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4. PROCESSOS AVALIATIVOS NA PÓS-GRADUAÇÃO

4.5. Avaliação Institucional do PPGE/FE pela Unicamp

A Unicamp desenvolveu entre 1999 e 2008, dois processos de avaliação institucional, que geraram importantes relatórios que se encontram disponibilizados em sua página eletrônica, o ‘Relatório Final de Avaliação Institucional – Período/1999-2003’ e o ‘Relatório Final de Avaliação Institucional – Período/2004-2008’, nos quais são apresentados dados sobre o conjunto de programas de pós-graduação da universidade, inclusive sobre o PPGE/FE.

Tais processos tiveram como diretrizes a avaliação dos resultados alcançados, sem foco em meios ou processos; o exame da coerência entre o planejamento e a execução de atividades em relação às estratégias que foram traçadas, respeitando-se a missão, visão, princípios e valores da universidade; a análise dos programas quantitativa e qualitativamente, com base em indicadores comparáveis, valorizando a diversidade e as especificidades das áreas e dos atores institucionais que as compõem; a elaboração de um relatório de autoavaliação, utilizando um modelo de formulário de avaliação interna, composto por dados sobre a docência, a geração de conhecimento, a produção cultural e artística, as inovações, as formas de inserção na comunidade; entre outros aspectos de grande importância.

Especificamente sobre o PPGE/FE, foi apresentado que seus conceitos nas avaliações da Capes foram ‘3’ no período 1996-1997 e ‘5’, nos períodos de 1998-2000 e 2001-2003. Em relação ao mestrado, em 1999 houve 60 titulações; em 2000, mais 60; em 2001, 90; em

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2002, 103 e em 2003, 127 titulações. Quanto ao doutorado, em 1999 houve 67 titulações; em 2000, 60; em 2001, 81; em 2002, 62 e em 2003, 72 titulações. De acordo com a comissão externa de avaliação, o programa foi citado como o maior programa de pós- graduação do país, contando com ampla estrutura curricular para contemplar a diversidade de interesses e a especialização de seu quadro docente. Foi ressaltado que, além dos recursos da Capes, os docentes se esforçavam na obtenção de aportes financeiros por meio de convênios institucionais, sendo verificada forte integração entre pós-graduação, graduação e atividades de extensão.

Com relação às sugestões de melhoria, o relatório citou que não havia veiculação relevante dos trabalhos em periódicos internacionais, recomendando empenho nessa direção e, em resposta, a FE reconheceu a necessidade de mudança cultural para divulgação de resultados, o que já representaria um passo no sentido de internacionalizar suas ações. No entanto, também considerou que essa ação poderia confrontar seu compromisso político-social prioritário com a educação regional e nacional.

Com relação às bolsas Capes e CNPq para o PPGE, a razão entre o número de pós- graduandos com bolsa e o total de alunos, decresceu de 21% em 1994, para 15% em 2003 no mestrado, e de 15% para 9% no doutorado, sendo que o número de bolsas da Fapesp também era mínimo. No período de 1999 a 2003, o total de bolsas (mestrado e doutorado) da Capes, CNPq e Fapesp, tiveram a seguinte variação decrescente.

Quanto às metas e desafios traçados para o PPGE/FE indicados nesse relatório, eram esperados resultados mais promissores nas próximas avaliações da Capes, pois seus cursos de mestrado e doutorado já estavam consolidados, muitas discussões já haviam sido feitas na unidade para gerar melhorias, além de uma reestruturação departamental ter sido empreendida. Também deveria haver o rompimento da contraposição entre ‘modelo de compromisso social’ e ‘divulgação internacional do conhecimento’, para que fosse aumentada sua inserção internacional. E a Capes também identificou alta concentração de alunos trabalhando com poucos orientadores, o que deveria ser revisto.

