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Confronting sexual violence against children and adolescents

SOUZA, Lucimara Rocha de1 VASCONCELLOS, Fernanda Gausmann2 KEITEL, Ângela Simone Pires3

1 Discente do 4º Semestre do curso de Direito da Universidade de Cruz Alta - Unicruz, Cruz Alta, Brasil. E-mail:

lucimara.rocha.souza.lrs.lrs@gmail.com.

2 Discente do 4º Semestre do curso de Direito da Universidade de Cruz Alta - Unicruz, Cruz Alta, Brasil. E-mail:

fe.gausmann@outlook.com.

3 Mestre. Docente do Curso de Direito da Universidade de Cruz Alta(UNICRUZ) Pesquisadora do Grupo de

Pesquisa Jurídica em Cidadania, Democracia e Direitos Humanos – (GPJUR) E-mail: angelakeitel@unicruz. edu.br.

RESUMO

O estudo em questão tem por escopo realizar algumas considerações acerca da questão histórico-cultural empregado à criança e ao adolescente, além disso, pretende-se discorrer sobre todas as formas de violência sofrida por crianças e adolescentes dentro da família, bem como as consequências que a violência acarreta em sua vida e em seu desenvolvimento. A família é o instituto de maior importância e a primeira provedora de conhecimento de todos os seus membros. Nesse sentido, examina conceitos e métodos adotados pelo legislador ponderando as possíveis consequências a partir dos direitos fundamentais elencados na Constituição Federal 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como nas demais legislações a fim de verificar se a família e a sociedade cumprem seu fim social em relação a criança a qual encontra- se na guarida da Doutrina da Proteção Integral. Assim, vislumbra-se a necessidade de serem adotadas medidas para prevenir a violência intrafamiliar com o intuito de diferenciar as principais formas de violência que o tema se ocupa e de revelar o perfil da vítima e do abusador, bem como trazer à tona as consequências biopsicossociais sofridas pelas vítimas. Para tanto a pesquisa tem como método de pesquisa o hipotético- dedutivo, uma vez que utilizou-se de uma investigação normativa e doutrinária, no ímpeto de buscar o enfrentamento à violência sexual praticada contra esse grupo mais frágil da sociedade. De mesmo modo, como viés principal, a pesquisa buscou entender o papel que possuem as intuições de ensino, família, Estado e sociedade no enfrentamento à violência descrita. Palavras-chave: Combate. Abuso Sexual. Sociedade. Infância.

ABSTRACT

The purpose of this study is to perform a brief historical- cultural analysis of the social role played by children and adolescents, which generated the naturalization of violence against children and adolescents, as well as a search for data from previous research on the subject. in order to differentiate the main forms of violence on the subject and to reveal the profile of the victim and the abuser, as well as to bring out the biopsychosocial consequences suffered by the victims. In addition, the research used a normative and doctrinal investigation, with the impetus of seeking to confront sexual violence against this weaker group in society. Similarly, as its main bias, the research sought to understand the role played by the intuitions of teaching, family, state and society in facing the violence described.

SOUZA | VASCONCELLOS | KEITEL

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O papel social empregado à criança e ao adolescente só passou a ter relevância social a partir do século XVII, pois não se tinha compreensão das diferenças psicológicas, biológicas e sociais deste grupo em específico em relação aos demais. Tinha-se a ideia de que a criança era um “pequeno adulto” e que a única diferença em relação ao adulto era a inexperiência constatável, assim, é devido a esse pensamento que as crianças e os adolescentes trabalhavam nos mesmos lugares, vestiam-se e eram doutrinados a comportar-se como adultos (ADED; DALCIN et al, 2005, p. 205 – 206).

Outro fator, consequência visível dos resquícios do pensamento anterior, é a adultização de crianças e adolescentes que, segundo Barros (2013, p. 9,13), representa o processo pelo qual ocorre a antecipação dos comportamentos, costumes, atividades, formas de lazer e de socialização típicas do mundo adulto, apesar de incompatíveis com o ambiente infantil ao qual deveriam estar integralmente inseridas, atribuindo às crianças características de independência, capacidade de discernimento própria de adultos e aspectos de erotização e ou sexualização.

Dessa forma, o que se percebe-se que durante esse período não havia qualquer olhar para com a infância, pois a criança e o adolescente estavam inseridos na vida adulta como se adulto fossem.

Todavia, com a Constituição Federal de 1988, crianças e adolescentes são reconhecidas como sujeitas de direitos, como preceitua o artigo 227, os deveres da família, da sociedade e do Estado:

O direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Os parágrafos 1º e 4º do artigo supracitado afirmam que é dever do Estado promover programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, bem como expressamente traz que a lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e adolescente.

