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CAPITULO 2 REDES / NETWORK

2.1 CONCEITOS

Historicamente, segundo Cabral (1998, p.779) as redes científicas e tecnológicas sempre existiram normalmente e não apenas como exceção. Intercâmbio de redes de conhecimento entre Escandinávia e Ibero Americano, embora frágil, existe desde o século XVIII. Academias invisíveis tornaram-se visíveis com a fundação das sociedades científicas e a evolução das cartas e diários conhecidos hoje como periódicos científicos.

Inicialmente, alguns sociólogos e antropólogos que estudaram as redes, não levaram em consideração os aspectos econômicos, embora alguns sociólogos industriais como Roy (1954) e Dalto (1959) tenham acentuado o papel das redes informais como um antídoto para a organização formal prática e estrutural (DOERR-SMITH; POWELL, 2003, p.1).

Do ponto de vista não econômico, o conceito de redes, para alguns autores, surgiu em 1953, com o sociólogo Barnes, através de um estudo realizado na Ilha de Parish, na Noruega, intitulado Forte´s the Web of Kinship, de 1949. Sua visão de rede era percebida pela seguinte justificativa:

a imagem que eu tenho é de que existe uma série de pontos que se juntam em uma linha. Esses pontos são pessoas ou alguns grupos e as linhas indicam pessoas que interagem umas com as outras. Nós podemos, é claro, pensar que os relacionamentos sociais (vidas sociais) são como um tipo de rede. CABRAL (1998) (apud GOEDERT, 1999, p. 66).

Outros autores ao analisarem a teoria de redes, do ponto de vista econômico, afirmam que a mesma, teve sua origem nos estudos referentes aos custos de transação de Coase 1937 (recentemente Williamson 1975), ocasionando o fenômeno conhecido como a teoria social. A teoria social é dividida em dois grupos: o primeiro que tenta explicar socialmente os mecanismos de relacionamentos entre empresas ou grupos econômicos (trading), e o segundo, que explica a teoria por meio de relacionamento dos grupos com a sociedade, de modo a assegurar os recursos necessários ao seu negócio (RUTASHOBYA, 2003).

Uma outra linha de pesquisa baseado em Tretyak (2001, p.2), afirma que o estudo das redes, tem sua origem em meados de 1970, quando:

um grupo de pesquisa (Industrial Marketing and Purchasing, IMP), englobando cientistas da França, Alemanha, Itália, Suíça e Grã-Bretanha, lançaram um estudo em função a hipótese de que a teoria de marketing existente estava incompleta e que não permitia a identificação e a compreensão de outros aspectos importantes da política industrial mercadológica. A teoria de redes foi estudada por Hagga e Jahansson (1982), Hammarquist (1982); Mattson (1985); Ford (1986); Turnbull e Walla (1986); Torelli (1986) e Hakansson (1982, 1987 e 1989).

Segundo Loiola e Moura (apud CÂNDIDO, 2001); Machado e Machado (1999), o sentido etimológico de rede é derivado do latim, cujo significado é: entrelaçamento de fios, cordas, cordéis, SPIN´s, peakbodys, com aberturas regulares fixadas por malhas, representando uma espécie de rede, onde os fios correspondem às relações entre os atores e organizações.

De acordo com o Dicionário Webster´s Collegiate, redes é um substantivo e sua origem é em torno de 1560, que significa: um tecido/pano ou estrutura de cordéis, ou arame ou fios entrelaçados de maneira regular; ou interconectividade de grupos de cadeias ou sistemas; um sistema de computadores, terminais ou database conectados por uma linha de comunicação; ou grupo de rádio ou estações de tevês, formando uma rede (KOLEVA;THRANE; MOURITSEN, 2002).

Empiricamente o conceito rede, tem sua origem no latim rete, e que estende-se por vários campos (biologia, sociologia, economia, computação.). Ele é contextualizado para aplicações macro, como os grandes programas de desenvolvimento tecnológico, e até para aplicações em nível micro, como os estudos organizacionais. (SALLESFILHO; BONACELLI; MELLO apud FRANÇA, 2001, p. 83).

O conceito de redes, do ponto de vista econômico, assume abordagens distintas. O autor Tretyak (2001, p.3), descreve a rede como:

uma coalizão de unidades econômicas especializadas e relacionadas e que tem seus próprios objetivos (empresas independentes e organizações autônomas), sem

qualquer controle hierárquico, sendo porém elementos de um sistema com objetivos comuns entrelaçados por numerosas relações horizontais, e de dependência mútua de troca.

Para Hakanssom (apud TRETYAK, 2001), as redes são como um sistema de interações industriais, ou, como um conjunto de agentes os quais são institucionalmente independentes, mas, que executam ações e controles interconectados. As redes são estruturas vivas interconectadas permanentemente no mercado, na produção e está em constante troca com as atividades e os recursos.

