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Atividades Legislativas de Rosângela Gomes PRB/BA (2015 a 2017)

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3. ATUAÇÃO CONGRESSUAL: POSICIONAMENTOS DAS DEPUTADAS FEDERAIS

3.2 As proposições de Benedita da Silva, Tia Eron e Rosângela Gomes

3.2.3 Atividades Legislativas de Rosângela Gomes PRB/BA (2015 a 2017)

A listagem das atividades da deputada federal Rosângela Gomes será estruturada no mesmo esquema das que foram tratadas anteriormente: (1) gênero, (2) raça/etnia e (3) entrecruzamentos de gênero e raça.

3.2.3.1 Gênero

Rosângela Gomes, através da Emenda Aditiva 319/2017, produz uma conexão importante entre Gênero e classe social (mais especificamente, questões trabalhistas). A Emenda indica que as mesas de negociações do acordo coletivo do trabalho tenham a participação de representantes

femininas das empregadas no tocante à pauta sobre o trabalho das mulheres, e justifica tal iniciativa para garantir a participação da mulher nos assuntos relativos ao seu interesse.

A proposta reveste-se de extrema importância no momento em que a Reforma Trabalhista preconiza a possibilidade de negociação por intermédio de acordo ou convenção coletiva de certas normas trabalhistas que poderão envolver direitos femininos conquistados, como por exemplo jornada de trabalho, intervalo intrajornada, entre outros (ROSÂNGELA GOMES, Emenda Aditiva 319/2017).

Sobre o tema Mulher e Política, Rosângela Gomes elaborou um Projeto de Lei 349/2015 para o enfrentamento à discriminação no campo político-eleitoral contra o sexo feminino com base na Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 18 de dezembro de 1979. O PL define a violência político-eleitoral como a agressão física, psicológica ou sexual contra a mulher, eleita ou ainda candidata a cargo político, no exercício da representação política, com a finalidade de impedir ou restringir o exercício do seu cargo e/ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. O projeto justifica também que limitar a participação política das mulheres constitui uma violência, e essa barreira se reflete na baixa representatividade das mulheres na esfera política.

Apesar dos enormes avanços relativos à participação feminina na vida política do País – cujo exemplo mais significativo é o fato de uma mulher ocupar a presidência da República –, ainda é notória a necessidade de incentivar o ingresso das mulheres no mundo da política brasileira. Tal fato pode ser constatado a partir da desproporção entre homens e mulheres que ocupam cargos eletivos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Assim, no sentido de fomentar a participação feminina e contribuir para sua inclusão na vida partidária, a Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, prevê que o partido ou coligação deve reservar no mínimo 30% e no máximo 70% para candidaturas de cada sexo. Com isso, o legislador esperava reduzir a hegemonia masculina na oferta de candidaturas e desacomodar posturas culturais que não enxergam a mulher como protagonista no mundo eleitoral. No entanto, como se vê, os resultados ainda estão aquém dos esperados. Por essa razão, proponho o aperfeiçoamento da legislação em vigor, de modo a não somente garantir a participação das mulheres nos debates e nos espaços de publicidade partidários, como também garantir-lhes um exercício de mandato livre de barreiras preconceituosas. (ROSÂNGELA GOMES, PL 348/2015).

A ação afirmativa para a mulher apresentada pela deputada através do Requerimento 95/2015 propõe um debate sobre o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher, referente ao capítulo “Mulheres em Espaços de Poder e Decisão”. Rosângela afirma que o relatório fornece

importantes dados sobre a situação da mulher e avanços e dificuldades nas políticas públicas de gênero.

Um dos objetivos da audiência é discutir o item 7 – ‘Mulheres em Espaços de Poder e Decisão1. Em 2010, o eleitorado nacional era de 135,8 milhões de pessoas. Para o processo eleitoral de 2014, o número saltou para 142,4 milhões – um aumento de quase 5%. O eleitorado brasileiro foi composto por 52, % de mulheres e 47,9%. Um dado que gera um contra censo, posto que apenas para 9,9% na Câmara dos de Deputados. (ROSÂNGELA GOMES, REQ 95/2015).

