Este pode ser o mecanismo de base da artrite reumatoide (AR), da esclerose múltipla, do diabetes melito do Tipo 1, da psoríase e de outras doenças autoimunes (ABBAS, 2015). No Quadro 8, podemos observar algumas doenças mediadas por células T.

TÓPICO 2 | HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES

QUADRO 8 – DOENÇAS MEDIADAS POR CÉLULAS T

Doença Patologia Especificidade das

células T Mecanismos principais de lesão

tecidual

Destruição da bainha de mielina nos neurônios por macrófagos Psoríase Doença cutânea Antígenos cutâneos

desconhecidos Inflamação mediada por citocinas derivadas de células T FONTE: Adaptado de Abbas (2015) e Roitt (2013)

RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• As doenças autoimunes se manifestam quando o nosso sistema imune ataca o nosso próprio corpo.

• As doenças autoimunes englobam um grupo distintos de doenças, cujas causas não são totalmente estabelecidas, podendo envolver fatores de vias moleculares ou celulares do organismo e o seu sistema imunológico.

• Alguns fatores têm sido descritos como gatilho das doenças autoimunes como fatores genéticos, status hormonal, exposição a xenobióticos, infecções por bactérias e vírus, fatores ambientais e estresse.

• Tolerância imunológica: quando o meu organismo não deve reagir contra antígenos do próprio indivíduo.

• Autotolerância: não responsividade a antígenos próprios.

• Hipersensibilidade: o termo surgiu da definição clínica de imunidade como uma sensibilidade.

• Existem quatro tipos de hipersensibilidades: a hipersensibilidade do Tipo I é a mais comum e também é conhecida como alergia; a hipersensibilidade do Tipo II é causada por anticorpos citotóxicos contra componentes do tecido normal; a hipersensibilidade do Tipo III é causada pela deposição de complexos antígenos-anticorpos em vasos sanguíneos de vários tecidos; e a hipersensibilidade do Tipo IV é uma resposta imunológica tardia e não envolve anticorpos, mas sim células T.

• A hipersensibilidade do Tipo I também é conhecida como hipersensibilidade imediata, porque ela começa rapidamente, poucos minutos após o contato com o alérgeno.

• As reações anafiláticas são as formas mais perigosas das alergias. Trata-se do resultado de uma reação alérgica sistêmica e pode ser fatal.

AUTOATIVIDADE

1 As doenças por hipersensibilidades são comumente classificadas de acordo com o tipo de resposta imunológica e o mecanismo efetor responsável pela lesão tecidual e celular. A hipersensibilidade do Tipo III é também chamada:

a) ( ) Hipersensibilidade imediata.

b) ( ) Hipersensibilidade mediada por anticorpos.

c) ( ) Hipersensibilidade mediada por linfócitos T.

d) ( ) Hipersensibilidade mediada por imunocomplexos.

e) ( ) Hipersensibilidade mediada pelo complemento.

2 As hipersensibilidades são distúrbios causados por respostas imunológicas.

Existem quatro tipos de hipersensibilidades, de acordo com os tipos, assinale a alternativa INCORRETA:

a) ( ) Hipersensibilidade do Tipo I é mediada por mastócitos e anticorpos do tipo IgE.

b) ( ) Hipersensibilidade do tipo III, é mediada por anticorpos do tipo IgG e IgM, contra antígenos de superfície e recrutando e ativando leucócitos.

c) ( ) Hipersensibilidade do tipo II, é mediada por anticorpos do tipo IgG e IgM, contra antígenos de superfície e recrutando e ativando leucócitos.

d) ( ) Hipersensibilidade do tipo III, é mediada por imunocomplexos autoimunes.

e) ( ) Hipersensibilidade do Tipo IV trata-se de uma hipersensibilidade tardia, mediada pelas células T, ocorrendo a ativação de macrófagos e destruição direta de células-alvo.

3 A autoimunidade é característica de falha de qual mecanismo imunológico?

a) ( ) Ativação de Linfócitos T e B.

b) ( ) Ativação de complemento.

c) ( ) Estímulo de células apresentadoras de antígenos (APC).

d) ( ) Produção de anticorpos.

e) ( ) Tolerância Imunológica.

4 Fred tem febre do feno ou rinite alérgica, que piora em setembro (primavera).

O que isso sugere em relação à causa provável do sintoma e como você tentaria identificar ao que Fred é alérgico?

