• Nenhum resultado encontrado

BÁRBARO TECNIZADO VERSÃO 2

No documento Arte e antropofagia (páginas 91-115)

Os mundiculturalismos e os mundinaturalismos, multiplicam-se em versos,

multiversam e mundiversam obras e mundos, mundobras, Artes e vidas, atraversam e absorversam(se), nutrem e nutrem(se) nos multiversos atuais (reais e virtuais,

analógicos e digitais). O humano natural-cultural da noção dialética do homem natural

versus homem tecnizado, sintetizado no humano natural tecnizado, isto é, a noção de

92 versos em versares, as sínteses em multiplicações, a dialética em dialógica, a noção de humano é ampliada e as relações entre cultura e natureza multiplicadas no humano antropofágico e tecnofágico multiversal, multiversante, multinatural e multicultural nas Artes, no atuar o atual, analógico e digital, nas multiplicações do versar com, não nas sínteses de verter com, e na ambigüidade da palavra conversão.

Da tese homem natural + a antítese homem tecnizado à síntese (sintetizados, sintetizadores, convertidos, conversões) do homem natural tecnizado. Humano (multi)natural + humanos (multi)cultural versado com e como (poietizado, aisthesis) humano tecnofágico multiversal, multiversante e mundiversal, mundimidia,

atraversando as midiofisicalidades, absorversando nas relações diretas e mediadas nas

ruas e nas redes e REDEmensionando-se no atuar o atual.

O questionamento entre cultura e natureza, na formulação dialética do homem natural tecnizado parece transferir-se para as técnicas, isto é, as linguagens analógicas e digitais e suas materialidades e imaterialidades e as relações entre essas materialidades distintas, suas conexões, absorversões e atraversamentos mútuos que REDEmensionam as naturezas e as culturas atuais (reais e virtuais) entre o analógico e o digital, não estão mais em uma relação dialética, mas dialógica. São encontros entre essas ciências de ponta e ciências de garagem, entre high tech e low tech, ou seja, “altas” linguagens, linguagens complexas e “baixas” linguagens, linguagens mais simples. Apensar da separação entre as linguagens, as antropofagias como tecnofagias buscam a partir da indissociação entre o humano e a técnica os REDEmensionamentos das noções de humano, corpo e presença nas Artes e os atraversamentos e absorversões entre corpos e linguagens.

Questionamos a noção de Bárbaro Tecnizado a partir da noção de antropogênese como tecnogênese, e afirmamos as antropofagias como tecnofagias, a proposição do humano multinatural e multicultural simultaneamente é possível na arte, corporificado na figura do P4N-0PT1C0 conforme análise da performance no último capítulo.

Nessas relações qual o lugar do corpo? Entre as ciências de ponta e as ciências de garagem, pensamos na relação da mão, dos dedos, o controle remoto, o botão, a tecla, a tela touch. O corpo seria tecnologia de ponta ou de garagem? O corpo seria ciência de ponta ou de garagem? O corpo seria high tech ou low tech? Seria o corpo

93 tecnologia de ponta tanto das ciências de ponta quanto as ciências de garagem? O corpo tecnofágico absorversa as linguagens de ponta-garagem, corpo ponte, conexões, relações entre o analógico e o digital.

2.6 M4N1FE5T05 E M4N1FE5T4Ç0E5

A distinção entre manifesto e manifestação ao invés de um programa escrito a ser seguido e posto em ação e as manifestações (globais) como ação escrevendo (re)programas em manifesto, a escritura em ação e na ação, em relação e na relação, nas ruas e nas redes. Ou seja, se os manifestos multiplicam a presença do autor que cria o manifesto e ou o grupo de autores, as manifestações tecem manifestos corporais, em relação direta e mediada por ruas e redes e REDEmensionam essas presenças e a possibilidade de criação em rede, suas absorverções e atraversamentos.

O Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade torna-se manifestação [Do lat tard. manifestatione] pública ou coletiva de uma opinião ou sentimento ao ser incorporado (...), ou seja, nos atraversamentos, absorversões e REDEmensionamentos entre corpos.

A princípio podemos caracterizar um manifesto como toda e qualquer representação capaz de transmitir, sugerir ou propor um conhecimento, um legado artístico, político ou cultural. Na maioria das vezes o manifesto opera através de contornos bem delineados dentro da ideologia e dos preceitos de seus idealizadores. A incorporação do Manifesto Antropófago, onde o termo manifesto [Do lat. manifestu] é entendido como declaração pública ou solene que justifica certos atos em que se fundamentam certos direitos, mas principalmente como programa político, religioso, estético. etc.