Outra ação congressual da deputada federal refere-se às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade no Sistema Prisional. O Projeto de Lei Complementar 13/2015 indica a implantação e manutenção de berçário e creche para as gestantes em estabelecimentos penais, através de recursos financeiros do Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN.

A Lei n.º 11.942, de 28 de maio de 2009, procedeu a alteração na Lei de Execução Penal, determinando que os estabelecimentos penais sejam dotados de berçário, seção destinada à gestante e à parturiente, bem como creche para abrigar as crianças maiores de seis meses e menores de sete anos de idade. Ocorre que não são muitos os estabelecimentos penais que obedecem ao disposto na lei, na maioria das vezes em razão da falta de recursos. Dessa forma, pensamos resolver o problema, que é de crucial importância para as mulheres que sofrem a dor dar a luz a um filho [sic] em uma penitenciária, determinando que os recursos do FUNPEN sejam aplicados também nisso. (ROSÂNGELA GOMES, PLP 13/2015).

Para viabilização do Projeto de Lei Complementar 13/2015, Rosângela Gomes requereu uma audiência pública 247/2015 para discutir a importância de recursos financeiros nos presídios femininos destinados à construção e manutenção de creches e berçários.

Passados mais de seis anos dessa alteração legal, ainda há muitos estabelecimentos penais que não fizeram as devidas adequações. Ressalte-se que, em 2009, de acordo com o Ministério da Justiça (MJ), apenas 19,61% dos presídios femininos tinham berçários e 16,13% dos estabelecimentos penais tinham creches. Portanto, para mudar essa realidade é que propomos destinar recursos específicos para a adaptação das unidades prisionais, assegurando à criança e à mãe o direito à convivência em um período importante (ROSÂNGELA GOMES, REQ 247/2015).

Rosângela Gomes também fez a Indicação nº 292/2015 para o Ministério de Educação, para disponibilizar transporte escolar para filhas e filhos que estão com as mães em situação prisional

para transportá-los às creches ou berçários. A deputada alega que muitas unidades de presídio feminino não têm condições satisfatórias no acolhimento de crianças e mães presas.

Vimos, portanto, Senhor Ministro, sugerir que esse Ministério da Educação disponibilize veículos do transporte escolar para realizar o deslocamento dessas crianças até as instituições de ensino, promovendo seu adequado transporte e poupando-as de constrangimentos e preconceitos maiores, além dos inúmeros prejuízos que já lhes são impostos pelo precário sistema carcerário brasileiro. (ROSÂNGELA GOMES, INC 292/2015).

Por meio do Requerimento 3533/2015, Rosângela Gomes propôs em audiência pública a criação de Comissão Externa, composta por representantes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias para examinar e fiscalizar as condições dos presídios femininos. Menciona que uma gestante da Penitenciária Talavera Bruce, no Estado do Rio de Janeiro, teve seu bebê sozinha em uma cela de isolamento. O trabalho desta Comissão evitaria a ocorrência destas e de outras situações de violação de direitos das mulheres em situação prisional.

Considerando a gravidade do fato, e que outras detentas potencialmente podem ser vítimas de situações idênticas ou ainda mais graves, entendo ser necessária a criação de Comissão Externa, composta de membros da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, para inspecionar, in loco, as condições de funcionamento da Penitenciária Talavera Bruce, no Estado do Rio de Janeiro. (ROSÂNGELA GOMES, REQ 3533/2015).

No enfrentamento à violência contra as mulheres, a deputada federal Rosângela Gomes teceu uma série de proposições. Fez, por exemplo, a Indicação 71/2015 junto à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República para realizar campanhas educativas relativas à violência contra as mulheres, apontando o aumento e a visibilidade desta violência identificada pela Secretaria de Políticas Especiais para Mulheres nos anos de 2009 e 2010. A violência e/ou o assassinato de mulheres são cometidos por namorados ou maridos em função do gênero. A deputada reforça a importância da Campanha para a divulgação dos dados da violência contra as mulheres e as punições para os autores destes crimes a fim de que a sociedade se conscientize do grave problema da violência contra a mulher.

