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O distrito industrial no contexto do desenvolvimento local

CAPITULO 2 REDES / NETWORK

3.7 DISTRITO INDUSTRIAL (DI)

3.7.2 O distrito industrial no contexto do desenvolvimento local

Pesquisa realizada em sistemas de produção regional dos anos setenta enfatizou a interação íntima da organização industrial, seu desempenho e os fatores específicos, socio-

culturais, históricos e regionais, destacando-se os distritos industriais que contêm economias externas, as quais se relacionam à realização da produção efetiva por divisão do trabalho dentro de redes especializadas de empresas pequenas. Porém, o desenvolvimento de distritos industriais também baseia-se em vários fatores sociais e culturais de um distrito específico (ASHEIM apud BECATTINI,1998).

A existência de confiança mútua e de uma atmosfera industrial foram ingredientes necessários à definição de distritos industriais e esses fatores estimularam o desenvolvimento de inovações, com incremento em empresas locais.

Para Garofoli (2003), o modelo endógeno de desenvolvimento local é baseado na sua capacidade social, de modo que as empresas e as instituições desenvolvam atividades no âmbito local, por meio de sua capacidade (core-competence), levando em consideração as seguintes características:

ƒ o uso dos recursos locais (mão de obra, capital acumulado, conhecimento específico dos processos de produção, profissionais habilitados e recursos de materiais);

ƒ capacidade de controlar a nível local os processos de acumulação; ƒ controle das habilidades e capacidade inovativas; e

ƒ existência (capacidade para desenvolver) produções interdependentes, do tipo intra- setorias e inter-setoriais a nível local.

Desenvolvimento endógeno é o desenvolvimento por meio da:

capacidade de transformação do sistema econômico social; da capacidade de reação frente aos desafios externos e capacidade de introdução formas específicas de regulamentação social direcionado ao desenvolvimento local. Resumindo, é habilidade de inovação (inteligência coletiva) para o desenvolvimento local. (GAROFOLI, 2003, p.3).

As empresas do DI estão habituadas a utilizar os recursos específicos do território e as vantagens competitivas do distrito são resultados de uma economia externa e da capacidade em mover-se para o mercado internacional, realizando operações complexas internacionalmente. O balanceamento da competição e da cooperação entre empresas são características essenciais desse modelo. A capacidade de introduzir uma progressiva transformação no sistema local e de responder aos desafios impostos pelos sistemas locais, determinada pela dialética do Estado e a forma de regulamentação, através de regras por parte das instituições ou consórcios são características marcantes do DI.

Desta forma, é possível entender o conceito de sistema produtivo como:

modelo de organização de produção alicerçada em economias externas e com recursos específicos e de conhecimento tácito não transferível e da introdução de formas específicas de regulamentação que identificam e salvaguardam a originalidade dos objetivos, capaz de considerar todos nos processo de desenvolvimento local dentro do qual o território exerce um papel ativo, em que o sistema produtivo local, desfruta de uma identidade forte e de características específicas e quando interessa-se pela coletividade local, defende e dissemina. (GAROFOLI, 2003, p. 5).

Em carácter regional ou local, alguns autores chamam os sistemas produtivos como sendo sistemas produtidos locais, com características peculiares da região e do território entorno, no aspecto econômico, destacando-se assim, alguns conceitos:

modelo organizacional de produção com forte base territorial, com forte inter- relacionamento entre o sistema produtivo e o sistema sócio-institucional local, com as implicações conectadas em temos de economia externa, consequentemente inter- cambiando informações e commodities num ambiente do sistema produtivo produzindo e reproduzindo conhecimento específico, de forma a regular as características do território e que não são facilmente encontrado em outro lugar. (GAROFOLI, 2003, p .05).

ou

aqueles arranjos produtivos3 cuja interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação, aprendizagem, possibilitando inovações de produtos, processos e formatos organizacionais, gerando maior competitividade empresarial e capacitação social. (LASTRES, et al., 2000, p.13); ou

a unidade de análise centrada no estudo de atividades de uma determina zona. [...] Caracterizam-se por dispor de um núcelo específico de atitudes contextuais, que se transmitem no tempo e que são acessíveis através da co-participação das experiências, criando-se uma atmosfera industrial em termos de Marshall. (SOTO; ALONSO; DOMINGUEZ, 2001, p.135).

Os autores Soto, Alonso e Dominguez (2001) também categorizam em mais uma unidade de análise, os sistemas de produção, que são denominados de Sistemas Produtivos Setoriais (SPS) que giram em torno de um setor de atividade em que se estudam as suas relações internas e que o seu ambiente geográfico vem determinado pela amplitude territorial do setor.

alguns autores criticam o modelo do distrito indutrial no sentido de que não está claro se o governo local é uma condição necessária para o sucesso do distrito ou se é o resultado da influência e auto confiança. Uma outra crítica refere-se ao isolamento da área local quando existem relacionamentos externos, como por

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são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam vínculos e interdependências. Geralmente, envolvem a participação e a interação de empresas – que podem ser produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultorias e serviços, comercializadoras, cliente entre outros – e suas variadas formas de representação e associação, incluem, também diversas outras instituições públicas ou privadas voltadas para: formação e capacitação de RH, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento (LASTRES, et al., 2000, p.13)

exemplo o papel dos traders de exportação em mercados globais [Schmitz 1995b]. Distritos industriais têm a capacidade de sustentar vantagens competitivas por longos períodos, e nesse caso como eles os desenvolvem? Muitos dos casos italianos que inspiraram o modelo de ID sofreram mudanças subseqüentes, até mesmo depressão econômica, desde o auge deles/delas [Schmitz 1995b]. Enquanto este não for um sinal de fracasso, a pergunta interessante é se eles têm a (adaptável e inovador) capacidade para responder a crise. (ALBU,1997).