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IMUNIDADE INATA

No documento Hematologia e Imunologia Básica (páginas 89-96)

TÓPICO 1 – CONHECENDO O SISTEMA IMUNE: PROPRIEDADES GERAIS DAS

3.1 IMUNIDADE INATA

A resposta natural ou inata, como já aprendemos, é a primeira resposta que o organismo é capaz de ativar. Podemos também chamar de sistema imune inato os mecanismos preexistentes capazes de prevenir infecções por patógenos ou ainda criar uma defesa imediata contra agentes estranhos. Assim, as barreiras físicas, químicas, as células imunes e algumas proteínas, fazem parte dessa defesa inicial do nosso organismo (WOOD, 2013).

Segundo Abbas (2015), a imunidade inata desempenha três funções essenciais que nos protegem contra micro-organismos e lesões teciduais: primeiro, é a resposta inicial aos micro-organismos que previne, controla ou elimina a infecção do hospedeiro por muitos patógenos; segundo, os mecanismos imunes inatos podem eliminar células danificadas e assim iniciar o processo de reparo tecidual; terceiro, a imunidade inata é capaz de estimular as respostas imunes adquiridas e pode influenciar a natureza das respostas adquiridas para torná-las otimamente efetivas contra diferentes tipos de micro-organismos.

Antes de aprofundarmos as funções do sistema imune inata, precisamos aprender que existem muitas barreiras físicas e químicas que tornam mais difíceis para os patógenos penetrarem no corpo (Figura 12). Essas barreiras são consideradas nosso primeiro mecanismo de defesa. Dentro das barreiras de defesa do sistema inato, podemos chamar a atenção para as barreiras epiteliais que formam barreiras físicas entre os micro-organismos no meio ambiente externo e o tecido do hospedeiro (Figura 13). Além disso, as células epiteliais produzem agentes químicos antimicrobianos (defensinas e catelecidinas), que impedem a entrada dos micro-organismos no corpo (ABBAS, 2015). As defensinas são peptídeos antimicrobianos encontrados nas secreções das mucosas e peles; e as catelecidinas são peptídeos antibacterianos descobertos como defesa aos insetos (WOOD, 2013).

A quebra dessas barreiras epiteliais, como picadas de insetos, cortes, queimaduras, mordidas de animais etc., quebram a primeira barreira do sistema imune inato que é barreira física epitelial e tornam-se portas de entrada para patógenos. Ainda alguns micro-organismos penetram as mucosas dos tratos respiratórios, intestinais e genitourinário, podendo causar algumas doenças (WOOD, 2013).

UNIDADE 2 | CONSIDERAÇÕES SOBRE IMUNOLOGIA BÁSICA

FIGURA 12 – PORTA DE ENTRADA DE PATÓGENOS NO CORPO (A) E BARREIRAS DE DEFESAS FÍSICAS E QUÍMICAS NO CORPO (B)

FONTE: Adaptado de Wood (2013)

FIGURA 13 – ESQUEMATIZAÇÃO DO SISTEMA IMUNE CUTÂNEO

FONTE: Abbas (2015, p. 710)

Já sabemos que existem barreiras físicas e químicas que atuam na defesa do sistema imune inato e já aprendemos sobre as células do sistema imune e suas funções. Você deve lembrar, acadêmico, que os principais componentes celulares do sistema imune são os neutrófilos e macrófagos, que são células fagocitárias;

Microrganismos comensais Mucosa não ciliada (tratos GI, GU) Cílios

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as células dendríticas que são células apresentadoras de antígenos; e as células NK que atuam na defesa contra células anormais e matam células infectadas por vírus (MURPHY, 2014). Agora iremos conhecer onde essas células irão atuar e quais os eventos que compõem a resposta imune inata.

O sistema inato é capaz de reconhecer estruturas moleculares que são produzidas pelos patógenos microbianos, ao qual podemos chamar de “padrões moleculares associados aos patógenos” (PAMPs). Os PAMPs são produzidos somente pelo patógeno e não pelo hospedeiro, são invariáveis entre micro-organismos da mesma classe, para cada tipo de micro-organismo é expresso um PAMP diferente, e são essenciais para a sobrevivência do patógeno; podemos citar como exemplo: membranas que revestem o patógeno, ácidos nucleicos do patógeno, características de algumas proteínas, entre outros exemplos. Além dos PAMPs, o sistema imune inato também reconhece moléculas endógenas que são produzidas ou liberadas de células danificadas ou mortas; essas substâncias são chamadas de “padrões moleculares associados ao dano” (DAMPs). Os DAMPs são produzidos como resultados de danos celulares provocados por infecções, mas também podem indicar a ocorrência de lesões celulares assépticas causadas por diversos mecanismos, como toxinas, queimaduras, traumas (ABBAS, 2015).

