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PRINCIPAIS ACÇÕES DEFINIDAS PELO 3º PACOTE CLIMA-ENERGIA DE 17/12/2008 DA UE

xxiv Lista de símbolos

PRINCIPAIS ACÇÕES DEFINIDAS PELO 3º PACOTE CLIMA-ENERGIA DE 17/12/2008 DA UE

1. Reduzir as emissões de GEE em pelo menos 20% 5

2. Elevar para 20% a parte das energias renováveis no consumo energético5 3. Economizar 20% de energia através da eficiência energética5

Figura 4. 1 – Esquematização das principais estratégias da actual política energética europeia.

Actualmente já existem estudos de previsão relativamente à política dos “três vintes”. Para atingir uma contribuição das FER correspondente a 31% do consumo total de energia em 2020, a quota de produção renovável no consumo bruto de electricidade deverá ser da ordem de 60%. Num cenário de cumprimento da meta “20-20-20” – que tem subjacente a manutenção de medidas ao nível da promoção da eficiência energética de modo a atingir em 2020 uma poupança de cerca de 8,2 TWh (equivalente a 20% do consumo final médio do período 2001- 2005), será necessária uma produção renovável adicional de cerca de 2,4 TWh [93].

No horizonte 2013, o aumento do potencial de exportação, resultante da entrada em serviço dos oito novos grupos CCGT (turbina de gás de ciclo combinado), poderá conduzir a

um total de emissões de CO2 de cerca de 18 Mt anuais. Em 2020, com o aumento da parcela

da produção renovável e a entrada em serviço industrial da central a carvão CCS (Carbon

Capture ans Storage, que é um sistema que injecta o CO2 nos solos, em vez de o emitir para a

atmosfera), as emissões de CO2 das centrais termoeléctricas reduzem-se, na média dos

regimes, para valores inferiores a 10 Mt (menos 52% do que em 2005). Os aumentos da parcela da produção renovável e das poupanças de energia, necessários ao cumprimento da

meta “20-20-20”, permitem uma redução das emissões de CO2 das centrais termoeléctricas em

cerca de 60% relativamente a 2005 [93].

Assim, o cumprimento em 2020 da meta europeia “20-20-20” corresponde, para o sector eléctrico nacional, a uma meta “20-60-60”:

Poupança equivalente a 20% do consumo final médio do período 2001-2005; Quota de produção renovável equivalente a 60% do consumo bruto de

electricidade;

Política hidro-energética: metas a atingir 161

Gráfico 4. 1 – Emissões e factor de emissão médio de CO2 do sistema electroprodutor em 2020 [93].

Em períodos de vazio, o recurso à bombagem hidroeléctrica e, em caso de necessidade, à interrupção da entrega de energia à rede por parte de algumas centrais, permitirá manter a estabilidade do sistema eléctrico em situações de excesso de produção de electricidade. Em 2020, a probabilidade de ocorrência de situações de excesso de produção nos períodos de vazio é de cerca de 16%, para as condições de referência, e de 27% no cenário de cumprimento da meta “20-20-20” (menor consumo e mais produção renovável). No mês de Janeiro, altura em que se conjuga elevada hidraulicidade e vento, essas probabilidades são de, respectivamente, 27% e 43%. A potência disponível em aproveitamentos hidroeléctricos reversíveis expectável para esse estádio (cerca de 3000 MW) permitirá limitar a probabilidade de ocorrerem situações de desaproveitamento de energias renováveis para cerca de 1%, nas condições de referência, e para cerca de 3%, nas condições necessárias ao cumprimento da meta “20-20-20”.

Gráfico 4. 2 – Excesso de produção em períodos de vazio – probabilidade de ser superado: Janeiro de 2020 [93].

Em suma, pode-se enfatizar a importância da existência de políticas energéticas globais, como é o caso das estratégias europeias, de forma a permitir um plano de acção com efeitos mais evidentes na sustentabilidade energética. Como tal, todos os esforços devem ser feitos de forma a analisar e melhorar estas directivas, nomeadamente no que diz respeito à preponderância das energias renováveis, à eficiência energética, às alterações climáticas, à liberalização do mercado de energia e ao desenvolvimento de concorrência no mercado energético.

4.1.2. Política energética nacional

“A estratégia para o sector energético ocupa um papel verdadeiramente central (..),

constitui um factor importante de crescimento da economia portuguesa e da sua competitividade, para além de ser uma peça vital ao desenvovimento sustentável do País. (..) Paralelamente, a política energética deve visar o bem-estar das populações e articular-se de modo estreito com a política do ambiente (..)”, em Resolução do Conselho de Ministros

nº169/2005 de 24 de Outubro [94].

Enquanto o mundo se debate sobre as diferentes estratégias a tomar para evitar e confrontar as alterações ambientais e climáticas, Portugal já há muito que tomou uma decisão firme e responsável: a adopção de FER é uma das grandes apostas deste século e Portugal pretende ser um líder [92].

A necessidade de controlar as alterações climáticas inspirou a Estratégia Nacional para a Energia, aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros nº 169, de 24 de Outubro de 2005. Esta, veio substituir a anteriores orientações energéticas aprovadas em 2003 (Resolução do Conselho de Ministros nº 63/2003 de 28 de Abril), sendo sua intenção actualizar as metas que aí foram traçadas, nomeadamente no ramo das energias renováveis e da eficiência energética, tornando-as mais ambiciosas [88], [94].

Este plano tinha como objectivos primordiais a criação de uma concorrência indo ao encontro da defesa dos consumidores e a promoção de sustentabilidade energética e ambiental [95].

Ao longo da Resolução é enfatizada a aposta nas energias renováveis como meio de obter uma redução na dependência energética externa, no recurso aos combustíveis fósseis e das emissões de GEE, de forma a obter uma melhoria do impacto ambiental. Para além de todas as medidas tomadas na área das energias renováveis, foi também projectado um crescimento relevante do peso do gás natural no mix de combustíveis fósseis utilizados pelo parque

Política hidro-energética: metas a atingir 163

kWh gerado na produção termoeléctrica. A aposta no gás passa pela substituição da tecnologia de queima de fuelóleo e pela entrada em funcionamento das novas centrais de ciclo combinado (CCGT) [88].

Os objectivos traçados, em termos de crescimento do sistema electroprodutor nacional está patente no próximo gráfico:

Gráfico 4. 3 – Potência instalada do sistema electroprodutor nacional. FER: Fontes de Energia Renováveis [94].

As previsões apontam para um aumento significativo da capacidade instalada de gás que atingirá 5.360 MW em 2010, ou seja 28,3% do total de capacidade. Contudo, ao nível da potência instalada, as renováveis representarão, em 2010, 62% do total.

Assim, o Governo português, visando reforçar a aposta nas renováveis, propôs-se a superar a meta estabelecida na directiva 2001/77/CE, acima descrita, e atingir um valor superior aos 39%: 45% do consumo bruto nacional em 2010 deveria ser assegurado exclusivamente por fontes de energia renováveis. Mais recentemente, como já foi referido acima, após o estabelecimento da meta “20-20-20”, determinou-se que para Portugal obter uma percentagem de 31% de energia renovável no consumo total, em 2020, a quota de produção renovável no consumo bruto de electricidade deverá ser da ordem de 60%.

A próxima figura mostra a evolução das metas propostas, por Portugal, relativamente à percentagem da produção de energias renováveis no consumo bruto de electricidade.