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1 INTRODUÇÃO

4.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

4.4.1. Dados para a Construção do Modelo

Para a construção do modelo de mensuração da produtividade verde proposto para a indústria calçadista em nível organizacional, foram utilizados dados tanto de fontes primárias quanto de fontes secundárias.

Foram utilizadas fontes secundárias de coleta de dados nesta pesquisa, pois foi preciso fazer a revisão da literatura sobre a produtividade verde e suas formas de mensuração, e, a partir daí, acompanhar e aprofundar-se sobre o estado da arte em relação à PV.

Para tanto, fez-se um levantamento bibliográfico consultando livros, manuais técnicos, trabalhos acadêmicos (dissertações e teses), websites e artigos científicos (técnicos e acadêmicos) que abordassem temas relacionados: i) aos problemas ambientais e suas formas de gestão no meio empresarial; ii) à estratégia da produtividade verde, visando apresentar os benefícios, aplicações e limitações da PV, abordando também sua origem, conceitos e metodologia de aplicação; iii) às métricas de produtividade “convencional”, que, com uma ou outra diferença na nomenclatura, permitem determinar o índice da produtividade parcial,

índice da produtividade de valor agregado e índice de produtividade total; iv) às métricas de produtividade verde, em que foi feita uma análise sobre os modelos existentes para a sua mensuração, que são o índice de produtividade verde e o rácio de produtividade verde; v) aos conceitos e formas de mensuração de faturamento, custos (custos de produção, custos sociais e custos ambientais) impactos (ambientais e sociais) e indicadores (sociais e ambientais), e suas formas de identificação e caracterização dos indicadores, sejam eles de natureza social ou ambiental, por serem variáveis que compõem o modelo proposto.

A revisão da literatura junto às fontes bibliográficas foi essencial, pois, a partir delas, foram selecionadas aquelas que permitiram, entre outros aspectos: contextualizar, identificar e definir as abordagens teóricas e as variáveis analíticas relacionadas à PV, para, a partir daí, descobrir as lacunas/limitações na literatura sobre a temática que vieram direcionar a pesquisa; definir as bases teóricas utilizadas na conceituação e definição do modelo proposto; e também, direcionar a discussão que iria apoiar a fundamentação dos resultados.

Quanto ao uso de fontes primárias, este se deu junto a alguns representantes de órgãos relacionados com a gestão do setor de calçados no Estado da Paraíba, com destaque para o Centro de Tecnologia do Couro e Calçado (CTCC), Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP) e Superintendência de Administração do Meio Ambiente (SUDEMA), esta última como agente de fiscalização. As visitas a essas instituições identificadas aconteceram entre vários períodos distintos, mas todas entre os meses de março de 2015 à setembro de 2015, e visavam consultar fontes documentais que podiam ajudar na caracterização da realidade empírica da configuração do setor de calçados na região geográfica em estudo e também familiarizar-se com os aspectos relacionados à indústria de fabricação de calçados, particularmente, com processos produtivos, aspectos ambientais e sociais do setor.

Adicionalmente, foram realizadas visitas a duas fábricas de calçados localizadas no Estado da Paraíba. Assim, através da observação não participante e da entrevista semiestruturada, foi possível ao pesquisador familiarizar-se ainda mais com o processo de fabricação de calçados, mas também coletar informações que pudessem contribuir no processo de melhoria do modelo de mensuração de PV que se pretendia desenvolver.

Cabe destacar que algumas das visitas aconteceram nos dias 09 e 10 de agosto de 2015, junto a uma microempresa localizada na cidade de Campina Grande. A visita a essa fábrica (que foi considerada como um “piloto”) tinha como propósito testar a métrica e os instrumentos de coleta de dados e, assim, pôde-se fazer alguns ajustes necessários. Nessa mesma unidade produtiva, foi possível visitar a linha de produção e observar como a fábrica

funcionava. Através das entrevistas realizadas com o consultor independente (que colabora com a fábrica) e com o proprietário da fábrica, foram coletadas ainda informações relacionadas ao processo produtivo, ao histórico da fábrica e ainda aos dados financeiros.

A outra fábrica visitada foi uma empresa nacional de grande porte localizada na cidade de João Pessoa. A visita, que ocorreu nos dias 14 setembro, teve como propósito fazer com que o investigador pudesse inteirar-se do funcionamento de uma empresa de maior envergadura das inovações que vêm sendo feitas no setor e de como têm sido tratadas as questões ambientais e sociais. Os sujeitos da empresa que participaram foram dois técnicos, um de segurança e outro da área ambiental da empresa, que, além de acompanharem na visita, também contribuíram na definição dos indicadores.