Assim, com o objetivo de analisar esse problema jurídico e social, utilizou-se como método o hipotético-dedutivo, com o intuito de compreender a questão histórica envolvida na construção e naturalização da violência praticada contra crianças e adolescentes.

Além disso, no que tangente a construção e entendimento do tema buscou-se diferenciar os tipos de violências praticadas, assim como traçar o perfil da vítima e do agressor, na busca de compreender as possíveis falhas e verificar o que é possível realizar para seu enfrentamento, que é um dos objetos centrais deste estudo.

Assim, denota-se a extrema importância da discussão sobre o tema e a exposição dos meios para o enfrentamento da mesma.

Enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa utilizou como técnica de abordagem a qualitativa-bibliográfica através de consulta em livros, legislação, artigos e revistas científicas e demais textos publicados acerca do tema da violência sexual contra crianças e adolescentes em contexto nacional.

Ainda, para compor a investigação normativa e doutrinária utilizou-se como método de pesquisa o hipotético-dedutivo, uma vez que, no ímpeto de buscar o enfrentamento à violência sexual praticada contra esse grupo mais frágil da sociedade, se fez necessária a problematização do tema, assim como a construção de hipóteses e análise comparativa de resultados, para tanto a pesquisa buscou como embasamento a legal a Constituição Federal, o Código Penal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e leis complementares que preveem os direitos e garantias assegurados ao público infantojuvenil, bem como as penalizações descritas quanto ao crime praticado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

No Brasil, a violência tem feito milhares de vítimas, em alguns casos esse ato é praticado pela própria família, nesse sentido segundo Costa (2007, p.02), a violência estrutural, responsável pela desigualdade social e que contribui com o desenvolvimento da violência interpessoal nos diferentes segmentos sociais, em especial na dinâmica e no modelo familiar que torna a violência sexual contra crianças e adolescentes uma realidade e revela um problema histórico remontado do período da colonização e escravidão, quando a população marginalizada era explorada sexualmente, mesmo durante a infância. Tal questão está baseada também na falta de reconhecimento da importância da infância e adolescência no processo de desenvolvimento do indivíduo, bem como na ideia de sobreposição do adulto em relação à criança e ao adolescente sendo assim inferiorizado.

Ao contrário do que se pensa, existe mais de um tipo de violência praticável relacionada à sexualidade da criança e do adolescente, provenientes tanto do ambiente familiar como fora dele, ou ainda, nas redes sociais e demais camadas da internet, assim como em redes organizadas ao redor do mundo, e para que seja possível em direção ao enfrentamento desse tipo de abuso, se faz necessário caracterizá-lo e distingui-lo, Magalhães e Lavareda (2015, p.8-10) em livro- conceito publicado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios delimita e conceitua tais formas de violência.

A violência sexual propriamente dita é caracterizada, segundo o livro, pela violação dos direitos sexuais, no sentido de abusar ou explorar do corpo e da sexualidade de crianças e adolescentes ocorrendo dentro e fora do âmbito familiar; sendo que a extrafamiliar referente aos casos em que o autor não tem vínculo de pertencimento familiar, e intrafamiliar que é o praticado por autores que são responsáveis ou familiares da vítima.

SOUZA | VASCONCELLOS | KEITEL

No que se refere ao abuso sexual pode ser caraterizado pela violação sexual homo ou heterossexual praticada por adultos ou alguém mais velho em relação a uma criança ou a um adolescente, com o intuito de satisfazer-se sexualmente, valendo-se do poder de autoridade, envolvendo-os em quaisquer atividades sexuais, tais como palavras obscenas, exposição, material pornográfico, ou quaisquer atividades envolvendo a violação sexual (MAGALHÃES; LAVAREDA, 2019, p.12).

Cabe, também, como violência sexual a exploração de criança ou adolescente para obtenção de lucro, troca ou vantagem. Podendo expressar-se na prostituição, pornografia, tráfico e turismo sexual, tratando- se de um fenômeno mundial, recorrente entre as famílias mais carentes onde a vítima submete-se a esse tipo de situação em prol da sobrevivência, podendo ser coagida intrafamiliarmente.

Atrelado a exploração e proveniente dela está a pornografia infantil, ainda mais facilmente encontrada e que se dá por meio da produção, reprodução, venda, exposição, distribuição, comercialização, aquisição, posse, publicação e/ou divulgação de materiais pornográficos envolvendo crianças ou adolescentes, onde há sexualização da imagem da criança ou adolescente e a perpetuação desse material.

