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CAPÍTULO 4 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E LOCAL SUSTENTÁVEL

5.2 INOVAÇÃO NO CONTEXTO REGIONAL

Stohr (apud ALMEIDA, 2003) identifica fatores estruturantes e que devem ser observados na análise da capacidade do território em termos de investimentos produtivos, como por exemplo: as universidades; os centro de investigação, a mão-de-obra qualificada; o ambiente agradável (natural e construído); a oferta cultural e educativa; a diversidade da infra- estrutura urbana (indústria, serviços, administração, etc.); a elevada concentração de pequenas e médias empresas; os serviços de consultoria e de informação; a infra-estrutura necessária em termos de aeroportos e acessos rápidos de escoamentos da produção; acessos à rede de telecomunicações e a disponibilidade de capital de risco.

A análise dos fatores configura um modelo teórico que potencializa a inovação, que geralmente parece ser criada pela interação de outros fatores em diferentes ambientes locais ou regiões, conforme o quadro abaixo:

Modelo Características Exemplo

Dirigista

Concentração espacial de institutos de pesquia de empresas high- tech localizadas em estruturas do tipo parque científico ou tecnológicas, determinadas pela intervenção de uma política industrial

ZIRST de Grenoble, Sophia Antipolis e outros parques tecnológicos europeus

Espontâneo Conhecimento tecnológico sólido, seguido de um aproveitamento

de instituições de pesquisa e de inovação

Vale do Silício, Oxford e Distritos Industriais

(continuação) Network Sistemas inovador local ou regional baseado na presença de uma

rede de institutos de pesquisa de empresas

Baden-Wurttemberg

Quadro 23: Principais modelos de concentração espacial da atividade inovadora. Fonte: Ondategui (1999, p. 81)

Almeida (2003), Landabaso; Mouton e Miedzinski (2003) e Mouton (2002), comentam que o processo de inovação numa região de baixo desenvolvimento é influenciado pelo isolamento em relação a grandes redes de empresas e centros de pesquisa. As PME´s não tem acesso a tecnologia, tornando-se inviável, pelo alto custo de investimento e pela falta de recursos humanos internos e da experiência técnica para se lidar com a inovação.

O sistema de inovação regional em determinadas regiões não tem as interfaces e os mecanismos necessários de coooperação que envolvam os diversos atores e as iniciativas de viabilização de parques de tecnologia em regiões menos desenvolvidas, tornando-se dessa forma, ineficiente e com recursos extremamente limitados. Por não realizar transações/relações entre as indústrias, as incubadoras e a própria região, direcionada à transferência de tecnologias regionais, de acordo com o potencial da região. Para amenizar tais problemas, relacionamos 10 (dez) fatores que afetam os SRI nas regiões menos desenvolvidas:

l. limitação relativa à capacidade de empresas nas regiões de identificar a inovação necessária (o conhecimento técnico requer a avaliação), a falta de uma expressão estruturada da demanda latente para a inovação e a baixa qualidade e pequeno número de infra-estruturas científicas e tecnológicas;

2. escassez ou ausência de intermediários tecnológico capazes de identificar e que se agrupam direcioanda para os negócios locais por inovação (P&D) e troca de fontes regional/nacional e internacional podendo conhecer aquela demanda; 3. sistemas financeiros deficitários desenvolvidos (práticas bancárias tradicionais com pouca adaptabilidade às condições e riscos envolvidos no processo de inovação nas empresas) com pouca disponibilidade para risco e capital inicial para financiar a inovação, definido como “investimentos industriais intangíveis a longo prazo com um risco financeiro alto associado” (MULDUR, 1992).

4.falta de um setor de serviços empresarial dinâmico que oferece serviços a empresas para promover e disseminar a tecnologia em áreas onde empresas têm, como uma regra, somente recursos internos fracos para o desenvolvimento independente de inovação tecnológica. (CAPELLIN, 1989/9).

5. cooperação fraca entre os setores públicos e privados e a falta de uma cultura empresarial que promova cooperação entre as empresas (nenhuma economia de escala ou uma massa empresarial crítica que podem fazer certas iniciativas de inovação locais lucrativo).

6. especialização setorial em em indústrias tradicionais com pequena inclinação para inovação e a predominância de empresas familiares pequenas com fracas ligações para o mercado internacional;

8. dificuldades em manter e atrair trabalhadores qualificados, pequena participação em redes de P&D internacionais, redes de comunicações pobremente desenvolvidas, dificuldade de acesso externo a know-how;

9. algumas grandes (multinacional) empresas que empreendem P&D com poucos vículos com a economia local; e

10. baixos níveis de ajuda pública para inovação e a falta de um planejamento adequado para atender as necessidades de inovação das PME´s a nível local. (LANDABASO; MOUTON, 2002, p.6).