Renato Poggioli no prólogo de sua obra Teoría del Arte de vanguardia, tendo em vista a importância dos manifestos deste período, diferencia as noções de “manifesto” e “programa” sendo aqueles “documentos consistentes en preceptos de índole artística y estética” e este como “las declaraciones ideológicas más generales y más vastas, visiones de panoramas de conjunto” (POGGIOLI, 1964:18). Tal distinção nos apresenta uma solução prática bastante problemática, na medida em que entendemos que os manifestos vanguardistas se articularam, na maioria das vezes, de forma indissolúvel. Para sanar esta contradição teórica entre “manifesto” e “programa”

94 Gelado nos apresenta uma definição que estende uma ponte em direção à paragmática discursiva destes textos, concebendo que o manifesto “atualiza um projeto [...] [ele] é ao mesmo tempo um programa e a sua implementação” (GELADO, 2006:194) no atuar atual, real e virtual, analógico e digital.

A diferença entre o Manifesto e Manifestação e o exemplo do Manifesto Antropófago e manifesto antropofágico, manifestar-se como antropofágico e manifestar o antropófago seriam diferentes, pois o antropófago em mim como um comprometimento corporal, no ato e em ação, manifesto com o corpo e no corpo, absorções no corpo, pelo corpo e entre corpos, na relação, não apenas remete-se à antropofagia.

No entanto, pensamos que hoje, o tão citado “Manifesto Antropofágico” nunca foi escrito por Oswald de Andrade, o Manifesto Antropófago sim, o que apesar de parecer a mesma coisa, existe uma diferença entre os dois enunciados. Antropofágico está em relação com a antropofagia, remete-se a esse ato físico de devorar carne humana e ao mesmo tempo ao movimento modernista brasileiro. O antropófago é aquele que paratica a ação, que devora a carne humana, não se refere à ação, atua. Quando Oswald propõe escrever um Manifesto Antropófago e não um Manifesto Antropofágico, posiciona-se através e com seu corpo no mundo; O Antropófago manifesto; manifesto o Antropófago; Manifesto Antropófago, e nesse sentido, o próprio manifesto, mais que um programa de ação, é uma ação, uma ação manifesta.

Assim, comparamos os manifestos fágicos às mídias e as linguagens escolhidas para realizarem seus manifestos/manifestações, assim como no inicio do século XX utilizaram manifestos e mídias impressas para a divulgação de seus programas de ação, manifestos escritos, hoje os curadores, críticos e não os artistas, criaram um discurso em suas exposições, e pensaram e manifestaram em forma de exposições, programas de ação em relação à modernidade, propondo outras modernidades.

No entanto, as mídias atuais são outras assim como as relações hiperconectadas e, portanto, ao contrário de catálogos, no Brasil, não são manifestos, mas manifestações que se reúnem em torno da produção de obras de Arte e a curadoria de obras de Arte em torno de um conceito central a ser manifestado, como no caso que diferencia a proposta da Digitofagia, em que o manifesto foi feito em rede por diversos artistas e pensadores da possível antropofagia digital e a Tecnofagias, por exemplo, que foi realizada a partir de uma curadoria, que percebe operacionalidades fágicas entre ciências de ponta e ciências de garagem em algumas produções artísticas, primeiramente no 8º. Prêmio

95 Sergio Motta, onde começa a desenvolver o pensamento sobre uma possível tecnofagia e posteriormente com a exposição intitulada Tecnofagias.

Uma possível diferença entre os manifestos do século XX e as manifestações desse início de século XXI, seriam suas dinâmicas e seus meios, pois com as tecnologias de comunicação e informação e a relação em rede, qualquer proposição, programa de ação, pode ser construído ao vivo, em tempo real, compartilhado e alterado, isto é, em contínua manifestação, construído em relação, em rede.

O Manifesto Antropófago de 1928, escrito por Oswald de Andrade foi realizado a partir da escrita e publicado, tornado público, manifesto em uma revista e parte do pensamento Antropofágico de Oswald de Andrade foi publicado em jornais.