O parecer da Comissão Externa da FE apresentou um conjunto de sete metas importantes definidas pela unidade, destacando: a criação de um ‘Centro de Formação Continuada’ e de um ‘Projeto de Formação de Professores’; a ampliação e organização da

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divulgação da produção científica; a melhoria das condições de trabalho acadêmico- administrativo; a criação de uma Videoteca e a melhoria da Biblioteca. De forma geral, as comissões avaliaram positivamente os planos apresentados, bem como as comissões externas de avaliação da Área de Humanas, destacaram a boa receptividade e a disponibilidade dos docentes, funcionários e estudantes na apresentação das instalações, equipamentos, salas de aulas e no fornecimento de informações complementares para a realização dos trabalhos.

Sobre o processo de recrutamento e seleção na unidade, a avaliação interna levantou os seguintes dados com relação à FE: que os concursos realizados no período 2004-2008 foram muito competitivos, atraindo candidatos bem qualificados; que a maioria dos contratados havia realizado seu doutorado na Unicamp; que grande parte dos contratados não possuía experiência de pesquisa no exterior; que o desenvolvimento da carreira dos mesmos, nos últimos 10 anos não estava correspondendo ou excedendo às expectativas; que tais contratações não estavam contemplando o fortalecimento dos grupos mais atuantes, nem a sobrevivência dos grupos sob a ameaça de desaparecimento, tão pouco as áreas estratégicas consideradas fracas ou ausentes e que a capacidade didática do docente não havia sido um critério importante em sua seleção.

Quanto ao item apoio institucional para o desenvolvimento profissional e acadêmico dos docentes, os avaliadores externos observaram que a FE traduziu uma intenção em apoiar e dar sustentabilidade aos processos de desenvolvimento profissional e acadêmico dos docentes, mas teve dificuldades em função da redução do quadro de professores e da ausência de uma política clara da unidade em relação ao item. Identificou-se, portanto, a necessidade da FE estabelecer diretrizes institucionais que pudessem orientar o desenvolvimento profissional e acadêmico dos docentes, em uma perspectiva que articulasse suas demandas com os projetos prioritários da unidade.

Assim, o item foi avaliado como ‘adequado’. Foram detectadas as ausências na FE, de estratégias relacionadas à melhoria do processo de seleção, (re)contratação e qualificação dos docentes para o desenvolvimento das atividades da unidade, atuais ou futuras; estratégias de incentivo à participação docente em programas de pós-doutorado

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fora da universidade; estratégias para incentivo à qualificação da atividade do ensino de graduação e estratégias para melhorar a visibilidade internacional das atividades da FE.

O processo de avaliação da pós-graduação no período de 2004-2008 objetivou apreender o alcance e as limitações de diversas ações para o cumprimento das áreas estratégicas de ensino do ‘Planes’, que envolveram diferentes objetivos, sendo priorizados: a adequação sistemática da infraestrutura física e de pessoal; o aperfeiçoamento e a ampliação de programas que garantissem aos alunos condições para conclusão dos cursos nos prazos determinados; o aprimoramento e a ampliação de programas de formação docente envolvendo alunos de pós-graduação e pós-doutorado em atividades de ensino; a avaliação da eficiência da gestão do ensino de pós-graduação na unidade.

Uma grande inovação foi a de que, em cada unidade de ensino e pesquisa, os avaliadores internos e externos utilizaram como instrumentos, formulários com questões pertinentes às atividades de pós-graduação como um todo, tendo disponíveis dados de sustentação para uma avaliação mais objetiva. As questões para avaliação externa contemplaram 12 diferentes critérios, com uma avaliação de acordo com os conceitos: ponto forte, adequado, ponto fraco, não pertinente, não há como avaliar o item.

Houve uma avaliação de cada item e em complemento, foi perguntado se o conceito atribuído pela Capes ao programa, refletia adequadamente sua qualidade, levando em conta as comunidades acadêmicas e profissionais, nacionais e internacionais, avaliando seu impacto em comparação com outros similares na área, no país e no exterior. Os itens classificados como ponto forte do PPGE/FE foram os critérios para a admissão de alunos no programa e a adequação das exigências formais, em termos de disciplinas exigidas, número mínimo de créditos e exames de qualificação para os objetivos do programa; bem como a inserção internacional da FE.

