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3. DESAFIOS PROFISSIONAIS DE MESTRES E DOUTORES

3.1. Mundo do Trabalho, Identidade e Subjetividade

No mundo contemporâneo do trabalho, muitas áreas vêm se expandindo, apesar da precarização e reestruturação de muitos campos ocupacionais, que se encontram em retração ou até em vias de extinção, geradas por fatores como: a globalização dos mercados sem proteção nas economias; os avanços tecnológicos e automações industriais; a informatização dos processos, por vezes tornando maior a complexidade do trabalho, bem como ampliando a exigência de alta escolarização dos trabalhadores e a busca de certificações de qualidade; a diminuição dos empregos formais com o aumento de taxas de desemprego, subemprego, terceirizações e exclusão social.

Além disto, conforme apontam vários autores como Antunes (2006), Segnini (2007) & Dedecca (2009), a ampliação crescente da informalidade, intensificação do trabalho e maior pressão por produtividade, têm ampliado o surgimento de doenças ocupacionais e de fundo psicológico. Também a busca por perfis de polivalência e multifuncionalidade, o aumento de rotatividade com foco na diminuição de salários, entre outras condições impostas aos trabalhadores têm gerado impactos em sua identidade e subjetividade.

O papel de trabalhador tem assumido diversas formas e lugares na vida dos indivíduos, na medida em que os mesmos tem se esforçado para se adaptar às contínuas mudanças e exigências de um mercado complexo e instável, que requer uma nova compreensão de seus sentidos e práticas, permitindo o desenvolvimento da dimensão subjetiva e contribuindo para sua realização, tanto pessoal quanto profissional. Sempre é importante uma análise do trabalho e do mundo do trabalho, pela sua heterogeneidade e multidimensionalidade.

Segundo Chanlat (2001), atrás de todo empregado, seja operacional, técnico, especializado ou de gestão, existe um indivíduo que mobiliza sua subjetividade, a fim de realizar suas atividades, mesmo que seu contexto organizacional não lhe ofereça

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possibilidade de expressá-la plenamente, o que acaba afetando seus resultados em relação a seu desempenho e produtividade. Para muitos trabalhadores, o contexto do trabalho é o único elo social fora de seu convívio familiar, reforçando assim sua importância, ressaltam Vasconcelos & Oliveira (2004).

As articulações entre identidade e trabalho estão presentes ao longo de toda a trajetória profissional do trabalhador, sendo modificada pela sua relação subjetiva com o trabalho e influenciada pelos demais envolvidos nesta relação. Muitos autores têm discutido a centralidade do trabalho no mundo social, sua importância nas relações entre sujeitos e em relação a seu contexto, bem como quanto ao seu próprio desenvolvimento como sujeito. Além de ser uma ocupação em troca de determinado salário, o trabalho constitui-se fator de integração a determinado grupo, possuindo uma função psíquica, sendo considerado o alicerce da constituição do sujeito e de sua rede de significados, ligados a constituição de sua identidade e subjetividade.

O contexto do trabalho acaba sendo o principal cenário para a realização e o fortalecimento da singularidade do indivíduo, onde sua identidade alterna momentos de estabilidade e desequilíbrio, decorrentes do domínio de técnicas específicas, do desenvolvimento da inteligência prática ou das relações entre pares e superiores, sendo o reconhecimento fundamental para a manutenção de sua mobilização, evitando a falta de sentido para sua ação. Borges & Tamayo (2001) sugerem que o trabalho se constitui um verdadeiro sentido de vida, na medida em que possibilita a criação de significados existenciais em função de sua riqueza, contribuindo para a estruturação da personalidade e identidade das pessoas, além de tornar-se um organizador de sua vida pessoal e social.

