• Nenhum resultado encontrado

Capítulo VII Intervenção pedagógica em contexto de Educação Pré-Escolar

7.2 A prática pedagógica na Pré II

7.2.4 A avaliação do grupo da Pré II

Após uma abordagem à intervenção pedagógica desenvolvida com a Pré II e tendo em linha de pensamento a importância da avaliação bem como que esta é parte integrante da ação educativa, importa fazer uma breve referência à avaliação deste grupo de crianças.

“Sendo considerada como um ato pedagógico essencial ao desenvolvimento das práticas educativas, a avaliação na educação pré-escolar surge como elemento regulador da ação educativa.” (Mendes & Cardona, 2012, p. 274) e como é de extrema pertinência a adequação da avaliação ao contexto e às especificidades das crianças, interessa realçar que recorreu-se às linhas orientadoras seguidas pelos docentes do MEM para proceder à avaliação. Neste sentido, apoiei-me na recolha de informação através de registos, da observação e dos instrumentos de pilotagem do trabalho, como o diário de grupo e o plano de atividades, uma vez que estes constituem “um regulador de toda a ação educativa, desde o planeamento e gestão de atividades até à avaliação.” (Castilho e Rodrigues, 2012, p. 92).

Em relação à observação das crianças, é de reforçar que esta é um instrumento crucial da avaliação e, desse modo, exige “um processo intencional e sistemático, que implica registos, que possam ser posteriormente analisados, interpretados e refletidos.” (Silva, 2012, p. 152). Nesse sentido, como é “assumido que de acordo com as suas conceções e opções pedagógicas, cada educador poderá utilizar técnicas e instrumentos de observação e de registo diversificados.” (Portugal, 2012, p.234), de forma a poder, no decorrer da prática educativa, registar as observações recorreu-se ao registo de notas de campo e de grelhas (folhas de registo anexadas às planificações), nas quais utilizaram-se critérios de realização que, parafraseando Pinto e Santos (2012), favorecem a implicação e o envolvimento das crianças durante a ação bem como clarificam os procedimentos que são esperados que estas desenvolvam a partir do que lhes foi proposto fazer.

Segundo Castilho e Rodrigues (2012, pp. 93-94):

avaliar, em contextos de educação pré-escolar, permite conhecer o que a criança sabe e o que é capaz de fazer, quais são os seus interesses e motivações. Permite reconhecê-la como ser único com competências e individualidade e apreciar os seus progressos ao longo do seu processo educativo

A avaliação formativa, que é um processo que ocorre e acompanha todo o processo de ensino-aprendizagem, não somente os resultados obtidos pelas crianças, “com a recolha contínua de informações qualitativas/descritivas sobre o percurso escolar

dos alunos e visa a informação e a adequação contínua das estratégias e das atividades e dos percursos de aprendizagem de cada um e do grupo.” (Mendes & Cardona, 2012, p. 275). Assim, o educador de infância “Avalia, numa perspectiva formativa, a sua intervenção, o ambiente e os processos educativos adoptados, bem como o desenvolvimento e as aprendizagens de cada criança e do grupo.” (Decreto-Lei n.º 241/2001, de 30 de agosto, capítulo II, ponto 3, alínea e).

A avaliação do grupo de crianças da Pré II foi realizada de acordo com os pressupostos mencionados anteriormente e de seguida encontram-se informações referentes à avaliação realizada ao desenvolvimento e às aprendizagens do grupo.

No que diz respeito à avaliação do grupo na área de Formação Pessoal e Social, a maioria das crianças demonstrou respeito por si e pelo outro, interagiu e cooperou com o outro, foi autónoma e cooperativa e, ainda, demonstrou saber partilhar o poder. Notou-se uma melhoria quanto à colaboração entre as crianças, tanto no desenvolvimento de atividades/tarefas em grupo como em situações individuais, quanto à partilha de materiais e notou-se, também, uma melhoria nos comportamentos desadequados das crianças.

Em relação à área de Conhecimento do Mundo não foi possível avaliar as aprendizagens da Pré II no seu todo nesta área, pois não foram solicitadas no diário de grupo atividades que pudessem ser interligadas com a área em questão e esta só foi abordada, de um modo mais aprofundado, com o grupo que desenvolveu o projeto “Proteção dos animais”. A maioria das crianças gradualmente foi alcançando algumas das competências da área de Conhecimento do Mundo e as crianças que participaram no projeto conseguiram atingir os objetivos propostos.

No âmbito da área de Expressão e Comunicação é de fazer referência ao domínio da Expressão Motora, Dramática, Plástica e Musical. No domínio da Expressão Motora constatou-se que as crianças controlam voluntariamente os seus movimentos, têm consciência do seu corpo em relação ao exterior e participam em jogos, cumprindo com as suas regras e realizando com intencionalidade e oportunidade as suas devidas ações. A maioria do grupo demonstrou que a sua motricidade fina e global está desenvolvida e verificou-se uma diferença entre as crianças que integraram a instituição pela primeira vez e as que já a frequentavam.

No domínio da Expressão Dramática, todas as crianças da Pré II demonstraram entusiasmo, muita criatividade e capacidade de improviso e participaram nas situações de

jogo simbólico/dramático. No domínio da Expressão Plástica constatou-se que as crianças produziram e criaram, manusearam correta e autonomamente diversos materiais e instrumentos bem como exploraram e utilizaram diversos meios de expressão. Salienta- se que nestes domínios não se presenciou diferenças significativas entre as crianças que já integravam o pré-escolar e as que integraram pela primeira vez.

Quanto ao domínio Musical verificou-se que, excetuando as crianças que integraram pela primeira vez a instituição e demonstraram mais timidez e um pouco de dificuldade, as restantes não demonstraram muita dificuldade nem em reproduzir os fragmentos sonoros nem em criar formas de movimento através da música.

Em relação ao domínio da linguagem oral e abordagem à escrita constatou-se que as crianças utilizaram a comunicação não-verbal como suporte da comunicação oral bem como a linguagem oral para se expressar. As crianças demonstraram compreender o discurso oral, interagiram verbalmente, distinguiram a escrita do desenho, reproduziram o formato do texto escrito e a maioria das crianças atingiu o que tinha sido proposto quanto às atividades que pretenderam promover a consciência fonológica.

Por fim, quanto ao domínio da matemática a grande maioria da Pré II conseguiu resolver problemas lógicos, estabelecer a correspondência entre quantidade e número bem como formar conjuntos, distinguir e nomear as formas geométricas e organizar e tratar dados.

A avaliação realizada teve como indicadores as competências, visto que em termos pedagógicos estas referem-se à “capacidade de mobilizar (identificar, combinar e activar) um conjunto de saberes, de saberes-fazer e de saberes-ser para resolver uma família de situações-problemas” (De Ketele, 2006, p. 139-139) bem como os critérios de realização, que constituíram os objetivos específicos delineados nas planificações das atividades desenvolvidas.