No entanto, comparando a mídia utilizada por Oswald de Andrade, no caso, na

Revista de Antropofagia e em jornais, ambos impressos, e a velocidade do alcance e

distribuição do “Manifesto Antropófago” (1928) em relação às tecnologias digitais e em rede de hoje, a diferença é mais de velocidade que de ação. No entanto, ambos são manifestações, porém, tanto a Revista de Antropofagia quanto os jornais, ambos impressos, como meios de informação e não de comunicação, e o acesso restrito à um grupo seleto a esse meio, não nos permite ter acesso às respostas das pessoas que leram o Manifesto, apenas algumas críticas de jornais que chegaram até nós.

A modernização das comunicações no Brasil e as mídias utilizadas para o lançamento de cada uma das propostas artísticas absorversaram e REDEmensionaram o pensamento antropofágico em suas produções. Podemos analisar as relações das absorções das tecnologias de comunicação e informação pelas Artes, o que não quer dizer que Arte seja comunicação, nem que tecnologia seja Arte, mas essas possíveis absorções e movimentações dessas tecnologias, compreendidas como linguagens, nas Artes.

Quantas desses fagias outras tiveram manifestos? Manifestos escritos, como um programa de ação, uma proposta de ação e uma explicação em relação à que se manifestam e o que manifestam? Quantas não tiveram manifestos, mas suas próprias produções tornam-se manifestações de seus posicionamentos políticos, sua estética é seu posicionamento político? Quais dessas fagias além do Manifesto Antropófago (1928) de Oswald de Andrade foram manifestos escritos e quais foram manifestos em outros suportes, em outras linguagens, não que na escrita, pensando o que as diferenciaria em relação à escrita, pois pensamos também a escrita como ação, no

96 entanto, nos perguntamos, porque a escrita não poderia ser uma manifestação em vez de manifesto?

A questão não se coloca necessariamente como técnica, isto é, a linguagem utilizada, o suporte, pensamos a manifestação como uma ação coletiva, uma ação contínua, e não como um texto e programa acabado, normas, ainda que suas proposições sejam o desvio das normas, mas como ações em contínuo movimento e devoração entre os manifestantes. Uma imagem para pensar a diferença entre o que consideramos como Manifesto e como manifestação seria a relação entre a informação e a comunicação, onde a informação seria unilateral e a comunicação permitiria a dinâmica entre ação e reação, propondo uma escrita coletiva em rede.

A Coprofagia Proposta pelo “Manifesto Coprofágico”35 (1977) de Glauco Mattoso foi lançado no Jornal do Brasil, mídia impressa, na coluna de Glauco Mattoso chamada “Jornal do Brabil”.

A Telefagia não possui um manifesto escrito, logo não possui publicação impressa. Aqui, o manifesto é imagético, é telemático. A Telefagia surge a partir do Perforum Desterro (2000), um evento de performance, tendo como núcleo Arthur Matucke e Yara Guasque, em Florianópolis e São Paulo, utilizando-se de tecnologias de vídeo e da internet, numa manifestação performática, na comemoração dos 500 anos do “descobrimento”, encobrimento do Brasil. Após sua realização, surgiram reflexões sobre as ações e a noção de Telefagia, que é apresentada em artigos e em eventos de Arte e tecnologia. Segundo Yara Guasque, em entrevista (em anexo), a telefagia teria surgido durante as performances, mais especificamente, no manuseio de espelhos para tentar refletir as imagens projetadas pelo espaço e que nesse movimento, o espelho havia cegado a câmera. A noção de telefagia se aproxima da noção de tecnofagia, quando esta é pensada como a absorção de tecnologias estrangeiras. Para Guasque (2013), a noção de telefagia seria a ideia do “colonizado tecnologicamente”.

O Manifesto/manifestação Regurgitófago36 (2005), peça-livro escritos por Michel Melamed, surge a partir do espetáculo Regurgitofagia simultaneamente ao lançamento do livro com o áudio da peça, isto é, surge a partir de uma performance- peça-áudio-livro. Outras mídias, simultâneas. Isto nos traz a questão das escolhas de cada um e dos suportes, a palavra escrita e a palavra falada, o espetáculo ao vivo e os

35 Disponível no site http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/brasil/glauco_mattoso.html 36

97 registros fotográficos e videográficos do espetáculo, onde Michel Melamed atua em português, inglês e francês, que foram disponibilizadas posteriormente no site do artista.