5 Quais são as características principais que distinguem hipersensibilidade do Tipo II de tipo III?

TÓPICO 3

IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, para finalizar esse livro didático, aprenderemos sobre o papel do sistema imunológico envolvendo os transplantes. O principal motivo da importância de se compreender como o sistema imunológico funciona tem a ver com sua aplicação prática no desenvolvimento de tratamentos e formas de prevenção de doenças. Uma dessas formas de tratamento que envolve a manipulação do sistema imune são os transplantes.

No ano de 1933, foi realizado o primeiro transplante no mundo e, em 1964, esse tipo de procedimento foi inaugurado no Brasil com um transplante renal realizado no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. As técnicas de transplantação e fármacos imunossupressoras evoluíram muito desde então, a fim de que se possa dar uma melhor qualidade de vida ao transplantado. O transplante clínico para tratar doenças humanas tem aumentado continuamente durante os últimos 45 anos. O transplante de células células-tronco hematopoiéticas, rins, fígados e corações é muito utilizado atualmente e o transplante de outros órgãos, como pulmão e pâncreas está se tornando mais frequente (ABBAS, 2015). Por outro lado, a demanda de órgãos para transplante não para de crescer e a relação entre a quantidade de pacientes que ingressam na lista de espera e os órgãos disponibilizados é cada vez mais desproporcional (COELHO, BONELLA, 2019).

Segundo a Associação Brasileira de transplantes de órgãos (ABTO), de janeiro a setembro de 2019 houve uma melhora nas taxas de doações e de transplantes de alguns órgãos, mas ainda não é o ideal para tratar todos os doentes da fila de espera (RBT, 2019). Nesse tópico, iremos aprender como o sistema imune age, para prevenir a rejeição aos enxertos; também abordaremos os tipos de transplantes e abordagens terapêuticas. Vamos lá!

2 TRANSPLANTES

O transplante de órgãos envolve a transferência de tecidos, células ou órgãos que podemos chamar de enxerto; de um local anatômico para outro, podendo ser na mesma pessoa ou entre pessoas diferentes (WOOD, 2013). O indivíduo que fornece o enxerto, é denominado de doador, e o indivíduo que recebe o enxerto é

UNIDADE 3 | IMUNOLOGIA APLICADA

O transplante de órgãos constitui um procedimento para tratar uma variedade de doenças. No Quadro 9 podemos observar os tipos de transplantes clínicos e as principais doenças tratadas (WOOD, 2013).

QUADRO 9 – TIPOS DE TRANSPLANTES CLÍNICOS

Transplante Doença tratada

Rim Nefrite, complicações de diabetes

Coração Insuficiência cardíaca

Pulmão/coração+pulmão Fibrose cística

Pâncreas Diabetes mellitus dependente de insulina Fígado Defeitos congênitos do fígado, hepatite, cirrose

Córnea Catarata

Pele Queimaduras

Medula óssea Defeitos hematopoiéticos congênitos

Rosto Ataques de animais, câncer

FONTE: Adaptado de Wood (2013)

Sabemos que nem todos os transplantes têm sucesso, apesar de o transplante clínico envolver uma série de testes e preparações entre o doador e o receptor. A falha de um transplante ocorre principalmente devido ao risco de uma rejeição ao enxerto. O termo rejeição foi descrito por Peter Medawar e outros pesquisadores que estudavam um modelo de transplante de pele em animais. Eles evidenciaram nas suas pesquisas uma falha no enxerto de pele causada por uma forte resposta inflamatória, a qual denominaram de rejeição. Os pesquisadores puderam concluir que a rejeição ao enxerto é o resultado de uma resposta imunológica adaptativa envolvendo a memória e especificidade dos linfócitos (ABBAS, 2015).

Para saber mais sobre os transplantes no Brasil, visite o site da Associação Brasileira de transplantes de órgãos: http://www.abto.org.br.

DICAS

2.1 TIPOS DE TRANSPLANTES

Para começar a falar sobre como o sistema imune age nos transplantes precisamos entender que eles são divididos em diferentes categorias ou tipos, podendo ser entre indivíduos e entre espécies. Podemos definir os transplantes em quatro tipos: autoenxerto, isoenxerto, aloenxerto e xenoenxerto (ROITT, 2013).

Agora, descreveremos cada um desses tipos.

No documento Hematologia e Imunologia Básica (páginas 192-199)