Você deve se perguntar como o sistema imune inato é capaz de reconhecer essas substâncias PAMPs e DAMPs. Esse reconhecimento é graças aos vários tipos de receptores celulares, presentes em diferentes localizações nas células, e moléculas solúveis no sangue e secreções mucosas, que são capazes de reconhecer os PAMPs e DAMPs. Esses receptores recebem o nome de “receptores de reconhecimento padrão” (PRRs), eles atuam na opsonização e ativação do sistema complemento (detalharemos esse sistema no Tópico 2), induzem a resposta inflamatória, e ativam a fagocitose (ABBAS, 2015).

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O termo opsonização significa fixar opsoninas; que são proteínas que podem se ligar a moléculas em micróbios e receptores em leucócitos para facilitar o reconhecimento de patógenos, e atuar ativando a fagocitose (WOOD, 2013).

OPSONIZAÇÃO

DICAS

FONTE: <http://reniellyfisio.blogspot.com/2011/02/relacao-entre-opsonizacao-e-fagocitose.html>.

Acesso em: 13 mar. 2020.

Bactéria

extracelular Opsonização

Ingestão pelo macrófago

Digestão no lisossomo

Os PRRS são expressos na superfície, em vesículas fagocíticas e no citosol de vários tipos celulares, todos sendo localizações onde os micro-organismos podem estar presentes (ABBAS, 2015). Todos os PRRs ativam uma resposta na célula após o reconhecimento do seu PAMP particular, o reconhecimento de ligantes microbianos por PRRs leva à ativação de diversas vias de sinalização que levam a respostas inflamatórias e antivirais, conforme a Figura 14.

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FIGURA 14 – RECONHECIMENTO DOS PRRS E PAMPS

FONTE: Roitt (2013, p. 5)

Existem diferentes tipos de PRRs, nesse livro didático, abordaremos a importância da principal classe de receptores, os receptores do tipo Toll (TLR), representado na Figura 15. Alguns desses receptores ativam a célula a responderem diferenciando e/ou secretando vários fatores que irão contribuir para a resposta imune contra o patógeno (WOOD, 2013). Os TLRs reconhecem produtos de uma grande variedade de patógenos, assim como moléculas expressas ou liberadas por células estressadas ou em processo de morte.

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FIGURA 15 – ESTRUTURA DE UM TLR

FONTE: Roitt (2013, p. 11)

Se um micro-organismo invade um tecido com sucesso, os macrófagos podem reconhecê-lo com um ou mais PRRs, e tentar fagocitá-lo e destruí-lo.

Normalmente, não há macrófagos suficientes presentes em um tecido para fagocitar e remover todos os patógenos, então são ativados os macrófagos teciduais que iniciam uma resposta imune para trazer mais fagócitos para o local da infecção através da corrente sanguínea. Essas células e proteínas que chegam ao local da infecção, ajudam a combater o patógeno, e essa resposta é conhecida como resposta inflamatória, que tem como objetivo recrutar células e outros fatores da corrente sanguínea aos tecidos, para ajudar a remover os patógenos e células mortas (WOOD, 2013).

O movimento das células para os locais de infecção deve ser cuidadosamente controlado para que as células cheguem apenas onde sejam necessárias. Para esse controle de movimento das células para dentro de locais específicos dos tecidos, temos o auxílio das moléculas de adesão, elas estão presentes em leucócitos e células endoteliais, e interações entre as moléculas de adesão permitem que o leucócito se ligue ao endotélio, como parte de migração celular. Essas interações são reguladas pelas quimiocinas (fatores quimiotáticos), atuam na célula fazendo com que ela se mova da corrente sanguínea para o tecido (WOOD, 2013).

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Resumidamente, a resposta inflamatória tem quatro eventos importantes (Figura 16): primeiro ocorre a vasodilatação, aumentando os fluxos sanguíneos na área e aumentando o fornecimento de células e fatores; segundo, ocorre a ativação das células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos, aumentando as moléculas de adesão, fazendo com que os leucócitos se fixem ao endotélio, promovendo a migração celular; terceiro, ocorre o aumento da permeabilidade vascular, tornando mais fácil para as células e proteínas passar através das paredes dos vasos sanguíneos e entrar no tecido, e por último, a ação das quimiocinas (fatores quimiotáticos), que são produzidos para atrais as células para dentro dos tecidos (WOOD, 2013).

FIGURA 16 – ESTÁGIOS INICIAIS DA MIGRAÇÃO DOS LEUCÓCITOS PARA OS LOCAIS DE INFLAMAÇÃO

FONTE: <https://www.researchgate.net/profile/Wesley_Souza2/publication/26979689/figure/

fig1/AS:492794830692353@1494502851986/Figura-3-Eventos-leucocitarios-na-inflamacao-Durante-o-processo-inflamatorio-os.png>. Acesso em: 13 mar. 2020.

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MARCO HISTÓRICO – FAGOCITOSE INTERESSANTE

FONTE: Roitt (2013, p. 9)

No documento Hematologia e Imunologia Básica (páginas 89-96)