Ainda que de forma subentendida, ocorre o tráfico de crianças e adolescentes, não apenas no contexto nacional, mas por meio de redes e quartéis organizados no mundo todo, não somente no tráfico em si, mas como também a promoção ou facilitação de entrada, saída ou deslocamento no território nacional ou internacional de crianças e adolescentes com o objetivo de obter lucro ou vantagem, seja na adoção ilegal, seja no trabalho infantil visando a exploração sexual. No que diz respeito ao perfil do agressor, a pesquisa feita pelo Ministério da Saúde4 releva que os principais autores da violência são do sexo masculino, nos casos envolvendo adolescentes, somam 92,4% e 81,6% envolvendo crianças.

No que tange a vítima da violência, as consequências são difíceis de ser medidas, devido ao alto grau de complexidade e subjetiva envolvidos na ação, mas sabe-se que a vítima terá comprometido seu desenvolvimento psicomotor, social, emocional, psicológico dentre outros, variando de acordo com a idade, grau, tipo e tempo de duração da violência sexual acometida. Segundo Romaro e Capitão apud Florentino (2007, p.121):

As diversas formas de violência ou abuso afetam a saúde mental da criança ou do adolescente, visto este se encontrar em um processo de desenvolvimento psíquico e físico, produzindo efeitos danosos em seu desempenho escolar, em sua adaptação social, em seu desenvolvimento orgânico. Vários estudos relacionam a violência doméstica com o desenvolvimento de transtornos de personalidade, transtorno de ansiedade, transtornos de humor, comportamentos agressivos, dificuldades na esfera sexual, doenças psicossomáticas, transtorno de pânico, entre outros prejuízos, além de abalar a autoestima, por meio da identificação com o agressor, um comportamento agressivo.

As consequências mais comuns são a vergonha excessiva, comportamento agressivo, hiperatividade, a fuga dos contatos físicos, tentativa de suicídio, comportamento antissocial, 4 Vide nota número 1.

Enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes

falta de confiança nos adultos, depressão, medo e desconfiança excessiva, sem falar das consequências que são visíveis e que revelam a negligência que acompanha esse ato, tais como desnutrição, falta ou excesso de peso, que revela ansiedade, falta de cuidados com a higiene e vestimentas inapropriadas - no sentido de estarem sujas e não condizerem com o clima.

Ademais, podem ocorrer casos em que a criança ou adolescente torna-se portadora de uma doença sexualmente transmissível e até mesmo a gravidez, todos estes aspectos e demais não citados, mas que desviam de ser aceitos para uma criança ou adolescente, são indícios de que estes estão sofrendo violência sexual.

A violência sexual infantojuvenil pode ainda apresentar comportamentos posteriores à violência sofrida, como, isolamento afetivo, uso de drogas, distúrbios de conduta, que podem transformar-se em síndromes dissociativas, transtornos severos de personalidade e transtornos de estresse pós-traumático (AZAMBUJA, 2004, p. 122 apud GOTTARDI, 2016).

Preocupante também é a certeza de que a ciência começa a fornecer da influência do trauma a configuração do aparato neurológico, na arquitetura cerebral, da estruturação permanente da personalidade e dos padrões de relacionamento posteriores, sabendo- se que as experiências ficam marcadas na herança genética e nos padrões de vínculo, portanto repassados de uma forma ou de outra para a descendência (AZAMBUJA, 2004, p. 122). (Grifo nosso).

As sequelas são marcas eternas que ficam gravadas no cerne de cada pessoa, e que possivelmente as impedirão de desenvolver-se como uma pessoa que não passou pelo mesmo trauma, e que mudará seu trajeto de vida e escolhas, privando-a mesmo depois de adulta, vitimizando duplamente o indivíduo alvo deste estudo.

Mesmo havendo um rol extenso de sinais que podem ser percebidos e que revelam a violência sexual infanto-juvenil, vale ressaltar que não é regra que estes sinais sejam facilmente perceptíveis, por este motivo outra forma de enfrentamento a esse tipo de violência é a denúncia. Existem métodos e normas positivadas que auxiliam na luta ao enfrentamento desse tipo de violência, em 1989 a Convenção Internacional dos Direitos da Criança aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas, proclamou a infância como momento do desenvolvimento cuja assistência e cuidados devem ser especiais e prestados tanto pela sociedade como pelo Estado.

A partir de então, a norma tratou de legitimar o acordado, implementando na letra fria da lei os direitos das crianças e do adolescente, bem como o papel do Estado como jus puniendi, para os casos de violação da lei a despeito de abusos praticados ao público alvo citado.

Naquilo que tange às consequências do abuso sexual praticado de maneira intrafamiliar o Código Civil em vigência aborda a suspensão ou extinção do poder familiar nos artigos 1.635 a 1.638. De forma mais específica o artigo 1.638 do código aborda a extinção do poder por decisão judicial e elucida em seu parágrafo único o qual foi acrescido pela Lei nº 13.715 de

SOUZA | VASCONCELLOS | KEITEL

20185: “[...] Parágrafo único. Perderá também por ato judicial aquele que: [...] II. Praticar contra filho, filha ou outro descendente: [...] b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.”

