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Atividades do polo de inovação tecnológica: tem por finalidade promover o desenvolvimento científico

External fundraising by Unicruz: pursuing an entrepreneurial university model

3 O CASO DA UNICRUZ

6) Atividades do polo de inovação tecnológica: tem por finalidade promover o desenvolvimento científico

e tecnológico com caráter inovador, em sua área de atuação, estabelecida em protocolo de intenções junto à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT-RS) – Biotecnologia em Agropecuária -, auxiliando na promoção do desenvolvimento da região de abrangência do COREDE Alto Jacuí, com suas atividades balizadas pelas demandas estabelecidas pelo respectivo COREDE, especialmente nas áreas da produção vegetal e animal.

Fonte: dados da pesquisa.

Além disso, a Start tem o propósito de fomentar a busca de recursos externos a partir dos projetos que a Unicruz já desenvolvia e aqueles que ainda estavam sendo analisados, ou em fase inicial. Atualmente, todos os editais são recebidos pela Start, que está associada à Associação Brasileira de Captação de Recursos, onde existe um boletim semanal de todos os editais que estão abertos e a agência faz uma análise minuciosa antes de divulgar aos professores, via Pró- Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação. Conforme citado em entrevista:

Todos esses projetos que eu te falei, nós participamos de editais e é a partir do lançamento destes editais que se realiza primeiro estudo para ver se a Instituição se enquadra. Como a universidade tem mantenedora, que é a Fundação, o que é uma instituição sem fins lucrativos, então aí você consegue enquadrar muitos editais. Por mais que a Universidade seja uma instituição de ensino privada na sua Constituição, ela é uma universidade comunitária, sem fins lucrativos e que a gente consegue enquadrar como fundação (Informação verbal, E4).

Outro fator chave neste processo é a possibilidade de transferência de tecnologia das universidades para a indústria, que apresenta um aumento de interesse por parte das empresas junto às universidades. Nota-se que, nos últimos anos, houve um aumento de pesquisadores, instituições de fomento à pesquisa, novas publicações e citações. Porém, as análises são muito divididas, com estudos qualitativos e com poucas instituições de ensino participativas e com poucos pesquisadores, tornando limitada a real consolidação e abrangência do tema (SOUZA;

A participação das mulheres na oposição ao golpe de 1964: contextualização política e social

ZAMBALDE, 2018).

Segundo o entrevistado E1, a Start visa dar suporte aos professores que buscam desenvolver algum tipo de projeto, como no Polo Tecnológico, onde são desenvolvidos projetos voltados para agricultura, assistidos tanto pela Universidade quanto pelos financiadores externos. Já a Inatec Social possui projetos voltados para a geração de emprego e renda, sendo o projeto mais conhecido o Profissão Catador, que contou com importantes parceiros para se consolidar no município de Cruz Alta.

Tal interação promove o desenvolvimento regional e inovador, tendo como base a tríplice hélice. Todas as instituições devem, além de desempenhar seu papel tradicional, desenvolver ações que promovam uma interatividade em ambientes inovadores. Assim, cada instituição deve buscar compreender todas as esferas dos meios econômico, social e ambiental para promover- se de forma a servir como base para um modelo empreendedor (BENCKE et al., 2018).

Quando a Start foi desenvolvida, existiam poucos projetos. Atualmente, existem vários projetos e estão em ampliação, contando com diversos financiamentos, como Fundação Banco do Brasil, Petrobrás, Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Governo Federal. Há projetos também sendo encaminhados para a União Europeia, para a embaixada do Japão e outras fontes internacionais. Esses projetos necessitam de um trabalho maior, não somente em relação à língua estrangeira, mas também quanto à própria localização geográfica da Universidade. Além disso, nota-se que, via de regra, são os mesmos professores que buscam fomento e que é preciso melhorar esta cultura na universidade, a fim de disseminar a busca de financiamentos e desenvolvimento de projetos junto à comunidade acadêmica. Questionados sobre o porquê de buscar novos projetos, um dos entrevistados respondeu da seguinte maneira:

Primeiro é o amor pela pesquisa. Eu gosto muito de trabalhar com pesquisa. Quando eu entrei na faculdade, as pessoas queriam trabalhar com cachorrinhos, gatinho ou vaquinha e eu sempre trabalhar com pesquisa. Eu entrei no laboratório no meu quinto semestre e minha professora de pesquisa nos estimulou muito a publicar e fazer artigos científicos e resumos. Eu aprendi muito com ela sobre isso e isso me motiva muito. E hoje eu tento fazer a mesma coisa com meus alunos no laboratório. Nós temos uma equipe de aproximadamente 15 bolsistas e todos eles ganham um recurso e eu também estimulo muito que eles escrevam resumo ou artigo, para entrar e aprender o quão importante é a busca por recursos externos. Não pode se contentar somente com o que a universidade tem. Nós temos que ir além (Informação verbal, E3).

