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Bacia hidrográfica do Vouga

xxiv Lista de símbolos

A 12 de Maio de 1972, entrou em serviço o aproveitamento hidroeléctrico de Vilarinho das Furnas, que recebeu o nome da aldeia comunitária que se encontra, actualmente,

3. Actualidade da hidroelectricidade

3.1. Bacias hidrográficas e respectivos aproveitamentos hidroeléctricos

3.1.7. Bacia hidrográfica do Vouga

O rio Vouga nasce na serra da Lapa, a cerca de 930 m de altitude e percorre 148 km até desaguar na Barra de Aveiro. A sua BH, com 3 645 km² de área, situa-se na zona de transição entre o Norte e o Sul de Portugal [55]. Com uma orientação geral Nascente-Poente, o rio percorre declives bastantes variáveis, consoante a litologia dos terrenos que atravessa. Em termos orográficos, a bacia do Vouga tem uma altitude média de 263 m, sendo as unidades com maiores altitudes e maiores declives, as do Médio Vouga e de cabeceiras e aquelas com uma altitude inferior a 200 m, a do Baixo Vouga [56].

Esta bacia não constitui, no seu conjunto, uma bacia “normal”, com um rio principal bem diferenciado e respectivos afluentes. Com efeito, trata-se de um conjunto hidrográfico de rios que actualmente desaguam muito perto da foz do Vouga, numa laguna que comunica com o mar, a Ria de Aveiro, havendo ainda uma densa rede de canais mareais e de delta relacionados com a mesma laguna. Os rios principais deste conjunto são o próprio Vouga (e seus afluentes até à confluência com o rio Águeda), o Águeda e o seu afluente, Cértima, podendo acrescentar-se-lhe o Caster e o Antuã, na parte Norte, e o Boco e a ribeira da Corujeira, a Sul, todos desaguando na Ria de Aveiro mas individualizados do Vouga [55], [56].

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Em termos geomorfológicos, a bacia superior do Vouga é definida na zona de Angeja, imediatamente antes da entrada do rio na Ria de Aveiro, podendo ser identificados os seguintes troços [55],[56]:

BAIXO VOUGA: corresponde à região da Ria de Aveiro e apresenta as seguintes características morfológicas: terrenos planos, elevado nível freático e influência das marés no regime hidrológico dos canais da ria.

ALTO VOUGA: troço de rio que se desenvolve até S. Pedro do Sul. Neste troço, correspondente às Cabeceiras, a bacia apresenta uma forma relativamente alongada e o rio desenvolve-se numa zona de planalto.

MÉDIO VOUGA: parte do rio Vouga entre S. Pedro do Sul e Angeja. A jusante de S. Pedro do Sul, o rio Vouga deixa de se desenvolver numa zona de planalto, entrando numa zona de relevo mais acentuado, de vales encaixados e densidade de drenagem superior ao do Alto Vouga. Porém, no seu troço final, o rio volta novamente a correr em leitos menos declivosos, em vales abertos e com leitos de cheias em ambas as margens (é neste troço que conflui o rio Águeda, principal afluente do rio Vouga). Na zona do Médio Vouga, a bacia hidrográfica tem forma relativamente arredondada. Em termos hidromeorfológicos, foram definidas 5 unidades hidrológicas homogéneas, de acordo com os diferentes tipos de morfologia, clima, regime hidrológico e ocupação do solo, [55], [56]:

Baixo Vouga – Sul: zona terminal da bacia, que corresponde à zona lagunar que abrange o Braço Sul da ria. Os principais afluentes são a ribeira da Corujeira e o rio Boco.

Médio Vouga – Esquerdo: zona que se desenvolve até à entrada na Ria de Aveiro em que o rio corre num leito pouco declivoso, em vales suaves e com leitos de cheias em ambas as margens (é neste troço que conflui o rio Águeda, principal afluente do rio Vouga). Nesta zona a bacia hidrográfica tem forma relativamente arredondada. Na margem esquerda do rio Vouga e de jusante para montante confluêm o rio Águeda e o rio Marnel.

Médio Vouga – Direito: zona da bacia que se desenvolve entre S. Pedro do Sul e Albergaria-a-Velha. A jusante de S. Pedro do Sul, o rio Vouga deixa de se desenvolver numa zona de planalto, entrando numa zona de relevo mais acentuado, de vales encaixados e densidade de drenagem elevada. Os principais afluentes do rio Vouga na margem direita, de jusante para montante são os rios Caima, Mau, Teixeira e Varoso. • Cabeceiras: zona superior da bacia que se desenvolve até S. Pedro do Sul, onde esta

apresenta uma forma relativamente alongada e o rio desenvolve-se numa zona de planalto. Unidade onde se incluem as bacias do rio Sul e do rio de Mel.