Na concepção de Balestrin e Vargas (apud FAGGION;BALESTRIN;WEYB, 2002, p. 59), as redes são identificadas através de comprovações e estudos relacionados a:

a) redes interorganizacionais estudadas por diferentes correntes (positivista ou não) e perspectivas teóricas (economia industrial, estratégia, dependência de recursos, marxistas e críticas, institucional, redes sociais, custos de transação, comportamento organizacional, ecologia populacional, teoria evolucionária e teoria contingencial) permitindo assim uma ampla compreensão do fenômeno;

b) as redes interorganizacionais são formadas a partir de pressões contingenciais (necessidade, assimetria, reciprocidade, eficiência, estabilidade, legitimidade, flexibilidade e competitividade) e feitas possíveis pela existência de fatores viabilizadores (conectividade, infraestrutura e coerência);

c) apresentam tributos estratégicos (fluidez, economias relacionais, aprendizagem, economias de escala, acesso a recursos intangíveis, redução dos custos de transação e credibilidade organizacional) que potencializam a performance das empresas em ambiente altamente competitivo;

d) podem ser classificadas a partir da observação de 04 elementos: (cooperação, hierarquia, contrato e conveniência) possibilitando, desta forma uma ampla variedadade de tipologias;

e) a configuração em rede facilita as PME´s a alcançar e manter as vantagens competitivas frente as grandes empresas.

Networks, implica em tipos de relações, conecções/tráfico entre sistemas, sendo

considerado, também, como um sistema aberto, com fluxos contínuos e completos de entidades, direcionados de acordo com as necessidades dos atores. Em compensação, a aliança é simplesmente um estado de trabalho, um sistema fechado e excludente (KOLEVA; THRANE; MOURISTSEN, 2002).

Comparando rede com os custos transacionais, Johanson e Mattosson (apud KOLEVA; THRANE; MOURISTSEN, 2002), descrevem a rede como um sistema de relação baseado na divisão do trabalho e na dependência da confiança.

Para Achrol e Kotler (apud CÂNDIDO, 2001, p. 53) a rede é:

um mecanismo de mercado para alocar pessoas e recursos para problemas e projetos de maneira descentralizada numa perspectiva de flexibilidade e adaptabilidade às mudanças no contexto organizacional. Neste sentido, os autores apontam que, a rede caracteriza-se pelo planejamento e controle descentralizado;

pelo foco nos relacionamentos laterais e pela integração entre a estrutura formal e as múltiplas formas de relacionamentos sociais vigente numa organização.

A rede é uma interconexão de nós, chamados de relações dinâmicas entre empresas e instituições, envolvendo relações e entrelaçamentos que podem ser benéficos ou não, cuja distância entre eles define a tipologia da rede (KOGUT; DOZ;OLK; RING; BURT; EBERS; GULATI; NOHRIA; ECCLES; POWELL apud KOLEVA; THRANE; MOURISTSEN, 2002) e (CASTELLS, 2001).

Na visão de alguns autores organizacionais, as redes implicam na gestão estratégica que oferece benefícios os quais são distribuídos e compartilhados pelos demais membros da rede. As redes são importantes relações que se estendem por todas as direções, sem limites definidos ou times de organizações interdependentes, complementadas por suas competências/habilidades, recorrentes de uma complexidade de envolvimento de negócios (RAMU; ASTLEY apud KOLEVA; THRANE; MOURISTSEN, 2002).

Segundo Junqueira (apud MINHOTO e MARTINS, 2001, p.90), a rede é “uma

proposta de ação, um modo espontâneo de organização, em oposição a uma dimensão formal constituída”.

Rede é uma parceria voluntária para a realização de um propósito comum. Implica a existência de entes autônomos que movidos por uma idéia, abraçada coletivamente, livremente e mantendo sua própria identidade, articulam-se para realizar objetivos comuns. As redes se tecem através do compatilhamento de interpretações e sentidos e das realizações de ações articuladas pelos parceiros. (INOJOSA apud MINHOTO e MARTINS,2001, p. 90).

Boswortk e Rosenfeld (apud ZALESKI NETO, 2000, p. li), afirmam que uma rede “envolve uma forma de comportamento associativo entre firmas que as ajudam a expandirem

seus mercados, aumentam suas produtividades ou agregação de valores, estimula o aprendizado e melhora suas posições de mercado em longo prazo”.

O Núcleo de Gestão de Estudos em Inovação, Gestão e Tecnologia de Informação, ao estudar os tipo de rede em 1999, compôs um quadro mostrando a evolução dos conceitos de redes, conforme a figura a seguir:

Figura 2: Origem das redes

Fonte: Grupo de pesquisas UFSC/PPGEP/IGTI (1999).

Do ponto de vista governamental, a noção de rede, propõem:

um esquema de interpretação das relações entre o Estado e a sociedade que acentua o caráter horizontal e não hierárquico dessas relações, o caráter relativamente informal das trocas que se dão entre os atores da rede, a ausência de fechamento que autoriza a multiplicação das trocas periféricas e a combinação dos recursos

técnicos (articulados aos saberes dos atores) e de recursos políticos (articulados à posição dos atores no sistema político. (MULLER; SUREL apud MINHOTO e MARTINS, 2001, p. 90).