Morin (2001) aponta que o trabalho é um meio do indivíduo estabelecer relações sociais, possibilitando seu sentimento de pertença a um grupo, sendo que, tanto seu processo quanto seus resultados, ajudam na formação de sua identidade. O campo da subjetividade é de natureza transdisciplinar, por tratar-se de uma dimensão que envolve vários processos sociais, cita Larossa (2002), sendo que, de todas as vivências, decorrem aprendizagens com determinados significados. O próprio pensamento também é formado pelo sentido que atribuímos ao que somos e ao que nos acontece no dia a dia, pois a

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experiência produz processos de subjetivação, enquanto a subjetividade se produz de modo singularizado e particularizado pelo registro social.

Para Arendt (2005), o trabalho é uma das principais formas de engate do sujeito no circuito social, ocupando também uma posição central em relação aos processos de produção de subjetividade. A obrigação ao trabalho decorre de sua centralidade social, no sentido de ser ele o principal modo de engajamento do sujeito na sociedade. Blanch (2003), um pesquisador espanhol dedicado ao tema há mais de 30 anos, ressalta que o campo do significado do trabalho corresponde ao grau de importância ao mesmo atribuído, bem como aos valores sociais que são assumidos via socialização, que influenciam a escolha da carreira e profissão, o comportamento nas organizações, o enfrentamento das condições de trabalho, do estatuto contratual e a satisfação com a atividade específica.

Segundo Goulart (2009), o significado do trabalho conserva sua função instrumental, voltada à obtenção de metas, e sua função expressiva, possuindo o trabalho um fim em si mesmo, considerando diversos gradientes em relação às atividades desenvolvidas pelos sujeitos, influenciadas pela idade, renda e estágio na carreira. Pelo estudo pode-se notar uma maior aproximação entre o significado do trabalho e as condições em que ele se realiza, a partir do início deste século. Larossa (2002) reforça que o que é significativo para alguns pode não ser para outros, pois o que instiga alguns é frustrante para outros. As palavras com que nomeamos o que somos, fazemos, pensamos, percebemos ou sentimos, são mais do que simples palavras, pois a subjetividade se produz e é produzida no registro do social, de forma singularizada.

Garcia (2002) ainda define o significado do trabalho como um conjunto de crenças, valores e atitudes em relação ao ato de trabalhar, construídos antes e durante seu processo de socialização, com variações dependentes das experiências subjetivas e situacionais que ocorrem no âmbito do emprego e da organização. Para Rosas & Moraes (2011), a importância da dinâmica do reconhecimento no trabalho está ligada à compreensão de sua repercussão sobre o processo de formação da identidade dentro de um campo social, podendo ser o trabalho um mediador legítimo de transformação de sofrimento em prazer. O reconhecimento desempenha importante papel na dinâmica das relações, auxiliando no processo de mobilização subjetiva e cooperação, favorecendo a transformação e

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ressignificação de situações que trazem sofrimento, dando sentido à atividade e propiciando-lhe prazer.

Bourdieu (2004) apresenta a noção de campo por ser útil, especialmente para caracterizar as lutas cotidianas verificadas no ambiente do trabalho, nem sempre faladas ou visíveis, que caracterizam uma grande competitividade. O autor afirma que as lutas são inerentes ao campo, sendo que tal espaço não pode ser pensado sem se considerar a estrutura social onde está inserido. Na década passada, Drummond (2001) já sugeria que devíamos manter em mente o sentido da complexidade das lutas do universo produtivo, a fim de que as subjetividades produzidas no campo do trabalho pudessem ser reunidas para superar a exploração, a insegurança e o poder empregado pelo capitalismo.

Os sentidos subjetivos constituem uma expressão única e diferenciada de pessoas e de realidades onde ocorrem suas experiências, ressalta González Rey (2002), que se organizam ao longo da própria vivência. Toda função psíquica individual que implique a emoção do indivíduo, representa a expressão de uma configuração subjetiva que ultrapassa seu caráter cognitivo, simbólico e instrumental, transcendendo a separação entre o sujeito e a realidade. Assim, toda função humana é sempre uma produção subjetiva diferente.

