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No quadro português, a ponderação atribuída à classificação interna (70%) e à classificação externa (30%) no cálculo da nota final dos alunos revela uma clara preponderância do juízo da responsabilidade direta das escolas (alicerçado em processo contínuo de avaliação) sobre aquele que deriva da classificação obtida em situação de exame. Neste contexto, recorre-se a uma análise comparativa entre as classificações internas de frequência e as classificações externas visando perspetivar o efeito que estas últimas têm, por antecipação, na atribuição das primeiras, e nomeadamente no que se refere à capacidade que a avaliação externa, de carácter estandardizado, tem para aferir e moderar a avaliação interna (concretamente no que se refere às classificações finais atribuídas). Reconhecer a importância da análise da correlação entre esses dois indicadores não significa que se advogue que da relação entre uma e outra deva

resultar uma correlação perfeita, ou mesmo uma correlação muito forte. Estudar o comportamento das escolas, em cada um dos anos letivos, ou em séries temporais mais alargadas, especialmente no ensino secundário (ciclo em que os resultados dos exames são cumulativamente usados para seriação do acesso ao ensino superior) é a forma de auscultar de que maneira os resultados da avaliação interna são preditores dos resultados do mesmo universo de alunos em avaliação externa, ou, se se quiser, de que forma é que a avaliação externa gera resultados consonantes com os dos alunos nas escolas.

No pressuposto de que os exames seguem os documentos curriculares de referência, do exercício espera-se uma tendência de correlação positiva, em que as médias de cada um dos indicadores se aproximam, mais ou menos, de acordo com os contextos anuais, e com oscilações num quadro normal de variação. Esta variação é expectável, entre muitos outros fatores, porque a natureza das avaliações é distinta; porque cada uma tem objetos de avaliação que não apresentam sobreposição completa, havendo matérias não avaliáveis em testes de papel e lápis (veja-se, a título de exemplo, o domínio da oralidade ou o trabalho laboratorial) e ainda porque apresentam procedimentos diferentes de recolha de informação. É no quadro do que acima se descreve que se apresenta o estudo entre os resultados de avaliação interna e externa

Figura 5.1.8. Taxa de conclusão (%) do ensino secundário regular, por sexo. NUTS I e II, 2013/2014

Fonte: Estatísticas da Educação 2013/2014, DGEEC-MEC

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Portugal Continente Norte Centro AM Lisboa Alentejo Algarve RAA RAM

HM 65,4 65,5 68,7 66,6 61,2 65,4 59,1 60,4 66,5 H 61,3 61,4 64,1 62,6 57,9 63,0 52,8 57,1 62,6 M 68,7 68,8 72,3 69,8 64,2 67,1 64,1 62,7 70,3

mais provas realizadas em 2014. O indicador CIF-CE representa a diferença entre os resultados médios de classificação de exame (CE) e os resultados médios de classificação interna final (CIF) dos alunos de cada escola.

As Tabelas 5.1.1. e 5.1.2. apresentam o número de provas realizadas por disciplina, por alunos internos, na 1ª fase/ chamada de 2014. A Tabela 5.1.2. apresenta ainda a ordenação do número de provas realizadas no ensino secundário, identificando dois grupos de disciplinas: o conjunto das cinco e das dez disciplinas com mais provas. As primeiras cinco serão referenciadas como as 5+. Quando além destas se juntam as restantes disciplinas o conjunto é referenciado como as 10+.

Tabela 5.1.1. Provas finais realizadas (Nº) no ensino básico. Português e Matemática, alunos internos, 1ª fase/ chamada. Portugal, 2014

Ano de

Escolaridade Código e Designaçãoda Prova realizadasProvas

4º 41 Português 97 800 4º 42 Matemática 97 803 6º 61 Português 101 078 6º 62 Matemática 101 655 9º 91 Português 91 841 9º 92 Matemática 92 082 Fonte: JNE, 2014

Tabela 5.1.2. Ordenação das 10 disciplinas do ensino secundário com mais provas realizadas. Alunos internos, 1ª fase. Portugal, 2014

Ordenação Código e Disciplina realizadasProvas

1º 639 Português 50 917 2º 635 Matemática A 32 081 3º 702 Biologia e Geologia 29 933 4º 715 Física e Química A 29 841 5º 719 Geografia A 15 957 6º 623 História A 11 713 7º 714 Filosofia 7 956 8º 835 Matemática Aplicada às Ciências Sociais 6 707 9º 712 Economia A 5 725 10º 708 Geometria Descritiva A 5 168

Fonte: JNE, 2014 de cada escola consideradas as disciplinas com provas ou

exames finais nacionais, nas séries temporais indicadas em cada caso.

Na edição de 2013 do Estado da Educação, procurou-se avaliar o efeito que a avaliação externa, materializada nas classificações que as escolas obtêm nas provas finais e exames realizados, produz na avaliação interna, i.e., nos resultados escolares apresentados através das classificações atribuídas pelas escolas aos alunos, nas disciplinas sujeitas a avaliação externa. A análise centrou-se no 6º e no 9º ano de escolaridade e num conjunto de disciplinas do ensino secundário que apresentam o maior número de provas realizadas. Na presente edição, o estudo privilegia o ensino básico, englobando, pela primeira vez, os resultados do 1º CEB, numa série de dois anos (desde a introdução destas provas finais), e prolongando a análise para o confronto entre os resultados da avaliação interna e externa no 2º e 3º CEB, considerando uma sequência de três anos (numa lógica de análise de uma série temporal iniciada pela introdução das provas finais de 2º CEB).