O Manifesto Digitófago37 (2005), surge a partir de um evento, da necessidade de se falar sobre uma possível antropofagia da era digital, que é organizada online. Assim como o evento e as ideias sobre os temas e mesas que comporiam o evento, o Manifesto Digitófago é criado na rede e em rede, de forma colaborativa na internet, por diversos artistas e pensadores que compunham o evento, resultando em livros online e impressos, eventos, discussões, exposições. Seu lançamento é feito na internet com a disponibilização dos grupos de discussão e dos textos realizados no evento gratuitamente na internet. Lançado na internet, a partir de discussões e debates sobre a antropofagia digital, a partir de e-mails, grupos de discussões, sendo disseminado na rede em formato de livro eletrônico, ebook, isto é, online e impresso, posteriormente.

A noção de Iconofagia de Norval Baitello Jr, (2005) surge como livro, mas a partir de uma análise imagética analógica e digital, as palavras tentam traduzir as relações fágicas entre corpos e imagens. O manifesto surge a partir de artigos online e posteriormente em formato de livro.

As Tecnofagias manifestam-se primeiramente no fazer artístico de alguns artistas atuais, a partir da 8ª. Edição do Prêmio Sérgio Motta (2008) e posteriormente, é desenvolvida na curadoria e nas obras selecionadas para a Exposição Tecnofagias 2012. As Tecnofagias manifestam-se na forma de exposição de Arte e Tecnologia, da relação entre as Artes e as tecnologias e os tensionamentos corpos, obras de Arte e tecnologias diversas, tanto no Prêmio Sergio Motta quanto na Exposição Tecnofagias, e posteriormente é divulgado em forma de catálogo impresso e online e no site da Mostra 3M, além do site “Desvirtual”, da artista e curadora que disponibilizou alguns artigos, textos e entrevistas para revistas online e impressas sobre o tema, que serão analisados no capítulo adiante sobre as Tecnofagias.

O Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos em diversas de suas performances em Telepresença, não tem o sufixo fagia em seu nome, mas tem em seu nome a relação entre corpo e tecnologias. A partir da performance chamada Corpos Informáticos, de 1992, performance que dá nome ao grupo, relaciona e questiona as tecnologias, a partir do corpo e suas relações com as tecnologias. Não se restringindo às tecnologias de comunicação e informação, à internet e à telemática, mas às tecnologias industriais e

37

98 Artesanais, a partir das performances de rua e das performances em rede, em telepresença, como analisaremos. “Corpos Informáticos”, não se posiciona como um Manifesto, entre as diversas performances em telepresença e vídeos do Grupo, disponíveis online no site WWW.corpos.org, considero algumas delas como manifestação desses “corpos informáticos”, entre elas, a performance “Atlanta” (1997), por se questionarem sobre “Que corpo é esse?”38

Grande parte dos registros dessas produções artísticas fágicas foram digitalizadas e podem ser acessadas, conforme os sites citados na bibliografia.

Mas ao contrário de hoje, com a democratização dos usos e acessos a esses meios de comunicação e informação, que a internet traz hoje, Oswald de Andrade lançasse seu Manifesto Antropófago, manifestasse-se como antropófago, manifestasse o antropófago, o manifesto, além de ter alcance internacional, mesmo com a barreira da língua, teríamos o acesso às reações dos leitores online e à multiplicação desse manifesto em manifestações online e off-line, para além das fronteiras do território e da língua, “desoswaldiaríamos e “desnacionalizaríamos” o Manifesto Antropófago e a Antropofagia, como proposto por João Cezar Castro Rocha, questionando-o, isto é, comendo-o, e criando manifestações fágicas em rede. Assim como as Tecnofagias, no plural, podemos falar em Antropofagias, no plural, para além de um autor ou autoridade, de nação e nacionalidade, pois as antropofagias absorversam na relação,

atraversam alteridades.

O Teat(r)o Oficina, além do Espetáculo Rei da Vela, em 1967, e o Manifesto Rei da vela, em suas produções, desde 1999, realiza a transmissão dos espetáculos online, vem explorando as diversas mídias em seus espetáculos. Consideramos o espetáculo

Macumba Antropófaga (2011), como um espetáculo manifestação do que denominamos

durante a pesquisa de mestrado como manifestação da “ciber-barbárie tecnologizada”. Esse vem sendo aprofundado em suas produções, especificamente em Robogolpe e

CACILDA!!!, de 2013-2014. O tensionamento entre Arte e vida, os espetáculos e

manifestações, incorporam aos espetáculos de teat(r)o e retransmitem simultaneamente as relações entre as manifestações online e off-line, nas ruas e nas redes, e as manifestações no espetáculo, que serão analisadas posteriormente.

