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CAPÍTULO 4 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E LOCAL SUSTENTÁVEL

4.3 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E LOCAL

4.3.1 Atores do processo de desenvolvimento

Segundo Boisier (apud BANDEIRA, 2000, p.35), a identidade regional é o produto da história. Sem essa identidade a região representa apenas o resultado de uma segmentação arbitrária do território que envolvendo um planejamento das ações:

O planejamento do desenvolvimento regional é antes de mais nada, uma atividade societária, no sentido de ser uma responsabilidade compartilhada por vários atores sociais: o estado evidentemente, por razões várias e conhecidas, e a própria região, equanto comunidade regional, polifacética, contraditória e difusa, por vezes, mas comunidade, enfim locacionalmente específica e diferenciada. Sem a participação da região, como verdadeiro ente social, o planejamento regional consiste apenas- como mostra a experiência histórica – em um procedimento de cima para baixo para distribuir recursos, financeiros ou não, entre espaços erroneamente chamados de regiões.

As estratégias de desenvolvimento econômico de uma região dependem da ação, articulação e a capacidade de cooperação entre os atores que contribuem para o desenvolvimento econômico regional. Podemos destacar entre elas: organizações representantes do setor privado, como as câmaras empresariais; as empresas produtoras, industriais e de serviços, os estabelecimentos produtivos do setor primário; as instituições financeiras; as organizações sindicais; os colégios profissionalizantes; os consultores; as universidades e escolas técnicas; as instituições de P&D; os centros de serviços empresariais; as agências de desenvolvimento; as ONG´s; as cooperativas e outras instituições representativas na região.

Os principais elementos de uma economia regional em rede são representados por uma densa teia de instituições de apoio público e privado; inteligência de mercado, alto nível de mão de obra e mecanismos de educação vocacional correspondente; rápida difusão e de transferência de tecnologia e empresas receptivas de inovação.

4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

São dois os instrumentos de políticas necessárias às ações estratégicas territoriais os quais viabilizarão o desenvolvimento produtivo e econômico de uma região, do ponto de vista: institucional, empresarial, financeiro, tecnológico, educativo e político.

O primeiro instrumento é o sistema de governança regional (regional governance system) que: é a base que a partir da qual se constituí um marco de ação geral para a política regional. Deveria integrar o conjunto de forças de desenvolvimento e o potencial sinérgico do território, e constitui-se também da plataforma que é possível desenvolver ações cooperativadas entre os setores públicos e privado, na visão estratégica e da liderança territorial, do mecanismo coletivo de decisão a respeito das inversões e instrumentos de políticas de diferentes áreas do desenvolvimento produtivo e da competitividade regional; e

O segundo é baseado no sistema regional de inovação a partir do qual podem sentar-se às bases iniciais para o aprendizado coletivo, para o impulso de ações inovativas do conjunto de agentes e instituições do território e criatividade territorial. Esta concepção de inovação não deve confundir com as políticas tradicionais no campo de P&D (que também são necessárias) nem com os sistemas de informação tecnológicas, senão que refere fundamentalmente as ações que visam a estimular o espírito empreendedor local, a capacitação profissional e o desenvolvimento de habilidades em todos os níveis assinalados; o estímulo e apoio a inovação, particularmente as PME´s e as novas empresas; e o desenvolvimento da inteligência dos negócios (business inteligence) a partir da oferta institucional regional de serviços, informação e consultoria empresarial. (RAMIREZ, 2001, p.21).

Os mecanismos e as ações de desenvolvimento devem nortear todo o potencial latente de uma região, de modo a buscar mecanismos eficazes para a atração de novas oportunidades e da sustentabilidade das empresas já existentes e inseridas no processo de competitividade.

A competitividade, como foi discutida no capítulo, abrange 04 (quatro) níveis: o micro, que engloba as redes de inovação, sistemas regionais de inovação; o nível meso, determinado pelos fatores ambientais e governamentais; o nível macro, constituído pelas políticas orçamentárias, fiscais; e, por último, o nível meta, que corresponde aos valores sócio-culturais de uma determinada região (STAMER, 2000).