Ciavatta (2004) define o trabalho como uma categoria estruturante da existência humana e da produção do conhecimento, ressaltando que, tanto atividades materiais e produtivas, como processos de criação ligados às necessidades humanas, que geram mediações econômicas e políticas, podem ser compreendidos como mundo do trabalho. O reconhecimento das mudanças e seus impactos nos conteúdos e divisão do trabalho estão intimamente ligados à produção da identidade e subjetividade. O trabalho tem um papel mediador entre o mundo subjetivo e o mundo objetivo; pelo trabalho, o indivíduo se apropria do mundo objetivo, transformando a si mesmo ao mesmo tempo em que transforma o mundo real.

De acordo com Campos (2010), a identidade profissional do indivíduo refere-se ao conjunto de características que o torna semelhante àqueles que exercem uma atividade socialmente reconhecida. Normalmente pressupõe uma habilitação por meio de diploma ou competência reconhecida, além de outros atributos; o termo identidade profissional caracteriza um processo de desenvolvimento psicossocial em que se envolvem indivíduos e

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categorias profissionais. Nesse sentido, é evidente e expressiva a relação da identidade com o trabalho. A identidade profissional, apesar de uma instância complexa, está em contínua construção, e, se a centralidade do trabalho significa ser fonte de sentido, autorrealização e bem-estar psicológico para a construção identitária, também pode ser percebida como sofrimento ou mal-estar quando o sujeito se encontra diante de uma atividade vazia de sentidos e significados subjetivos.

Há uma perspectiva histórica da evolução da construção da identidade muito interessante apresentada por Hall (2006), a qual se inicia por uma concepção de sujeito individualista, centrado e dotado de consciência e razão. Na sequência emerge um sujeito social, com núcleo em sua relação com pessoas em torno de valores, sentido e símbolos no contexto em que habitam, sendo sua atual concepção, a do sujeito pós-moderno, sem identidade fixa ou permanente, assumindo identidades não unificadas ao redor de um ‘eu’ coerente, mas diferentes em diferentes momentos. O autor também menciona a incidência de identidades contraditórias, que nos empurram para diversas direções, deslocando continuamente nossas identificações, tornando-as plurais e contraditórias.

Dubar (2005) aponta que a própria socialização das pessoas é um processo de construção e desconstrução de identidades ligadas às diversas atividades que aprendeu a desenvolver durante toda sua vida, sendo, portanto, suas identidades influenciadas por sua história, relações e práticas, ou seja, pelo conjunto de sua trajetória subjetiva. Identidade, para muitos autores é um conceito que diz respeito à singularidade humana e também à particularidade de grupos, classes, culturas.

O trabalho tem papel fundamental na constituição do sujeito e, além disso, a sociedade destaca seu papel de trabalhador em comparação aos muitos outros papéis que desempenha na vida, pois é a dimensão do trabalho que apresenta sua centralidade, organicidade e regência sobre as demais relações sociais. As organizações existem por meio dos indivíduos e, para os mesmos. As formas como sentem e percebem as experiências vividas em seu trabalho revelam sua subjetividade.

Para habitar de forma saudável um ambiente repleto de desafios e questões subjetivas, o trabalhador precisa se sentir sujeito na organização, indivíduo completo e integrado, necessitando de espaço para dar vazão à sua racionalidade, discutindo, compreendendo e

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exercendo seus sentimentos, emoções, conflitos e opiniões. Mendes (2010) apresenta que, quando a organização possui um ambiente saudável, com oportunidades para negociação, onde haja uma margem de escolha para o trabalhador ajustar a realidade e seu trabalho aos seus desejos e necessidades, um lugar onde relações socioprofissionais sejam abertas, democráticas e justas, ainda existe a possibilidade de um processo de reconhecimento, prazer e transformação do sofrimento.

Pires (2009) declara que na construção de uma organização mais saudável, mas humana e economicamente mais eficiente e justa, os modelos de gestão devem considerar a subjetividade dos trabalhadores, pois as empresas dependem de seu desempenho. A sociedade brasileira foi, desde sua constituição, baseada no sistema capitalista e as organizações, mesmo sem fins lucrativos estão inseridas nesse contexto, articulando e viabilizando a vida em sociedade. Toda experiência pessoal é uma produção social, mas, ao mesmo tempo, uma produção subjetiva individual, diferenciada, processos esses que se desdobram em sentidos subjetivos, segundo González Rey (2002), diferenciados na subjetividade social e individual.

