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CAPITULO 2 REDES / NETWORK

3.7 DISTRITO INDUSTRIAL (DI)

3.7.4 Exemplos de distritos industriais

3.7.4.1 Distritos italianos

Segundo Micelli (2003) é na parte Norte Oriental da Itália, que o modelo Distrito Industrial tem dado resultado. Este modelo é baseado em sistemas locais de produção, base de sucesso para algumas indústrias como: óculos, sapatos, cadeiras, sportwears, têxtil, que deu a Itália um reconhecimento mundial dos seus produtos. A todo instante surgem novos distritos industriais. Somente em 2000 foram formados 33 Distritos Industriais.

Figura 15: As doze regiões italianas em que existem os DI Fonte: MicellI (2003)

Dados de 1999, afirmam que 207 empresas já participaram do processo. No ano de 2000, 69,5% das empresas empregavam pelo menos 100 empregados, 42,0% das firmas pertenciam a um grupo empresarial, solução que muitas PME´s adotaram, para crescer e não perder a vantagem de uma pequena empresa, a flexibilidade. Sendo assim, 48,8% das empresas prestaram serviços às indústrias de móveis (cozinhas) , 30% à moda e 21,3% pertencem ao setor de engenharia, sendo que 62,8% representam produtos destinados ao mercado; 21,7% produtos finais para outras empresas manufatureiras, 11,6% para empresas que produziam produtos semi manufaturados e componentes e 3,9% destinavam-se a trabalhos diretos para outras empresas. Um fato curioso é de que, 91,8% das empresas terceirizaram suas atividades manufatureiras (MICELLI, 2003).

O grande mérito da sobrevivência das empresas no modelo, deve-se ao fato do Distrito Industrial ter o foco na inovação, e a gestão da governabilidade dos relacionamentos nos território local, pois 58,8% mantinham seus subcontratos com as empresas locais, promovendo a especialização local, do conhecimento e de competências (MICELLI, 2003).

Existem alguns fatores de sucesso, do Distrito Industrial, segundo Humphery e Schmitz (1995):

a) proximidade geográfica; b) especialização setorial;

d) colaboração de inter empresa fechado;

e) competição de inter empresas focada na inovação; f) identidade sócio-cultural baseada na confiança; g) intensa ajuda/colaboração entre as organizações; e

h) apoio de organismos governamentais: regionais e municipais.

Um outro fator que contribuiu para o êxito de alguns distritos italianos é a tecnologia de informação e comunicação (TIC), que exerceu um papel decisivo nas mudanças das empresas. A TI, a disseminação das informações, limitadas não somente as empresas pertencentes a redes, mas ao ambiente como um todo (BENTIVOGLI ;SCILLITANI, 2002).

A presença de uma massa crítica de empreendimentos com demandas semelhantes dentro do distrito, favoreceram ao desenvolvimento, de algum software de gestão industrial, de produtos específicos para a indústria cerâmica, principalmente na região de Sassuolo, desde software administrativo, portais5, catálogos multimídia eletrônica, planejamento e administração de controles.

3.7.4.1.1 Região de Veneza e Padova – distrito de Riviera Del Brenta.

A província de Padova é formada pelos municípios de Campagna, Lupia, Campolongo, Maggiore, Camponogara, Dolo, Fiesso d´Artico, Fosso, Pianiga, Stra e Vigevano e de Veneza por Noventa Padovana, SantÁngelo di Piove di Sacco, Saonara e Vigevano.

O desenvolvimento do distrito industrial dessas regiões foi representado por um processo endógeno, através de um modelo organizacional inovativo, que se difundiu pelas empresas. O precursor desse modelo organizacional foi Giovanni Luigi Voltan, que, em 1898, fundou a primeira grande fábrica de sapatos. Dessa forma, ao longo do tempo foram-se formando as empresas que começaram a dar suporte ao processo de difusão do know-how. No ano de 1951 e 1971, a atividade industrial de Rivera Del Brente cresceu em torno de 368%, basicamente composta por pequenas empresas (BELUSSI; SCARPEL, 2001).

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Exemplos de portais italianos como www.tilesquare.com e www.ceramicandmore. com. Tem a concepção de praças virtuais em que os operadores podem entrar, em algumas seções livres e em outros em base para tipos variados de contratos, adquirir informação e efetuar negociações.

