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3.2.7 Estratégias de Ensino

3.2.8. Auxiliares Didácticos

No desenvolvimento das actividades na sala de aula, o professor recorre inúmeras vezes a recursos, os quais Astolfi et al. (2002) denominam de auxiliares didácticos. Para os autores, o termo auxiliar didáctico designa o instrumento que é seleccionado ou construído pelo docente ou aluno, para facilitar, em diferentes momentos, as actividades didácticas.

Estes instrumentos podem ser muito variados, desde materiais audiovisuais aos “softwares” didácticos, sendo fundamental que sejam adaptados aos seus destinatários.

No Guião Didáctico propõe-se a utilização de recursos diversificados, os quais pretendem optimizar a consecução das actividades propostas, incentivando a participação e cativando os alunos. Deste modo, e conforme Martins (2002), deve-se ajudar as crianças a construir uma imagem positiva acerca da Ciência, respondendo às suas curiosidades e desenvolvendo-lhes capacidades básicas para futuras aprendizagens científicas.

A escola atravessa momentos em que a atracção dos alunos pelo exterior é muito forte, o qual capta a sua atenção e interesse, havendo ainda a possibilidade dos Centros Educativos se tornarem locais aprazíveis para os alunos, o que proporcionará um maior interesse destes pelas actividades que os docentes propõem (Sá, 1994). No seguimento desta ideia, verifica-se a necessidade de diversificar, ao longo do ano lectivo, métodos e estratégias de ensino, bem como recursos didácticos, de modo a criar as melhores condições e ambientes de aprendizagem. Com o recurso a diferentes materiais a criança realiza descobertas através da manipulação que, orientada pelo professor, permite alcançar conhecimento. De acordo com Charpak (1996), a criança que experimenta sozinha dificilmente conseguirá encontrar uma conclusão significativa.

No decorrer das actividades solicita-se aos alunos que registem as diversas etapas dos processos em fichas de trabalho/registo através de desenhos ou pequenos textos. O recurso ao desenho permite aos alunos, que não dominam ainda a escrita, uma forma de representar o que observa (Pereira, 2002). As fichas de registo revelam-se importantes também para levar a criança a saber explicar como e porquê realizou determinada acção, qual o significado dos registos e resultados, o que exige um domínio da linguagem por parte do aluno, justificando-lhe a necessidade de adquirir competências de comunicação oral e escrita (Charpak, 1996). Estes registos ao longo da observação sumariam os procedimentos realizados, podendo ser utilizados para uma avaliação futura da actividade, quer por parte dos alunos (para compreender o motivo de qualquer erro que ocorra), quer para uma avaliação da actividade e dos alunos, por parte do professor (Pereira, 2002).

3.2.9. Avaliação

A avaliação das aprendizagens pode ser parte integrante do processo (avaliação formativa) ou, de outro modo, pode servir para ajuizar sobre conhecimentos e competências dos alunos (avaliação sumativa), (Pereira, 2002).

A avaliação formativa é uma etapa essencial do processo de ensino/aprendizagem, uma vez que permite ao professor conhecer a evolução dos alunos e perspectivar as fases seguintes. Por seu lado, a avaliação sumativa constitui um balanço dos resultados, acrescentando novos dados aos recolhidos pela avaliação formativa e contribuindo para uma apreciação mais equilibrada do trabalho realizado (Pereira, 2002).

O professor tem à sua disposição uma grande variedade de técnicas e instrumentos de avaliação, os quais devem ser seleccionados de acordo com o processo de ensino/aprendizagem e as informações que pretende obter (Valadares e Graça, 1998). Estes autores referem ainda que não existem instrumentos de avaliação que traduzam a realidade de cada aluno de forma absolutamente fiel. Para poder avaliar com correcção o aluno, o professor deverá seleccionar os métodos que melhor sirvam as suas necessidades, aproveitando, da melhor forma, as potencialidades de cada um.

No presente trabalho optou-se por utilizar as técnicas e instrumentos de avaliação definidos por Tenbrink (1984). De acordo com o autor, existem quatro técnicas de avaliação, entendendo-se técnica como um método para obter informação: observação, interrogação, análise e teste.

Apresentam-se na tabela 3.20 as técnicas de avaliação e respectivos instrumentos definidos por Tenbrink (1984), a qual serviu de base para a selecção efectuada para o Guião Didáctico, a nível de estratégias e instrumentos de avaliação.

Cada instrumento de avaliação deve ser pensado de forma a oferecer ao professor uma correcta avaliação dos diferentes desempenhos do aluno (por exemplo de hábitos de trabalho e de atitudes) o que pressupõe a utilização de diferentes instrumentos de avaliação (Gronlund, 1979).