A ideia de um sujeito singular é defendida por Castoriadis (2006), que cria e transforma dentro das pressões da sociedade em que vive cujos efeitos colaterais aparecem nas configurações desse sujeito que a desafia e a subverte. Ressalta que os processos subjetivos e as configurações subjetivas que se organizam no curso da vida social da pessoa são gerais a todas as esferas de sua vida social e que o campo da subjetividade também se caracteriza por sua natureza transdisciplinar, pois a subjetividade é uma dimensão no estudo de diferentes processos.

Já para Vasconcelos & Oliveira (2004), o ser humano busca a concretização dos sonhos que acalenta ao longo de seu processo de crescimento, situado na história, busca em seu percurso saber quem é, visto que tal resposta não se refere apenas a sua identidade, mas também ao sentido de sua existência. Assim, pensar num projeto de vida é pensar num projeto político, marcante na construção da subjetividade humana.

Há uma busca incessante sobre elementos que produzam identidade e subjetividade, dentre os mais variados dilemas com que se defrontam indivíduos e coletividades, cita Ianni (2004), devido aos impactos intensos e generalizados econômicos, políticas, culturais e

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sociais em amplo sentido, as formas de sociabilidade, bem como os jogos das forças, territórios e fronteiras que passam a ter outros significados nas possibilidades de construção do indivíduo.

Com a dinamização das forças produtivas, modificam-se instituições, valores, práticas e ideais, alterando questões relativas à vida e ao trabalho das pessoas, pois a globalização envolve indivíduos e sociedades, dentro de um complexo cenário mundial de relações, processos e estruturas de integração e fragmentação, dominação e apropriação, alienação e emancipação, onde os sujeitos se formam, conformam e transformam, no singular e no plural, ativos e inativos, empregados e desempregados, com direitos e deveres.

A ideia de identidade, conforme define Ciampa (2001), pode ser compreendida como um processo de identificação e construção, que permite reconhecer-nos como pessoa em relação aos demais, idealizando e vivendo nossos projetos, através da busca de concretização de atos e sentimentos que remetem a uma realização, pautada nos valores apreendidos nas relações, dentro de um movimento onde o maior desafio é a afirmação da diferença, ou seja, de nossa subjetividade. Para o autor, assumimos um papel de transformação dentro do mundo do trabalho, conciliando o real e o concreto, a subjetividade e a objetividade, para assumir novos lugares e papéis no espaço social.

Bourdieu (2004) apresenta que o espaço social é um lugar de reflexão no qual estão presentes diferentes capitais simbólicos, culturais, sociais e econômicos o que gera relações de poder conflitantes, podendo ser considerado um campo complexo e de tensão. De qualquer forma, no contexto da realidade social somos sujeitos da história, atuando num mundo regido por relações de diversos tipos e profundidades, principalmente no mundo do trabalho.

Segundo Hall (2006), o conceito de identidade é complexo, pois o sujeito da modernidade tem sofrido um processo de deslocamento tanto de seu lugar no mundo sociocultural, como na percepção de si mesmo. As paisagens de gênero, classe, sexualidade, etnia, raça, nacionalidade que nos forneciam sólidas localizações estão em transformação, mudando nossas identidades pessoais e abalando a ideia que temos de nós mesmos como sujeitos integrados.

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A construção da identidade na inter-relação com a cultura, junto às crises geradas pelo contexto, em cada momento histórico retrata o perfil da sociedade em que o indivíduo está inserido, ressaltando seu caráter dinâmico e processual de um fenômeno de construção, fundamental para a constituição de um sujeito único e singular, que busca conviver num ambiente rico em diversidade, onde são construídas relações sociais e instituídas diferenças.