Desta forma o processo de evolução do distrito industrial de Riviera de Brenta pode ser resumido pelo quadro abaixo:

FASE Evolutiva

Principal processo

Evolutivo do Distrito Produto Mercado

Fase Pré Industrial De 1898 até o fim da II Guerra Mundial

• Aplicação do método fordista e setores tradicionais de artesanatos

• Modelo primário de desenvolvimento com apenas uma grande empresa e uma série de pequenas empresas laboratório de difusão no território • Calçaria complete • materiais • Baixa qualidade • Mercado local e nacional (em função dos materiais militares) Desenvolvime nto do Distrito Industrial (da Segunda Guerra Mundial até o início dos anos 80) • Rápido processo de take-off e expansão (final de 69) • Arranjo sustentável • Processo de verticalização da atividade interna da agência de expansão de um núcleo de empresas médias e grandes

• Expansão do número de empresas

• Atividade de terceirização sobretudo de mão de obra a domicílio e a utilização de laboratório ( primeira fase da descentralização produtiva)

• Desenvolvimento do produto

caracterizado pela moda e por custos controlados • Especialização da empresa do distrito de calçados e elevados custos e elevada qualidade (forte conceito moda) • Mercado nacional e primeira abertura para exportação • Mercado majoritário para Exportação (Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Oriente Médio e Japão) Arranjo sustentável • Aumento da pressão competitiva • Desenvolvimento de divisões de trabalho distritais • Especialização da empresa Vem a segunda fase de descentralização da fase da mão de obra e a desverticalização dos negócios.

Fase da Estabilização

(final dos anos 08 até hoje) Processo de seleção da empresa com sginificativos fenônemos de saída fazendária

Decrescente a dimensão de média empresa

Decrescente a ocupação Declínio da população de empresas

Episódio da deslocaliação internacional da atividade mão de obra mais intensa (produção acima)

Prevalece naturalmente a indústria calçadista com conceito fino de moda Inserção da empresa no distrito um fenômeno “Made In Italy” Fluxo de exportação sempre direcionado para EUROPA (Alemanha, França, Bélgica, Holanda, Reino Unido) e Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Países Árabes.

Quadro 11: Evolução dos distritos industriais em Riviera Fonte: Belussi e Scarpel (2001, p. 11).

3.7.4.1.2 Região de Emilia Romagna

Depois de 1970, a região de Emilia Romagna sofreu um rápido processo de industrialização de transformação (atividades agrícolas industrial e terciária). Os protagonistas desse processo foram basicamente as pequenas e médias empresas, através de relacionamentos sociais resultante das sub contratações, como é o caso da indústria cerâmica em Sassuolo, máquinas agrícolas em Reggio Emilia, de engenharia, em Modena, máquinas de embalagens e motocicletas em Bologna, tomates em conserva e presuntos, em Parma, e botões, em Piancenza.

A região da Emilia Romagna, nessa época era dominada pela cultura política comunista, afinal de contas, o governo local era do Partido Italiano Comunista (PCI), que diferentemente de outros partidos comunistas, como na França e Espanha, tinham a legitimidade orientada não somente no salário, mas, também, na preocupação em criar novas pequenas e médias empresas (RINALDI, 2002).

Um papel fundamental na política desenvolvimentista foi a Agência de Desenvolvimento Regional EVERT que mudou a visão do Partido Comunista em apoiar também as grandes empresas. Nesse caso, o papel da agência foi de atrair para a região as grandes empresas, no sentido de buscar a cooperação, juntamente com as pequenas empresas artesãs, mediante interesses mútuos. Para dar uma maior credibilidade e fazer jus a cooperação por parte das grandes empresas, a agência também começou a prover as empresas com informações a respeito da nova produção, qualidade e certificação dos processos, bem como, auxiliar no processo de adaptabilidade de uma nova estrutura gerencial (RINALDI, 2002); (WHITFORD, 2001).

A agência também promoveu a articulação entre os principais atores da região, destacando-se: lideranças do Partido Comunista; artesãos; associação de empresas e cooperativas de produção, no sentido de discutir um plano estratégico de desenvolvimento para a região. Nesse encontro, foram identificados também os pontos de divergências, interesses, o comprometimento social dos relacionamentos, facilitando, assim, o processo de cooperação e coordenação das políticas. Vale a pena destacar que a grande maioria dos atores envolvidos foram treinados em centros de formação (em 1998 eram 40, financiados pela Comunidade Européia).

3.8 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE CLUSTERS X DISTRITO INDUSTRIAL X