O estudo desenvolvido por Riscarolli, Rodrigues e Almeida (2010) traz uma comparação entre instituições de ensino brasileiras e americanas. Tal pesquisa aponta uma grande diferença entre elas, a começar pela captação de recursos. As universidades norte-americanas pesquisadas possuem um vasto sistema de captação, devidamente estruturado, organizado e eficaz, de maneira mais avançada em relação às brasileiras. Nas universidades norte-americanas, os mecanismos de captação de recursos buscam arquitetar os relacionamentos voltados para a sustentabilidade. Já no Brasil, esta captação é razoável em relação à sustentabilidade econômica, sendo pouco

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utilizada para o desenvolvimento da instituição.

No caso da Unicruz, essa afirmação é um pouco contraditória, pois conforme mencionado nas entrevistas, por todos os entrevistados, um dos principais focos dos projetos desenvolvidos com fomento externo ou não, estão voltados para o desenvolvimento socioeconômico e muitos projetos desenvolvidos na universidade são voltados para o setor agrícola, que é muito forte na região e que ainda dependem de fatores externos que podem contribuir ou prejudicar o desenvolvimento da pesquisa.

Sobre as principais dificuldades enfrentadas para desenvolvimento de novos projetos, na maior parte sempre é o tempo para nós que trabalhamos com a parte agronômica. Você tem culturas que demoram em torno de dez ou doze meses, então é um tempo muito curto para você em um ou dois anos trazer resultados. Então, principalmente os últimos, nós tivemos pouco tempo para realização (Informação verbal, E2).

Por conseguinte, ainda existe um gargalo na interação universidade-empresa, pois as empresas pensam somente na instituição financeira e quando se fala em fomento externo, que existe FINEP, linhas de crédito para inovação e que existem outras possibilidades, parece que está muito distante e também dentro da universidade existe uma cultura onde os professores estão distantes de projetos externos, pois tudo isso necessita de tempo para desenvolvimento e certa habilidade. Assim, um dos propósitos da universidade é que os professores vejam que há possibilidades de fomento externo para que se garanta a sustentabilidade de muitos projetos.

Segundo Scholze e Chamas (2000), é essencial que seja discutido e implementado nas instituições de ensino um aparelhamento adequado para incentivar e facilitar a formulação de novas pesquisas, devido à forte mudança no campo intelectual que diz respeito à transferência de tecnologias, considerando a ligação entre as universidades junto à iniciativa privada. Tal fator também foi citado em entrevista, onde o entrevistado afirmou que a captação de recursos precisa de um órgão de captação e ele deve ser fomentado e as pessoas que nele atuam, devem ser exclusivas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em geral, percebe-se que a Unicruz está em fase inicial em direção a um modelo de universidade empreendedora. Através de fomentos externos, desenvolve projetos que buscam o desenvolvimento socioeconômico da sociedade. No entanto, evidencia-se que ainda existe um gargalo em relação à busca de fomento externo, pois são poucos os professores que possuem projetos financiados pelo governo, pela indústria ou outras entidades.

Além disso, dentre os objetivos principais dos projetos realizados na Universidade, está a geração de emprego e renda, que é um significativo meio de desenvolver uma Universidade empreendedora, pois aproxima a sociedade ao meio acadêmico e proporciona ganhos significativos para ambos os lados. O fator econômico também está presente quando se diz respeito ao meio empreendedor, no momento em que a Instituição é vista como empreendedora,

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que está preocupada com o desenvolvimento da comunidade e investe na captação de recursos para projetos de pesquisa e extensão.

Contudo, ainda existem fatores que impedem o melhor desenvolvimento do empreendedorismo acadêmico, que é a escassez de recursos, em sua grande maioria, financeiros. Como visto ao longo do texto, trabalhar com pesquisa requer tempo e interesse e muitas vezes falta o estímulo financeiro. Sabe-se que é preciso, em alguns casos, colocar um significativo o tempo em projetos para conseguir uma bolsa de fomento externo.

Outro fator que ficou evidente é que, gradativamente, o número de bolsas de fomento externo vem diminuindo, o que foi mencionado em entrevistas como um inibidor para criar novos trabalhos. Por ser uma Instituição sem fins lucrativos e comunitária, a Unicruz pode participar de muitos editais e obter fomento externo. Para isso, a Agência Start é o principal mecanismo de captação de recursos que a Instituição pesquisada possui, pois é a responsável pela constante análise e busca por editais que posteriormente são repassados aos professores interessados.

Por fim, por mais que a Universidade enfrenta desafios, ela é persistente no empreendedorismo acadêmico, buscando formar profissionais mais capacitados e proporcionando interações com empresas e o governo. Toda esta interação traz benefícios tanto para a comunidade em geral, para a academia, a indústria e o governo de forma geral.

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