O Brasil vem adotando políticas importantes de combate à violência contra as mulheres, que vão desde a instituição de órgãos governamentais e não governamentais de proteção da mulher, passando pela Lei nº 11.340, de 2006 – Lei Maria da Penha, entre outras iniciativas. Entretanto, apesar de tais

iniciativas, é fato que a violência contra as mulheres continua em níveis elevados no nosso país, evidenciando que a simples repressão por parte do aparato institucional não tem sido suficiente para reduzir esses crimes. Assim, consideramos fundamental que o Governo Federal passe a veicular em nível nacional, nas rádios e televisões, uma campanha publicitária continuada de caráter institucional de repúdio aos crimes contra as mulheres. (ROSÂNGELA GOMES, INC 71/2015).

O Projeto de Lei 3370/2015 propõe ação afirmativa para as mulheres em situação de violência doméstica que tiveram de mudar de casa ou fugir. Neste PL, Rosângela Gomes solicita ao juiz priorizar as matrículas das/os filhas/os no novo local de moradia. Justifica que a proposta tem como base a Lei 11.340/2006, que tipifica e proíbe a violência contra as mulheres. Graças a esta lei, as mulheres têm procurado os serviços públicos e denunciado seus agressores.

Em 2014, do total de 52.957 denúncias de violência contra a mulher, 27.369 corresponderam a denúncias de violência física (51,68%), 16.846 de violência psicológica (31,81%), 5.126 de violência moral (9,68%), 1.028 de violência patrimonial (1,94%), 1.517 de violência sexual (2,86%), 931 de cárcere privado (1,76%) e 140 envolvendo tráfico (0,26%). Dos atendimentos registrados em 2014, 80% das vítimas tinham filhos, sendo que 64,35% presenciavam a violência e 18,74% eram vítimas diretas juntamente com as mães. Considerando essa realidade ainda muito violenta contra a mulher e seus filhos, a presente proposição legislativa procura conferir poderes à autoridade judiciária para, ao tempo que determina o afastamento da mulher vítima de violência do seu lar, expedir ordem para imediata matrícula de seus dependentes em escolas mais próximas de sua nova residência. É uma medida necessária para amenizar os sofrimentos dos familiares da vítima de violência doméstica ou familiar e de garantir a continuidade dos estudos das crianças e adolescentes. (ROSÂNGELA GOMES, 3370/2015).

O Projeto de Lei 2939/2015 trata do acompanhamento de profissionais das áreas psicossocial de saúde e jurídica para o agressor que praticou violência contra a mulher, e indica que este homem passe por atividades socioterapêuticas determinadas pelo juiz antes do pedido de prisão.

Para aperfeiçoar a legislação, propomos este projeto para criar a figura da audiência de admoestação, onde, antes da revogação da prisão, o juiz poderá firmar com o réu compromisso de comparecimento obrigatório em atendimentos psicossociais – com equipe multidisciplinar de psicologia, assistência social e jurídica, a fim de que receba tratamento adequado para sua condição de agressor. O tratamento psicológico, psiquiátrico e muitas vezes a reorientação de assistência social tem o condão de melhorar a possibilidade de recuperação do agressor, evitando a reincidência. (ROSÂNGELA GOMES, PL 2939/2015).

O Projeto de Lei 194/2015 propõe ações que coíbem a violência contra a mulher. O PL determina a inelegibilidade para quaisquer cargos de homens condenados por violência doméstica e familiar contra a mulher, e ressalta que o enfrentamento à violência contra as mulheres precisa ocorrer em todas as esferas da sociedade.

A Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990 (Lei de Inelegibilidade), determina serem inelegíveis para qualquer cargo os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena, pelos crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência; contra o meio ambiente e a saúde pública; eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública; de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; de redução à condição análoga à de escravo; contra a vida e a dignidade sexual; e praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando (art. 1º, inciso I, alínea e). O projeto de lei complementar ora apresentado pretende acrescentar às referidas hipóteses os crimes praticados contra mulheres em situação de violência doméstica e familiar, hoje descritos no diploma legal conhecido como Lei Maria da Penha de 2006. (ROSÂNGELA GOMES, PL 194/2015).