Na hipótese de concordância com a situação descrita acima, o juiz declarará, então, a destituição do poder familiar e a criança ou o adolescente será encaminhado para instituição de acolhimento ou então inserida em família substituta, em atos que sejam de conformidade com a Lei nº 13.509 de 20176. O Código Penal, em relação ao Estupro (art. 213) que é caracterizado como constrangimento de alguém “mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”, tem pena que varia de seis a dez anos de reclusão, quando ocorre com menor de 18 anos e maior de 14, ou resultante de lesão corporal grave a pena é de reclusão, de 8 a 12 anos. Se da conduta resulta morte a pena consiste entre 12 e 30 anos de reclusão. (grifo nosso)

Quanto ao Assédio sexual (Art. 216-A) o parágrafo 2º salienta que “a pena é aumentada em até um terço se a vítima for menor de 18 anos”. No que se refere o Código Penal em relação a crimes cometidos contra vulneráveis, categoria que se enquadram as crianças e adolescentes, podem ser divididos em: a) Corrupção de menores (art.218) – “induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem”; b) Acerca da prostituição ou exploração sexual envolvendo vulnerável (art. 218-B) que é constituído na prática de “submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone”.

O favorecimento a esse tipo de prática também está previsto no CP no art. 228 sendo: c) ação de “induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual”. O artigo 245 do mesmo código fala ainda da prática de d) entrega de filho menor à pessoa idônea, que se baseia no ato de “entregar filho menor de 18 anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo”. Também é previsto no ECA, art. 239.

Com o advento da tecnologia, a legislação, positivou também no Estatuto da Criança e do adolescente, artigo 240 “produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente”. O ato de vender o material produzido ou apenas o fato de armazená-lo também é crime previsto respectivamente nos artigos 241 e 241 – B.

5 BRASIL. Casa Civil. Lei nº 13.715 de 24 de setembro de 2018. Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro

de 1940 (Código Penal), a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para dispor sobre hipóteses de perda do poder familiar pelo autor de determinados crimes contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 25 set. 2018. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13715.htm#art4>.

6 BRASIL. Casa Civil. Lei nº 13.509 de 22 de novembro de 2017. Dispõe sobre adoção e altera a Lei nº 8.069, de

13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 23 nov. 2017. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13509.htm>.

Enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes

Em 2017 foi sancionada a Lei nº 13.4407, a qual define que será aplicada a quem submeter criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual, como positivado no artigo 244 – A do mesmo estatuto, a pena de:

reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.

Ainda no ano de 2017 foi sancionada a Lei nº 13.4418 que acrescenta ao Capítulo III do Título VI do Estatuto da Criança e do Adolescente a Seção V-A referente à “infiltração de agentes de polícia para a investigação de crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes”. O artigo 190 desta lei dita as regras que deverão ser obedecidas pelos agentes policiais infiltrados na internet a fim de realizar a investigação contra os crimes relacionados à dignidade sexual de crianças e de adolescentes previstos no ECA. (grifo nosso)

É necessário ressaltar que, conforme o parágrafo 3º do citado artigo, a infiltração de agentes de polícia na internet só será admitida se não houver outros meios de se obter a prova do crime. Sendo considerado para fins de investigação dados de conexão e dados cadastrais.

O Congresso Nacional aprovou, pelo Decreto Legislativo n° 28, de 14 de setembro de 1990, a Convenção sobre os Direitos da Criança, a qual entrou em vigor internacional em 02 de setembro de 1990, sendo ratificada a medida em 24 de setembro de 1990. Seu artigo 34 traz:

Art. 34. Os Estados Partes comprometem-se a proteger a criança contra todas as formas de exploração e abuso sexual. Nesse sentido, os Estados Partes tomarão, em especial, todas as medidas de caráter nacional, bilateral e multilateral necessárias para impedir: a) o incentivo ou a coação para que uma criança dedique-se a qualquer atividade sexual ilegal; b) a exploração da criança na prostituição ou outras práticas sexuais ilegais; c) a exploração da criança em espetáculos ou materiais pornográficos. No artigo seguinte os Estados tomam parte e se comprometem a realizar “medidas de caráter nacional, bilateral e multilateral que sejam necessárias para impedir o sequestro, a venda ou o tráfico de crianças para qualquer fim ou sob qualquer forma”. Bem como proteger a criança contra todas as formas de exploração que sejam prejudiciais para qualquer aspecto de seu bem- estar (art. 36).

7 BRASIL. Casa Civil. Lei nº 13.440 de 8 de maio de 2017. Altera o art. 244-A da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 -

Estatuto da Criança e do Adolescente. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 9 maio 2017. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13440.htm>.