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1 INTRODUÇÃO

3.2 PROPOSTA DE MODELO DE PRODUTIVIDADE VERDE PARA INDÚSTRIA

3.2.2. Avaliação do Nível de Produtividade Verde

Após a apresentação da equação matemática que define as variáveis e a sistemática de cálculo do IPVorg, tornam-se necessárias a avaliação e consequente

classificação do nível de PV organizacional, pois o índice em si é um tipo de medida que retrata a situação da empresa no período de análise, trazendo, portanto, relevantes informações sobre o comportamento da empresa em relação à produtividade verde. Assim, a avaliação e classificação do índice são consideradas como importantes etapas que vêm complementar o cálculo do IPVorg, pois a interpretação dos elementos de cálculo do IPV deixa

de ser apenas um conjunto de dados, passando a apresentar as seguintes vantagens: i) importantes informações de apoio no mapeamento do comportamento da PV de uma organização; ii) importantes elementos para a definição de um “painel” de acompanhamento do desempenho das questões econômicas, ambientais e sociais de uma organização; iii) importantes meios para identificar, diagnosticar e analisar os pontos críticos e, a partir daí, ter um esboço das prioridades para a solução dos problemas; e iv) importantes informações para a elaboração de um plano estratégico, onde pode ser estimado o futuro, as limitações e as potencialidades da organização.

Os resultados numéricos obtidos no cálculo dos índices terão mais relevância com a possibilidade de avaliação que, segundo Matarazzo (2010), pode ocorrer através de três tipos básicos: (1) avaliação pelo significado intrínseco; (2) avaliação pela comparação ao longo de vários exercícios, i.e., anos; ou (3) avaliação pela comparação com índices de outras empresas com índices-padrão.

Por meio da avaliação intrínseca, é possível avaliar o índice com base em seu significado que acontece essencialmente através de uma análise de elementos unicamente internos da empresa. Para Matarazzo (2010), esse tipo de avaliação tem sido utilizado, apesar de dois contrapontos principais. Primeiramente, embora a análise de índices seja feita pelo seu significado intrínseco, muitas vezes a experiência do analista no mercado em que a empresa

opera é bastante considerada nessa opção de avaliação. Segundamente, a avaliação é feita de forma grosseira. Assim sendo, o autor enfatiza que a mesma é limitada e que só deve ser utilizada quando não se dispõe de índices-padrão, proporcionados pela análise de um conjunto de empresas.

Já a avaliação por comparação com índices-padrão de outras empresas permite a avaliação de um índice e a sua conceituação qualitativa. Matarazzo (2010) afirma que só se pode avaliar um índice como bom ou ruim se comparado com um padrão que, no caso, deve ser definido por um conjunto (universo) para, em seguida, comparar um elemento com os demais do conjunto e, com isso, atribuir-lhe determinada qualificação. Em outras palavras, realiza-se o cálculo do índice da empresa que se deseja analisar para comparar com o índice- padrão do setor e, a partir daí, localizar a empresa dentro do mercado, ou seja, compará-la com as outras do mesmo setor, mesmo mercado, mesmo tamanho, da mesma região, entre outros critérios. Devido às limitações de dados dos concorrentes e da necessidade de comparar organizações com as mesmas características, a avaliação através desse índice torna- se difícil (MATARAZZO, 2010).

A avaliação por meio da comparação dos índices em períodos de tempo sequenciais, por sua vez, revela-se bastante útil por mostrar tendências seguidas pela organização, isto é, com base nos valores do passado, pode-se fazer uma perspectiva de como se comportará a empresa pelos próximos períodos. As informações no decorrer do tempo permitem ao analista formar uma opinião a respeito de diversas políticas seguidas pela empresa, bem como das tendências que estão sendo registradas (MATARAZZO, 2010).

Os tipos diferentes de avaliação, como apresentados, podem ser usados de forma combinada proporcionando uma melhor avaliação e classificação de índices, na medida em que contempla uma maior riqueza de informação.

Diante do exposto, para o presente modelo de mensuração da produtividade verde proposto, optou-se por dois tipos de avaliação: inicialmente, para a classificação do nível de PV, optou-se pela avaliação da comparação dos índices em períodos de tempo subsequentes; posteriormente, para uma análise mais detalhada das variáveis que contribuem positivamente e/ou negativamente para o nível de PV da organização, optou-se pela do significado intrínseco do índice. A escolha por esses dois tipos de avaliação deu-se pelo fato de se mostrarem bastante apropriados para a avaliação da evolução/involução das variáveis de cálculo que compõem o IPVorg, e do próprio valor numérico do índice.

A avaliação e classificação do nível de PV pela comparação de índices por períodos temporais dá-se pela comparação do 1º IPVorg encontrado, cuja denominação é índice de

referência (IR), com os subsequentes índices determinados. O IR que servirá como base para análise do comportamento do IPVorg será utilizado para verificar quanto cada um dos IPVorg

calculados nos períodos seguintes (recomenda-se que não deverão ser superiores a um ano) representa em relação ao IR em termos percentuais.