O Projeto de Lei 348/2015 define que na composição do Tribunal do Júri em casos de julgamento de violência contra a mulher, haja a participação de mulheres. Aponta que esta formatação tenha, no mínimo, três mulheres como juradas.

Trata-se de impedir, na hipótese referida, que o Conselho de Sentença seja composto somente ou em grande parte por jurados do sexo masculino e isto possa, de alguma maneira, influenciar o resultado do julgamento do crime (ROSÂNGELA GOMES, PL 348/2015).

O Projeto de Lei 347/2015 intersecciona gênero com deficiência. A proposição solicita que seja informado se a mulher vítima de violência doméstica e familiar possui deficiência. Ressalta que ter deficiência agrava a situação de vulnerabilidade desta mulher. De acordo com a deputada federal, o Brasil possui poucos dados sobre esse tipo de violência, e a Convenção sobre os Direitos

das Pessoas com Deficiência declarou a importância de proteção para meninas e mulheres com deficiência em situação de violência.

Além disso, o País carece de estatísticas e levantamentos sobre esse tipo de violência, no que essa providência nos ajudará a levantarmos os locais onde ocorrem, as populações mais sujeitas aos abusos e quantos passam à situação de pessoa com deficiência em função da violência familiar ou doméstica. (ROSÂNGELA GOMES, PL 347/2015).

O Projeto de Lei nº 1842/15 apresenta os crimes de estupro e de estupro de vulnerável, de atentado violento ao pudor e de atentado violento ao pudor de vulnerável, tendo reunido crimes de estupro e de atentado violento ao pudor, previstos na Lei nº 12.15/2009, em uma única classificação. Rosângela Gomes, no Requerimento 65/2017, solicitou audiência pública para discutir com a Comissão de Educação a Lei nº 1.842/2015, que trata sobre os crimes de estupro e de estupro de vulnerável e identifica os crimes de atentado violento ao pudor e de atentado violento ao pudor de vulnerável.

[…] reveste-se de extrema importância a realização de audiência pública para discutir o tema, o que proporcionará um amplo debate visando ao aperfeiçoamento da proposição. (ROSÂNGELA GOMES, REQ 65/2017).

A Bancada Feminina da Câmara dos Deputados, da qual Rosângela Gomes faz parte, elaborou o Projeto de Lei 2265/2015 que define o aumento de pena para o crime de Estupro Compartilhado e de Estupro Coletivo. Justifica a importância desta intervenção em função do aumento do número de crimes cometidos contra as mulheres.

É urgente a alteração de nossa legislação penal para criminalizar adequadamente estas violências que milhares de mulheres e meninas anualmente. Além de criminalizar com maior rigor o estupro coletivo, nossa proposta aperfeiçoa o Código Penal para aumentar as penas de um terço, se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo ou com o emprego de arma. Sabemos que são situações em que as mulheres se encontram ainda mais vulneráveis às investidas dos criminosos. (Bancada Feminina, PL 2265/2015)12.

A deputada federal fez duas Indicações, 501/2015 e 502/2015, para a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal para a implantação de Unidade da Casa da Mulher Brasileira para os municípios de Nova Friburgo e Angra dos Reis no Estado do Rio de Janeiro. Justifica que o equipamento reúne diversos atendimentos importantes para o enfrentamento à violência contra as mulheres, bem como orientações jurídicas, de saúde e de trabalho.

Espaço integrado e humanizado de atendimento às mulheres em situação de violência, a Casa da Mulher Brasileira compõe-se de delegacias especializadas de atendimento à mulher, juizados e varas, defensorias, promotorias, equipe psicossocial (psicólogas, assistentes sociais, sociólogas e educadoras) e equipe para orientação ao emprego e renda, além de uma brinquedoteca e um espaço de convivência, com o objetivo de melhorar as condições de saúde e proporcionar qualidade de vida à população brasileira, por meio de melhor acesso às ações, aos programas e serviços de saúde em todas as regiões. Pensando neste sentido e levando em consideração a necessidade do município em questão, reivindicamos a implantação da Casa da Mulher Brasileira, para prestar o atendimento humanizado às vítimas de violência e incentivar a denúncia de agressões por parte da população local. (ROSÂNGELA GOMES, INC 501/2015).