A fim de complementar a definição do modelo, recorreu-se a um dos instrumentos de coleta de dados primários, mais concretamente a entrevista semiestruturada, que foi utilizada para acrescentar as contribuições de 7 (sete) técnicos/especialistas, que atuam no setor de calçados do Estado da Paraíba, que, pelo perfil profissional, pelo tempo de serviço e pela experiência profissional acumulada, demonstraram conhecimento dos principais aspectos produtivos, ambientais e sociais da indústria de fabricação de calçados, como mostra o Quadro 31:

Quadro 31 – Perfil dos técnicos entrevistados para colaborar com a identificação e caracterização dos indicadores que compõem o modelo

Data das entrevistas

Perfil do

Técnico Área de atuação/Tempo de serviço Tipo de informação obtida

14/09/2015. 1 Gestor de segurança; 1 Gestor ambiental.

Fábrica de grande porte, atuando diretamente no processo produtivo; Trabalham com essa temática há mais de 10 anos.

Contribuíram para identificação, caracterização e formas de mensuração dos indicadores que compõem o modelo.

16/09/2015. 2

Consultores.

Instituição de domínio público voltada para a capacitação profissional e consultoria empresarial do setor de calçados;

Trabalham há mais de 6 anos prestando consultoria no setor. 09/07/2015; 08/08/2015; 13/09/2015. 1 Consultor independente. Presta consultoria/assessoria empresarial em aspectos relacionados aos processos produtivos de calçados; Atua no setor há mais de 20 anos. 04/09/2015;

12/09/2015.

1 Gerente do CTCC (SENAI).

Responsável pela gestão do CTCC (SENAI) localizado em Campina Grande, que é uma instituição tida como grande parceira setorial; Atua há mais de 15 anos em cargos decisórios na instituição.

Contribuiu com informações sobre as principais demandas do setor de calçados, como capacitação profissional, tendências tecnológicas (equipamentos, processos produtivos e/ou de matérias-primas) e aspectos ambientais.

8/09/2015. 1 Técnico da SUDEMA.

Um dos responsáveis pela fiscalização na instituição e trabalha

Disponibilizou informações sobre os dispositivos legais ambientais que

numa delegação regional do Estado; Atua há mais de 5 anos como fiscal.

tenham certa relação com o setor e também estatísticas das infrações ambientais; forneceu também as intervenções realizadas pela instituição junto ao setor.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os contatos com os técnicos que constam no Quadro 29 deram-se primeiramente via telefone para explicar-lhes o objetivo do contato e da pesquisa e também para marcar o dia da entrevista. Em seguida, passou-se para a realização das entrevistas, sendo que as mesmas foram presenciais, onde lhes foi explicado o que se esperava deles como conhecedores do setor. Após confirmar suas atribuições e atuação junto ao setor industrial de calçados, aconteceu a realização da entrevista.

Convém evidenciar que, nas entrevistas com os cinco técnicos que colaboraram para a identificação e seleção dos indicadores, foram-lhes explicados também os objetivos dos indicadores e o que se esperava deles como contribuição na definição deles. Foram informados ainda que podiam criticar, retirar ou acrescentar indicadores, e foi o que aconteceu. Dos 90 indicadores previamente selecionados e enviados aos técnicos, 25 foram eliminados e 8 foram incorporados, até chegar-se aos 73 indicadores (apresentados na Subseção 3.2.4.3.1) que compõem a lista de indicadores utilizados como base no modelo que se propôs desenvolver. Além de terem eliminado e sugerido novos indicadores, os entrevistados também propuseram melhorias às formas de avaliação dos indicadores.

Após todas essas etapas de coleta de dados, foi desenvolvido o modelo de mensuração da PV que, como ficou definido, consistiu na elaboração de um Framework ilustrativo do modelo, na definição tanto dos critérios de Avaliação do Índice de Produtividade Verde, como também na definição de um modelo matemático da métrica de cálculo do Índice de Produtividade Verde para unidades produtivas do setor calçadistas que congrega não só os aspectos econômicos da produtividade, mas também os aspectos ambientais e sociais.

Uma vez proposto o modelo, passou-se a sua operacionalização empírica, ou seja, a aplicação em uma empresa do setor de calçados.