A partir daí, busca-se analisar se o comportamento do índice é positivo ou negativo em relação ao IR. Disso, definiu-se uma escala intervalar comparativa composta pelo IR (toma valor “zero” na escala) e por mais dez faixas de valores, sendo que a metade fica abaixo do IR, significando evolução negativa do IPVorg, e outra metade fica acima do

IR, determinando a evolução positiva do IPVorg. Com isso, definiu-se uma classificação

escalar do comportamento do IPV que se dá tanto de forma decrescente, quando é verificado a queda em termos percentuais do IPVorg em relação ao IR, quanto de forma crescente, quando

é identificado o aumento do IPVorg em relação ao IR.

Dos dez intervalos definidos (cada um em uma faixa de valor distinto), há um domínio composto por 20 pontos cada, ou seja, entre o IR e o primeiro nível de classificação, tem-se um intervalo entre 0% à 20%, que representa os limites do primeiro nível de classificação do IPVorg; a segunda faixa de classificação do IPVorg, se comparada com o IR, está situada numa

faixa de intervalo que vai entre 20% a 40%; a terceira faixa de classificação do IPVorg, se

comparada com o IR, está delimitada no intervalo que vai entre 40% a 60%; e assim por diante, conforme apresentado no Quadro 9:

Quadro 9 – Escala de avaliação do índice de produtividade verde organizacional

Comportamento do IPV (%) Classificação do Nível de PV Equivalência de Cores a Classificação do Nível PV [80; 100[ Grave [60; 80[ Péssimo [40; 60[ Muito ruim [20; 40[ Ruim [0; 20[ Pouco ruim 1º IPVorg (Índice de Referência - IR)

[0; 20[ Regular

[20; 40[ Bom

[40; 60[ Muito bom

[60; 80[ Ótimo

[80; 100[ Excelente Fonte: Elaborado pelo autor.

Conforme apresentado no Quadro 9, a classificação das 10 faixas da escala intervalar que delimitam o universo de classificação do nível de PV indicará, em que cada intervalo, um padrão de classificação do IPVorg em termos qualitativos, isto é, Grave, Péssimo, Muito

Ruim, Ruim, Pouco Ruim, Regular, Bom, Muito Bom, Ótimo, Excelente. Essa classificação é feita conforme o valor do IPVorg encontrado e sua consequente posição em relação ao IPVorg

tomado como índice de referência.

Visando complementar a classificação do nível de PV, deve-se analisar o IPVorg

através da avaliação do significado intrínseco do índice. Em linhas gerais, essa avaliação deve ser feita tomando como base cada variável que compõe o cálculo do índice, ou seja, analisar o comportamento do faturamento, dos custos e dos impactos, e como cada uma contribui (positivamente ou negativamente) na formação do IPVorg e, consequentemente, no seu

respectivo nível.

A análise de cada variável deve ser feita separadamente avaliando o nível de contribuição percentual de crescimento ou decrescimento de cada uma sobre os IPVorg

encontrados ao longo do tempo. A base de comparação de cada variável no conjunto do IPVorg corresponde aos valores de contribuição de faturamento, custos e impactos na

formação do primeiro IPVorg determinado, ou seja, do índice de referência (IR).

Os critérios de quantificação das contribuições de cada variável ao comportamento do IPVorg são as seguintes: (1) a avaliação do faturamento, que se dá numa relação de que quanto

maior for o seu crescimento percentual, melhor sua contribuição ao comportamento do IPVorg;

(2) a avaliação dos custos e dos impactos, que se baseia numa relação de que quanto maior forem suas reduções em termos percentuais, melhores serão suas contribuições no comportamento do IPVorg.

De posse dessas informações, levando-se em consideração a avaliação intrínseca, poderão ser feitas algumas simulações que permitirão saber em termos percentuais o quanto a empresa deve aumentar seu faturamento, bem como o quanto deve reduzir seus custos e impactos, orientando, assim, a empresa na busca do nível de PV desejado.

Diante do exposto, é possível observar que a avaliação do nível de IPVorg através da

comparação de índices em períodos temporais e a avaliação intrínseca do índice através da análise da contribuição que cada variável da métrica de cálculo tem na formação do IPVorg

complementam-se e, com isso, produzem ambas importantes informações para a melhoria do desempenho da produtividade verde de uma organização.

Assim, com a classificação do nível de PV de uma empresa através do IPVorg

apresentado, que é parte integrante do modelo, passa-se a ter mais uma importante ferramenta que possibilita a unidades produtivas um conhecimento mais pormenorizado do comportamento de importantes indicadores econômicos, sociais e ambientais, e, com isso, possibilita também a obtenção de informações consistentes que garantem maior segurança nos processos de tomada de decisão, a fim de conduzir a melhoria da gestão das organizações.

Após a definição e apresentação dos critérios de avaliação do índice de produtividade verde e a consequente classificação da performance da PV para uma unidade produtiva, será apresentado o framework que caracteriza o modelo de mensuração da produtividade verde em nível organizacional.