Deve-se aqui observar uma atuação da deputada Rosângela Gomes no tocante ao controverso debate com a sociedade civil sobre a temática de gênero. Tal ação implica um contraste com relação às demais proposições da deputada. Ela foi signatária de dois projetos que, em grande medida, correspondem ao posicionamento conservador da bancada evangélica: o Projeto de Decreto Legislativo 214/2015, que susta a Portaria nº 916, de 9 de setembro de 2015, do Ministério da Educação, que por sua vez “institui Comitê de Gênero, de caráter consultivo, no âmbito do Ministério da Educação”; e o Projeto de Lei 1859/2015, que acrescenta parágrafo à Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) com o intuito de “prever a proibição de adoção de formas tendentes à aplicação de ideologia de gênero ou orientação sexual na educação” (PL 1859/2015). No que tange ao seu posicionamento, percebe-se aqui semelhança com uma das atuações de Tia Eron já comentada, que foi signatária de projeto de lei que visava sustar decreto de lei sobre uso do nome social de travestis e depessoas trans; e também uma diferença com relação a Benedita da Silva, que indicou que medidas que negam o debate de gênero paralisam os trabalhos no Congresso.

Em suma, Rosângela Gomes, em sua atuação congressual, indica várias proposições de gênero entrecruzadas com deficiência, classe social, violência, participação política, entre outros temas. Observam-se medidas para garantir o protagonismo das mulheres nos espaços de decisão, como a participação na política e nas negociações dos contratos coletivos de trabalho. Atuando nos problemas sociais que afetam as mulheres, ela propõe projetos para uma parcela da população feminina que está em situação de privação de liberdade, para que possam ter tratamento

humanizado e de proteção para elas e para suas filhas e seus filhos. No que se refere à violência doméstica e familiar contra as mulheres, a deputada atua com proposições voltadas para as mulheres e para os homens autores destas violências. Outra ação interessante se faz quando propõe a participação de mulheres na composição do Tribunal do Júri ao julgar casos de violência contra a mulher, possibilitando uma maior sensibilização e/ou um reconhecimento da existência deste problema. Há que se mencionar, por outro lado, que Rosângela Gomes votou em dois projetos sobre gênero contrários às bandeiras de lutas do movimento feminista, movimento LGBT e outros movimentos de direitos humanos, proibindo a discussão de gênero e de orientação sexual na Educação.

3.2.3.2 Raça

As proposições voltadas para a temática de raça/etnia também ocupam espaço importante no desenvolvimento dos trabalhos de Rosângela Gomes na Câmara dos Deputados. A primeira a ser aqui listada trata da violência contra jovens negros. Rosângela Gomes compôs como relatora a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada em 4 de março de 2015, que realizou uma apuração sobre a violência, o desaparecimento e os assassinatos de jovens negros. Os membros da CPI visitaram vários Estados do Brasil dialogando com familiares, organizações não governamentais e com representantes da Segurança Pública para colher informações sobre a violência contra jovens negros. Os dados investigados resultaram no Relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito – Homicídios de Jovens Negros e Pobres.

Para subsidiar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Violência contra Jovens Negros e Pobres, a deputada realizou audiência pública através do Requerimento 10/2015, convidando a Ministra Nilma Lino Gomes, da Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, para expor as providências tomadas em relação ao tema.

A Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial é a responsável, no plano federal, pelas ações que buscam enfrentar a temática objeto de investigação desse Colegiado e, nessa condição, poderá trazer importantes informações e contribuições à CPI. (ROSÂNGELA GOMES, REQ 10/2015).

Outras audiências públicas foram realizadas para cooperar com os trabalhos desta CPI, conforme Requerimentos 17/2015 e 83/2015, que convidaram organizações não governamentais como Conectas Direitos Humanos e Movimento Reaja para debater o tema com informações de que

Outro convidado para a audiência Pública foi o Padre Jaime Crowe, que desenvolve trabalhos no Jardim Ângela na cidade de São Paulo/SP e atua na defesa dos direitos humanos no que tange à violência.

O Padre Jaime Crowe é, historicamente, um ativo militante na defesa dos

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