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Bacia hidrográfica do Guadiana

xxiv Lista de símbolos

A 12 de Maio de 1972, entrou em serviço o aproveitamento hidroeléctrico de Vilarinho das Furnas, que recebeu o nome da aldeia comunitária que se encontra, actualmente,

3. Actualidade da hidroelectricidade

3.1. Bacias hidrográficas e respectivos aproveitamentos hidroeléctricos

3.1.3. Bacia hidrográfica do Guadiana

A Bacia Hidrográfica do Guadiana – BH Guadiana – abrange uma superfície total de 66 800 km2, dos quais 55220 km2 (83%) pertencem a Espanha e 11580 km2 (17%) a Portugal. Trata-se da quarta maior bacia hidrográfica da Península Ibérica, depois das bacias do Douro, Ebro e Tejo.

Figura 3. 27 – Trajecto do rio Guadiana na Península Ibérica.

O rio Guadiana nasce nas lagoas de Ruidera, Espanha, a 1700 m de altitude, desenvolvendo-se ao longo de 810 km até à foz, no oceano Atlântico, junto de Vila Real de Santo António. Em Portugal, o rio tem o seu trajecto ao longo de 260 km, dos quais 110,

delimitam a fronteira [42].

Do ponto de vista morfológico, a BH Guadiana divide-se em três zonas distintas: Alto, Médio e Baixo Guadiana. Enquanto o Alto e Médio Guadiana constituem a parte espanhola, o Baixo Guadiana corresponde essencialmente à parte portuguesa do rio, contendo também a bacia espanhola de Chança [42].

A planície alentejana é a unidade morfológica natural predominante da BH Guadiana, que se caracteriza por uma extensa superfície plana, na qual os valores dos declives se situam maioritariamente entre os 0% e os 5%. Exceptua-se o troço final, em que o Guadiana corre na Serra Algarvia, sendo a altitude média de cerca de 237 m. O perfil longitudinal do rio é bastante regular, existindo alguns acidentes, sendo os mais notáveis a larga planície aluvial onde o rio se distende, entre Mérida e Badajoz [42].

A rede hidrográfica pode classificar-se como muito densa, apresentando, em geral, as vertentes dos cursos de água na forma rectilínea ou de vales encaixados. O rio Guadiana é o principal colector dos cursos de água do Alentejo Oriental, do território espanhol contíguo e dos cursos de água da parte nordeste da Serra do Caldeirão [42].

O escoamento anual médio, de acordo com o PNA 2001, gerado na totalidade da bacia

do Guadiana ronda 7200 hm3, dos quais 1900 hm3 são provenientes da parte nacional e 5500

hm3 da parte espanhola. Como seria de esperar, há uma irregularidade de escoamento muito

acentuada de acordo com os anos serem secos ou húmidos [43].

Os principais afluentes do rio Guadiana, em território português são os rios Caia, Degebe, Odearça, Cobres, Oeiras, Carreiras, Vascão, Xévora e Odeleite, na sua margem direita e Ardila e Chança, na margem esquerda.

O rio Caia é um afluente da margem direita do rio Guadiana, que nasce na serra de São Mamede, a 1020 m de altitude, no distrito de Portalegre. Em parte do seu curso, serve de fronteira, separando Portugal e Espanha, entre as cidades de Elvas e Badajoz. Nesta linha de água, foi construída a barragem de Caia com funções de rega e abastecimento. Desagua na margem direita do Guadiana no município de Elvas, após uma extensão de 67 km.

O rio Degebe nasce a norte de Évora, no Monte das Fontainhas e, após um percurso de 75 km, desagua a 10 km de São Marcos do Campo, no concelho de Reguengos de Monsaraz.

O Rio Ardila, é um rio internacional que nasce em Espanha na serra da Tentudia a 1100 m de altitude e desagua em Portugal na margem esquerda do Guadiana perto de Moura, após 55 km de extensão.

O rio Chança é um afluente da margem esquerda do Guadiana, com nascente na serra de Aroche, em Espanha, entrando em Portugal a sudeste de Vila verde de Ficalho. Tem uma extensão de 100 km, demarcando a fronteira entre Portugal e Espanha, em praticamente todo o seu percurso e desagua a jusante de Pomarão.