Tabela 3. 20 – Técnicas e Instrumentos de Avaliação (Fonte: Tenbrink, 1984). Técnicas Instrumentos Observação Relatório Lista de Verificação Escala de Classificação Ordenação Interrogação Inventário Questionário Escala de Atitudes Entrevista Provas sociométricas Técnicas projectivas

Análise Tarefas de aquisição

Tarefas de revisão Tarefas de transferência

Testes Testes elaborados pelo professor

Testes estandardizados

Para a avaliação das actividades de cada Sessão do Guião Didáctico, seleccionaram- se técnicas e instrumentos de avaliação, de acordo com os dados da tabela 3.21:

Tabela 3.21 – Técnicas e Instrumentos de Avaliação Seleccionados para cada sessão (baseado em Tenbrink 1984).

Técnicas Instrumentos Sessões

Lista de verificação 1; 2; 3; 7; Escala de classificação 2; 5; Observação

Relatório 1; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10 Inquérito Questionário (Inventário) 1; 3; 4; 7; 8; 10

A observação é o modo de avaliação mais adequado e que mais dados fornece ao professor aquando da realização de tarefas de carácter prático (Pereira, 2002). Permite estar atento à troca de ideias entre alunos e aos seus métodos de trabalho, podendo, eventualmente, orientá-los no processo. Para a aplicar podem-se utilizar diversos instrumentos, nomeadamente as listas de controlo, escalas de avaliação e relatórios (Tenbrink, 1984). Este autor refere, ainda, que é possível avaliar-se capacidades, conhecimentos ou atitudes, sendo mais apropriada para recolher informações acerca do desempenho afectivo e psicomotor dos alunos.

O relatório permite ao docente ter uma visão global dos acontecimentos na sala de aula, do modo como decorre o processo de ensino/aprendizagem e o desempenho dos

alunos. Conforme Tenbrink (1984), os relatórios são descrições escritas das observações feitas pelo professor acerca dos alunos num determinado intervalo de tempo, permitindo também registar comportamentos típicos dos alunos. A opção por este instrumento de avaliação prende-se com o facto de existirem no Guião Didáctico diversas actividades em que o professor será elemento fundamental na organização e consecução das actividades, pelo que não lhe será possível avaliar os alunos individualmente em todos os momentos. Assim, e a partir da elaboração de um relatório escrito da sessão, o professor registará os aspectos que julgue mais importantes e que lhe permitirão fazer uma avaliação, quer dos alunos, quer das próprias actividades.

Conforme Pais e Monteiro (1996), as listas de verificação permitem ao professor conceber um acompanhamento regular do percurso escolar do aluno. São também uma forma simples e rápida de verificar a presença ou ausência de um dado desempenho, constituindo um bom instrumento para registar e avaliar os processos e resultados da aprendizagem (Lemos et al., 1998). Para Pereira (2002), as listas de verificação são um instrumento auxiliar da prática avaliativa, pois permitem ao docente diversificar os pontos a verificar e ter uma visão global do aluno.

A opção por este instrumento de avaliação prende-se sobretudo com o facto de ser objectivo e de aplicação simples. Assim, será possível fazer este registo de uma forma sistemática e relativamente breve, pois a uma lista de verificação deverá ser clara, curta e focar apenas comportamentos de fácil verificação (Valadares e Graça, 1998). De referir que utilizar este instrumento de avaliação a par de outros poderá levar à obtenção do máximo de dados numa sessão e proporcionar, ao professor, avaliar com o grau de correcção desejado.

As escalas de classificação, utilizam-se para observar e registar sistematicamente características e comportamentos dos alunos (Tenbrink, 1984 e Lemos et al., 1998). Os autores referem ainda que as mais indicadas são as escalas de classificação descritivas, pois representam diferentes graus de progressos, devendo ser utilizadas frases claras e concisas. Para Valadares e Graça (1998), este instrumento é eficiente na determinação da qualidade dos trabalhos dos alunos, bem como dos comportamentos que devem ser manifestados pelos mesmos nas tarefas realizadas. Estas características conduziram à selecção das escalas de classificação como instrumento de avaliação para o Guião Didáctico.

Outra técnica de avaliação adoptada para o Guião Didáctico é o inquérito que, segundo Tenbrink (1984), se baseia sobretudo na pergunta. Grande parte da informação, essencialmente a nível afectivo, pode ser obtida num curto tempo através da pergunta sistemática. Contudo, esta técnica presta-se a juízos subjectivos, pelo que o professor deverá ser cuidadoso e atento para não cometer erros de avaliação. Esta técnica pressupõe a utilização de determinados instrumentos de avaliação, pelo que referimos o questionário, por ser o que melhor se adapta às actividades a realizar.

Pode-se referir, ainda, a existência do inventário, um tipo especial de questionário, o qual se utiliza para conseguir dados de autoavaliação (Tenbrink, 1984). Este método foi igualmente utilizado, uma vez que se pretende que os alunos participem na avaliação das actividades e do seu desempenho em cada uma delas, tornando-se mais responsáveis e competentes a este nível.