A metodologia de base foi idêntica à usada anteriormente. Assim, os gráficos de dispersão (iniciados pela Figura 5.1.9.) representam todas as escolas nacionais (públicas e privadas) em que se realizaram provas nos anos letivos em análise dos períodos estudados (cf. Tabela 5.1.1a|AE). Para cada representação, os resultados apresentados derivam das classificações obtidas pelos alunos internos que realizaram as provas em 1ª fase/ chamada em cada escola.

No ensino básico, o indicador CPF é a média obtida, por cada escola, a partir das classificações dos alunos nas provas finais das disciplinas sujeitas a avaliação externa (Português e Matemática) e de cada uma das disciplinas tomadas individualmente. Por sua vez, o indicador CF-CPF representa a diferença entre os resultados médios de classificação da prova final (CPF) e os resultados médios de classificação de frequência (CF) dos alunos de cada escola.

No caso do ensino secundário, o indicador CE é a média obtida no exame, por cada escola, a partir dos resultados dos alunos a cada uma das disciplinas identificadas ou, noutros casos, devidamente assinalados, a média dos cinco ou dos dez exames mais representativos, isto é, a classificação média de um conjunto formado pelos exames das cinco ou das dez disciplinas com

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Para cada uma das situações consideradas são representados os respetivos resultados, correspondendo cada ponto ao par (CPF, CF-CPF — ensino básico) ou (CE, CIF-CE — ensino secundário) dos valores médios obtidos para cada escola no período de tempo analisado. A partir da distribuição desses pontos foi calculada e representada uma reta de regressão, que pretende resumir a tendência da distribuição de todos os pares de valores. A esta reta acrescentaram-se mais duas paralelas que definem o intervalo padrão de variabilidade. O valor desse intervalo corresponde ao dobro do desvio padrão da regressão.

Os valores que se situam fora desse intervalo, acima do limite superior ou abaixo do inferior, identificam as escolas que apresentam valores de classificação de frequência que se afastam do padrão de distribuição. As diferenças positivas mostram que o valor de CF ou CIF é superior ao de CPF ou CE, respetivamente, aplicando-se o inverso às diferenças negativas.

Uma primeira leitura global dos gráficos de dispersão permite concluir, independentemente da disciplina, conjunto de disciplinas, ano de escolaridade, ano letivo ou período em análise:

• A distribuição dos pontos (correspondentes a pares de valores CP e CF-CPF ou CE e CIF-CE) revela uma tendência de atribuição de classificações internas superiores às classificações obtidas em exame (a maioria dos pontos situa-se acima do eixo horizontal do referencial, CF-CPF = 0 ou CIF-CE = 0).

• Da relação entre as duas variáveis em análise resulta um padrão: quanto maior é a classificação na prova final ou no exame (CPF ou CE) menor é o diferencial entre a classificação interna e a externa (a reta de regressão é decrescente), pelo que quanto maior é a inclinação da reta de regressão menor é a amplitude do diferencial.

• A maioria das escolas integra-se no que poderíamos designar por uma margem expectável de variação em relação à tendência (a maioria dos pontos encontra-se na área delimitada pelas linhas paralelas à reta de regressão).

Se a leitura comparar o comportamento das classificações do ensino básico com o do ensino secundário, é possível registar que um dos fenómenos acima identificados ganha uma maior expressão. Isto é, no ensino

secundário, à semelhança do que havia sido sinalizado em 2013, constata-se que na agregação das disciplinas consideradas neste nível de ensino, o valor médio de CIF-CE é percentualmente superior do que o equivalente apurado (CF-CPF) para a agregação do ensino básico. Relativamente à distribuição das escolas na área que designamos por intervalo padrão de variabilidade, regista-se um comportamento idêntico nos dois ciclos analisados, i.e., tanto no ensino básico como no secundário, por regra, o número de escolas que se encontra dentro desse intervalo oscila entre 65% e 80% do total analisado em cada situação. Por outro lado, a percentagem de escolas que se encontra acima do intervalo padrão de variabilidade é análoga à percentagem de escolas que se encontra abaixo, ou seja, há uma distribuição semelhante entre o número de escolas que, respetivamente, sobrevaloriza ou subvaloriza as classificações decorrentes da avaliação interna face às da avaliação externa.

Embora a metodologia desta análise siga, na base, o que foi adotado na edição 2013 do presente relatório, pretendeu-se evoluir para uma abordagem que permitisse estabelecer comparações entre os resultados de 2014 e a série de resultados analisada para cada um dos ciclos. Assim, visou-se, por um lado, encontrar padrões e, por outro, minorar a representação estática de resultados que por serem de um só ano podem advir de contextos pontuais, não típicos. Desta forma, para cada um dos anos dos três ciclos de escolaridade do ensino básico e para o ensino secundário, foram geradas representações gráficas que apresentam os resultados de 2014 e dos períodos a seguir discriminados.

• 1º CEB – série 2013-2014

• 2º CEB, 3º CEB e ES – série 2012-2014

Complementarmente, pretendeu-se, também, referenciar por natureza institucional e geograficamente (por distrito, região autónoma e escolas portuguesas no estrangeiro, doravante Estrangeiro) as escolas que nas dispersões relativas às séries analisadas se encontram fora do intervalo padrão de variabilidade.

Para cada um dos níveis de escolaridade estudados, são ainda apresentadas análises do impacto que a classificação obtida nas provas de avaliação externa tem no cálculo da classificação final em cada uma das disciplinas consideradas.

Figura 5.1.9. CPF e CF-CPF em Português e Matemática, por escola, 4º ano. Alunos internos, 1ª fase. Portugal, 2014

Figura 5.1.10. CPF e CF-CPF em Português por escola, 4º ano. Alunos internos, 1ª fase. Portugal, 2014

Fonte: JNE, 2014

Fonte: JNE, 2014 Fonte: JNE, 2014