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1 INTRODUÇÃO

3.2 PROPOSTA DE MODELO DE PRODUTIVIDADE VERDE PARA INDÚSTRIA

3.2.1. Definição do Índice de Produtividade Verde

Partindo do contexto das limitações/lacunas identificadas nos modelos de mensuração de produtividade verde propostos por Hur et al. (2004) e de Gandhi et al. (2006), ambos analisados no capítulo 2, cujas métricas sugeridas não apresentam uma abordagem integradora das três principais dimensões da sustentabilidade, a seguir será apresentada uma equação matemática que permitirá que se faça a mensuração não apenas dos aspectos econômicos da produtividade, mas também dos aspectos sociais e ambientais que caracterizam as unidades produtivas, particularmente da indústria de fabricação de calçados.

Para tanto, partiu-se da equação de mensuração do IPV proposta por Hur et al. (2004) – cujo numerador determinava a produtividade, calculada pela razão entre preço de venda e custo do ciclo de vida do produto, e o denominador, incluí os impactos ambientais –, incorporando nos denominadores os aspectos sociais, especificamente, os custos e os

impactos, ficando determinada a relação matemática que define o índice de produtividade verde em nível organizacional (IPVorg) pela seguinte expressão:

𝐼𝑃𝑉𝑜𝑟𝑔=

∑ 𝐹𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ∑ 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠

∑ 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑐𝑡𝑜𝑠 (I)

A expressão (I), que traz a métrica do cálculo do IPVorg, ficou definida por uma

relação em que: o numerador representa a produtividade, definida pela razão entre o faturamento total da organização e os custos totais, que incluem os custos de produção, os custos ambientais e os custos sociais de todos os produtos fabricados pela empresa; e o denominador, que representa os impactos, determinado pela soma dos impactos ambientais e dos impactos sociais do sistema produtivo que se queira avaliar.

Fazendo as devidas substituições em (I), a expressão que determina o IPVorg proposto

é dado por:

𝐼𝑃𝑉𝑜𝑟𝑔=

Fat CP + CA + 𝐂𝐒

IA + 𝐈𝐒 (II)

Legenda: Fat – Faturamento Total; CP – Custos Produção; CA – Custos Ambientais; CS – Custos Sociais; IA – Impactos Ambientais; IS – Impactos Sociais.

Convém ressaltar que o fator da equação (II), que determina o custo total de fabricação de todos os produtos de uma unidade produtiva e é definido pela expressão [𝐶𝑃 + 𝐶𝐴 + 𝐶𝑆], vem evidenciar na métrica a incorporação tanto dos aspectos econômicos de produção (CP), como também dos ambientais (CA) e dos sociais (CS), aspectos estes que podem ser determinados separadamente.

É de evidenciar ainda que as informações unificadas no custo total, por si só, não retratam o nível de adequação ambiental, econômica e social de uma organização, ou seja, não permitem a avaliação do “comportamento” financeiro que a empresa possa ter no tocante às contribuições individualizadas dos CP, dos CA e dos CS na apuração do custo total de todos os processos desenvolvidos por uma organização industrial.

Em decorrência disso, a mensuração em separado dos três custos mostra-se útil, porque permitirá a classificação, o cálculo e a descrição em separado de cada tipo de custo, o

que contribuirá para a avaliação de cada um dos custos na rentabilidade da empresa, uma vez que serão gerados dados do desempenho financeiro da unidade produtiva, contribuindo, assim, para uma gestão mais eficaz.

Em concreto, o cálculo em separado dos custos ajudará tanto na identificação do sacrifício financeiro com as matérias-primas, insumos, mão de obra e outros, mas também das despesas ambientais e dos custos sociais relacionadas aos processos de fabricação e comercialização dos bens e/ou serviços das organizações, além de revelar as fontes de cada tipo de custos, auxiliando, portanto, a identificação das suas principais causas, de forma que possam ser controlados.

A título de exemplo, o conhecimento em separado dos custos, particularmente, o reconhecimento dos custos ambientais e de suas causas, pode levar a um reprojeto de um processo que, em consequência, reduz a quantidade de matéria-prima consumida e os poluentes emitidos ao meio ambiente (HANSEN; MOWEN, 2013).

Na mesma perspectiva, convém realçar a importância da identificação em separado dos custos ambientais, tal como feita por Rosato et al. (2009), quando afirmam que a empresa que adotar uma gestão dos custos ambientais, além de poder agir na redução desse tipo de custos, beneficia-se com uma redução no seu passivo ambiental contingente. Assim, a identificação e avaliação dos chamados custos ambientais tornam-se necessárias e bastante úteis. Por tudo isso, a quantificação e a valorização de ações relacionadas ao meio ambiente permitem a mensuração dos efeitos socioeconômicos financeiros da proteção ao meio ambiente e dos impactos ambientais (PANDOLFO, 2008).

Nesse contexto, a mensuração dos custos separadamente mostra-se relevante, porque dá a possibilidade de avaliar a evolução temporal de cada um, gerando informações que identificam as despesas relacionadas às atividades do processo produtivo, as quais compõem uma unidade fabril, e, por meio de tal identificação, contribuem para a elaboração de um plano de monitorização dos desperdícios de produção. Campos e Selig (2005) evidenciam que a identificação e avaliação dos custos, em separado, que estão envolvidos num processo de geração de bens ou serviços são ferramentas importantes tanto para determinação do lucro e do controle das operações quanto para a tomada de decisões.

Outras variáveis que compõem o modelo são os impactos ambientais e sociais que deverão ser mensurados, tendo em vista que qualquer indústria gera impactos de diferentes naturezas e magnitudes sobre os ecossistemas e o tecido social nos quais está inserida. Nesse âmbito, a quantificação dos impactos ambientais e sociais mostra-se relevante para uma

adequada mensuração da performance econômica, ambiental e social das unidades produtivas que compõem a indústria calçadista.

Tendo sido definida a métrica de cálculo do IPVorg, apresenta-se, em seguida, como se

dá a avaliação do índice de produtividade verde para que assim seja possível classificar o desempenho da produtividade verde de uma organização.