O desenvolvimento de uma região requer, acima de tudo, ações políticas efetivas por parte dos policy makers/networks, de modo a investir em políticas direcionadas à inovação e, principalmente, na formação de um tecido social, denominado capital social. A otimização das ações somente será possível se contarmos com as parcerias entre os governos locais, comunidades, setor privado e instituições, os quais desenvolvam atividades no local, por meio de suas core-competence, gerando o conhecimento e a disseminação de informações necessárias ao estabelecimento de padrões aceitáveis à competitividade local.

CAPÍTULO 5 - SISTEMAS REGIONAIS DE INOVAÇÃO

Experience, which balances the creativity of nature and the human species, teaches us that nature itself forces upon mortals the rules dictated by necessity, and that man cannot act otherwise than by reason, which is his true guide. (LEONARDO DA VINCI).

O autor Roberts (1984, p.53), afirma que gestão da inovação tecnológica:

é a organização e a direção dos recursos, tanto humanos como econômicos, com a finalidade de aumentar a criação de novos conhecimentos; a geração de idéias técnicas que permitam obter novos produtos, processos e serviços e melhorar os já existentes; o desenvolvimento de idéias e protótipos de trabalho; e a transferência destas mesmas idéias para as fases de fabricação, distribuição e uso.

Outros autores como Tornatzky e Fleischer (1990), comentam que a inovação tecnológica “envolve situações de novos desenvolvimentos e a introdução de novos

conhecimentos derivados de ferramentas, artefatos e aparelhos, os quais as pessoas entendem e que interagem com o meio ambiente, isto é, nos contextos social e tecnológico”.

Já os autores Monteiro e Morris (2000, p. 2) a inovação tecnológica é “um processo

social que contempla a concepção, oferta e difusão de novos serviços, produtos, processos produtivos e formas de gestão, aproveitando-se da infraestrutura tecnológica existente”.

Em suma, a inovação tecnológica é um processo, que passa por diversas fases, no contexto da interação social e está diretamente co-relacionada com o processo de aprendizagem organizacional, sofrendo variações significativas. Do ponto de vista organizacional, as empresas inovadoras apresentam um aprendizado contínuo e acumulativo, de modo a melhorar seus produtos, processos, bem como a gestão, de forma a incrementar sua produtividade e competitividade. Esse processo também acontece nas redes empresariais de inovação.

Do ponto de vista de processo da inovação tecnológica, Davenport e Young (apud JUNGES, 1999) analisam como um implemento radical, os negócios e afirmam que se trata de um avanço desigual, transformando as organizações e seu desempenho. Acreditam, ainda, que as organizações devem propiciar ambientes inovadores, que a informação e a capacitação dos recursos humanos levam à implementação desse processo No caso das agências de desenvolvimento esse papel caberá aos articuladores do processo.

Segundo Monteiro e Morris (2000), o processo de inovação, no Chile, foi baseado num modelo de crescimento existente, para incrementar a competitividade, frente a uma economia globalizada. O processo de inovação tecnológica, no contexto de redes de inovação, sistemas regionais ou de agências de desenvolvimento, permitiu que os produtos e/ou processos, antes considerados “commodities”, passassem por um processo de inversão de valores considerados de agregação, possibilitando, dessa forma, um incremento substancial ao desenvolvimento da região.

Através do processo de formação de redes e do envolvimento dos agentes locais e outros atores no processo, o projeto permitiu uma agregação de valor substancial, de tal forma que tornou o produto mineiro “cachaça”, não mais em uma “commodite”, mas, sim, um produto de alto valor agregado e competitivo, através das ações focadas na valorização da qualidade e da padronização dos produtos; na diferenciação dos produtos no mercado e na comercialização em conjunto (BDMG, 2002).

É importante também lembrar que as principais barreiras relacionadas à inovação tecnológica são: os reduzidos níveis de qualificação e habilidades dos recursos humanos nas empresas, pela falta de investimentos em P&D; a reduzida colaboração entre os setores públicos e privados relacionados às definições de projetos; a reduzida articulação entre os apoiadores públicos a P&D; além dos financiamentos e linhas de crédito para o fomento à inovação. Portanto, é preciso perceber, a inovação como uma das etapas no processo de aprendizado das organizações, de modo a permitir que o processo de desenvolvimento tenha início em níveis locais e, ao mesmo tempo, globais, permitindo um diferencial competitivo para a alavancagem do desenvolvimento.