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CENTRAIS CARACTERÍSTICAS BACIA DO GUADIANA TOTAL

POTÊNCIA > 10 MW

Número 1 37

Potência Total 240 MW 4589 MW Produtibilidade 166 GWh/ano 11000 GWh/ano Tabela 3. 7 – Aproveitamentos hidroeléctricos na BH Guadiana e em Portugal Continental, dados da

DGEG.

O único aproveitamento hidroeléctrico existentes na parte portuguesa da BH Guadiana é o Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva (ver anexo V e VI), o qual tem como elemento principal, o aproveitamento hidroeléctrico do Alqueva, composto pela barragem e pela central. As restantes componentes de infra-estruturas deste empreendimento incluem: barragem e central de Pedrógão, a estação Elevatória dos Álamos e um conjunto de infra- estruturas que compõem o Sistema Global de Rega [45].

Figura 3. 28 – Barragem de Pedrógão.

A barragem de Pedrógão situa-se 23 km a jusante da barragem de Alqueva, constituindo o reservatório destinado aos caudais turbinados em Alqueva. Por sua vez, os grupos que equipam a central de Alqueva são reversíveis, podendo bombear a água de volta para a albufeira de Alqueva, permitindo a sua reutilização e, consequentemente, rentabilizando a produção de energia eléctrica.

A Barragem de Alqueva tem 96 m de altura e 458 m de coroamento, com um volume de

betão de 1.200.000 m3 e retém a maior albufeira do continente europeu, com uma

capacidade máxima de 4.150 hm3, dos quais 3.150 hm3 representam a sua capacidade utilizável. Forma um espelho de água com cerca de 250 km2, e tem um comprimento total de 83 km e as suas margens estendem-se por cerca de 1.100 km [46].

A Barragem de Alqueva é do tipo de abóbada de dupla curvatura e está equipada, em termos de órgãos de segurança, com três descarregadores de superfície, dois de meio fundo e uma descarga de fundo. Estes órgãos são destinados a conferir à barragem a necessária capacidade de escoamento logo que sejam ultrapassados os valores do NPA, situado à cota 152 m e, ainda, sempre que se registem valores elevados de afluências de caudais [46].

Os descarregadores de superfície proporcionam uma capacidade de vazão total de 6.300 m3/s, por meio da acção das comportas de serviço, de tipo segmento, destinadas a obturar os respectivos vãos com 10 m de largura cada. Estes descarregadores possuem uma configuração do tipo canal e salto de esqui, para diminuição da erosão na bacia de jusante, correspondente à albufeira de Pedrógão [46].

O circuito hidráulico da barragem do Alqueva é constituído por duas tomadas de água com dois bocais cada uma, que se encontram equipadas com comportas do tipo lagarta

manobradas por servomotor hidráulico. O caudal máximo de admissão é de 220 m3/s para

cada tomada, estando todos os vãos, em número de quatro, protegidos por grades do tipo corrediça, cuja movimentação se efectua recorrendo à utilização de um pórtico rolante situado na plataforma da tomada de água, à cota do coroamento [46].

O aproveitamento possui a capacidade de recuperação dos caudais turbinados por meio de bombagem e utilizando o mesmo circuito hidráulico, com captação na albufeira de Pedrógão situada a jusante da albufeira de Alqueva. Para que o processo de restituição seja conseguido torna-se necessário recorrer ao funcionamento em bomba. Este é atingido com recurso à reversão do sentido de rotação do grupo proporcionada pelo funcionamento do motor. Esta reversibilidade é obtida através de um alternador-motor de 120 MW de potência, enquanto motor, e a roda da turbina cuja optimização resultou no compromisso entre um impulsor, órgão vital de qualquer sistema de bombagem, e uma turbina pura [46].

A Central Hidroeléctrica de Alqueva é do tipo pé-de-barragem, e está equipada com dois grupos reversíveis (turbina-bomba) de 120 MW cada. São grupos Francis de eixo vertical com queda útil de 72 m e um caudal turbinado de 203,2 m3/s. Assim, a potência total instalada é de, aproximadamente, 240 MW, o que corresponde a uma produção de energia média anual de 166 GWh [46].

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