Na execução do trabalho há uma parte não compreensível, que não pode ser planejada, algo que não se tem domínio na ação, mesmo seguindo-se procedimentos previstos ou utilizando-se conhecimentos já adquiridos, aponta Dejours (2008), sendo o descompasso entre o prescrito e o real do trabalho. O autor cita que todo reconhecimento referido ao trabalho se inscreve na identidade do sujeito, podendo ganhar sentido em relação às suas expectativas subjetivas e à sua autorrealização. Assim, ocorre o reconhecimento do trabalho realizado e depois, a retribuição identitária, sendo a própria identidade, um forte processo relacional e social.

O reconhecimento é decisivo na dinâmica da mobilização subjetiva da inteligência e da personalidade, sendo que neste processo intersubjetivo, o outro é necessário para que se estabeleça um sentimento de filiação. Quando o estabelecimento do vínculo com o trabalho é corrompido, ocorre um vazio, preenchido por medo, indiferença, angústia e ressentimento, geralmente sentido por pessoas que perderam a trama de constituição do coletivo, ressaltam Dejours, Abdoucheli & Jayet (2009).

Lancman & Sznelwar (2004) comentam que Dejours (2008), ao estudar situações estressantes no trabalho que geravam um alto nível de sofrimento psíquico, constatou que a maioria dos trabalhadores não adoecia apesar do sofrimento, pois desenvolvia estratégias para lidar com o mesmo. Assim, os autores reforçam que o trabalho segue sendo compreendido como um elemento central na produção do desenvolvimento psíquico e na constituição da identidade do sujeito. Para Honneth (2003), a ausência de reconhecimento no âmbito do trabalho pode transformar-se em algo tão ou mais patogênico do que a utilização desmedida de álcool e drogas. A identidade implica aquilo que torna o indivíduo único, singular e diferente dos demais, sendo construída na relação com o outro, no processo de alteridade.

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Na visão de Heloani (2003), a compreensão da complexa teia de controles existente na organização contemporânea do mundo do trabalho, pode decifrar nexos e contradições de um sistema que modifica valores, comportamentos e rotinas das pessoas, em diferentes contextos sociais e históricos, gerando formas singulares de organização e gestão do trabalho, que causam impactos na construção social do indivíduo e de sua subjetividade. As próprias organizações são produtos de sua realidade socioeconômica, à medida que reproduzem seus princípios e influenciam o ambiente num movimento de mútua transformação.

Há trabalhadores que desfrutam de garantias legais em seus postos de trabalho, enquanto outros se sujeitam a relações precárias, gerando uma grande concorrência individual, que também debilita o poder de negociação sindical de suas categorias. O desemprego estrutural, assim como o aprofundamento das desigualdades e a precarização do emprego e das relações de trabalho tem gerado um clima de profunda insegurança entre os trabalhadores de qualquer nível e área. Muitos estudos apresentam vinculação estreita entre nível de escolarização e permanência no emprego, bem como a obtenção de maiores salários.

Carvalho (2003) cita ainda que, tanto nos países de economia avançada como nos da América Latina, os processos de modernização são condicionados à capacidade dos estados impulsionarem o desenvolvimento tecnológico em equilíbrio com o mercado de trabalho, sugerindo ações entre o setor público, empresas e trabalhadores, que possam gerar aumento de produtividade, vinculado à democracia social, econômica e política. Neste contexto de imensas transformações em todos os setores produtivos, impulsionando exigências de maior e melhor qualificação profissional e nível de escolarização, os sistemas produtivo e educacional buscam se integrar para satisfazer as necessidades da economia globalizada.

De qualquer forma, Castel (2009) reforça que o trabalho segue ocupando um lugar de relevância em nossas vidas em termos econômicos, sociais e morais, mesmo dentro de um contexto em que sua escassez e precariedade de condições aumentam significativamente. Heloani (2003) corrobora tal importância, pois as relações estabelecidas na esfera do trabalho são produtoras de vivências, contribuindo para o desenvolvimento de

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subjetividades. Assim, o trabalho consegue extrapolar até aspectos que o normatizam e o regulamentam, criando dicotomias e/ou dilemas.