Os itens classificados como adequados foram a participação dos pós-doutorandos nas atividades do programa; atendimento a alunos especiais; produção acadêmica associada a teses e dissertações; tempo médio de titulação; nível de adequação da infraestrutura de salas de aula, laboratórios, bibliotecas, acervo bibliográfico, laboratórios de informática, espaço para estudo individual e em grupo. Já os itens considerados fracos no PPGE/FE foram a adequação do número de bolsas disponíveis para as atividades dos programas; processos de

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avaliação de docentes e disciplinas da pós-graduação; o programa de estágio docente (PED) como mecanismo de qualificação profissional do pós-graduando e o estágio discente no exterior, merecendo atenção e acompanhamento. O item equilíbrio entre produção intelectual e número de orientações dos docentes não teve dados suficientes para avaliação.

Entre 2009-2011 várias medidas foram adotadas para o fortalecimento do PPGE/FE, dentre elas, o acompanhamento sistemático dos relatórios e projetos de participação no programa; a aproximação das atividades de aperfeiçoamento didático com encontros semestrais, palestras e um aperfeiçoamento didático de 15 horas no semestre. Nas conclusões gerais da Comissão de Avaliação Externa sobre a pós-graduação na unidade foi mencionado que o PPGE/FE estabeleceu como objetivo a formação em nível de mestrado e doutorado, de pesquisadores e docentes, além de gestores para atuar em todos os níveis e modalidades do sistema educacional do país e de países latino-americanos.

Neste sentido, ofereceu além do mestrado e doutorado, um curso de Especialização em Gestão Educacional, ministrando-o para 6.000 gestores da Rede Estadual de Ensino e 300 gestores das Redes Municipais da região metropolitana de Campinas. Dentro deste âmbito ofereceu mais cinco cursos de especialização para professores das Redes Municipais, abordando: Educação de Jovens e Adultos; Educação Infantil; Pesquisa e Tecnologia na Formação Docente; Novas Tecnologias Digitais da Educação e Ensino de Ciências e Matemática. Estes cursos, de certa forma, se confundem com atividades de extensão, mas visam à formação de especialistas para as redes públicas de ensino.

Nos cursos de pós-graduação stricto-sensu, além da formação de pesquisadores, buscou-se uma atuação no campo da formação docente, o que, segundo os responsáveis pela faculdade, explicaria o recurso da utilização de pós-graduandos como professores nos cursos de graduação. No entanto, caberia uma ponderação se o exercício da docência por estes alunos não se refletiria negativamente no tempo de integralização do curso. Da mesma forma, seria importante avaliar se esta prática não reforçaria a tendência à precarização do trabalho docente no ensino superior, por possibilitar o funcionamento da instituição sem a contratação de novos professores, necessários frente a aposentadorias e ao próprio desenvolvimento do programa.

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A FE contou em média com 96,2 docentes no quinquênio 2004-2008, tendo ocorrido nove contratações, sete delas de docentes com doutorado concluído na Unicamp e 13 aposentadorias, sendo que nove professores aposentados permaneceram como professores colaboradores voluntários. O financiamento da pesquisa da unidade é decorrente, quase que exclusivamente, de fontes públicas como Secretarias Municipais e Estaduais de Educação e Ministérios, por meio de assessorias, cursos e eventuais projetos de pesquisa e extensão.

A captação de recursos da Fapesp e Finep/CT-Infra somaram cerca de R$ 1,75 milhões, o que correspondeu a uma média de captação de R$ 3,6 mil/docente/ano no período. Embora o valor parecesse adequado face à natureza das atividades de pesquisa da área, uma análise mais apurada revelou que apenas 14 projetos, coordenados por 11 docentes foram responsáveis pela captação de recursos para pesquisa junto à Fapesp no quinquênio, cerca de R$ 1,5 milhões.