Baixo Vouga – Norte: Corresponde à zona lagunar designada correntemente por ria de Aveiro. Afluente ao rio Vouga, o Braço Norte da Ria de Aveiro (que inclui os rios Antuã, Fontão, Negro e a ribeira de Caster), e o Braço da Gafanha (que inclui a zona superior da bacia do rio Boco).

Os principais afluentes do rio Vouga (Bacia Superior) na margem direita, de jusante para montante são os rios Caima, Mau, Arões, Teixeira, Varoso, Sul e Mel. Na margem esquerda e igualmente de jusante para montante, existe o rio Águeda, o rio Marnel, a ribeira de Ribamá, o rio Troço e a ribeira de Brazela. A montante da confluência com o rio Águeda verifica-se que os afluentes da margem esquerda têm uma magnitude muito reduzida, quando comparados com os afluentes da margem direita [55],[56].

O rio Caima, primeiro afluente importante da margem direita do rio Vouga, nasce na Serra da Freita, em Albergaria da Serra, a uma altitude de cerca de 1000 m. Extende-se ao longo de aproximadamente 50 km, sendo a zona superior muito declivosa e encaixada e a zona inferior relativamente plana [55],[56].

O rio Mau, de muito menores dimensões, em termos de bacia hidrográfica e desenvolvimento do curso de água, atinge um desnível máximo de cerca de 820 m nasce na serra da Arada, em vale de Cambra e apresenta um trajecto muito declivoso e encaixado, particularmente o seu troço superior [55],[56].

O rio Teixeira conflui com o rio Vouga aproximadamente a 5 km a jusante de Sejães. As linhas de água são muito declivosas e encaixadas [55],[56].

O rio Varoso de grande desnível, cerca de 970 m (bacia hidrográfica), desenvolve-se ao longo de 18 km [55],[56].

O rio Sul que conflui com o rio Vouga em S. Pedro do Sul, contribui com uma bacia apreciável. De vales abertos no troço final, apresenta na zona superior um relevo acentuado [55],[56].

O rio Mel, último dos afluentes mais importantes da margem direita, conflui com o rio Vouga próximo de Ribafeita. De relevo bastante diversificado, esta bacia hidrográfica apresenta zonas de vales muito encaixados, alternando com vales abertos e leitos de cheia em ambas as margens. O desnível máximo da bacia é de aproximadamente 660 m e o seu desenvolvimento total de cerca de 16 km [55],[56].

O rio Águeda, principal afluente do rio Vouga, possui como cursos de água afluentes mais importantes, o rio Cértima e o rio Alfusqueiro. É uma bacia hidrográfica de relevo muito diversificado, com ocupação que demonstra um grande desenvolvimento urbano e industrial. O desnível total da bacia hidrográfica é de 1 066 m e o seu desenvolvimento é de 51 km aproximadamente [55],[56].

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O rio Troço, último dos afluentes mais importantes da margem esquerda, conflui com o rio Vouga em S. Pedro do Sul. De relevo bastante acentuado, vence um desnível total na bacia hidrográfica de cerca de 510 m num percurso de 19 km [55],[56].

O escoamento anual médio da BH Vouga é de, aproximadamente, 1900 hm3/ano, de

acordo com o PNA 2001. A afluência média anual para um ano seco é de 1098 hm3/ano,

enquanto que para um ano húmido é de 2670 hm3/ano [55], [56].

A capacidade de armazenamento e consequente capacidade de regularização das afluências geradas na bacia do Vouga é muito reduzida. Esta deve ser uma das maiores bacias

nacionais em que a capacidade de armazenamento total da bacia não atinge 1 hm3 . Esta

situação conduz à enorme precaridade da garantia de fornecimento de água, principalmente das zonas que dependem de origens superficiais. Além disso, o perfil longitudinal do rio Vouga não tem quedas marcadas [56].

Para um caudal médio anual gerado pela bacia hidrográfica do Vouga, que se estima em 60,5 m3/s, a bacia hidrográfica tem um potencial hidroeléctrico teórico máximo de 3 000 GWh/ano estando actualmente a ser utilizado menos de 1% desse potencial, através essencialmente dos pequenos aproveitamentos hidroeléctricos explorados pela EDP e dos aproveitamentos mini-hídricos [55],[56].