5.2.1 Inovação nos arranjos produtivos locais

A Comissão da Comunidade Européia, em 1990, criou um programa para a promoção das PME´s. Alguns desses programas estão relacionados a projetos de P&D, de modo a criar observatórios tecnológicos para dar suporte às empresas. Na Espanha, esses programas são conhecidos como Inicitiva PYME de Desarollo Empresarial; Observatório PYME e

Programa de agilización y simplificación normativa para la competitivid de las PYME. Os

programas da Comissão da Comunidade Européia, contemplam:

ƒ estudar as melhores práticas, para a reavaliação da análise e bencharking do desempenho inovativo;

ƒ depurar novas abordagens para transferência de tecnologia; ƒ facilitar a utilização das redes de suporte para as PME´s; ƒ incentivar o apoio conjunto dos instrumentos de assistência; ƒ desenvolver a inteligência econômica e tecnológica;

ƒ propor a inovação e atividades conjuntas para as PME´s, oferecendo serviços de suporte para promoção da pesquisa, transferência de tecnologia e inovação, através das redes européias, os Innovation Relay Center (IRC);

ƒ criar serviços de informação eletrônica e mecanismos de disseminação;

ƒ incentivar a propriedade intelectual, estabelecendo o Intellectual Property Rights Help

Desk;

ƒ disponibilizar o acesso a financiamentos públicos/privados para a inovação das PME´s; e

ƒ criar e estabelecer mecanismos para facilitar o início de atividades e o desenvolvimento de empresas inovativas; identificando, analisando e validando as iniciativas regionais que contribuam para o seu desenvolvimento (LEMOS; DINIZ, 1998).

Existem outras ações, que podem estimular uma política regional de inovação, para uma determinada região, como:

ƒ promover parcerias e cooperação das empresas públicas e privadas com o objetivo de estabelecer políticas de inovação: a participação do setor privado no processo de construção de políticas de inovação deveria ser estimulada, através da criação de fóruns regionais e grupos de trabalho com representantes dos setores envolvidos; ƒ estimular a inovação direcionada para os clusters e para as redes empresariais nas

regiões: estimular através de campanhas, com o objetivo de esclarecer e elucidar a importância do valor agregado na região; estimular as atividades coletivas como transferência de tecnologia, aquisição, design, marketing;

ƒ melhorar os indicadores e aprimorar as metodologias existentes relativos a importância da dimensão social no contexto regional: grande parte dos dados primários ainda são indisponíveis, do ponto de vista regional. A maioria dos indicadores focalizam, somente, os aspectos relacionados à produções e contribuições de P&D, mas, não mensuram os ativos intangíveis, como o valor do capital social, capital humano e das relações envolvidas no processo;

ƒ estimular novas formas de introduzir a inovação tecnológica nas regiões com baixo índice de desenvolvimento;

ƒ criar framework institucional, muito mais eficiente, usando os fundos públicos e privados para a inovação;

ƒ otimizar o uso dos recursos dos fundos públicos de inovação com projetos específicos: para que se promova a região, associada a programas regionais e locais;

ƒ estimular internamente a coerência entre os sistemas regionais de inovação e os elementos chaves da rede;

ƒ racionalizar os serviços de inovação para promover o relacionamento entre os atores, a sinergia de modo a eliminar as sobreposições das atividades realizadas pelos atores na região;

ƒ promover uma situação “ganha-ganha”entre os atores;

ƒ estimular o desenvolvimento de ferramentas de suporte a inovação para fortalecer o intercâmbio entre as regiões; e

ƒ iniciar o programa com os elementos regionais importantes e de influências (stakeholders, líderes de opinião) (LANDABASO; MOUTON; MIEDZINKSI, 2003).

Grande parte desses programas são destinados à criação e à sustentabilidade de mecanismos, que poderão dar todo o suporte necessário as redes e os cluster inseridos na região. As ações deverão ser elaboradas em parceria com os atores regionais, a partir de uma visão estratégica geral de território; do monitoramento, da detecção e focos de inovação tecnológica, de modo que, a partir de um contexto histórico, associado às experiências, permitam esboçar os relacionamentos necessários para o alinhamento geral de um SRI e da descrição da morfologia das redes composta pelos atores regionais, através da realização de questionários que permitam medir os índices de interatividade dos atores envolvidos no processo (MONTEIRO; MORRIS, 2000).