A comissão externa de avaliação considerou a captação de recursos como ponto fraco da FE, enquanto a comissão interna reconheceu a captação como insuficiente, apontando a necessidade de maior envolvimento dos grupos de pesquisa na busca de financiamentos. Tais números deveriam ser comparados com o total de recursos arrecadados pela unidade através de cursos de extensão (R$ 2,6 milhões). A comissão interna considerou a qualidade da produção intelectual muito boa, mesmo estando abaixo dos melhores padrões internacionais, pois se encontrava bem acima da média brasileira e registrou que, historicamente era mínima a preocupação específica com a publicação de artigos em periódicos e com a exigência de publicação acadêmica na FE, afirmação que contrariava uma recomendação expressa na avaliação anterior (1999-2003).

A recomendação citava que, apesar da grande inserção em convênios internacionais e da marcante participação dos docentes em congressos científicos, não havia sido encontrada correspondência no que se referia às publicações em veículos internacionais, o que era lamentável, tendo em vista o processo de globalização das questões educacionais e que a FE possuía pesquisas que mereciam ser conhecidas internacionalmente.

A comissão de avaliação da época sugeriu um maior empenho nesta direção, e a comissão desta avaliação não encontrou justificativa viável frente à necessidade de ampla circulação de ideias no meio acadêmico, mesmo considerando o importante envolvimento

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da FE com a Educação Básica em nosso país. Outro ponto fraco apontado pela Comissão Externa de avaliação se referiu ao número reduzido de bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq: apenas 10 docentes ao final de 2008 (11% do corpo docente), sendo que esse foi o terceiro menor índice dentre as unidades de ensino e pesquisa avaliadas no quinquênio.

Também foi apontado que políticas visando à definição de áreas estratégicas de pesquisa, incentivo à captação de recursos, atração de quadros qualificados de instituições nacionais e internacionais; bem como o incentivo à cooperação com instituições de prestígio do exterior seriam ações importantes para a superação dos pontos fracos do PPGE/FE.

Na parte das considerações finais do relatório 2004-2008, foi ressaltado que a avaliação institucional oferecia uma oportunidade única para a Unicamp reiterar seu compromisso permanente com a busca de qualidade e a liberdade acadêmica, reafirmando seus princípios e valores, devendo analisar seus indicadores de desempenho, buscando a valorização do avanço do conhecimento e da formação de pessoal altamente qualificado. Foi ainda citado que esta experiência referente à avaliação, no âmbito individual e institucional, seria um dos pilares de sua posição de destaque no cenário nacional e internacional, tendo grande importância as iniciativas de excelência acadêmica em favor de especificidades reconhecidas mundialmente, pois a avaliação da qualidade do que é produzido é uma tarefa de grande responsabilidade.

Também foi apontado que os programas deveriam analisar de forma objetiva seus desempenhos no quinquênio, planejando ações para superação de dificuldades e limitações. Houve um consenso de que este processo apresentou melhorias consideráveis em relação ao anterior e que o próximo deverá contar com subsídios suficientes para aperfeiçoá-lo ainda mais. O ambiente computacional de suporte e a disponibilidade dos dados de sustentação foram inovações que influenciaram muito positivamente os resultados do processo.

Finalizando, o relatório apresentou que o sincronismo entre os processos de avaliação institucional e planejamento estratégico possibilitou um amplo diagnóstico para a revisão do plano estratégico da universidade, que por sua vez será focado em temas que devem ser avaliados no próximo ciclo. No entanto, cabe ressaltar que a identificação das deficiências

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acadêmicas e administrativas depende da atuação objetiva das unidades durante sua avaliação interna e do suporte aos avaliadores externos, cabendo às instâncias que atuam no processo, consolidá-las para que sejam estabelecidas estratégias, programas e projetos, a fim de legitimizar os esforços de avaliação e planejamento, garantindo o cumprimento da missão da Unicamp, assim como de sua visão de futuro, segundo seus princípios e valores.

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