38 Link do vídeo Atlanta de 1997, do Grupo de Pesquisa corpos Informáticos, com Maria Beatriz de

99 O Manifesto Antropófago foi proposto por Oswald de Andrade, as manifestações semiófagas nas ruas e nas redes, não tem autoria, e nesse aspecto, entre outros tantos aspectos, que pensamos a atualidade da Antropofagia a partir dos compartilhamentos e das devorações e movimentos em redes sociais. Manifesta o semiófago, e não o semionauta (Bourriaud), pois não se trata da passagem de um meio à outro, passagem entre signos, mas o jogo: as partidas entre os meios e as devorações. Absorções, websorções, Abaporuas e Abaporedes, por redes e ruas.

Aqui a interioridade é corporal de absorver e gritar, é espaço-temporal das manifestações na ponta da língua e dos dedos, na rede e nas ruas, absorções dos tempos e dos fusos caminhando juntos, simultâneos e coletivamente, em manifestações por todo o globo. Não queremos ser novos, pois o novo pressupõe um progresso espaço- temporal, somos e não somos e há muitas questões, reais e virtuais, porque atuais.

“Nem um meio novo, tão poderoso e interativo como a internet, é a mensagem. A mensagem constrói o meio” (CASTELLS, 2013: 96). Ao contrário, McLuhan afirma “o meio é a mensagem”. Castells inverte e afirma o ato construindo o espaço, a ação, a mensagem construindo o contexto social, e não o contexto construindo a mensagem, durante as “Revoluções Globais”, Castells relata a importância das redes sociais online, na internet na organização dos movimentos das redes sociais off-line, nas ruas, dizendo que

“Deliberaram pelo facebook, coordenaram-se pelo twitter e usaram blogs para transmitir amplamente suas opiniões e se envolver em debates. O twitter ofereceu a plataforma tecnológica para muitos indivíduos assumires a posição de

trendsetters do movimento. (...) as revoluções foram

realmente tuitadas). Os ativistas (...) planejaram os protestos no facebook, coordenando-os no twitter, divulgando-os pelos SMS e transmitindo ao mundo pelo youtube (CASTELLS, 2013:50).

No entanto, não foi o meio que fez a revolução, foram os corpos, foi o que os manifestantes fizeram com eles e não o contrário, no uso crítico das tecnologias, das linguagens, dos meios e das mídias.

A relação das conceituações da Antropofagia de Oswald de Andrade e de outros, em relação à atualidade, repensam as definições não adequando a atualidade ao conceito, mas buscando o gesto antropofágico no atual, compreendendo o atual como real e virtual, analógica e digital simultaneamente. Assim as mídias dos manifestos e manifestações são meios, as potências, mas são os corpos que usam criticamente os meios nas manifestações políticas e nas criações artísticas, onde sua política é a estética.

100 3.0 4NTR0P0F46145 C0M0 TECN0F46145

No Livro Brasil: primeiro tempo modernista -1917/1929, documentação, encontramos o texto de Oswald de Andrade “Mundos das Letras de Antropofagia”, no qual aponta alguns roteiros possíveis da descida antropofágica em 1929. Entre essas tentativas de conceituação da noção de Antropofagia, o autor ao pergunta-se “O que é a antropofagia? ” E responde “a absorção do ambiente” (ANDRADE, 1972:298).

A relação entre a Antropofagia com o ambiente, com as relações, com as conexões, os meios, nos traz uma reflexão em relação às Tecnofagias. Na tentativa de conceituação da noção de Tecnofagia, ou melhor, a conceituação de Tecnofagias no plural, o que já nos apresenta uma de suas possíveis noções, numa ciência do vestígio errático entre as noções de antropofagia, que buscamos ao longo da obra de Oswald de Andrade e Mário de Andrade, entre outros. Isto é, se na Antropofagia encontramos roteiros possíveis de conceituação, isto é, muitas respostas de um mesmo autor, assim como suas absorções de outros autores como Mário de Andrade e Oswald Costa.

A Antropofagia, no singular pressupõe muitas respostas e muitos caminhos nas

No documento Arte e antropofagia (páginas 91-115)